sexta-feira, 2 de outubro de 2020

RADICALISMO, CONSERVADORISMO E LIBERALISMO

 Com relação à humanidade, somos todos iguais; do ponto de vista da individualidade, somos todos diferentes. A humanidade reside na individualidade e esta, por sua vez, esta presente na humanidade. A pluralidade de idéias, de opiniões, de comportamento é fator característico dos seres humanos. Há os pontos de convergência, mas há os de divergência. Isso é comum, desde de que saibamos lidar com isso. Mas dessa realidade não podemos fugir.


Uma pessoa come carne mas não come legumes, já outra come legumes mas não come carne. Ambos tem seus gostos, ambos sentem fome e, consequentemente, a necessidade de comer, porém, os gostos e aptidões aqui se diferenciam. Dá de entender isso? Ambos sentem fome, mas os gostos se diferenciam. Existe o comportamento padronizado, inerente a todos os seres humanos. Mas existe aquele comportamento inerente ao ser humano como indivíduo. O fulano mostra esse comportamento, mas o beutrano já não age de igual modo. Aí entram as diferenças. Capitou a mensagem?


No âmbito religioso, a questão é ainda mais evidente. Temos: um único Deus, uma única Revelação, um único Evangelho, uma só Fé, uma mesma Bíblia. Mas, por quê tantas denominações? Se observarmos, cada uma delas apresentam suas particularidades em relação a Bíblia. De um lado, umas Igrejas Ultraconservadoras que radicalizam o uso das vestimentas masculinas e femininas, com base em Deuteronômio 22.5: "Não haverá trajo de homem na mulher, e não vestirá o homem veste de mulher; porque qualquer que faz isto abominação é ao Senhor, teu Deus". Algumas outras, extremamente liberais, ignoram este versículo levando em conta o tempo em que foi escrito. O ultraconservador usa a Bíblia para defender sua crença, mas o liberal também usa a Bíblia. Como se situar dentro dessa realidade?


Três linhas de pensamento predominam nas Comunidades de Fé.


RADICALISMO - Igrejas que defendem o extremo conservadorismo. No começo, as Assembleias de Deus pertenciam a esta ala radical. Nas suas primeiras décadas, eram terminantemente proibidos o uso do rádio, da televisão, eram avessas ao curso formal de Teologia, não realizavam Congressos, como bem aponta a história, sem entrar no mérito de vestimentas porque a sociedade brasileira da época era conservadora. Então, os conhecidos Usos e Costumes não entram nesse mérito (vieram a ser ferrenhamente debatidos a partir da década de 60, por ocasião da "revolução sexual" que marcou esta época). Ainda encontramos Igrejas Ultraconservadoras, ou radicais em nossos dias. Possuem regras demasiadamente rigorosas no campo de Usos e Costumes, proíbem a participação na política, condenam práticas esportivas, abolem a prática do batismo em tanques, sendo aceito apenas em águas correntes e por aí vai. Em outras palavras, Igrejas que proíbem quase de tudo, sem se falar que o termo Santificação é tomado quase como a ideia de "isolamento", sendo que, à luz da Bíblia, não é bem assim que se define santificação (ver 1 Coríntios 5.9,10).


CONSERVADORISMO - Está situada no meio termo. Uma Igreja Conservadora terá a Bíblia como sua principal fonte doutrinária, reguladora da conduta humana. Ela sabe diferenciar Doutrina do costume, sabe que a doutrina não sofre mudança no tempo porque é divina, é eterna, mas os costumes vão variando. Por que os costumes variam entre si? Porque a sociedade está em constante processo de evolução, e com isso os costumes vão variando. Deus é imutável (Malaquias 3.6; Hebreus 13.8), o homem é mutável. Uns costumes permanecem, outros se tornam obsoletos, ou seja, caem em desuso. A Igreja Conservadora saberá se situar no tempo, sempre se orientando pela Bíblia e nunca por regras secundárias que não substituem a Palavra de Deus. Saberá valorizar uma boa tradição sem nunca colocá-la acima das Escrituras Sagradas. Alguém já disse: "Tradição é a fé viva dos que estão mortos. Tradicionalismo é a fé morta dos que estão vivos". Aceita-se a tradição, mas rejeita-se o tradicionalismo.


LIBERALISMO - Se no RADICALISMO tudo é proíbido, no LIBERALISMO tudo é permitido, ou quase tudo, ou boa parte do que é proibido em muitos lugares. O liberalismo apresenta uma visão mais flexível do Evangelho. Uma de suas marcas são as incontáveis estratégias que usam para atrair, especialmente, os mais jovens (o que acaba dando certo). Não possuem regras de proibição quanto às vestimentas, maquiagens e penteados, sendo isso lícito para eles, totalmente aceitável. O grande problema do LIBERALISMO é o apego demasiado à inúmeros métodos, querendo facilitar o que o Evangelho não facilita, querendo alargar a porta que Jesus disse que é estreita. Usam-se muitos métodos, menos a Bíblia. Ainda mais em nossos dias em que a verdadeira prática da evangelização encontra-se obsoleta. Tudo é moderno! É outra fase! É outra visão! Uma nova visão! Uma nova revelação e isso vai totalmente contra as Escrituras Sagradas, a Revelação final e suficiente da parte de Deus ao homem.


Como disse Eduards M. Bounds: "O homem é o método de Deus". A Igreja pode modernizar sem se mundanizar. Pode aceitar as inovações? Pode! Desde que estas inovações não vão de conflito com a Bíblia, está tudo bem! Nosso foco é a Bíblia, a Palavra de Deus. Agora, uma coisa é certa: a verdadeira Igreja de Cristo é DIFERENTE, nunca é igual ao mundo. Basta ir a um casamento! Haverá muitas mulheres lindíssimas, todas bem vestidas, MAS SÓ UMA É A NOIVA! APENAS UMA! A Igreja de Cristo é uma só e ao longo da história sempre se manteve diferente, conservadora dos princípios bíblicos e nunca se deixando levar por este sistema ímpio que aborrece a Deus e agrada aos homens.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

DEFINIÇÃO DE FÉ

É impossível falar em fé e não lembrar da referência bíblica de Hebreus 11. Pelo menos a maioria dos cristãos terão em mente este versículo número 1 do citado livro e capítulo ao abordar sobre o assunto, ora, em estudo. Faremos uma análise, dentro do contexto bíblico sobre o que é a fé e o que ela representa para o cristão.


A carta aos Hebreus foi escrita em uma época sangrenta da Igreja, nas primeiras décadas em que estava construindo sua história. O ambiente era de perseguição ao povo de Deus. A história era de sangue derramado. A carta aos Hebreus teria sido escrita por volta do ano 67 ou 68 d. C, época em que Nero é o imperador de Roma, reconhecido como um dos maiores opositores dos cristão em toda a história. Muitos foram mortos por causa de sua fé, não negando o nome do Senhor Jesus. Diante disso, muitos dos que presenciaram esta cena, tiveram em seus corações a vontade de abandonar o Cristianismo e retornar às antigas práticas judaizantes. Nesse contexto de sofrimento, onde a luta se travava e a luta era renhida, como dizia o sacro poeta (Harpa Cristã, n° 212) é que o escritor da Carta aos Hebreus se dirige aos seus leitores dizendo: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem" (Hebreus 11.1). Inspiração em meio ao sofrimento! Quais as "coisas que se esperam" de que o escritor estava falando aqui? "Uma possessão melhor e permanente" (Hebreus 10.34), o "grande e avultado galardão" (Hebreus 10.35), "Cristo em glória que virá para o Seu povo" (Hebreus 10.37) e uma "cidade futura" (Hebreus 13.14). Como se pode ver, uma referência aos valores eternos, que riqueza nenhuma desta terra poderá ser comparada a elas.


O exemplo de fé que o escritor extrai do Antigo Testamento, mostram a conduta dos "antigos" que, pela fé, "alcançaram testemunho" (Hebreus 11.2). A fé, em todo o contexto do Antigo e Novo Testamento, está atrelada à conduta, à ação obediente. Fé não é pensamento positivo. O ateu também pensa positivo, luta e alcança suas conquistas, mesmo afirmando não crer em Deus. A fé vai além das noções de intelectualidade. Muito além. Ela diz respeito à ação obediente e disciplinada de conformar-se à vontade de Deus. 


O Apóstolo Paulo fala em sua carta aos Romanos da "obediência da fé". Tanto no começo quanto no final da Epístola, o escritor faz menção dela (Romanos 1.5; 16.26). Na Versão Almeida Atualizada lemos: "a obediência que provém da fé". Isso pode ser confirmado ainda pelo escritor aos Hebreus, quando diz: "Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu" (Hebreus 11.8). A fé genuína em Cristo move o crente a obedecer-lhe em tudo. Disse um sábio pregador que "quando não obedecemos, endurecemos". A obediência "que provém da fé", nos faz sensíveis ao Espírito Santo, levando-nos à obedecer à sua Palavra irrestritamente. Do mesmo jeito que a fé está relacionada com a obediência, a incredulidade se associa à desobediência.


Em Hebreus 11.7 fala da "justiça que é segundo a fé". Parafraseando: uma justiça de acordo com a fé. Em conformidade com a fé. Se a fé fosse um mero pensamento positivo, estas palavras escritas em Hebreus não fariam o menor sentido. Justiça não é pensamento, é virtude, é ação. É a capacidade de fazer o certo, o direito, equivalente de retidão. A verdadeira fé em Cristo nos inspira a uma vida justa. Os exemplos citados no capítulo 11 da carta aos Hebreus dão prova disso. Muitos deles sofrem por causa da sua fé (Hebreus 11.34-38). Veja que o sofrimento deles é tido como exemplo de encorajamento para que nós sigamos firmes pela fé, não importando quão sofrida seja a vida aqui, em contraposição ao sistema. Pela fé, batalhamos (Judas 3), mas também por ela havemos de ser vitoriosos.


Somos justificados pela fé (Romanos 5.1), santificados (Atos 26.18), por ela andamos (2 Coríntios 5.7), por ela batalhamos e somos vitoriosos (Judas 3).

terça-feira, 11 de agosto de 2020

DEFININDO ADORAÇÃO

Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.  (João 4:24)


Embora a Teologia tente definir Deus de uma forma precisa, adequada ao nosso entendimento, mesmo assim tal conceito continua sendo muito complexo. Broadman, citado no Livro Teologia Elementar, traz a seguinte afirmação: "Deus Pai é toda a plenitude da Divindade invisível; Deus Filho é a plenitude da Divindade manifesta; Deus Espírito Santo é a plenitude da Divindade operando no homem". Sabemos que a razão é um veículo que nos ajuda a deslindar este conceito, porém, tal convicção se concentra mais no campo da fé, a razão sobre a razão. 


"Deus é Espírito". A presente expressão pode ser explicada pelo fato de que Deus não se compõe de materialidade. Isso pode ser comprovado quando lemos Gênesis 1.1: "No princípio, criou Deus os céus e a terra". Adauto Lourenço, em sua obra "Gênesis 1 e 2 - A Mão de Deus na Criação", afirma que neste versículo temos o conceito de Tempo ("No princípio"), Espaço (os céus) e Matéria (a terra). Deus é anterior ao Tempo, ao Espaço e à Matéria e, com isso, não está sujeito à nenhuma destas três coisas. As coisas que foram criadas, foram criadas dentro destas três realidades. Com razão, a Escritura diz: "Deus é Espírito". Por ser anterior ao Tempo, Ele é Eterno (Êxodo 3.13,14; Isaías 43.13a; Malaquias 3.6), por ser anterior ao Espaço, é infinito. Os judeus carregam a crença (por sinal, correta) de que "Deus é o lugar do mundo, mas o mundo não é o lugar de Deus". Por ser anterior à matéria, não está sujeito a ela, pois é transcendente.


Na referência em estudo, a temática é sobre a verdadeira adoração. Verdadeiros adoradores adoram em espírito o Deus que é Espírito. O que isso significa? Uma adoração isenta do emocionalismo, da superficialidade. Uma adoração que não se mede por nada externo, porque se adora em espírito. Fala da adoração vinda do mais íntimo, vinda de dentro, vinda do espírito que comunica a alma a reverência a Deus e disposição em adorá-Lo. 


Verdadeiros adoradores adoram o Pai "em verdade". O que significa adorar o Pai "em verdade"? Significa uma adoração livre do formalismo religioso. Adorar "em verdade" é adorar de forma legítima, da forma que é pra ser, reverenciar da forma que precisa ser reverenciada. Se a adoração "em espírito" exclui o emocionalismo, a adoração "em verdade" exclui o formalismo religioso que cega a pessoa que faz ela pensar que tá fazendo o suficiente.


Se muitos entendessem o conceito de adorar o Pai "em espírito, e em verdade", não impregnaria em sua liturgia tantos badalados insignificantes que fazem as pessoas mexerem o corpo mas não edificam o interior. O que vemos em muitas Comunidades de Fé não passa de excesso de meninice, fruto da falta de um genuíno ensinamento bíblico que norteia a vida da Igreja.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

QUEM É A ROSA DE SAROM?

No livro de Cantares de Salomão diz assim:  "Eu sou a Rosa de Saron, o lírio dos vales. Qual o lírio entre os espinhos, tal é meu amor entre as filhas (Cantares 2.1,2). Frequentemente, esta referência é associada à Jesus como sendo a Rosa de Sarom e o lírio dos vales. Porém, no contexto da narrativa, a rosa de Sarom é a Sulamita, a amada, o que simboliza a Igreja. Dobre a sua atenção de agora em diante.

"Sessenta são as rainhas, é oitenta as concubinas, e as virgens sem número (Cantares 6.8). Mas, por quem Salomão veio se apaixonar? Pela jovem de fora do palácio, longe do luxo e da realeza, acostumada com a vida de trabalho duro (Cantares 1.5,6) e com a simplicidade. Uma flor na Planície de Sarom. Uma flor do campo. Segundo os estudiosos, a Planície de Sarom era, a princípio, um deserto, e que com o tempo foi se tornando fértil atraindo ali homens que começaram a trabalhar no cultivo da terra. Nesse cultivo, nasciam as flores do Sarom. 

A rosa de Sarom produzia a tinta vermelha que a tornava peculiar em meio a vegetação da Planície. Sua fragrância é notada quando é espremida. No versículo 1 onde se diz "Eu sou a Rosa de Sarom", é a moça quem está declarando e não o amado. A Rosa de Sarom aponta para a Igreja que tem sua própria identidade em meio a este mundo e com isso se destaca pelos valores que possui e os defende. Porém, nota-se o seu valor quando espremida sob a pressão das provações e das perseguições. Quanto mais esmagada era a Rosa, mais ela espalhava o seu aroma. Quanto mais provada é a Igreja, mas ela mostra seus valores e os triunfa em meio aos ardis. Está em perfeita consonância com as palavras do Apóstolo Paulo: "E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, é por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem" (2 Coríntios 2.14,15). A fragrância que a Igreja espalha quando espremida sob ardorosas provações é a fragrância do Evangelho de Cristo.

Ela testemunha ser tanto a Rosa de Sarom quanto o "Lírio dos Vales". O Lírio que cresce no vale. Vale é região entre montanhas. Se as montanhas são lugares elevados, vales são lugares baixos. Quando a Sulamita se revela dessa forma ao seu amado, era o equivalente a dizer: "Eu não sou tão bela, mas tenho minhas virtudes, meus talentos, eu tenho o meu valor". Há pessoas que são exibicionistas, é querem mostrar a outros aquilo que ela não tem. A Sulamita, naturalmente foi mostrando seus dotes, suas qualidades sem precisar de esforço, afinal, ela era como a flor do Campo. A flor do Campo não sai do lugar para mostrar que é alguma coisa, pelo contrário, ela é notada no lugar aonde ela está. A flor crescendo no campo, o lírio crescendo no Vale. Esse retrato cai certeiro na Igreja. Ela não precisa forçar nada para ostentar o que tem. Ela é a Rosa de Sarom que Deus plantou na terra, para espalhar a fragrância do Evangelho. Já observou que toda a pessoa que se preocupa apenas com a estética, com a beleza física, não prioriza o caráter? O que querem é aparecer e nada mais! Ostentação é sua marca registrada. A Igreja, sem o menor esforço demonstra isso e ainda mais: quando ela cresce em meio ao Vale da angústia e da perseguição.

O lírio crescendo tanto no vale como entre os espinhos (Cantares 2.2). O amado, quando testifica dela, diz que ela é o Lírio entre os espinhos, ou seja, uma coisa de destaque no meio das demais. A ênfase não é ao espinho, mas aí lírio. Você é lírio ou espinho? O lírio não se importou com os espinhos e foi crescendo, recebendo louvores (elogios) dos outros. E o espinho ganhou o quê? Nada! É melhor ser lírio mesmo crescendo no meio da dor provocada por espinhos do que espinhos. Seja benção e não Tribulação para as pessoas. 

Deus em Cristo vos abençoe.

Fonte de consulta: Bíblia Alpha Revelada Versão Di Nelson

INFERNO E SEPULTURA SÃO A MESMA COISA?

Algumas seitas comumente afirmam que o inferno não existe. Segundo eles, o que a Bíblia chama de inferno, é na verdade a sepultura. O problema das seitas é o desrespeito ao texto sagrado, forçando o texto a um significado que não existe ali. 

O espaço aqui é pouco para citar com riqueza de detalhes a distinção entre ambos. Para uma compreensão maior, sugiro ao leitor uma consulta à Bíblia de Estudo Dake que fornece um estudo exaustivo sobre o assunto aqui em análise. Não precisamos ir longe para constatar a diferença entre inferno e sepultura. Sendo assim, partiremos para as noções básicas: 

1. Na Bíblia Sagrada, a sepultura é mencionada apenas como o lugar do corpo, ao passo que o inferno é o lugar da alma; 

2. Na Bíblia Sagrada, a sepultura aparece como feita pelos homens. Os homens cavam uma sepultura e nela sepultam os homens. Na mesma Bíblia os homens nunca "nunca cavam um inferno", o que prova que inferno e sepultura são distintos; 

3. Tanto o justo como ímpio vão para a sepultura, mas nem todos vão para o inferno; 

4. Aonde aparece a sepultura? Na terra, sempre localizada na terra. O conceito bíblico sobre o inferno é de um lugar localizado nas profundezas da terra (Provérbios 15.24; Jonas 2.2); 

5. Em Ezequiel capítulo 32 temos uma importante observação acerca do assunto abordado. Vejamos: "os mais poderosos dos fortes lhe falarão desde o meio do inferno, com os que socorrem; desceram, jazeram com os incircuncisos mortos à espada" (Ezequiel 32.20). A expressão "desceram" relaciona-se com o inferno mostrando ser um lugar localizado na região subterrânea. Descrição como esta nunca é feita sobre a sepultura. 

Feita essas considerações, veremos também como exemplo a história do Rico e Lázaro. E por falar nisso, é oportuno dizer que esta história não é nenhuma parábola. Ela aconteceu de fato. Parábolas não dão nomes aos personagens, como vemos aqui nesta narrativa. Jesus, ao proferir a história, contradiz a argumentação das seitas sobre o inferno ser a mesma coisa que a sepultura e que, morrendo, a vida do homem se extingue alí mesmo junto com o corpo. Isso não é verdade. Na narrativa histórica do rico e Lázaro, diz assim:  "Morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio" (Lucas 16.22,23). Veja que mesmo falando no versículo 22 que o rico, ao morrer, "foi sepultado", a narrativa continua a discorrer sobre ele dizendo que ele estava "no inferno... estando em tormentos". Sepultura não é lugar de tormentos, apenas um lugar de "descanso" do corpo. 

Finalizaremos esta abordagem citando algumas referências bíblicas sobre o inferno. São elas: 

Mateus 10.28: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo"; 

Apocalipse 20.14: "E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte"; 

Ao ler estes versículos, substitua a palavra "inferno" por "sepultura" e veja que o sentido do texto fica ridículo.

Isaías 53.9: "E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte"

Atos 2.29: "Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e até hoje entre nós está até hoje a sua sepultura". 

Substitua a palavra "sepultura" por "inferno" e veja que o sentido do versículo fica ridículo.

 Concluindo, não podemos forçar os textos das Escrituras a dizer algo que não está ali. As seitas fazem isso com muita especialidade e, com isso, levam muitos ao engano. Estejamos apercebidos. 

Fonte de consulta: Bíblia de Estudo Dake; Bíblia de Estudo Scofield.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

A ARMADURA DE DEUS - PARTE 06

A lista dos componentes desta armadura termina com a espada: "... e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus" (Efésios 6.17). Esta é a única arma citada aqui. As outras peças não são armas, são composto da armadura que, além de identificar o soldado, mostrava que ele estava bem equipado para a batalha.

A espada citada aqui, segundo os eruditos no assunto, era uma espada pequena que media em 15 e 46 centímetros. Era um tipo de espada usada para ataque como para defesa. Que espada será esta? Pela nomenclatura, é a Verdade da Palavra de Deus, infalível e ao mesmo tempo imbatível (ver 2 Coríntios 13.8). A Verdade da Palavra de Deus é altamente capaz de destruir as estratégias e ataques ardilosos do diabo. Assim como o Senhor Jesus o venceu no deserto pela Palavra de Deus usando a expressão "está escrito" (Mateus 4.1-11), é pela palavra de Deus que o crente vence as artimanhas do diabo e seus truques astuciosos. 

A espada é a arma que carregamos na mão e isso fala da afinidade que o crente tem que ter com as Escrituras. Com que frequência você ler a Bíblia? Você tem o hábito de ler este santo livro todos os dias? Ou ler só esporadicamente? Ou só ler na Igreja na hora do culto? Existem cristãos que parecem católicos: deixam a Bíblia aberta no Salmo 91 na instante pegando poeira como se isso livrasse do mal. Isso é superstição religiosa. E a Igreja cristã infelizmente está cheia de superstições! 

A Bíblia aberta na instante não resolve nada, mas, no coração para ser guardada (Salmos 119.11) e em nossas mãos para destruir as fortalezas do inimigo (Efésios 6.17) ela tem um efeito extraordinário! Pense nisso!

Deus vos abençoe.

Ev Clenio Daniel

A ARMADURA DE DEUS - PARTE 05

"Tomai também o capacete da salvação" (Efésios 6.17).

Por três vezes vemos o verbo "tomar" (Efésios 6.13,16,17) no contexto em estudo. O verbo está na voz ativa, sendo o crente o sujeito desta ação. Ou seja, deve partir do crente fiel a iniciativa de se revestir desta potente armadura. 

O capacete é o componente da armadura que protege a cabeça. Paulo tinha mente a armadura greco-romana, em que o capacete cobria quase todo o rosto, sendo que a parte superior descia até à testa, cobrindo-a inteiramente. Nas Escrituras, a cabeça fala do intelecto, fonte do raciocínio e da inteligência. Ter o capacete da salvação é ter a mente protegida das investidas do diabo, é possuir discernimento espiritual das artimanhas do Maligno a fim de se precaver delas.

Este capacete, como já foi dito, cobria a fronte, isto é, a testa do soldado. Na Escritura, em Ezequiel 3.8,9 vemos a fronte como símbolo de dureza, dura cerviz. Nesta referência supracitada, a fronte é forte "como diamante". O diamante é o sólido mais duro da natureza, chegando na escala 10 do ponto de fusão, reforçando, portanto, o significado em questão. Ter o capacete da salvação aponta para uma vida marcada pela expectativa celestial, pois a dura cerviz do pecado foi vencida, e agora o crente encontra-se sensibilizado com as coisas espirituais, as quais almejam ardentemente (Colossenses 3.1-3).

Obviamente, só possui o capacete quem é salvo. Porém, quem é salvo entende a importância de permanecer salvo, e a luta para permanecer salvo consiste em tomar este poderoso capacete, protegendo sua mente dos prazeres e atrações terrenas e mantendo o foco na eternidade. Quem possui o capacete consegue enxergar os valores eternos em contraste com os terrenos, lembrando da composição do sacro poeta: 

"Passarinhos, belas flores, 
Querem me encantar;
São vãos terrestres esplendores
Mas contemplo o meu lar" 
(Harpa Cristã, n° 36).

Você está equipado da armadura de Deus? Caso não, vista-se! E não esqueça: estamos numa batalha espiritual, lutando contra forças espirituais.

Deus vos abençoe.

Ev Clenio Daniel

domingo, 5 de julho de 2020

A ARMADURA DE DEUS - PARTE 04

"Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno" (Efésios 6.16).

Alguns comentaristas divergem entre si quanto ao significado da expressão "escudo da fé". De um lado, afirmam que o "escudo da fé" se relaciona à fé enraizada nos ensinamentos apostólicos, incluindo toda a conjuntura doutrinária do Novo Testamento. Ao revés, outros afirmam que se relaciona à vida relacional com Deus. Não seria errado relacionar os dois itens, porém, os termos "dardos inflamados" enfatiza a ideia de uma vida relacional com Deus que pode ser afetada pelos flagelos do inimigo.

O escudo, aqui referido, segundo alguns historiadores, falava de uma peça de madeira, coberta de couro, e era um escudo grande que protegia todo o corpo. Em muitos casos, a soldadesca inimiga investia flechas flamejantes para acertarem o alvo. Daí a expressão dardos "inflamados". Tratava-se de um golpe fatal que, havendo descuido do soldado, poderia ser gravemente atingido, levando-o à morte.

Segundo a Escritura Sagrada, podemos resistir ao diabo "firmes na fé" (1 Pedro 5.9). A vida cristã consiste numa batalha feita "pela fé uma vez entregue aos santos" (Judas 3). Estar de posse do escudo da fé é nada mais que defender-se das astúcias do Maligno que procura destruir a vida de comunhão com Deus. Escudo é peça de defesa. Aqui, não estamos atacando, ao contrário, estamos nos defendendo. 

Por que escudo da "fé"? Em Hebreus 11.1 diz que a fé "é o firme fundamento das coisas que se esperam". A vida de fé em Deus não implica em proezas somente na vida presente, é algo mais. Ela nos faz vislumbrar as bençãos do mundo vindouro. Quando usamos o escudo da fé preservamos a essência da vida relacional com Deus. Viver desprovido deste poderoso escudo é estar sujeito a estes dardos inflamados que, por sua vez, minam dentro do crente a esperança das coisas futuras.

Estejamos equipados! Não é contra carne e sangue que estamos lutando, é contra os poderes das trevas. E só venceremos fortalecidos em Deus (Efésios 6.10).

Ev Clenio Daniel

sábado, 4 de julho de 2020

A ARMADURA DE DEUS - PARTE 03

A meditação de hoje é o versículo 15: "E calçados os pés na preparação do Evangelho da paz". Quando falamos em "pés", nas Escrituras, encontramos uma gama de significados que nos ajudam na compreensão dos textos sagrados. Este aqui é um claro exemplo. 

Segundo a Escritura, o crente deve estar "calçado". Calçados os pés. Na Bíblia, pés falam de estabilidade. Calçados os pés indica firmeza no Evangelho de Cristo. Não se trata de uma pessoa inconstante, mas de uma pessoa firmada no Evangelho bíblico cuja fé não varia de acordo com os vendavais da vida.

Pés na Bíblia falam de procedimento. Calçados os pés na preparação do Evangelho fala de uma conduta condizente com este mesmo Evangelho. Não é o Evangelho alinhado ao meu modo de agir, pelo contrário, é o meu modo de agir alinhado ao Evangelho. Não é o crente determinando como andar, criando sua fraca concepção bíblica, é o Evangelho transformador quem determina o nosso modo de andar.

Com os pés nos locomovemos. Estar com os pés calçados na preparação do Evangelho fala da disposição de levar o Evangelho adiante. A verdadeira obediência ao Evangelho não nos deixa conformados em reter em nosso coração. Desejamos levar adiante o santo Evangelho que mudou a nossa vida. Caso semelhante é expresso pelo salmista: "Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração. Preguei a justiça na grande congregação; eis que não retive os meus lábios, Senhor, tu o sabes. Não escondi a tua justiça dentro do meu coração; apregoei a tua fidelidade e a tua salvação. Não escondi da grande congregação a tua benignidade e a tua verdade" (Salmos 40.8-10). 

A transformação que o Evangelho nos proporciona quando a ele nos rendemos nos torna um missionário ativo de Cristo! Quem anuncia aqui o Evangelho? Aquele que está firmado nele e o obedece! Será que muitos pregoeiros hoje vivem nestas condições?

‌Calçados os pés na preparação do Evangelho "da paz". O Evangelho traz paz ao coração humano, e quando transformados por ele, a paz é reinante dentro de nós. A vida do crente é assim: transformado pelo Evangelho da paz (Efésios 6.15), vive em paz com Deus (Romanos 5.1), santificado pelo Deus de paz (1 Tessalonicenses 5.23), segue a paz com todos (Hebreus 12.14) e anuncia o Evangelho que traz a paz! Oh! Glória! 
‌Que possamos estar calçados os pés neste santo e poderoso Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
‌Ev Clenio Daniel

sexta-feira, 3 de julho de 2020

A ARMADURA DE DEUS - PARTE 02

Quando falamos em armadura, subentende-se a ideia de batalha, de conflito e isso, por sua vez, o fato de estarmos lidando com um inimigo, por sinal, poderoso. Não se trata de um inimigo qualquer, pelo contrário, estamos falando de um ser espiritual, que se opõe a Deus e tudo quanto a Ele se relaciona.

Vamos falar aqui da couraça da justiça. De acordo com o Apóstolo Paulo, em Efésios 6.14, temos que estar "vestidos" da couraça da justiça. Era uma peça feita de coro duro, o que dava resistência a ela, e tinha a finalidade de proteger o coração e os órgãos vitais. Feita esta explicação, basta saber o que é justiça. Por esta palavra, entendemos a "conformidade com o direito", "retidão", "qualidade do que é certo, legítimo". Quando nos alinhamos com algo que é estabelecido como padrão, estamos sendo justos, ou seja, corretos. A ênfase, como se nota em toda as Escrituras, é a justiça segundo Deus e não segundo os homens.

A couraça protegia o soldado exatamente no lugar que era o alvo do oponente. Atingir duramente os órgãos vitais era ceifar-lhe a vida. Havia casos em que ou o soldado morria de forma imediata ou agonizava em dor até morrer. Quando não nos conformamos à justiça de Cristo, estamos despidos da sua couraça, e com isso nos tornamos alvos fáceis dos ataques do inimigo. Crente desobediente nunca terá vez com Deus, porque não lhe obedece, portanto, não obedece aos seus padrões. Nos tempos antigos, usar determinado tipo de vestimenta denotava autoridade. Exemplo: quando alguém andava trajando linho fino, a vestimenta por si só reinvindicava respeito de quem via, pois só usava  linho fino quem era da nobreza. Imagine isso na vida cristã: estar vestido da couraça da justiça é mostrar autoridade, pelo fato de obedecer a Cristo, vivendo segundo a sua justiça. Não a justiça segundo o mundo, que é falha, relativa e como trapos da imundícia (Isaías 64.6), mas segundo a justiça de Deus em Cristo, perfeita e nos torna vitoriosos sobre o inimigo das nossas almas.

Quando falamos em autoridade, falamos em competência. Uma pessoa, por exemplo, tem competência pra falar sobre família porque em casa ele é um exemplo; outrossim, tem competência para falar sobre finanças porque é um excelente administrador. Quem tem autoridade sobre o inimigo? Aquele que anda na justiça segundo Deus, vestindo a sua couraça. Vestir a couraça era sinal de conformidade. Estamos nós conformados em obedecer os mandamentos do Senhor? Crente "despido" é crente sem autoridade, e por estar despido se tornará alvo do inimigo, por não proteger o seu coração das investidas das terríveis investidas diabólicas.

Que possamos estar vestidos! Vestidos da justiça de Deus! Quem vencerá o adversário? Quem ora? Vejamos: tem pessoas que oram mas não obedecem, logo, são presas do diabo. Oram mais não tem testemunho, logo, sempre estarão em desvantagem. Quem vencerá o inimigo? Quem estiver devidamente vestido! Vestido da verdadeira Justiça que vem de Deus. Em total alinhamento com a sua vontade, revelada na sua Palavra.

Deus vos abençoe!

quinta-feira, 2 de julho de 2020

A ARMADURA DE DEUS - PARTE 01 - EFÉSIOS 6.14-187

Começaremos este estudo de hoje falando sobre a armadura de Deus. Há um entendimento equivocado com relação a armadura falada pelo Apóstolo Paulo. Se pararmos para analisar peça por peça, veremos que se trata de uma armadura cujos valores aqui dizem respeito ao testemunho cristão, embasado num correto relacionamento com Deus. Estas armaduras NÃO SE RECEBEM MEDIANTE A ORAÇÃO, mas mediante o ato voluntário de agradar a Deus. 

A peça de que falaremos hoje está no versículo 14: "Estais, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade". Nos tempos apostólicos, o soldado vestia uma túnica larga, feita de tecido até porque o combate era, no sentido mais estrito, corpo a corpo. Uma luta renhida. Para a túnica larga usava-se o cinto apertando a roupa folgada. Por isso, o Apóstolo emprega a palavra "cingir", que traz a ideia de amarrar, prender as partes soltas. 

A ideia do combate corpo a corpo, com as partes folgadas "cingidas" indica comprometimento com a verdade. Reflete a disposição pela causa da verdade com um coração sincero. Quantos crentes na casa de Deus com as amarras soltas! Sem compromisso com a verdade. Afirmam crer na verdade do Evangelho mas se portam como se ela não tivesse valor algum.

Estar cingindo com a verdade significa vivê-la com abnegação. A roupa da verdade está em mim. Não pode estar junto com a roupa da hipocrisia. Trata-se de um coração sincero voltado a Deus que viva e defenda a verdade em sua essência. 

Que possamos estar cingidos, imersos na verdade, mergulhados na verdade, sempre dispostos a lutar por esta Santa causa.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

TEOLOGIA e TEOLOGISMO: como diferenciar

Os incautos deveriam atentar para esta diferença, pois, tudo o que vemos é uma gritante confusão em torno do assunto. Há quem enxergue a Teologia como um bicho de sete cabeças ou como um instrumento que leve as pessoas à frieza e ao distanciamento de Deus. Não é bem assim. Considerando que Teologia é o estudo ou o Tratado acerca de Deus, de Suas obras e de tudo quanto a Ele se relaciona, por quê tanta rejeição a ela? Como se tornar incrédulo ao estudar os atributos da Divindade e sua Pessoalidade?

Convém salientar que a Teologia é uma ciência. Por esta palavra entendemos, segundo a definição das maiores autoridades no assunto, como o conjunto de conhecimentos sistematizados, confirmados no campo da experiência. Uma teoria só pode ser colocada no patamar científico quando confirmada empiricamente. Quando a experiência evidencia o resultado proposto na teoria, temos então, uma ciência. Com a Teologia não é diferente. Sua base é a fé e a experiência se delineia num relacionamento vívido entre o teólogo e Deus, dando preciosos frutos de piedade. O conhecimento teológico não perde o seu valor, haja vista que existe dois tipos de estudiosos:

1- Os que buscam conhecimento para fortalecer sua relação com Deus;

2 - Os que se utilizam dela de maneira jactanciosa, atiçando a sua soberba.

Os que enveredam pelo caminho da soberba, atendo-se apenas às letras teologais, mal sabem a sua miséria de espírito. Não temos na Teologia um conhecimento meramente lógico, muito embora a lógica seja importante no alinhamento de ideias que, ordenadas, dão corpo a toda a estrutura teológica. Porém, o teólogo deve se certificar que a referida logicidade é a janela que nos faz olhar para a transcendentalidade de Deus. De posse deste conhecimento, a fé passa a ser o veículo que nos conduz às águas mais profundas.


Deste modo, qual a base da Teologia? A Fé! Qual a sua ênfase? O Espírito Santo! Qual a sua finalidade? Colocar o teólogo aos pés de Cristo! Vejamos: 

Sua base: A Fé: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem" (Hebreus 11.1 - ARC).

Vejamos o que nos diz as outras traduções: 

"Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem" (ARA);

"Ora, é a fé é a substância das coisas esperadas, a prova das coisas não vistas" (Tradução Brasileira);

"Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos" (NVI); 

"Ora, a fé é a substância das coisas pelas quais esperamos, a evidência das coisas não vistas" (King James);

"Mas eis que a fé é a convicção das coisas que se esperam como se já fossem realidade, e é a revelação das coisas que não se veem" (PESHITTA); 

"A fé é a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem" (Bíblia de Jerusalém);

"A fé é um modo de possuir desde agora o que se espera, um meio de conhecer  realidades que não se veem" (Tradução Ecumênica Brasileira).

Pelo que se depreende destas traduções e de outras que poderíamos citar aqui, vemos a desconstrução do mito que paira na mente de uma grande maioria de pessoas que definem a fé como mero pensamento positivo ou sensação de otimismo. Há algo de valor nesta fé, pois, por ela: se alcança o testemunho (Hebreus 11.2), "entendemos" que o mundo foi criado pela palavra de Deus (Hebreus 11.3) e, finalmente, agradamos a Deus e nos aproximamos dEle para O buscar diligentemente (Hebreus 11.3).

Vemos que esta fé não cria Deus, ao contrário, Ele já existe! Esta fé conduz o ser humano ao seu verdadeiro alvo: o Criador. Porém, como a fé é "o firme fundamento", logo, não se trata de uma mera base de sustentação, é o alicerce no qual se apóia a genuína teologia bíblica.

Sua ênfase: O Espírito Santo: "Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o há de vir" (João 16.13). Ele "guiará" o cristão em toda a verdade. O homem, por si só, jamais compreenderá a sublime verdade do Evangelho se não for com a ajuda do Espírito Santo. A Teologia não se limita à letras, pelo contrário, ela vislumbra a Palavra de Deus como muito mais do que uma conjuntura de letras, palavras e frases; ela é a Espada do Espírito (Efésios 6.17)! Ela é viva e eficaz (Hebreus 4.12)! A Teologia é saudável e nos faz olhar por este prisma a busca pelo conhecimento cuja finalidade é fortalecer a nossa relação com Deus.

O Apóstolo Paulo fala em Romanos 12.2 sobre a "renovação do vosso entendimento". Aqui temos o entendimento humano vivendo uma realidade além do natural. A mesma Bíblia nos mostra que o novo homem "segundo Deus é criado em justiça e santidade" (Ef 4.24). Justiça e santidade são os dois pilares de uma vida de entendimento moldada pela Palavra de Deus.

Sua finalidade: Colocar o Teólogo aos pés de Cristo. A Teologia não muda, não converte o ser humano. Isso é obra do Evangelho no poder do Espírito Santo (Rm 1.16). Porém, ela aponta o caminho que nos leva a uma vida de piedade e santidade: a Palavra revelada e encarnada de Deus, que é Cristo. Todo o testemunho das Escrituras concorre para isso. A palavra de Deus é Luz (Sl 119.105), sendo a Teologia uma candeia, e por meio dela podemos vislumbrar com clareza as verdades nela expostas.

A grosso modo, a Bíblia Sagrada é uma Teologia infalível. Ela é a base de sustentação de todo o edifício teológico, desenvolvido ao longo da História por grandes estudiosos. Cristo é o tema central. Todas as cadeias temáticas convergem para Cristo. Se falamos na Criação, falamos  em Cristo, visto que nEle "foram criadas todas as coisas" (Cl 1.16); se falarmos na atuação do diabo ao longo da História, remete-nos a Cristo, o Messias cuja vinda Satanás procurou obstruir de todas as formas (Gn 3.15); se falarmos no Velho Concerto, falaremos no Cristo Filho de Deus pois ele é o cumprimento cabal dela (Mt 5.17; Rm 10.4); se falarmos na história do pecado, seremos obrigados a falar na História redentora da graça (Jo 1.17), pois, o Senhor Jesus, que não conheceu pecado, se fez pecado por nós (Jo 8.46; 2 Co 5.21). Vemos que tudo aponta para Cristo; não há outro caminho para o Teólogo; o Estudo da Teologia é o caminho pavimentado pelas verdades bíblicas que nos conduz ao Cristo vivo e ressurreto. A Ele seja a glória eternamente!

Quando percorremos este caminho, temos Cristo como a nossa fonte de devoção e quando isso acontece, terá a Teologia alcançado seu resultado. Glória a Deus nas alturas.

TEOLOGISMO 

O teologismo é oposto da genuína teologia. A partir do estudo acima do que a Teologia é e representa, compreendemos exatamente o quanto o teologismo pode ser nocivo. O teologismo nada mais é que o apego exacerbado à letra, desprezando o espírito dela. Em vez da racionalidade, predomina o racionalismo, ignorando a transcendentalidade da revelação bíblica e sua inspiração plenária. Colocar a razão como fundamento precípuo torna-se um obstáculo ao verdadeiro objetivo da Teologia.

É como uma pessoa que deseja ir ao shopping e precisa ir de carro. O Veículo será importante para levá-lo ao seu lugar de destino, mas, tendo alcançado o seu objetivo de chegar aonde pretendia, não precisará mais do carro. O Teologismo prende as pessoas à razão sem mostrar-lhes "o caminho ainda mais excelente" ficando confinados ao exercício de uma fé que não destila sede de Deus e de um relacionamento com Ele.

O Teologismo é um terreno movediço. Por encabeçar o conhecimento metódico como a base suficiente de todo o aparato teológico, muitos acabam se encurralando na morbidez intelectual, dissociando o saber teológico da espiritualidade e da fé viva em Cristo que pode nos levar a patamares ainda maiores.


REFERÊNCIAS: 

Strong, Augustus Hopkins, TEOLOGIA SISTEMÁTICA, Volume 1. Hagnus