terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

12. RAZÕES PORQUE O ANTIGO TESTAMENTO É VALIDO NOS DIAS ATUAIS:

A Bíblia é a inspirada Palavra de Deus. Com isso todos nós concordamos. É natural que haja certas divergências quanto à totalidade desta inspiração escriturística da Bíblia. Muitos cristãos, teólogos, pastores, pregadores chegam a afirmar que o Antigo Testamento não tem valor nenhum para a Igreja da atual dispensação. Será verdade? Devemos ficar só com o Novo Testamento? Vejamos: 


1. O Antigo Testamento é tão inspirado quanto o Novo. Levando em conta a inspiração Divina, ambos os Testamentos constituem-se Palavra de Deus inspirada, infalível e inerrante;


2. O Senhor Jesus chamou o Antigo Testamento de "Palavra de Deus" (Marcos 7.13 ARC);


3. Sempre que o Novo Testamento utiliza o termo "Escritura", é SEMPRE uma clara referência ao Antigo Testamento. O Senhor Jesus disse que devemos "examinar as Escrituras" (João 5.39). Quais são estas Escrituras? No contexto imediato, claramente está falando do Antigo Testamento; 


4. Em 2 Timóteo 3.16 o Apóstolo Paulo diz que "toda Escritura é inspirada por Deus" (ARA). A segunda carta a Timóteo fora escrita, segundo os estudiosos, no ano 68 d. C, ou seja, numa época que muitos outros livros do Novo Testamento ainda não haviam sido escritos. Valendo a pena lembrar que a canonização (aceitação dos livros como inspirados) dos livros do Novo Testamento ocorreu no quarto século da nossa era. Observando o contexto imediato do versículo supracitado, o Apóstolo Paulo se referiu a todo o Antigo Testamento. É bem verdade que, posteriormente, passou a se referir a toda a Bíblia Sagrada incluindo o Novo Testamento, uma vez já concluído;


5. O Antigo Testamento era a Escritura usada pelo Senhor Jesus, pelos Apóstolos, enfim, por toda a Igreja primitiva. O Senhor Jesus usou as Escrituras do Antigo Testamento para provar que Ele era o Messias (Lucas 4.17-21; 24.26,27,44; João 5.39,46);


6. Os Apóstolos usavam a Escrituras do Antigo Testamento para fundamentarem seus sermões evangelísticos usando como tema a Pessoa de Cristo como o elemento central das Escrituras do Antigo Testamento (Atos 2; 3; 7; 8.26-35; 13.16-41);


7. O Antigo Testamento contempla a PROMESSA no tocante à vinda do Messias. O Novo Testamento, a REALIDADE (conferir Hebreus 11.39,40); Grant R Osborne, em sua brilhante obra "A Espiral Hermenêutica", diz: "O Antigo Testamento e o Novo Testamento se sustentam sobre o próprio registro da aliança de Deus com seus dois povos: Israel e a Igreja, embora estejam unidos em uma única Bíblia por meio do evento Cristo" (p. 473)


8. A Teologia Cristã é construída sob o alicerce das Doutrinas encontradas no Antigo Testamento. No período Apóstolo o edifício doutrinário do Cristianismo é construído sobre o carro-chefe da Teologia Veterotestamentária (termo técnico para o Antigo Testamento). A partir do primeiro século, na era patrística, a Teologia Cristã Finca suas próprias bases sem, contudo, menosprezar o Antigo Testamento;


9. Doutrinas como: a criação do mundo, pecado original, salvação, a soberania de Deus e seu julgamento, a ênfase sobre "o grande dia do Senhor" e outras são vislumbradas a partir dos fortes lampejos do Antigo Testamento;


10. Negar a validade do Antigo Testamento como Palavra de Deus é negar a sua inspiração (2 Timóteo 3.16; 2 Pedro 1.21). Afirmar que o Antigo Testamento não tem serventia para a Igreja é fruto de uma mentalidade doentia, desprovida da fé genuína em Cristo alicerçada em sua Palavra; não sejamos doentes!


11. Diz o Apóstolo Paulo que "tudo quanto dantes foi escrito para o nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança" (Romanos 15.4; ver 1 Coríntios 10.6, 11); Se o Antigo Testamento não tivesse validade nenhuma para a Igreja dos dias atuais como Palavra de Deus, estes versículos e muitos outros não fariam sentido algum; 


12. Embora o Antigo Testamento contenha história, narrativas, cerimônias, poesias, isso não invalida a grandeza do Antigo Testamento para a Igreja, pelo contrário, é nisso que notamos a preponderância da Teologia Veterotestamentária se desenvolvendo ao longo da História, em meio aos traços históricos e culturais. É importante diferenciar estes aspectos peculiares do Antigo Testamento, mas nunca desprezá-lo como Palavra de Deus para o Seu Povo ao longo dos séculos.


O Antigo Testamento é Palavra de Deus! Devemos entendê-lo em todos os seus níveis em que foi escrito levando em conta a mensagem final de Deus para a humanidade. 


REFERÊNCIAS: 

A ESPIRAL HERMENÊUTICA, GRANT R. OSBORNE;

VISÃO PANORÂMICA DO ANTIGO TESTAMENTO, ESEQUIAS SOARES.


Em Cristo, 

Ev Clenio Daniel Parente Mendes

domingo, 14 de fevereiro de 2021

DICAS DE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA

O púlpito da Igreja Brasileira tem sido um meio de propagação de mensagens "bíblicas", digamos, as mais absurdas que se pode imaginar. Razões? Várias poderiam ser mencionadas aqui. Desde o despreparo ministerial até à falta de ouvidos afinados em discernir o conteúdo da mensagem, e isso por parte dos ouvintes.


Não me canso de dizer: os Pregadores e as pregações estão em crise! Essa confusão que se vê em cima do altar leva milhares ao engano e como disse certa vez o brasileiro tem preguiça de consultar. Do mesmo jeito que ele ouve, já leva adiante, sem passar no crivo da observação e da análise. Há mensagens absurdas pregadas em nossos altares, mas devo dizer também que há mensagens genuínas aprazíveis de ouvir, porque produzem edificação, por possuir embasamento bíblico. Certamente, resultado de uma boa interpretação sob a orientação do Espírito Santo. Como interpretar? Como entender textos da Bíblia? O espaço aqui é pouco para aprofundarmos o assunto. Tentarei ser objetivo ao máximo.


1. LEITURA - É necessário que a leitura seja a primeira prática predominante. Parece óbvio, não é mesmo? Mas tomei a leitura como primeiro passo pelo motivo de muitos não terem a disposição de ler, de buscar e de investigar. A leitura tem que ser algo habitual, feito com disposição e naturalidade. Uma pessoa que não se dispõe a tal hábito, como entenderá o texto? Tem que haver uma leitura desapressada e apaixonada. A inclinação ao hábito de ler cria pontes para o entendimento necessário do texto que será estudado. Não me chame de exigente se eu lhe disser que tem que fazer uma RELEITURA. Porque isso proporcionará FAMILIARIDADE com o texto.


2. ANALISAR O CONTEXTO DA PASSAGEM BÍBLICA QUE ESTAR SENDO LIDA - Devagarinho o cinto vai apertando, pois aqui a responsabilidade aumenta. O problema de muitos leitores da Bíblia é que eles já querem a interpretação no momento da leitura! Isso não funciona! É necessário cautela! A interpretação só pode ser dada APÓS a compreensão do contexto do texto que está sendo lido. Como aplicar na atualidade o que você nem entendeu o que significou no passado? Grant R. Osborne, em sua excelente Obra "A Espiral Hermenêutica" (recomendo), apresenta a ideia de "significado" (o que o texto dizia no passado) e de "significação" (o que o mesmo texto quer dizer hoje - pp. 27,28). Muitas obras teológicas, Exegéticas, comentários, são de valor imensurável na compreensão dos textos sagrados.


3. CONHECER O GÊNERO DE LINGUAGEM - A Bíblia contém História, Poesia, Profecia, Doutrina e a Teologia estar presente nesses aspectos. Mais uma vez recorro à excelente jóia literária de Grant. R. Osborne, "A Espiral Hermenêutica" recomendando-a aos meus amigos leitores. A Bíblia contém linguagem literal, figurada, poética, enfim, faz-se necessário analisar os textos dentro dos aspectos em que se encontram, sem extrapolar limites. Há palavras de Deus, do homem e do diabo, e tudo deve ser entendido dentro de sua própria dimensão. Extrapolar limites é abrir a porta para as pseudos teologias que, lamentavelmente, vem ganhando espaço nas diversas Comunidades de Fé.


Há uma grande possibilidade de alguns me criticarem, acusando-me de cometer um erro. Que erro? Esquecer de mencionar a revelação e iluminação do Espírito Santo. Não, não esqueci! Alguém aí já viu o Espírito Santo revelar algo da sua Palavra para quem é preguiçoso? Tem preguiça até de ler e quer receber revelação da Palavra? Tem que estudar! Se não estudar, a iluminação do Espírito não virá. Tem que ter disposição de ler as Escrituras: "Bem-aventurado aquele que lê" (Apocalipse 1.3). Nunca é demais repisar: a prática da leitura é tarefa imprescindível! 


Leiamos a Bíblia! Leiamos a Bíblia!


Em Cristo, 

Ev Clenio Daniel Parente Mendes

O PREGADOR E A OFERTA

Pregador pode cobrar para pregar? É justo o pastor dá uma oferta ao pregador? Ao dá oferta, estará, porventura, pagando a mensagem? Vamos tentar responder isso, respaldado na experiência do cotidiano e, sobretudo, à luz da Bíblia.


Podemos começar de todos os lados. Primeiro, pela insensibilidade de muitos em não entender que nem sempre o pastor vai ter no caixa da Igreja uma oferta à altura do que o pregador "cobrou" e sendo assim o "pagamento", se é que assim posso dizer, não será o suficiente. Existem os altos e baixos em tudo, inclusive no financeiro da Igreja. Às vezes tem, às vezes não tem. Às vezes, tem muito, às vezes tem pouco e por aí vai. E o que tem serve, prioritariamente, para atender as necessidades básicas da Congregação local. E onde fica a oferta do pregador? Tem pastores, perdoe-me, nadando no dinheiro; por outro lado, tem outros nadando nas dívidas, pois a renda da Igreja muitas vezes não supre.


Para os tais pregadores, esses pastores são miseráveis, mas não tem a mínima sensibilidade de entender o quanto que o pastor tá ralando à frente daquela obra, pregando, ensinando, batendo cabeça com crente cru que não deixa ser liberto pela Palavra. Ops, desculpem, os tais pregadores nunca vão entender isso. É melhor parar por aqui antes que me joguem no inferno! Talvez um dia quando forem pastores de Igreja possam entender. Mas, eles só querem andar estilosos, mais playboys de ministérios do que autênticos pregadores. Ops, futuquei a ferida de novo! Deixa pra lá!


O segundo ponto consiste na decepção de muitos pastores ao chamar pregadores de fora. O pregador precisa respeitar o púlpito em que recebeu a confiança para pregar. A "casa" dos outros não é a nossa casa. Muitos abusam. Pregam mensagens distorcidas, iludindo os incautos e promovendo contenda entre muitos outros irmãos e afligindo o pastor da Igreja. Aí o pregador vai embora e fica a "treta" para o pastor da Congregação resolver (e olhe lá). Na cabeça de um pastor de Igreja que já resolveu tanta treta de pregador itinerante, faz sentido continuar chamando os tais para pregarem outra vez? Bom, é melhor deixarem por lá mesmo. É bem melhor do que resolver outro problemão que eles criam e não resolvem (e ainda sai falando mal do pastor e dos irmãos). Vai entender?!


A terceira questão é um pouco intrigante, pois, muitos acabam ligando o valor da oferta estipulado pelo pregador ao conteúdo da mensagem. Exemplo:


PASTOR: "Nobre irmão, pode vir pregar em nossa Igreja?"

PREGADOR: "Eu vou, mas por menos que 100 reais nem piso aí!"


Já ouviram isso? Ou é só eu? Beleza, o cara cobra 100 reais, o pastor até abençoa. Mas, vamos ouvir o pregador. Lá vem o pregador trazendo o "sermão minhoca". Conhece o "sermão minhoca"? É aquele que não tem pé e nem cabeça. Ninguém sabe o que o pregador tá querendo dizer. O tal pregador fica igual um açougueiro: enchendo linguiça que é uma beleza e nada do sermão produzir edificação. Bom, claro que oferta não paga o sermão do pregador, mas dá até tristeza ofertar na vida de um pregador que só fala abobrinhas em cima do altar. Mas, enfim, é pregador né, dá uma ofertinha pra ele. Foi convidado né. Dá uma oferta pro clima não ficar chato e ele ir embora feliz da vida sem ter importado se a Igreja entendeu a mensagem ou não. 


Outro ponto: a falta de confiança na provisão de Deus! Deus manda Elias ao Ribeiro de Querite. Mas não manda só o profeta, manda alimento também (1 Reis 17.1-6). Depois da ameaça de Jezabel, ele se põe a correr. Lá estar o Profeta: debaixo de um zimbro (1 Reis 19.1-7). Deus, vendo que a caminhada do profeta seria longa, tratou de mandar a provisão necessária (1 Reis 19.7). No primeiro episódio, Deus ordena aos corvos que sustentem o profeta. No segundo episódio, um anjo é mandado por Deus. Em duas ocasiões que o Profeta necessitou de cuidados, Deus não deixou faltar esses cuidados ao Seu servo. No primeiro episódio, a nação desfalecia em razão da falta de chuva, ocasionando a seca. Mas Elias escolheu servir ao Deus verdadeiro e por Ele foi sustentado no momento da necessidade. Ô glória! Vale a pena perseverar em seguir o Senhor Deus quando muitos preferem o culto a Baal! Vale a pena. É acreditar na Obra de Deus! É descansar no Deus da Obra, que nunca falha e nem desampara os seus. Há pregadores da atualidade que são conhecidos pelo absurdo de oferta que cobram, Elias era conhecido pela sua vida devota a Deus. Sempre estava nos montes (1 Reis 18.20.21, 42; 19.8; 2 Reis 1.9; 2.16). Deus nunca o desamparou. Sua identidade era de "um homem vestido de pelos e com os lombos cingidos de um cinto de ouro" (2 Reis 1.8). Ele começa o seu Ministério com uma capa e termina o seu Ministério com ela, passando-a para Eliseu (2 Reis 2.9-14).


É certo cobrar para pregar? Não! QUEM COBRA POR UMA NOITE DE INTIMIDADE É A PROSTITUTA E NÃO A NOIVA! Isso é falta de confiança na provisão divina, pois, Deus é um ser atento às necessidades dos Seus servos, no momento em que clamarmos. Se Deus é poderoso para "dá mantimento a toda carne" (Salmos 136.25), por que desampararia seus servos que saem levando a preciosa semente (ver Hebreus 6.10)?


É justo o pastor da Igreja abençoar o pregador com uma oferta? Merecido (se bem que tem uns que só Jesus na causa). Não faz sentido despedir o pregador de mãos vazias. Isso não significa que o pastor seja obrigado a dar oferta, mas se trata de uma questão de bom senso.


O assunto é muito extenso, e dá muito pano pra manga. Porém, o espaço é pouco.


Em Cristo, 

Ev Clenio Daniel Parente Mendes

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

A PREGAÇÃO E O MILAGRE DA PREGAÇÃO

Referência-chave: "Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim" (Isaías 6.8)


A obra de Deus sempre contou com pessoas chamadas e capacitadas por Ele. Sendo Deus o dono da Obra, é Ele quem vocaciona e habilita o vocacionado para o exercício daquilo a que o Senhor designou. No tocante à pregação, não é diferente. A Palavra é de Deus, e é Deus quem chama para tal missão, portanto, o tal pregador precisa atender aos critérios divinos para, assim, cumprir com diligência a responsabilidade de expor ao público o Evangelho de Cristo. 


Quem deve pregar a Palavra? Existe a pregação como ordem expressiva do Divino Mestre: "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura" (Marcos 16.15). Este é o chamado coletivo. Toda a Igreja está inserida nesta ordenança divina. Há pessoas que nunca serão vistas nos grandes púlpitos de muitas Igrejas, pregando, mas estarão nos púlpitos anônimos da vida, nos valados, nos presídios, nos hospitais e até mesmo nas ruas, levando a Palavra do Bom Mestre. O chamado coletivo engloba a ordem expressiva de levar o Evangelho a todos quantos possam ouvir. É uma ordem! Toda a Igreja de Cristo deve cumprir.


Por outro lado, há a pregação como um dom, e já é algo mais específico. Dado a alguns. A estes Deus confere um dom especial na Palavra, de forma a pregar com eloquência e convicção a fim de alcançar os que lhe ouvem. Este é o chamado específico.


Mas não basta a pregação, precisa do MILAGRE DA PREGAÇÃO. Deus não somente chama o pregador, mas realiza nele o milagre, a fim de que pregue com ousadia e fervor, ainda que lhe custe a vida, pregando a ouvidos surdos e corações endurecidos. 


O Pregador precisa ter um encontro com Deus: "... eu vi ao Senhor..." (Isaías 6.1);


O Pregador precisa conhecer o Deus da Palavra, a qual, estar sendo pregada: "... assentado em um alto e sublime trono..." (Isaías 6.1). 


O pregador precisa conhecer sua incapacidade, principalmente ao receber uma incumbência divina. É Deus confiando ao homem terreno uma missão do Céu: pregar a Palavra de Deus. O pregador precisa reconhecer o quanto é incapaz: "Então, disse eu: ai de mim, que vou perecendo" (Isaías 6.5). Diante de um Deus tão majestoso e sublime, não lhe restou outra coisa senão reconhecer sua miserabilidade! Os pregadores da nossa geração precisam dessa experiência! Se acham auto-suficientes, deturpando a Palavra de Deus e desonrando o Deus da Palavra.


O Pregador é o primeiro agente a ter a experiência da transformação em sua vida: "... a tua iniquidade foi tirada, e purificado o teu pecado" (Isaías 6.7). Os púlpitos das igrejas estão cheios de pregadores iníquos e impuros, sem a devida reverência a Deus e Sua santidade. Falta-lhes o milagre da pregação, que o transforma por dentro e por fora e o encoraja a proclamar-lhes as verdades do Evangelho com fervor e espiritualidade genuína. 


Não basta a pregação, precisamos do milagre da pregação! O milagre que gera temor, sensibilidade ao Espírito, e um compromisso com a Palavra que transcende os altares, demonstrado no dia-a-dia, por meio de uma vida justa e piedosa, conformada com a vontade de Deus.


A pregação é o compromisso de levar a Palavra. Mas só o milagre te faz vivê-la! A pregação é a exposição formal das Escrituras, mas só o milagre transcende da formalidade para a espiritualidade! A pregação é a comunicação das Escrituras aos que a ouvem, mas só o milagre nos enche de fervor na comunicação deste imprescindível tesouro que é a Palavra de Deus! Precisamos do milagre da pregação!


Em Cristo, 

Ev Clenio Daniel Parente Mendes

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

PROVÉRBIOS 8.17 E A ORAÇÃO DA MADRUGADA

Existem no meio evangélico algumas "crendices", por assim dizer, sem qualquer fundamento bíblico. É lamentável como essas crendices ganham enorme aceitação nas Comunidades de Fé. O brasileiro tem uma séria deficiência de aceitar algo sem ao menos consultar a sua procedência e isso é um grave problema. Não consultamos, não corremos atrás e nem sequer pensamos e o resultado é isso: falar o que os outros falam, pensar o que os outros pensam e acreditar no que todos estão acreditando.


Provérbios 8.17 se refere à oração na Madrugada? NÃO! Toda referência bíblica deve ser entendida à luz de seu contexto, pois, é este quem determina o significado do texto. Como já se disse, "texto fora do contexto vira pretexto" e é exatamente o que vemos ao nosso redor e também nas preleções em muitos altares. 


Por outro lado, não estou aqui invalidando o poder da oração, pelo contrário, pois, negar a sua validade é ir contra o ensino do Senhor Jesus (Mateus 6.9-15; 7.7-11; Lucas 11.9-13; 18.1-8), e dos Apóstolos (Atos 2.42; Efésios 6.18; 1 Tessalonicenses 5.17; Judas 20). O objetivo, aqui, é colocar as coisas exatamente no seu devido lugar, usando uma autêntica interpretação dos textos sagrados. 


O livro de Provérbios faz parte da categoria dos chamados "Livros Sapienciais", ou, livros de Sabedoria. O livro em estudo contém "provérbios", ou seja, verdades apresentadas em formas de máximas, de forma objetiva tendo como foco uma vida de sabedoria para o viver diário. Seguindo a estrutura do livro, os versículos são interpretados nele de forma independente dos anteriores e dos versículos posteriores por apresentarem máximas de forma resumida e bem explícita.


Quando chegamos no capítulo 8, a estrutura e o estilo mudam, pois, todo o capítulo contém uma descrição da Sabedoria e, no uso de uma linguagem poética, o autor dá personalidade à Sabedoria descrita no capítulo em questão. Sendo assim, o versículo 17 deve ser interpretado em conjunto com os versículos anteriores e os posteriores.


O problema de muitos leitores é partir para uma interpretação sem, antes, considerar o aspecto contextual do versículo. Quem está falando? Do que ele está falando? Em que sentido está falando? Vamos lá:


1. Quem está falando? À luz de Provérbios 1.1,  quem está falando é o Sábio Rei de Israel, Salomão. Primeiro problema resolvido.


2. Do que ele está falando? Da Sabedoria, personificada ao longo de todo o capítulo. A Sabedoria tematizada no livro de Provérbios não é outra senão a Sabedoria para uma vida justa, demonstrada no dia-a-dia com base no temor do Senhor (Provérbios 1.7; 8.13; 9.10; etc). A busca, aqui, não é pela oração, e sim pela inclinação, meditação e esforço em achar a sabedoria e praticá-la. Embora eu possa falar de oração usando este versículo, precisamos entender que não é este o sentido do mesmo.


3. A busca "de madrugada" expressa uma busca "disposta" e anelante, ou seja, sedenta assim como quem se dispõe a fazer algo levanta cedo para ir em busca de cumprir os seus propósitos. Tal qual é a busca pela Sabedoria. Lendo todo o capítulo 8, quem busca a sabedoria, busca no seu modo de vida. A busca pela Sabedoria estar evidenciada num modo de vida diferente do insensato, que despreza a sabedoria e o ensino (Provérbios 1.7). 


Muitos usam esta passagem para construir o mito de que a oração da madrugada é a mais poderosa de todas. Absurdo! Uma prova clara de ignorância e imaturidade! Orar de madrugada É COMO ORAR EM QUALQUER OUTRA HORA DO DIA! O que faz a diferença não é o simples ato de orar, mas em como vamos orar (Jeremias 29.13). Há quem use da experiência para comprovar certas crendices, as quais, ganharam corpo no meio Evangélico. Eu, fico com a Bíblia. Não desprezo a experiência, pelo contrário, toda experiência deve ser confrontada à luz da Bíblia, mas, nunca submeter a Bíblia a meros caprichos humanos que não edificam em nada. 


Em Cristo, 

Ev Clenio Daniel Parente Mendes

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

O QUE É ARREPENDIMENTO?

Referência-chave: "Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus" (Mateus 4.17)


Tanto em Mateus como em Marcos (Marcos 1.15) fica claro que a primeira mensagem evangelística pregada pelo Senhor Jesus teve como tema o Arrependimento. Os Apóstolos, em obediência ao Senhor Jesus, deram continuidade a essa mensagem (ver Atos 2.38). Mas, o que é o arrependimento? Esta palavra, no grego, é "metanoeo" significado: "pensar de maneira diferente", isto é, "reconsiderar". De acordo com James Strong, o termo é uma junção de dois vocábulos: "meta", mudança de lugar ou de condição; "noeo", perceber com a mente", "pensar", "compreender"; implica numa mudança de ideia; no sentido moral, mudança de atitudes.


No Hebraico, o termo em estudo, no original, é "naham" e, de acordo com James Strong, significa: "suspirar", "estar pesaroso", apiedar-se". O verbo tem o significado de pesar ou lamentar. Segundo o Pr e Dr Aldery Nelson Rocha, Deus se arrepende com base na Sua santidade, o homem se arrepende com base nos seus pecados. Quando lemos em Gênesis 6.6 que o Senhor "se arrependeu" de haver feito o homem sobre a terra, indica que Deus ficou pesaroso ao ver o homem na sua deplorável situação. O homem pecou. Pecado é errar o alvo. Deus ficou pesaroso porque o homem errou o alvo certo e acertou o alvo errado. Prova disso é que Deus preserva uma família dentro da Arca, exterminando aquela humanidade pecadora e corrompida com um dilúvio de águas. E por meio de Noé e de seus filhos, a humanidade teve seu recomeço (Gênesis 9.19).


O arrependimento com relação a Deus implica pesar. É uma ação com base em Sua Santidade e não uma mudança de estado da Sua natureza. O arrependimento com relação ao homem implica na mudança de comportamento, uma vez que o pecado o afetou em todas as áreas. Há uma confusão em torno da palavra "arrependimento" e tais confusões devem ser eliminadas.


O QUE NÃO É O ARREPENDIMENTO?


1. Remorso. Muitos confundem remorso com arrependimento, e é diferente. Há um abismo intransponível entre essas duas coisas. Em Mateus 3.8 lemos: "Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento". Qual o fruto do arrependimento? Mudança radical de vida, de atitudes, de pensamentos, com base numa inclinação total a Deus. Qual o fruto produzido pelo remorso? Perturbação, insegurança e a acusação mórbida na consciência de um erro que, supostamente, não pode ser reparado. Estudiosos apontam esse sentimento na vida do Apóstolo Judas ao trair o Senhor Jesus. Ele teve remorso, levando-o a uma grande perturbação.


2. Emocionalismo. É natural o homem se emocionar com alguma coisa? Sim! Natural e compreensível, pois somos dotados de emoção. O grande problema é o excesso dela, o emocionalismo. Tal sentimento traz uma sensação de mudança, porém, passageira, momentânea. No calor da emoção, da empolgação, prometem mudança, fazem votos e tantas outras coisas. Ao passar a euforia, tudo volta como era antes.


Arrependimento é MUDANÇA. Ela começa no interior do homem. Tal mudança de vida, de atitudes, de pensamentos, resultam numa transformação do ser, e tal transformação é exteriorizada por obras que evidenciem isso, ou seja, os "frutos dignos de arrependimento". Não basta apenas reconhecer que tem que mudar, ela ocorre verdadeiramente no ser humano, que "muda seu modo de pensar" cedendo à verdade do Evangelho. Veja que em Romanos 12.2 Paulo fala de dois crentes: os CONFORMADOS com o mundo e os TRANSFORMADOS pela "renovação do entendimento". 


O arrependimento gerado dentro do homem, quando ouve o Evangelho, é nada mais que a "tristeza segundo Deus" (2 Coríntios 7.10). O Evangelho genuíno, pregado sob o poder do Espírito Santo e com seriedade, produz no homem o mesmo sentimento de Deus com relação ao pecado. A pregação do Evangelho é um apelo ao homem de que o seu pecado ofende o Criador e o distancia dEle e ele precisa urgentemente encurtar essa distância, voltando-se para Deus. É a tristeza segundo Deus, no coração do pecador, que gera o arrependimento genuíno, o faz reconhecer a gravidade do seu pecado tomando uma atitude de mudança de vida, em não mais errar contra o Deus Criador de todas as coisas.


Em Cristo, 

Ev Clenio Daniel