sexta-feira, 18 de setembro de 2020

DEFINIÇÃO DE FÉ

É impossível falar em fé e não lembrar da referência bíblica de Hebreus 11. Pelo menos a maioria dos cristãos terão em mente este versículo número 1 do citado livro e capítulo ao abordar sobre o assunto, ora, em estudo. Faremos uma análise, dentro do contexto bíblico sobre o que é a fé e o que ela representa para o cristão.


A carta aos Hebreus foi escrita em uma época sangrenta da Igreja, nas primeiras décadas em que estava construindo sua história. O ambiente era de perseguição ao povo de Deus. A história era de sangue derramado. A carta aos Hebreus teria sido escrita por volta do ano 67 ou 68 d. C, época em que Nero é o imperador de Roma, reconhecido como um dos maiores opositores dos cristão em toda a história. Muitos foram mortos por causa de sua fé, não negando o nome do Senhor Jesus. Diante disso, muitos dos que presenciaram esta cena, tiveram em seus corações a vontade de abandonar o Cristianismo e retornar às antigas práticas judaizantes. Nesse contexto de sofrimento, onde a luta se travava e a luta era renhida, como dizia o sacro poeta (Harpa Cristã, n° 212) é que o escritor da Carta aos Hebreus se dirige aos seus leitores dizendo: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem" (Hebreus 11.1). Inspiração em meio ao sofrimento! Quais as "coisas que se esperam" de que o escritor estava falando aqui? "Uma possessão melhor e permanente" (Hebreus 10.34), o "grande e avultado galardão" (Hebreus 10.35), "Cristo em glória que virá para o Seu povo" (Hebreus 10.37) e uma "cidade futura" (Hebreus 13.14). Como se pode ver, uma referência aos valores eternos, que riqueza nenhuma desta terra poderá ser comparada a elas.


O exemplo de fé que o escritor extrai do Antigo Testamento, mostram a conduta dos "antigos" que, pela fé, "alcançaram testemunho" (Hebreus 11.2). A fé, em todo o contexto do Antigo e Novo Testamento, está atrelada à conduta, à ação obediente. Fé não é pensamento positivo. O ateu também pensa positivo, luta e alcança suas conquistas, mesmo afirmando não crer em Deus. A fé vai além das noções de intelectualidade. Muito além. Ela diz respeito à ação obediente e disciplinada de conformar-se à vontade de Deus. 


O Apóstolo Paulo fala em sua carta aos Romanos da "obediência da fé". Tanto no começo quanto no final da Epístola, o escritor faz menção dela (Romanos 1.5; 16.26). Na Versão Almeida Atualizada lemos: "a obediência que provém da fé". Isso pode ser confirmado ainda pelo escritor aos Hebreus, quando diz: "Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu" (Hebreus 11.8). A fé genuína em Cristo move o crente a obedecer-lhe em tudo. Disse um sábio pregador que "quando não obedecemos, endurecemos". A obediência "que provém da fé", nos faz sensíveis ao Espírito Santo, levando-nos à obedecer à sua Palavra irrestritamente. Do mesmo jeito que a fé está relacionada com a obediência, a incredulidade se associa à desobediência.


Em Hebreus 11.7 fala da "justiça que é segundo a fé". Parafraseando: uma justiça de acordo com a fé. Em conformidade com a fé. Se a fé fosse um mero pensamento positivo, estas palavras escritas em Hebreus não fariam o menor sentido. Justiça não é pensamento, é virtude, é ação. É a capacidade de fazer o certo, o direito, equivalente de retidão. A verdadeira fé em Cristo nos inspira a uma vida justa. Os exemplos citados no capítulo 11 da carta aos Hebreus dão prova disso. Muitos deles sofrem por causa da sua fé (Hebreus 11.34-38). Veja que o sofrimento deles é tido como exemplo de encorajamento para que nós sigamos firmes pela fé, não importando quão sofrida seja a vida aqui, em contraposição ao sistema. Pela fé, batalhamos (Judas 3), mas também por ela havemos de ser vitoriosos.


Somos justificados pela fé (Romanos 5.1), santificados (Atos 26.18), por ela andamos (2 Coríntios 5.7), por ela batalhamos e somos vitoriosos (Judas 3).