terça-feira, 11 de novembro de 2014

"Desça da Cruz, e Creremos nEle" - Mateus 27.42

"Desça da cruz, e creremos nEle"! Foi o grito dos descendentes de Abraão ao verem ali o  seu Senhor e Mestre, contado entre os transgressores e sofrendo como quem sofre o mais desprezível dos homens (Is 53.2,3). Foi o brado de um povo incrédulo que se gloriava em ser a nação eleita, porém, rejeitou o seu Salvador, contado na genealogia como "Filho de Davi, Filho de Abraão" (Mt 1.1). Outrossim, foi a afirmação de um povo que queria receber o seu Messias de acordo com sua crença egoísta, com suas tradições religiosas sem se inclinarem para o fato de que aquEle Homem Justo que, "como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Hb 4.15; ver 2.18), deveria padecer não só por uma nação, mas por toda a humanidade (Jo 3.17; 11.49-52; 1 Jo 2.2). Rejeitaram o Messias e a Sua mensagem de salvação, preferindo viver na cegueira espiritual e nos seus tradicionalismos exacerbados. 

A realidade é a mesma em nossos dias. Muitos querem servir a Deus sem deixarem as práticas pecaminosas, trazendo para a vida presente os deleites da vida de outrora. Creem em Cristo de acordo com o que acham, com o que pensam, com o que determinam para a sua vida, rechaçando o Evangelho da Salvação em Cristo. O apóstolo Paulo disse: "Mas nós pregamos a Cristo crucificado..." (1 Co 1.23). Cristo crucificado, na teologia paulina, é o tema central do Evangelho, a base precípua em que se apóia o Cristianismo. Se Cristo descesse da cruz seria satisfazer o desejo egoísta daquela nação de dura cerviz. Era alimentar a "fé" deles, apoiada nas suas próprias tradições, quando deveriam debruçarem na revelação da graça divina na Pessoa de Cristo (Jo 1.17,18). O Evangelho genuíno de Cristo não vem para estimular nossa vaidade, nosso ego, pelo contrário, sendo o poder de Deus (Rm 1.16), apela diretamente para o pecador mostrando a ele a necessidade de um Salvador vivo e poderoso. 

"Desça da cruz, e creremos nEle". Este brado está representado, em nossos dias, num "evangelho mascarado" pregado e defendido nas diversas comunidades de fé. Pregações como "Tome posse", "é só determinar, e vai acontecer" desmotivam as pessoas a buscarem um verdadeiro relacionamento com a Pessoa bendita do Senhor Jesus Cristo. São mensagens que não enfatizam renúncia de pecados, a experiência bíblica do novo nascimento (Jo 3.3-5), a verdadeira espiritualidade, enfim, não confrontam o pecador com a sua realidade pecaminosa e a necessidade de arrependimento. Mensagens assim estão escassas em nossos dias! Querem tudo de Deus, e nada dão a Ele! 

O referido brado em estudo está evidenciado na rejeição à "palavra da cruz". Uma grande parte das Igrejas Evangélicas não reagem mais às mensagens cristocêntricas. Vale observar o que o apóstolo Paulo disse: "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus" (1 Co 1.18). Partindo desta assertiva bíblica, entendemos o porque de muitas Igrejas estarem vazias do poder de Deus: rejeitaram o Evangelho da Cruz de Cristo! A palavra da Cruz é o poder de Deus para salvar, para libertar, para redimir, para levantar o caído, para dar vida aos que estão à sombra da morte, sem Deus e sem esperança. 

Se Cristo descesse da Cruz, conforme aqueles judeus incircuncisos de alma esperavam, não haveria salvação, a humanidade continuaria perdida e caminhando continuamente para a condenação eterna, não haveria Igreja e nem o Espírito Santo seria enviado à Terra. Glória a Deus, Ele, Jesus, foi "obediente até à morte e morte de cruz" (Fp 2.8). Ali sofreu e morreu o inocente Cordeiro de Deus em resgate de muitos. Esta é a palavra viva da fé que pregamos! A realidade da salvação endereçada a todos os homens por meio de Jesus Cristo, o Filho de Deus. A boa nova do nascimento do Salvador fora transmitida aos pastores em Belém com este mesmo teor. Vejamos: "E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc 2.10,11). Vemos, aqui, o Evangelho da nossa Salvação em 10 aspectos: 

1 "Não temais". O Evangelho trazendo refrigério divino ao perturbado e desconsolado coração do pecador; 
2 "Porque eis aqui". O Evangelho ao alcance do pecador: "... a nossa salvação está, agora, mais perto de nós..." (Rm 13.11); 
3 "Novas de grande alegria". O Evangelho da bem-aventurança, da novidade de vida cuja alegria realiza-se somente em Jesus Cristo; 
4 "Será". O Evangelho e seu destinatário principal: o pecador! 
5 "Para todo o povo". O Evangelho, aqui, revela abrangência e universalidade; 
6 "Vos nasceu". Para a humanidade, Deus "deu" o Seu Filho (Jo 3.16). O pronome "vos" apresenta o Evangelho como benefício de Deus para o homem, no tocante à sua salvação;
7 "Hoje". O Evangelho apresentado aos homens no Hoje dispensacional, no tempo "que se chama hoje" (Hb 3.13); 
8 "O Salvador". O Evangelho vivo da Pessoa viva de Jesus Cristo! Aqui, vemos o propósito maior da Santíssima Trindade em relação ao homem: a salvação! Em Hebreus, o autor sagrado a chama de "tão grande salvação" (Hb 2.3); 
9 "Que é Cristo". Havia muitos naquela época com o nome de Jesus, mas somente um era o Cristo! O Único Salvador (Jo 1.29)! 
10 "O Senhor". A "tão grande salvação" consumada por Cristo, o Deus Supremo, Soberano e "soberanamente" exaltado por Deus (Fp 2.9). 

A Escritura apresenta a Jesus Cristo como o "Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). As palavras desde a fundação do mundo revela o plano de Deus, na eternidade passada, de que o Messias sofreria, mas, triunfaria  (ver Gn 3.15) trazendo salvação a "todos os homens" (Tt 2.11). Esta é a verdade, da qual, os cristãos deveriam ter mais dedicação sendo ela o cerne da nossa fé. Esta é a mensagem que os pregadores deveriam adotá-la como tema de seus sermões eloquentes! Milhões de cristãos, ao longo da história, selaram seu testemunho com sangue, na defesa desta Verdade tão gloriosa. Hoje, para nossa tristeza, muitos fazendo descaso! 

Que Deus tenha misericórdia das nossas Igrejas no Brasil!

terça-feira, 30 de setembro de 2014

SHOWS GOSPEL: A verdade que poucos querem ouvir

O objetivo, aqui, não é radicalizar nem generalizar os fatos. Dizemos "radicalizar" porque reconhecemos que não devemos atribuir pecado naquilo que as Escrituras não autorizam; ao dizer "generalizar" sabemos que, apesar do fértil crescimento do joio, ainda subsiste o trigo (Mt 13.28-30)! Não são todos na comunidade de fé que vem sendo afetados por essa onda de emocionalismo, prevalecedor em nossos dias. Ainda existem aqueles (apesar de ser a minoria) que amam a Palavra de Deus e que prezam pela genuína manifestação do Espírito Santo. 

É estarrecedor o que vemos em determinados eventos "gospel" por aí. Em uma certa cidade, por exemplo, estava para acontecer mais um desses chamados "shows gospel". Toda a multidão reunida, avenidas da cidade praticamente intransitáveis, todos esperando a "estrela" da música gospel entrar em cena. Enquanto isso não acontecia, gritavam eufórica e repetitivamente: "... cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!"; não pararam até que ele entrou em cena. Por conseguinte, se ouvia mais gritos, assovios e muitas outras badaladas inúteis. Os tais eventos, além de fomentar nos "artistas" gospel a atração para si, induz os fãs ao mais alto grau de sensacionalismo, substituindo a verdadeira glorificação a Deus. Duas coisas podem ser extraídas aqui: 1) o "cantor" passa a ser o alvo e o centro das atenções, e com isso glorificam a criatura em vez do Criador (Is 48.2); 2) os "fãs", ao invés de priorizarem a verdadeira adoração ao Senhor, se entregam loucamente aos embalos da emoção, das danças desvairadas e dos gritos inconsistentes; em outras palavras, o verdadeiro culto está sendo banalizado (Jo 4.23,24). A grande maioria está longe daquilo que o Senhor Jesus nos disse: "porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou Eu no meio deles" (Mt 18.20). "Em meu nome" indica o propósito pelo qual os adoradores se reúnem; "aí estou Eu no meio deles" indica a centralidade dessa adoração. Será que Deus é realmente o centro da adoração de muitos? Será que as nossas reuniões são motivadas pelo desejo ardente de uma comunhão mais ampla com Deus? Acreditamos biblicamente que nada pode substituir o culto a Deus: "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória..." (Sl 115.1). "Porque grande é o Senhor e digno de louvor, mais tremendo do que todos os deuses (Sl 96.4). 

Shows Gospel superlotados de pessoas, igrejas vazias, cantores se aproveitando da impolgação desenfreada das massas, pastores leais a Deus e à Sã Doutrina lidando com templos vazios porque as ovelhas foram arrebatadas por esses atrativos supérfluos, perdendo o zelo pela casa do Senhor (Hb 10.25). Obviamente, isso nada tem a ver com o avivamento elucidado nas Escrituras Sagradas. A outra realidade é que a grande parte (NÃO TODOS) dos que "curtem" eventos assim não fazem caso de congregarem regularmente. Vão à igreja quando querem e acham que ir à igreja é coisa do passado, é moda antiga. Convém salientar que nem tudo o que é antigo, é ultrapassado! Congregar, em nossos dias, nunca foi tão necessário tendo em vista falsos cultos onde se admiram as "estrelas", menosprezando aquEle que disse: "... Eu sou... a resplandecente Estrela da manhã" (Ap 22.16). Criticamos os católicos por suas práticas idolátricas, e nós? Não fazemos pior? Fazemos "estrelas" os cantores vaidosos, egocêntricos, ofuscando a glória do Senhor Jesus Cristo, a verdadeira Estrela que deve resplandecer no meio do povo de Deus! 

Outrossim, a grande parte (NÃO TODOS) dos que vão à shows gospel não tem prazer na Palavra de Deus. Estamos falando de fatos devidamente comprovados, e não de invencionices, ditas à luz de meras pressuposições, pelo contrário, é o filme a que assistimos todos os dias. Se o pior cego é aquele que não quer ver, o pior surdo é aquele que não quer ouvir! Pergunte a um crente fanático por shows quantas vezes ele lê a Bíblia (mas antes, pergunte em que lugar da casa ele "largou" o Livro Sagrado), o que ele responderá? Risos sem graça e uma resposta inconvincente de que lê as Escrituras. Alguns, deixam a Bíblia aberta na instante (no Salmo 91) achando que ela vai "funcionar" daquele jeito. Acusamos os católicos e adeptos de outras religiões por suas práticas cheias de superstição, e nós? De nada adiante na instante a Bíblia aberta com o coração fechado! O lugar apropriado para a Palavra de Deus ter efeito é no coração disposto a recebê-la: "Escondi a tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti" (Sl 119.11). O Senhor Jesus deu realce a esta verdade, dizendo: "Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a Palavra; e dá fruto..." (Mt 13.23). No solo fértil do coração, a Palavra de Deus tem efeito indizível (ver Is 55.10,11). Shows gospel superlotados, cultos de ensino bíblico vazios! Prazeirosos em demasia pelas atrações gospel da atualidade, porém, desprazeirosos pela instrução bíblica (ver Sl 1.1,2). Com isso, afirmamos peremptoriamente: se não há compromisso com a Palavra de Deus, não há verdadeira conversão (Jo 15.1-3), lembremo-nos das palavras do Divino Mestre: "estai em mim, e Eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também, se não estiverdes em mim" (Jo 15.4). 

De acordo com as Escrituras, devemos adorar o Pai "em espírito e em verdade"  (Jo 4.24). "Em espírito" e não baseado num excesso de emocionalismo, mas "em espírito", ou seja, direcionada a Deus, exclusivamente digno de adoração. "Em verdade" e não alicerçada em formalismos, movimentos vai e vem, sem apoio na Palavra de Deus. Cada coisa no seu devido lugar: Deus como o centro da nossa aodração e a Sua Palavra fidedigna, honrada e praticada. Que voltem os verdadeiros cultos a Deus e seja restaurado nos corações a sede pela Sua Palavra!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Identificando a Geração de Abraão em nossos dias

Em nossos dias, nos cultos, nas pregações, se ouve um fervoroso grito da parte de muitos que afirmam "eu faço parte da geração de Abraão" e, ao dizerem isso, tal ambiente em que se encontram compõe-se de euforia e extrema impolgação. Porém, as Escrituras nos apresenta o perfil que caracteriza a verdadeira geração de Abraão na atualidade. 

1) A Geração de Abraão vive sob total orientação do Senhor (Gn 12.1; Hb11.8) - Ela não segue as diretrizes deste mundo cada vez mais distante de Deus, cada vez mais pervertida, enfim, cada vez mais tendenciosa ao erro. A geração de Abraão não é conformada, e sim transformada (Rm 12.2)! Transformada pelo Evangelho do Senhor Jesus Cristo no poder do Espírito Santo, logo, não se mistura, não se coaduna, tampouco se entremete neste mundo separado de Deus e de Sua santidade. É extremo absurdo vermos muitas comunidades de fé, que se dizem cristãs, plagiando coisas do mundo  e introduzindo no seio da igreja como se isso fosse coisa normal! Falta verdadeira conversão! Devemos proceder como Abraão: "Assim, partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito..." (Gn 12.4). Os conformados ficam no mundo, os transformados partem, isto é, agem mediante orientação divina! 

2) A Geração de Abraão constrói altares (Gn 12.7,8; 13.18; 22.9)  - O altar possui elevada conotação nas Páginas Sagradas. O altar lembra a entrega de um sacrifício em correspondência a uma aliança estabelecida entre duas pessoas. Esta parte do perfil biográfico de Abraão foge à realidade dos dias de hoje. O grito eufórico se ouve por parte de muitos: "Eu tenho a marca da promessa"; vivemos no meio de pessoas que reivindicam as promessas de Deus, mas não se comprazem em construir altares! Não basta reivindicá-las e sim correspondê-las através de um "sacrifício vivo", o qual somos nós, em obediência à Palavra de Deus (Rm 12.1). 

3) A Geração de Abraão busca promover a paz ao invés de semear contendas (Gn 13.7-9; ver Pv 6.16-19) - Abraão poderia muito bem aflorar ainda mais a contenda entre ele e seu sobrinho. Porém, em vez de alvoroçar ainda mais a situação, propôs uma separação amigável. Os contenciosos deveriam ter em mente esta brilhante atitude exarada nas Escrituras Sagradas! No que concerne a esta virtude, disse o Senhor Jesus: "bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus" (Mt 5.9). Veja bem: "pacificadores", ou seja, os que buscam promover e estabelecer a paz, a união, fatores estes que consolidam um relacionamento (Sl 133.1; ver Ec 4.9-12). Que assim sejamos, sabedores nós que "com tais sacrifícios, Deus se agrada" (Hb 13.16). 

4)  A Geração de Abraão é intercessora (Gn 18.23-33) - A intercessão é o resultado do amor, da compaixão e da sensibilidade pela dor de outrem. Movido por estas coisas, o Senhor Jesus deu a Sua vida por nós, efetuando, assim, um sacrifício intercessório na Cruz (Rm 5.6-8; Hb 2.9, 10, 14, 15; 4.15; 1 Jo 2.2). Vivemos dias de crença individualista, onde  muitos dizem amar a Deus, mas sequer demonstram amor pelo próximo (Mt 22.36-39), vemos o ferido, porém, passamos de largo, quando deveríamos estender a mão (Lc 10.30-32). Enquanto muitos estão a pensar em sim, Abraão é o exemplo de um intercessor movido por terna compaixão. 

5) A Geração de Abraão oferece sacrifícios para Deus (Gn 22.1-12) - O sacrifício de Abraão revela o seu caráter perante Deus (Gn 22.1-3) e  a sua prontidão em servi-Lo de forma agradável (Gn 22.12). A palavra "sacrifício" sugere a renúncia total de algum coisa, no contexto bíblico, do nosso "eu" (Mc 8.34). Imolar um novilho no altar não é dolorido se comparado ao nosso "eu", decididamente lançado no altar do Senhor, onde nossas vontades egoístas são queimadas pelo fogo abrasador do Espírito Santo de Deus (Lv 6.13; Rm 12.1; Gl 2.20; 5.24). 

6)  A Geração de Abraão é peregrina (Gn 37.1) - Ela não está atrelada aos valores terrenos, sobrepujados pelas coisas eternas, pelo contrário, ela desfruta de uma expectativa celestial (Fp 3.20; Hb 11.13-16; 13.14). Aonde estamos ponderando o nosso coração? A geração de Abraão deseja ardentemente a face do Senhor e estar no seu lugar santo (Sl 24.3-6). É este o nosso desejo? Ou as coisas do mundo ainda nos mantém cativos (1 Co 15.19)? 

Não basta Deus ser fiel, temos nós que sermos fiéis também, a Deus e à Sua Palavra! Será mesmo possível identificar a geração de Abraão em nossos dias?

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Violência ao Reino de Deus - Mateus 11.12

Os termos “violência”, “violação” e o verbo “violar” são correlatos e significam “desrespeito”, “abuso” ou mesmo “alterar a forma original de alguma coisa”. Os estudiosos da atualidade destacam vários tipos de violência, tais como: 1) Violência física – agressão sobre o corpo de uma pessoa de forma abusiva; 2) Violência Verbal – palavra ou expressão agravante que afeta ou desrespeita a índole de outrem; 3) Violência Doméstica – abuso ou forma de agressão entre membros de uma família; 4) Violência Social – abuso, agressão ou ato desrespeitoso à legitimidade social e moral, etc. Mas o que quer dizer as palavras “se faz violência ao Reino dos céus” (Mt 11.12)?

Em Mateus, lemos: “... se faz violência ao Reino dos céus, e pela força se apoderam dele” (Mt 11.12); em Lucas, diz assim: “... e todo homem emprega força para entrar nele” (Lc 16.16). Pelo que vemos, “violência” e “força” se associam neste contexto bíblico. No entanto, convém entender o que vem a ser este Reino. Para o apóstolo Paulo, ele é visto como sendo justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17); “no Espírito Santo” e não no sistema político pós-moderno, nem na sabedoria humana que especula o que é paz, mas não pode definir a verdadeira paz, uma vez que ela é o resultado da comunhão do homem com Deus, quando justificado (Rm 5.1) mediante a obra redentora de Jesus Cristo, o “Príncipe da Paz” (Is 9.6).
Tendo em vista a apostasia, o desdém à fé original em Cristo e nos Seus ensinamentos, a falta de amor entre os irmãos que dizem professar a fé cristã e tantos outros reveses que atacam a Igreja do Senhor Jesus tornando-a displicente na defesa da verdade, parece entrar em evidência nos nossos dias o que ocorreu com as dez virgens, que todas “tosquenejaram” e “adormeceram” (Mt 25.5), quando é tempo de despertamento e de vigilância, mais do que em qualquer outra época; ou seja, mais do que nunca, fazermos “violência” ao Reino de Deus.

São várias as condições para o pecador se tornar um cidadão deste Reino, como: arrependimento (Mt 4.17; Mc 1.15), submissão a Deus (Mt 7.21), a prática da verdadeira justiça (Mt 5.20), estes e outros fatores compõem uma vida regenerada (Jo 3.3-5). Sabedores de que este mundo cada vez mais se distancia do seu Criador, adotando um padrão de vida insensato, leviano e corruptível, fazer “violência” ao Reino de Deus é “ferir” o conceito mundano de vida, acatando os propósitos e benefícios estabelecidos por Deus. É uma luta na qual não se usa nenhuma arma, senão a disposição de sacrificar seus próprios desejos para entregar-se inteiramente a Deus (Rm 12.1). Fazer “violência” ao Reino de Deus é suplantar o nosso egoísmo, ou seja, renunciar o nosso próprio “eu”, o que se constitui um ato desafiador a nós mesmos, uma vez que a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito, contra a carne (Gl 5.17). 

Existem os ataques e os contra-ataques, uma batalha renhida; neste sentido, “fazer violência” corresponde à nossa ação consciente de passar por cima de tudo o que o mundo impõe para nos afastar da presença soberana de Deus e “empregar força” refere-se aos nossos constantes esforços de rejeitar, dia após dia, os deleites da vida, certo de que estas coisas não procedem do Pai, mas sim do mundo (1 Jo 2.16).

Fazer “violência” ao Reino de Deus é manter-se de pé ante o mundo caído nas garras do diabo. Vivemos a época em que leis e mais leis estão sendo formuladas contra a Igreja do Senhor Jesus; uma perseguição moral contra o povo de Deus, pelo menos aqui no Brasil, quando em outros países a situação já é mais severa. Para muitos cristãos, infelizmente, isso tem sido motivo de desespero e de desânimo. Tais pessoas não conhecem as Escrituras. Os homens com suas leis procuram “violar” a essência doutrinária da Igreja querendo nos conduzir para onde eles querem; fazer “violência” ao Reino de Deus é reagir contra esses infortúnios do diabo, conservando-nos na posição que o Senhor nos colocou, isto é, em harmonia com a Verdade, na defesa da Verdade e na preservação da Verdade. Os ataques contra o povo de Deus são violentos, mas nem por isso devemos baixar a guarda!  Os inimigos do evangelho prontamente pelejam, mas do povo de Deus é a vitória (Mt 16.18)!

Fazer “violência” ao Reino de Deus é abrir mão dos prazeres efêmeros do pecado tendo em vista os valores eternos que Deus nos reservou (Rm 8.18; 2 Co 4.18). Isso joga por terra qualquer ensinamento absurdo que diz que “é só tomar posse”, “é só determinar e vai acontecer” que a benção será garantida. Essas especulações não passam de um “evangelho barato” que não expõe aos seus ouvintes a necessidade de uma “tão grande salvação” (Hb 2.3). Em outras palavras, um “evangelho preguiçoso” onde tudo é fácil, onde as rosas são mostradas e os espinhos da vida são deixados de lado. Fazer “violência” ao Reino de Deus é crucificar a carne (Gl 5.24), é corresponder à vontade de Deus com nossas ações em servi-Lo conforme a Sua vontade, já revelada na Sua Palavra.

Diante da realidade incontestável da volta iminente do Senhor Jesus Cristo, devemos nos guardar em santidade, em vigilância (Mc 13.33) e aplicar todo o nosso esforço em não dar vazão à carne, mas, nos revestirmos da plenitude divina (Rm 13.14).

Ide! Pregai o Evangelho!

Mesmo com todos os meios que possam auxiliar na condução do pecador a Cristo, a pregação do santo Evangelho nunca deixará de ser o meio mais eficiente de dar ao homem a prova do amor de Deus, pronto a recebê-lo em Seu regaço de misericórdia. Qualquer coisa que substitua a pregação do Evangelho da salvação em Cristo constitui-se agravo aos princípios fundamentais das Escrituras Sagradas, pois vemos expressamente a ORDEM vinda dos céus quanto a esta missão, preconizada nestas palavras: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16.15).
Ao que parece, muitos reveses que vem acarretando a sociedade vem, ao mesmo tempo, levando o povo de Deus a desacreditarem na possibilidade de um pecador render-se aos pés do Senhor Jesus e, consequentemente, a deixarem de lado o dever de comunicar aos perdidos as boas novas da salvação. Com isto, o que é perigo para a sociedade, cada vez mais submersa na ignorância, também é perigo para a Igreja, cada vez mais negligente em anunciar aos pecadores a obra expiatória de Cristo na Cruz do Calvário.
É tarefa da Igreja pregar o evangelho! Não é opção! Deve pousar em nós a mesma convicção que houve nos tempos apostólicos: Não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido (At 4.20) e a mesma que houve em Davi: Não escondi a tua justiça dentro do meu coração; APREGOEI a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua benignidade e a tua verdade (Sl 40.10). A missão da Igreja no tocante à este grande imperativo possui duas grandes facetas:

1 – Existe a pregação como dom (vocação) e a pregação em caráter urgente revelando a ordem divina (evangelização). Há quem pense que a pregação deve sobressair apenas dos púlpitos das Igrejas, muito pelo contrário, à nossa volta, dentro da nossa própria casa, no trabalho, urge expor aos homens ao amor de Deus em Cristo, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9).

2 – O evangelho dever pregado em caráter denunciativo, isto é, confrontando o pecado que afasta do homem da presença de Deus com atrativos supérfluos que os levam a esquecer da realidade do inferno. O evangelho de Cristo, pregado na unção do Espírito Santo, é um golpe violento contra o pecado mostrando o destino a que o homem será levado se não der crédito a pregação (Rm 6.23). O evangelho deve ser pregado em caráter convidativo, ou seja, convencendo o ser humano sobre a imensurabilidade do amor de Deus (Jo 3.16), mostrando que a vida sem a graça de Deus não tem proveito algum. O próprio Jesus disse que veio CHAMAR os pecadores ao arrependimento (Mt 9.13). Neste mesmo espírito, devemos pregar o evangelho genuíno de Cristo de forma convidativa, a que os homens reconsidere seus atos tortuosos e se volte para o seu Criador.

3 – À semelhança dos discípulos de Jesus Cristo, devemos lançar a rede à direita do barco (Jo 21.6), em outras palavras, pregar o evangelho como ele deve ser pregado, pois, do lado esquerdo, está o relativismo que se tornou um atalho até mesmo para muitos cristãos que, aos poucos, desviam-se do Caminho, que é Cristo (Jo 14.6). Do lado esquerdo está as filosofias vãs, cujo conhecimento é impotente para levar o homem a Deus; no mesmo lado, as distrações deste mundo, incapazes de preencher as lacunas da vida humana. Devemos lançar a rede no lado direito, pregar a salvação em Cristo, a renúncia de pecados e a entrega total da vida a Deus, dentre outras coisas que caracterizam o verdadeiro evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

Não sejamos omissos no dever de pregar o Evangelho. É tarefa da Igreja e não deve ser deixada de lado. 

sábado, 12 de abril de 2014

A Doutrina do Amor

A doutrina bíblica do amor constitui-se um dos principais baluartes do cristianismo e, lamentavelmente, esquecida no púlpito das igrejas. Podemos definir o amor como o eixo central da vida cristã, o que vemos comprovado em 1 Coríntios 13. Contudo, o que percebemos são pessoas que professam a fé em Cristo com um modo de vida contrário aos princípios bíblicos.
Os grandes intérpretes da Bíblia sintetizam três tipos de amor: o amor agape, phileo e o amor eros. Vejamos, à luz das Escrituras, a definição desses três. 
1) O amor agape é apresentado nas Escrituras como  o amor de Deus, profundo, ardente, incomparável e sublime. É o amor com que Deus amou o mundo (Jo 3.16), com que Jesus amou os Seus (Jo 13.1) e com o qual o cristão corresponde a Deus através da observância aos seus mandamentos (Jo 14.21); o mesmo amor que Jesus requereu de Pedro (Jo 21.15) e, certamente, de todos quantos dizem servir ao Senhor de coração. 
O amor deve ser entendido, na sua essência, como um sentimento voluntário e predisposto e não algo obrigatório, ou seja, ninguém ama porque é obrigado a isso e sim porque tal sentimento é resultado da vontade própria de alguém. Assim, quando lemos que Deus amou o mundo (Jo 3.16), vemos no Deus Criador o anelo de aproximar de Si a criatura racional, isto é, o homem, uma vez distante da presença divina. Em momento algum encontramos na Sagradas Escrituras Deus obrigado a fazer alguma coisa em favor do homem, pelo contrário, o que move a potente mão do Senhor de forma graciosa sobre o mesmo é a Sua soberania e amor infinito. 
Escrevendo aos crentes em Corinto, o apóstolo Paulo diz: Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade [gr. Agape], estas três; mas a maior destas é a caridade [gr. Agape] (1 Co 13.13). Estas três coisas possuem algo em comum, como podemos ver: “Ora, a fé é... a prova das coisas que não se vêem” (Hb 11.1); “... a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos” (Rm 8.24,25); e, finalmente, o amor, uma coisa que também não se pode ver, não obstante, é uma realidade suprema que pode ser sentida qual vento que não é visto mas o percebemos através das suas obras. 
Interrogado por um Doutor da Lei acerca do grande mandamento, o Mestre Jesus lhe responde claramente: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22;37-40). Entendemos, aqui, o que o amor segue duas linhas: a vertical (“amarás o Senhor, teu Deus”) e a horizontal (“amarás o teu próximo”). Uma vez que Cristo não veio revogar a lei, mas cumprir (no original, “completar”) e que “desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”, Ele demonstrou isso por Si mesmo quando estava na Cruz do Calvário. Dela não fugiu por obediência e amor a Deus Pai e nela sofreu amargamente por amor ao pecador; Jesus, a maior personalidade da História! E o grande exemplo de alguém que amou a Deus e ao próximo até mesmo na dura cruz! 
A nascente Igreja do Senhor Jesus, nos seus primeiros anos, gozava de plena comunhão fraternal. Motivados por essa tal comunhão, realizavam, semanalmente, banquetes denominado “festa ágape” revelando, com isso, a convicção do amor profundo da parte de Deus entre Seus filhos e de uns para com os outros; a referência de Atos 2.42 dá ênfase a isto. 
O amor ágape, tendo sua origem em Deus, tem como objeto principal o homem, embora pecador e distante daquEle que o criou. Em algumas traduções, o termo em estudo vem substituído pela palavra “caridade” que é “o amor através das obras”. O amor de Deus está centralizado evidencialmente na obra da redenção feita por nosso Senhor Jesus Cristo. Outrossim, a maioria das vezes em que a palavra agape aparece nas Escrituras é no sentido verbal, ou seja, não basta um simples sentimento pois o amor genuíno provoca ação.  
2)Uma outra definição de amor está no termo grego phileo que denota “afeição por amigos ou parentes”. Quando o  Senhor Jesus interrogou a Pedro: “amas-me?” [gr. Agape], ele respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo” [gr. Phileo] (Jo 21.15), mostrando simplesmente um sentimento de amizade. Na terceira vez o Senhor usou o termo phileo, razão pela qual Pedro se entristeceu levando-o também a reconhecer a onisciência de seu Mestre (Jo 21.17). O termo “filantropia”, do original philanthropia que significa “amor pela humanidade” descrevendo um amor expresso de forma social pelo bem humano. Associado ao termo phileo encontramos o vocábulo philostorgos citado em Romanos 12.10 para designar “amor fratenal”.  
3)Um outro termo para amor é a palavra eros, daonde vem o nosso adjetivo “erótico” que diz respeito ao desejo sexual. Ele aparece de forma ampla e erudita na filosofia de Platão e, portanto, não aparece nas Escrituras, mas, reflete um desejo sexual lascivo e fortemente intenso neste sentido que assinalamos. 

Na teologia bíblica, o amor é retratado sob três pontos de vista: (1) o amor de Deus ao homem, (2) do homem a Deus e (3) do homem para com os seus semelhantes. Vejamos: 

O amor de Deus ao homem é visto através da Sua compaixão e benignidade; isso é demosntrado em larga escla no Livro dos Salmos, onde os salmistas reconhecem que o Senhor é bom e que “a sua benignidade é para sempre” (Sl 106.1); o fato de Deus conhecer a nossa estrutura e que somos pó (Sl 103.14) indica a misericórdia divina sobre a criatura humana decaída. O amor do Senhor com o homem se revela por meio destes e outros atributos morais, fazendo-nos preceber a Sua preocupação com os homens (Dt 33.3), motivo de admiração e regozijo (Sl 8.4,5). Aos patriarcas, Deus manifestou o Seu amor por meio de consideráveis promessas e especialmente na escolha de Israel, tendo com isso um amor eletivo (Dt 7.7,8), um zelo profundo (Dt 4.24b). Em um sentido amplo, Deus ama todos os homens e estende sobre eles a Sua benevolência (Sl 104.14; 136.25; Mt 5.45). Mas a maior resposta do amor de Deus ao homem é dada na encarnação do Verbo (Jo 1.14), onde o Filho de Deus Se tornou homem para que os homens se tornassem filhos de Deus (Jo 1.12,13; Rm 8.29; Hb 2.10-12)! 

O amor do homem a Deus abarca a totalidade da nossa vida em obediência a Ele: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Dt 6.5). Também se destaca na observação da Sua Lei que faz o homem afastar-se da impiedade (Sl 1.1,2) explicando-nos uma relação de amor e comunhão com o Senhor (Sl 73.28). Ainda na teologia bíblica, amar a Deus é também amar a Sua Palavra (Sl 119.97). No Novo Testamento, esse conceito é reforçado quando o Senhor Jesus nos diz: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14.15). João, o apóstolo amado, diz: “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é caridade” (1 Jo 4.8). Nestes e outros versículos encontramos uma relação de amor e obediência dando-nos a entender que “obedecer” ao Senhor ou “ouvir as Suas Palavras” é uma prova de quem verdadeiramente O ama (Jo 14.21,24; 1 Jo 5.3). 

O amor do homem para com os seus semelhantes e algo respaldado na lei mosaica (Lv 19.18), confirmado pelo sábio rei Salomão (Pv 25.21,22), e, principelmante, pelo Senhor Jesus (Mt 5.44-46). Sendo o amor a base do Cristianismo, quem não o pratica ainda está preso à falsa religiosidade, qual árvore sem fruto, odres sem vinho (Mt 9.17), etc. Não era do agrado do Senhor que Seu povo Israel se misturasse com as nações gentílicas, por outro lado, não deveriam oprimir o estrangeiro que viesse morar no meio deles (Êx 23.9) isso parece mostrar o propósito de Deus em que as nações seguissem o exemplo de Israel e nunca o contrário como infelizmente acxonteceu. Amar o próximo aparece na Lei de Moisés no sentido de não prestar falso testemunho contra ele (Êx 20.16), não agir de maneira ousada contra ele (Êx 21.14) e, junto com ele, prestar culto a Deus (Êx 12.4) dentre outras coisas que dizem respeito a “amar o próximo”. O salmista reconheceu a importância de amar o seu semelhante através de um tratamento ético e justo (Sl 15.1-3). Os apóstolos no Novo Concerto não deixaram de lado este santo preceito (Rm 12.9,10,14,15,17,20,21; 1 Pe 4.8; 1 Jo 2.9-11; 3.14-18).

A doutrina bíblica do amor deve ser resgatada no púlpito das Igrejas e reacender no coração dos que professam a fé no Senhor. Oremos a Deus para que o Seu amor seja como fogo inextinguível dentro de nós; sem amor, não há proveito algum em agradar a Deus e tudo não passará de uma crença rotineira e tediosa.

sábado, 5 de abril de 2014

"Segui a santificação SEM A QUAL ninguém verá o Senhor" - Hebreus 12.14

A Bíblia Sagrada, o livro das promessas, revela a condicionalidade das mesmas e o seu alcance advindo da nossa disposição em cumprir os ditames da Palavra de Deus. Cabe salientar que as promessas divinas vem contidas de exigências, as quais, expressam a vontade do Senhor para quem deseja conhecê-la profundamente. 
Ver a Deus é o anelo de todo aquele que se aparta do mal e de toda sorte de impureza para agradá-Lo fielmente (Mt 5.8; Jo 3.3-5; Hb 12.14). A essência de uma vida transformada é respaldada em toda a Bíblia (Rm 6.4; 2 Co 7.1; Gl 2.20; 5.24; 1 Jo 2.15-17). E corresponder à vontade divina com obediência é requisito de todo o que alega ser cidadão do Reino de Deus (Mt 7.21). 
A importância que o autor da carta aos Hebreus dá a santificação é enfatizada nos termos SEM A QUAL, mostrando a mesma como o imperativo divino na vida cristã (1 Pe 1.16). Com isso, entendemos que é impossível servir a Deus com os desejos carnais aflorados, uma vez que a Escritura ensina que eles devem estar mortificados, a fim de que a operação do Espírito seja uma constante em nossas vidas (Rm 6.1,2; 8.7-10). Devemos ter a mesma convicção do salmista: aborreço a duplicidade, mas amo a tua lei (Sl 119.113). A dupla personalidade, mecanizada pela hipocrisia, não convém ao que julga ser um autêntico servo do Senhor; a verdadeira santidade de vida é um convite para reprovarmos a invariáveis de satanás e revestirmos da plenitude divina (Rm 13.14). 
O termo SEM A QUAL revela a santificação como condição indispensável na vida cristã, pois, pelo pecado, o homem se afastou de Deus e pela santificação o homem se afasta de tudo o que pode levá-lo a pecar para se achegar a Deus. Ela é indispensável ao homem porque este foi criado sem pecado e, portanto, santo; entretanto, despojou-se da santidade de Deus lançando-se na iníqua sedução de um desejo violento e ao mesmo tempo passageiro (Gn 3.6; 1 Jo 2.16). 
O termo SEM A QUAL enfatiza a santificação como a base precípua para uma vida de comunhão com Deus. Acerca disso, a Escritura Sagrada diz: ... e que comunhão tem a luz com as trevas e que concórdia há entre Cristo e belial? (2 Co 6.14,15). A comunhão com Deus não é apenas orar, como muitos pensam erradamente, pelo contrário, é sujeitar-se à vontade do Senhor contendo em nós a Sua imagem e expandindo a luz da glória de Deus em nossas vidas (Fp 2.15). Só um cristão verdadeiramente santo poderá trilhar de forma controversa a este mundo (Rm 12.2). A santidade de vida entra em choque com o sistema relativista que, infelizmente, tem se tornado um manjar desejável para muitos cristãos que se entregam facilmente às novidades que o mundo oferece andando por diversos atalhos da vida e afastando-se de Cristo, o Único e Verdadeiro Caminho (Jo 14.6). 
O termo SEM A QUAL define a santificação como um fator intrínseco que deve conter a totalidade da nossa vida a Deus (ver 1 Ts 5.23). Não existe cristianismo parcial, pois, se assim fosse, Cristo não teria dito para os Seus discípulos negarem a si mesmos (Mc 8.34). Quando o nosso eu se torna vítima dos desejos desenfreados do pecado, todo o nosso ser caminha para esse fim; no processo da santificação não é diferente. O nosso eu encontra-se subjugado pela vontade de aproximar-se de Deus. A maior prova nas Escrituras Sagradas, dentre muitas, de uma vida submissa ao Senhor de maneira absoluta é quando somos considerados o templo de Deus (1 Co 3.16) e, como tal, o lugar da habitação do Espírito Santo, também chamado de Espírito de santificação (Rm 1.4). 
O termo SEM A QUAL, por mostrar a santidade de vida como algo de importantíssima conotação, também nos leva a um sublime propósito: a unidade em Deus: E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, O és em mim, e eu, em ti... (Jo 17.19,21). O próprio Jesus Se santificou destinando-Se, sem reservas, a fazer a vontade do Pai ao dar Sua vida na cruz pelos pecados da humanidade (Fp 2.7,8). Tendo em vista este grande exemplo, entendemos que a santificação é coisa exclusiva para quem deseja mortificar as obras da carne para desfrutar de uma vida com Deus em Cristo. 
O termo SEM A QUAL mostra que a santificação é o ponto de conexão entre o cristão e a esperança da glória vindoura a ser revelada em nós. Trata-se de uma fé e de uma esperança escatológica. Para tanto, não basta a santidade somente no ato da rendição a Cristo, ela deve ser de caráter progressivo. Deus não só iniciou a obra da criação como também a concluiu (Gn 1.1; 2.1,2); Jesus não só suportou a agonia no Getsêmani como foi até o fim, isto é, preso à cruz e nela morrendo consumando a obra que o Pai Lhe confiou (Jo 17.4;19.30). O propósito de Deus não é só começar a boa obra, mas sim aperfeiçoá-la (Fp 1.6). Com relação a vida cristã santificada não é diferente; devemos aperfeiçoar a santificação (2 Co 7.1) em nossas vidas sob o temor do Senhor.  
Os princípios do santo evangelho de Cristo não devem ser deixados de lado. Certos da vinda iminente de nosso Senhor, devemos nos portar com vigilância e observando a nossa conduta harmonizando-a criteriosamente com a Sã Doutrina.