"Desça da cruz, e creremos nEle"! Foi o grito dos descendentes de Abraão ao verem ali o seu Senhor e Mestre, contado entre os transgressores e sofrendo como quem sofre o mais desprezível dos homens (Is 53.2,3). Foi o brado de um povo incrédulo que se gloriava em ser a nação eleita, porém, rejeitou o seu Salvador, contado na genealogia como "Filho de Davi, Filho de Abraão" (Mt 1.1). Outrossim, foi a afirmação de um povo que queria receber o seu Messias de acordo com sua crença egoísta, com suas tradições religiosas sem se inclinarem para o fato de que aquEle Homem Justo que, "como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Hb 4.15; ver 2.18), deveria padecer não só por uma nação, mas por toda a humanidade (Jo 3.17; 11.49-52; 1 Jo 2.2). Rejeitaram o Messias e a Sua mensagem de salvação, preferindo viver na cegueira espiritual e nos seus tradicionalismos exacerbados.
A realidade é a mesma em nossos dias. Muitos querem servir a Deus sem deixarem as práticas pecaminosas, trazendo para a vida presente os deleites da vida de outrora. Creem em Cristo de acordo com o que acham, com o que pensam, com o que determinam para a sua vida, rechaçando o Evangelho da Salvação em Cristo. O apóstolo Paulo disse: "Mas nós pregamos a Cristo crucificado..." (1 Co 1.23). Cristo crucificado, na teologia paulina, é o tema central do Evangelho, a base precípua em que se apóia o Cristianismo. Se Cristo descesse da cruz seria satisfazer o desejo egoísta daquela nação de dura cerviz. Era alimentar a "fé" deles, apoiada nas suas próprias tradições, quando deveriam debruçarem na revelação da graça divina na Pessoa de Cristo (Jo 1.17,18). O Evangelho genuíno de Cristo não vem para estimular nossa vaidade, nosso ego, pelo contrário, sendo o poder de Deus (Rm 1.16), apela diretamente para o pecador mostrando a ele a necessidade de um Salvador vivo e poderoso.
"Desça da cruz, e creremos nEle". Este brado está representado, em nossos dias, num "evangelho mascarado" pregado e defendido nas diversas comunidades de fé. Pregações como "Tome posse", "é só determinar, e vai acontecer" desmotivam as pessoas a buscarem um verdadeiro relacionamento com a Pessoa bendita do Senhor Jesus Cristo. São mensagens que não enfatizam renúncia de pecados, a experiência bíblica do novo nascimento (Jo 3.3-5), a verdadeira espiritualidade, enfim, não confrontam o pecador com a sua realidade pecaminosa e a necessidade de arrependimento. Mensagens assim estão escassas em nossos dias! Querem tudo de Deus, e nada dão a Ele!
O referido brado em estudo está evidenciado na rejeição à "palavra da cruz". Uma grande parte das Igrejas Evangélicas não reagem mais às mensagens cristocêntricas. Vale observar o que o apóstolo Paulo disse: "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus" (1 Co 1.18). Partindo desta assertiva bíblica, entendemos o porque de muitas Igrejas estarem vazias do poder de Deus: rejeitaram o Evangelho da Cruz de Cristo! A palavra da Cruz é o poder de Deus para salvar, para libertar, para redimir, para levantar o caído, para dar vida aos que estão à sombra da morte, sem Deus e sem esperança.
Se Cristo descesse da Cruz, conforme aqueles judeus incircuncisos de alma esperavam, não haveria salvação, a humanidade continuaria perdida e caminhando continuamente para a condenação eterna, não haveria Igreja e nem o Espírito Santo seria enviado à Terra. Glória a Deus, Ele, Jesus, foi "obediente até à morte e morte de cruz" (Fp 2.8). Ali sofreu e morreu o inocente Cordeiro de Deus em resgate de muitos. Esta é a palavra viva da fé que pregamos! A realidade da salvação endereçada a todos os homens por meio de Jesus Cristo, o Filho de Deus. A boa nova do nascimento do Salvador fora transmitida aos pastores em Belém com este mesmo teor. Vejamos: "E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc 2.10,11). Vemos, aqui, o Evangelho da nossa Salvação em 10 aspectos:
1 "Não temais". O Evangelho trazendo refrigério divino ao perturbado e desconsolado coração do pecador;
2 "Porque eis aqui". O Evangelho ao alcance do pecador: "... a nossa salvação está, agora, mais perto de nós..." (Rm 13.11);
3 "Novas de grande alegria". O Evangelho da bem-aventurança, da novidade de vida cuja alegria realiza-se somente em Jesus Cristo;
4 "Será". O Evangelho e seu destinatário principal: o pecador!
5 "Para todo o povo". O Evangelho, aqui, revela abrangência e universalidade;
6 "Vos nasceu". Para a humanidade, Deus "deu" o Seu Filho (Jo 3.16). O pronome "vos" apresenta o Evangelho como benefício de Deus para o homem, no tocante à sua salvação;
7 "Hoje". O Evangelho apresentado aos homens no Hoje dispensacional, no tempo "que se chama hoje" (Hb 3.13);
8 "O Salvador". O Evangelho vivo da Pessoa viva de Jesus Cristo! Aqui, vemos o propósito maior da Santíssima Trindade em relação ao homem: a salvação! Em Hebreus, o autor sagrado a chama de "tão grande salvação" (Hb 2.3);
9 "Que é Cristo". Havia muitos naquela época com o nome de Jesus, mas somente um era o Cristo! O Único Salvador (Jo 1.29)!
10 "O Senhor". A "tão grande salvação" consumada por Cristo, o Deus Supremo, Soberano e "soberanamente" exaltado por Deus (Fp 2.9).
A Escritura apresenta a Jesus Cristo como o "Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). As palavras desde a fundação do mundo revela o plano de Deus, na eternidade passada, de que o Messias sofreria, mas, triunfaria (ver Gn 3.15) trazendo salvação a "todos os homens" (Tt 2.11). Esta é a verdade, da qual, os cristãos deveriam ter mais dedicação sendo ela o cerne da nossa fé. Esta é a mensagem que os pregadores deveriam adotá-la como tema de seus sermões eloquentes! Milhões de cristãos, ao longo da história, selaram seu testemunho com sangue, na defesa desta Verdade tão gloriosa. Hoje, para nossa tristeza, muitos fazendo descaso!
Que Deus tenha misericórdia das nossas Igrejas no Brasil!
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