Em nossos dias, nos cultos, nas pregações, se ouve um fervoroso grito da parte de muitos que afirmam "eu faço parte da geração de Abraão" e, ao dizerem isso, tal ambiente em que se encontram compõe-se de euforia e extrema impolgação. Porém, as Escrituras nos apresenta o perfil que caracteriza a verdadeira geração de Abraão na atualidade.
1) A Geração de Abraão vive sob total orientação do Senhor (Gn 12.1; Hb11.8) - Ela não segue as diretrizes deste mundo cada vez mais distante de Deus, cada vez mais pervertida, enfim, cada vez mais tendenciosa ao erro. A geração de Abraão não é conformada, e sim transformada (Rm 12.2)! Transformada pelo Evangelho do Senhor Jesus Cristo no poder do Espírito Santo, logo, não se mistura, não se coaduna, tampouco se entremete neste mundo separado de Deus e de Sua santidade. É extremo absurdo vermos muitas comunidades de fé, que se dizem cristãs, plagiando coisas do mundo e introduzindo no seio da igreja como se isso fosse coisa normal! Falta verdadeira conversão! Devemos proceder como Abraão: "Assim, partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito..." (Gn 12.4). Os conformados ficam no mundo, os transformados partem, isto é, agem mediante orientação divina!
2) A Geração de Abraão constrói altares (Gn 12.7,8; 13.18; 22.9) - O altar possui elevada conotação nas Páginas Sagradas. O altar lembra a entrega de um sacrifício em correspondência a uma aliança estabelecida entre duas pessoas. Esta parte do perfil biográfico de Abraão foge à realidade dos dias de hoje. O grito eufórico se ouve por parte de muitos: "Eu tenho a marca da promessa"; vivemos no meio de pessoas que reivindicam as promessas de Deus, mas não se comprazem em construir altares! Não basta reivindicá-las e sim correspondê-las através de um "sacrifício vivo", o qual somos nós, em obediência à Palavra de Deus (Rm 12.1).
3) A Geração de Abraão busca promover a paz ao invés de semear contendas (Gn 13.7-9; ver Pv 6.16-19) - Abraão poderia muito bem aflorar ainda mais a contenda entre ele e seu sobrinho. Porém, em vez de alvoroçar ainda mais a situação, propôs uma separação amigável. Os contenciosos deveriam ter em mente esta brilhante atitude exarada nas Escrituras Sagradas! No que concerne a esta virtude, disse o Senhor Jesus: "bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus" (Mt 5.9). Veja bem: "pacificadores", ou seja, os que buscam promover e estabelecer a paz, a união, fatores estes que consolidam um relacionamento (Sl 133.1; ver Ec 4.9-12). Que assim sejamos, sabedores nós que "com tais sacrifícios, Deus se agrada" (Hb 13.16).
4) A Geração de Abraão é intercessora (Gn 18.23-33) - A intercessão é o resultado do amor, da compaixão e da sensibilidade pela dor de outrem. Movido por estas coisas, o Senhor Jesus deu a Sua vida por nós, efetuando, assim, um sacrifício intercessório na Cruz (Rm 5.6-8; Hb 2.9, 10, 14, 15; 4.15; 1 Jo 2.2). Vivemos dias de crença individualista, onde muitos dizem amar a Deus, mas sequer demonstram amor pelo próximo (Mt 22.36-39), vemos o ferido, porém, passamos de largo, quando deveríamos estender a mão (Lc 10.30-32). Enquanto muitos estão a pensar em sim, Abraão é o exemplo de um intercessor movido por terna compaixão.
5) A Geração de Abraão oferece sacrifícios para Deus (Gn 22.1-12) - O sacrifício de Abraão revela o seu caráter perante Deus (Gn 22.1-3) e a sua prontidão em servi-Lo de forma agradável (Gn 22.12). A palavra "sacrifício" sugere a renúncia total de algum coisa, no contexto bíblico, do nosso "eu" (Mc 8.34). Imolar um novilho no altar não é dolorido se comparado ao nosso "eu", decididamente lançado no altar do Senhor, onde nossas vontades egoístas são queimadas pelo fogo abrasador do Espírito Santo de Deus (Lv 6.13; Rm 12.1; Gl 2.20; 5.24).
6) A Geração de Abraão é peregrina (Gn 37.1) - Ela não está atrelada aos valores terrenos, sobrepujados pelas coisas eternas, pelo contrário, ela desfruta de uma expectativa celestial (Fp 3.20; Hb 11.13-16; 13.14). Aonde estamos ponderando o nosso coração? A geração de Abraão deseja ardentemente a face do Senhor e estar no seu lugar santo (Sl 24.3-6). É este o nosso desejo? Ou as coisas do mundo ainda nos mantém cativos (1 Co 15.19)?
Não basta Deus ser fiel, temos nós que sermos fiéis também, a Deus e à Sua Palavra! Será mesmo possível identificar a geração de Abraão em nossos dias?
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