Os termos
“violência”, “violação” e o verbo “violar” são correlatos e significam
“desrespeito”, “abuso” ou mesmo “alterar a forma original de alguma coisa”. Os
estudiosos da atualidade destacam vários tipos de violência, tais como: 1)
Violência física – agressão sobre o corpo de uma pessoa de forma abusiva; 2)
Violência Verbal – palavra ou expressão agravante que afeta ou desrespeita a
índole de outrem; 3) Violência Doméstica – abuso ou forma de agressão entre
membros de uma família; 4) Violência Social – abuso, agressão ou ato
desrespeitoso à legitimidade social e moral, etc. Mas o que quer dizer as
palavras “se faz violência ao Reino dos céus” (Mt 11.12)?
Em Mateus, lemos:
“... se faz violência ao Reino dos céus, e pela força se apoderam dele” (Mt
11.12); em Lucas, diz assim: “... e todo homem emprega força para entrar nele”
(Lc 16.16). Pelo que vemos, “violência” e “força” se associam neste contexto
bíblico. No entanto, convém entender o que vem a ser este Reino. Para o
apóstolo Paulo, ele é visto como sendo justiça,
e paz, e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17); “no Espírito Santo” e não no
sistema político pós-moderno, nem na sabedoria humana que especula o que é paz,
mas não pode definir a verdadeira paz, uma vez que ela é o resultado da
comunhão do homem com Deus, quando justificado (Rm 5.1) mediante a obra
redentora de Jesus Cristo, o “Príncipe da Paz” (Is 9.6).
Tendo em vista a
apostasia, o desdém à fé original em Cristo e nos Seus ensinamentos, a falta de
amor entre os irmãos que dizem professar a fé cristã e tantos outros reveses
que atacam a Igreja do Senhor Jesus tornando-a displicente na defesa da
verdade, parece entrar em evidência nos nossos dias o que ocorreu com as dez virgens,
que todas “tosquenejaram” e “adormeceram” (Mt 25.5), quando é tempo de
despertamento e de vigilância, mais do que em qualquer outra época; ou seja,
mais do que nunca, fazermos “violência” ao Reino de Deus.
São várias as
condições para o pecador se tornar um cidadão deste Reino, como: arrependimento
(Mt 4.17; Mc 1.15), submissão a Deus (Mt 7.21), a prática da verdadeira justiça
(Mt 5.20), estes e outros fatores compõem uma vida regenerada (Jo 3.3-5).
Sabedores de que este mundo cada vez mais se distancia do seu Criador, adotando
um padrão de vida insensato, leviano e corruptível, fazer “violência” ao Reino
de Deus é “ferir” o conceito mundano de vida, acatando os propósitos e
benefícios estabelecidos por Deus. É uma luta na qual não se usa nenhuma arma,
senão a disposição de sacrificar seus próprios desejos para entregar-se
inteiramente a Deus (Rm 12.1). Fazer “violência” ao Reino de Deus é suplantar o
nosso egoísmo, ou seja, renunciar o nosso próprio “eu”, o que se constitui um
ato desafiador a nós mesmos, uma vez que a
carne cobiça contra o Espírito e o Espírito, contra a carne (Gl 5.17).
Existem os ataques e os contra-ataques, uma batalha renhida; neste sentido,
“fazer violência” corresponde à nossa ação consciente de passar por cima de
tudo o que o mundo impõe para nos afastar da presença soberana de Deus e
“empregar força” refere-se aos nossos constantes esforços de rejeitar, dia após
dia, os deleites da vida, certo de que estas coisas não procedem do Pai, mas
sim do mundo (1 Jo 2.16).
Fazer “violência” ao
Reino de Deus é manter-se de pé ante o mundo caído nas garras do diabo. Vivemos
a época em que leis e mais leis estão sendo formuladas contra a Igreja do
Senhor Jesus; uma perseguição moral contra o povo de Deus, pelo menos aqui no
Brasil, quando em outros países a situação já é mais severa. Para muitos
cristãos, infelizmente, isso tem sido motivo de desespero e de desânimo. Tais
pessoas não conhecem as Escrituras. Os homens com suas leis procuram “violar” a
essência doutrinária da Igreja querendo nos conduzir para onde eles querem;
fazer “violência” ao Reino de Deus é reagir contra esses infortúnios do diabo,
conservando-nos na posição que o Senhor nos colocou, isto é, em harmonia com a
Verdade, na defesa da Verdade e na preservação da Verdade. Os ataques contra o
povo de Deus são violentos, mas nem por isso devemos baixar a guarda! Os inimigos do evangelho prontamente pelejam,
mas do povo de Deus é a vitória (Mt 16.18)!
Fazer “violência” ao
Reino de Deus é abrir mão dos prazeres efêmeros do pecado tendo em vista os
valores eternos que Deus nos reservou (Rm 8.18; 2 Co 4.18). Isso joga por terra
qualquer ensinamento absurdo que diz que “é só tomar posse”, “é só determinar e
vai acontecer” que a benção será garantida. Essas especulações não passam de um
“evangelho barato” que não expõe aos seus ouvintes a necessidade de uma “tão
grande salvação” (Hb 2.3). Em outras palavras, um “evangelho preguiçoso” onde
tudo é fácil, onde as rosas são mostradas e os espinhos da vida são deixados de
lado. Fazer “violência” ao Reino de Deus é crucificar a carne (Gl 5.24), é
corresponder à vontade de Deus com nossas ações em servi-Lo conforme a Sua
vontade, já revelada na Sua Palavra.
Diante da realidade incontestável da volta iminente do Senhor Jesus Cristo, devemos nos guardar em santidade, em vigilância (Mc 13.33) e aplicar todo o nosso esforço em não dar vazão à carne, mas, nos revestirmos da plenitude divina (Rm 13.14).
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