É
estarrecedor o que vemos em muitas Igrejas no Brasil. Não me canso de dizer que
muitos absurdos que encontramos em certas comunidades de fé ocorrem devido a falta de
um conhecimento genuíno da Palavra de Deus. Conceitos errôneos sendo adotados
por muitos líderes e pregoeiros da Palavra de Deus vem induzido muita gente a
uma vida supérflua, totalmente vazia de Deus
e cheia de emocionalismos fúteis que não produzem edificação alguma. Não para
por aí. Algumas denominações, de forma abusiva, procuram se prevalecer sobre as
outras, dizendo entre muitas coisas: “Milagre só aqui na Igreja...”, “se na
igreja onde você está não acontece milagre, vem pra nossa...”. Em vez de
seriedade, o que vemos é uma tão grande palhaçada entre certos líderes que
atitudes como estas ferem o verdadeiro perfil da Igreja de Cristo.
Muitos
não entendem que coisas desse tipo é como um banho de água lamacenta sobre a
imagem da Igreja de Cristo, prejudicando-a e deixando desacreditada na
sociedade. Denunciam os católicos por suas práticas idolátricas e nós,
evangélicos? A “milagrolatria” está predominando em muitas Igrejas, as quais,
em vez de direcionarem sua atenção para o Senhor dos milagres (Hb 12.2), focam
apenas no milagres vendo estes apenas como uma forma de se sentirem
impressionados, quando deveriam glorificar ao Deus dos grandes feitos. E qual o
resultado dessa balbúrdia? Crentes com uma vida espiritual raq uítica, um conceito mórbido de cristianismo
e, em vez de progredirem na fé, acabam por regredir cada vez mais. A pergunta
é: onde estão os líderes “milagreiros” que não atentam para isso? Eles
realmente se importam com a vida espiritual dessas pessoas? Existe por acaso uma
preocupação em torno disso? Pessoas entram e saem vazias e os líderes e pregoeiros agindo como se isso
pouco importasse. Reforçando: falta conhecimento da Palavra de Deus!
Tomaremos
como base o texto de Atos capítulo 3. Tendo o apóstolo Pedro ministrado a cura
sobre o paralítico na porta do Templo, chamada Formosa, este entrou “no templo,
andando, e saltando, e louvando a Deus. E todo o povo o viu andar e louvar a
Deus” (At 3.8,9). O que acontece com muitos hoje quando recebem uma determinada
benção? Saem da Igreja, difamam a Igreja, em vez de reconhecerem a misericórdia
daquEle que é poderoso para nos abençoar e conceder o que lhe pedimos. Olham
para Deus como se fosse meramente um “gênio da lâmpada” a quem pode pedir o que
quiser e, depois, desdenhá-Lo. O nosso Deus é Senhor, é Soberano, o
Todo-Poderoso, e como Tal, deve ser crido, temido e obedecido. Uma pessoa que
foca em sua vida apenas um milagre, uma benção e não aquEle que tem poder para
dar e fazer muito mais precisa se converter de verdade, precisa conhecer o
verdadeiro, suficiente e poderoso Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, que é
o poder de Deus “para a salvação” (Rm 1.16). Quem vive aquém desta verdade
gloriosa ainda não sabe o que é realmente servir a Deus.
O
literato prossegue dizendo que o paralítico, sendo curado, entrou no templo,
“andando, e saltando, e louvando a Deus” (At 3.8,9). Louvando a quem? A Deus!
Não foi a Pedro e nem a João, homens consagrados na oração e no ministério da
Palavra (At 3.1; 6.4). Mesmo sendo estes homens de grande virtude, aquele que,
outrora, era enfermo, reconheceu que a sua cura provinha de Deus e, por isso, O
louvou e O reverenciou. O milagre que recebemos é como o pão que compramos na
padaria. Todos irão dizer que o pão é bom e de qualidade, mas quase ninguém irá
lembrar do trabalho do padeiro para que aquele pão chegasse à mesa do cliente,
tão delicioso e apetecível. Do mesmo modo são os milagres. Todos irão falar da
“grandeza” do milagre, mas nem todos irão mencionar da grandeza daquEle que o
fez. O propósito do milagre é honrar a Deus e louvá-Lo com temor e presteza e
não fazer o que vemos em nossos dias: a
“divinização” dos pregadores “milagreiros”, esquecendo-se do Deus do
sobrenatural.
Após
o milagre ter acontecido, diz o hagiógrafo que “todo o povo correu atônito para
junto deles no alpendre chamado de Salomão” (At 3.11). É óbvio que o povo,
vendo que aquele acontecido era de procedência sobrenatural, ficariam
“atônitos”, ou seja, “espantados”, “perplexos”, “admirados”, pois, no “nome de
Jesus Cristo, o Nazareno” (At 3.6), os apóstolos fizeram algo que foge às leis
da naturalidade, o que chamamos de “milagre”. O que fez o apóstolo Pedro?
Esbanjou a sua vida religiosa aos seus ouvintes? Expôs ao público a sua vida
diária de oração (At 3.1)? Agiu semelhante ao fariseu, se exaltando, como fazem
muitos hoje (Lc 18.10-14)? O que fez Pedro vendo que a multidão correu junto
dele e de João? Pregou a Palavra de Deus! Pelo que depreendemos das narrativas,
vemos ali uma pregação Cristocêntrica! O intrépido pregador não deu ênfase ao
milagre já ocorrido, pelo contrário, ele aproveitou a ocasião para falar da
Pessoa bendita do Senhor Jesus! Ele começa a sua prédica, dizendo: “O Deus de
Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Filho
Jesus...” (At 3.13). Pedro exaltou o Senhor do milagre. Ao invés de falar do
efeito (o milagre), Pedro dignificou a Causa (o Senhor, que opera milagres), a
Causa primaz para Quem todo o povo deveria fitar os seus olhos. A pregação de
Pedro tinha como tema a vinda de Cristo, segundo as profecias
veterotestamentárias, para prover a salvação aos homens, conforme o plano de
Deus que cumpriu fielmente tudo o que fora falado pelos profetas, trazendo ao
mundo o Salvador e Redentor da humanidade (At 3.13-26).
É
o Evangelho que é “o poder de Deus” (Rm 1.16), não o milagre. É o Espírito
Santo quem convence o homem “do pecado, e da justiça, e do juízo” (Jo 16.8),
não o milagre. O nosso objetivo, aqui, não é banalizar a natureza do milagre,
ao contrário, é conscientizar quanto ao ponto de equilíbrio que deve haver
nesta questão, vista de maneira tão errônea pela maioria das pessoas. De acordo
com os grandes estudiosos das Escrituras, os Evangelhos relatam que, das 90
vezes que as pessoas se dirigiam a Jesus, 60 vezes O chamavam de “Mestre”.
Vários relatos das Escrituras mostram o Senhor Jesus ensinando ao povo (Mt
4.23; 7.28,29; Lc 20.1; ver Mt 28.19,20; etc). Da mesma forma como Jesus
realizava milagres, também destilava a Palavra de Deus a todos os que Lhe
ouviam ( ver Mt 5-7).
Sejamos
cautelosos. Possamos nós estar embasados na Palavra de Deus, pois, são muitos
os enganadores e os enganos que permeiam nos altares das Igrejas.
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