Para
começar, o que é doutrina? Por este termo, definimos como “instrução”,
“ensino”, “conjunto de princípios que rege uma filosofia ou religião”. Em nosso
caso, doutrina é um “conjunto de ensinamentos que, tendo como base as Sagradas
Escrituras, orientam o homem a um relacionamento com Deus por meio de uma vida
santificada”. Estudiosos da Bíblia identificam três tipos de doutrinas, a
saber: a doutrina de Deus – a doutrina bíblica; a doutrina de homens – a
doutrina extrabíblica; e, por fim, a doutrina de demônios – a antibíblica. A
doutrina de Deus é salutar, pois, seus ensinos constitui-se o norte da vida
cristã; por ela, o homem, uma vez redimido, ajusta a sua vida à vontade do Deus
Criador de todas as coisas.
Qual
é a tarefa da doutrina bíblica? Instruir o cristão a fim de que este possua uma
vida alicerçada nos fundamentos da Verdade, para não cair no erro, não tropeçar
no engano, tampouco titubear ante os falsos ensinos que se propalam em muitas
comunidades de fé (ver 1 Pe 3.15). Pela palavra “sã” entendemos como tudo
aquilo que é puro, sadio. Isso significa que a Sã Doutrina tem como finalidade
precípua levar o cristão a uma vida pura, sadia em caráter espiritual, moral e
até mesmo social, reluzindo neste mundo que jaz em trevas (Fp 2.15; ver 1 Tm
1.9,10; 6.3; 2 Tm 4.3; Tt 2.1). Com isso, já entendemos que a “doutrina de
demônios” (1 Tm 4.1) é perigosa, destrutiva e, portanto, nociva àqueles que
prezam por uma vida piedosa, arraigada no Evangelho genuíno. Devemos amar a
Palavra de Deus (Sl 119.97) e estarmos apercebidos dos falsos ensinadores que,
eloquentemente, vem ludibriando a muitos, com suas falsas premissas, com aparência da verdade, mas, sem a essência dela.
O
Espírito Santo inspirou os sacros escritores do Novo Testamento a escreverem
sobre a apostasia que viria fazendo uma “varredura”, digamos, no seio da Igreja
Cristã (1 Tm 4.1-3; 2 Tm 3.1-9; 4.1-4; Tt 1.10-16; 2 Pe 2.1-3; 1 Jo 2.18,19;
4.1; Jd vv 4-19). Isso já está acontecendo. A tolerância ao pecado, a síndrome
do “não tem nada a ver” tem ofuscado a visão espiritual de muitos que se
acomodaram em uma vida cristã superficial
e meramente relativa. O que estamos vendo é uma mistura de valores
bíblicos com “valores” mundanos, tendo com isso um cristianismo híbrido, o que
é contrário às Escrituras que nos exortam a uma vida santa, ou seja, separada do mundo e separada para Deus (Rm 6.4,19; 2 Co 7.1; Tg 4.4; 1 Pe 1.15). O
“hibridismo cristão” está ganhando espaço em toda parte e quando isso acontece,
já não se fala mais em uma vida totalmente consagrada a Deus e ao que ensina a
Sua Palavra.
É
por essa e muitas outras razões que o apóstolo Paulo alerta o jovem pastor
Timóteo dizendo que viria “tempo em que não sofrerão a sã doutrina” (2 Tm 4.3).
Como assim “não sofrerão a sã doutrina”? Qual o contrário de “não sofrer”? É
resistir. É não reagir de forma correspondente e positiva a uma ação. É isso o
que vemos em nossos dias. A doutrina bíblica genuína está sendo desprezada,
pois, muitos preferem suas paixões carnais e repugnam a verdade quando esta vem
aos seus ouvidos. Mensagens como Salvação, Renúncia de pecado, Santificação, O
poder do sangue de Jesus, O Arrebatamento da Igreja e outras mais não
interessam mais à Igreja. Agora é tudo moderno, querem ouvir algo mais light. A doutrina do Senhor Jesus é
poderosa para nos conduzir à prática da justiça e dos bons costumes, porém,
muitos estão resistindo-a, combatendo-a através da sua inclinação às obras da
carne, e, como diz a Sagrada Escritura, “os que estão na carne não podem
agradar a Deus” (Rm 8.8). Nos últimos tempos, muitos “não sofrerão a sã
doutrina” pelo fato de preferirem agradar mais a si mesmos do que a Deus.
Outrossim,
o que significa a frase “não sofrerão a sã doutrina”? o que é sofrer? É ser
atingido por algo que pode causar dores ou outra reação. É ser vítima de um
duro golpe. É passar por uma situação desagradável ou indesejável. Também, é
sofrer um impacto profundo. O apóstolo Paulo, pelo Espírito Santo, prevendo que
muitos não sofreriam a sã doutrina, estava dizendo que muitos não aceitariam
serem atingidos pela Palavra de Deus, “viva, e eficaz” (Hb 4.12); visto com o a
doutrina do Senhor não só reprova como nos afasta do erro, quando a obedecemos,
significa que muitos preferiria permanecer no erro do que renunciá-los para
viver conforme a vontade de Deus revelada na Sua Palavra. “Sofrer a sã
doutrina” é renunciar aquilo que entra em conflito com a Verdade absoluta de
Deus, é deixar ela causar um profundo impacto de mudança, santificação e
aproximação de Deus. Como já falamos, doutrina é um conjunto de ensinos, de
regras, de princípios basilares que norteiam a conduta de um cristão. “Sofrer a
sã doutrina” é aceitar a totalidade dos seus ensinos, reconhecendo que somente
um coração puro irá nos aproximar da presença de Deus. Ainda, “sofrer a sã
doutrina” é contrariar nossas concepções loucas, nossas ideias fúteis, tipo “eu
acho”, “eu sei”, “eu penso”, deixando a doutrina do nosso Deus predominar o
nosso coração.
Os
bons usos e costumes sempre terão sua
devida importância na história da Igreja desde
que conservados à luz da Sã Doutrina. Do contrário, tudo não passará de
fanatismo e radicalismo, mexericos e contendas, pois, tudo vai girar em torno
da roupa, do cabelo, da maquiagem, etc, e não em torno da Palavra de Deus. O
cristão deve “sofrer a sã doutrina”, ou seja, deixar que seu coração seja
flagelado pelo duro golpe da verdade, flamante contra o pecado, moldando o
nosso perfil para que vivamos em plena consonância com a vontade daquEle que
nos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9).
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