terça-feira, 27 de agosto de 2013

O Que É Mais Belo?

O que é mais belo? Dar ou receber? Receber é proveitoso, pois, nunca se diz "não" acerca de qualquer coisa concedida de bom grado. A mais bela virtude é dar, pois, adiante os presentes, vai a inteireza de um coração sincero e voluntário. 
O que é mais belo? Saudar ou ser saudado? Quem recebe a saudação alegra-se pelo prazer de ser lembrado. Mais belo é saudar, pois, nela se destaca a verdadeira nobreza e os bons modos que são transmitidos a outros. 
O que é mais honroso? Aplaudir ou ser aplaudido? Quem é aplaudido está sujeito a esquivar-se da genuína simplicidade de espírito. Mais honroso é aplaudir, pois, reconhecer a dignidade de outrem é uma marca insígne dos fortes. 
O que merece mais atenção? A veneração aos grandes homens ou a penúria dos desfavorecidos? Os grandes não se cansam de buscar louvores e os esquecidos não se cansam de clamarem por seus direitos, lançados às obscuras de um orgulho exacerbado. 
O que é mais decoroso? A boa aparência ou a prudência no falar? A boa aparência pode imprimir a imagem do que não somos. A prudência no falar reflete pureza na consciência e retidão no caráter; a língua indecorosa é maldita e poderosa para lançar no inferno. 
O que é mais vergonhoso? O vício desenfreado dos nossos jovens ou a descrença estúpida da sociedade? Os jovens, enganosamente, acreditam no melhor da vida, supostamente oferecidos por suas práticas viciosas. Insensata é esta sociedade! Sem Deus, afogada num mar de desamor, ignora a deplorável realidade que açoita os nossos jovens, fadados ao opróbrio. 
Um cristal quebrado não volta ao normal, uma milha percorrida é algo motivacional; porém, o que é mais belo? O que é mais honroso? O que merece mais atenção? O que é mais decoroso? O que é mais vergonhoso? Qual a paisagem da vida nos dias de hoje? Com palavras descrevemos uma história, mas com a própria vida podemos vivenciá-la do modo mais excelente que o Deus Criador, o Senhor da vida, pode conceder a cada um de nós, se assim desejarmos.

sábado, 24 de agosto de 2013

O Lamento de uma sociedade muda

O sentimento é algo delicado. A indignação parece ser um peso em vista do que sentimos. A esta realidade estamos todos vulneráveis. É o fraco se fazendo forte; podendo ver, mas se fazendo cego; ouvido atento agindo qual surdo; podendo falar mas é vítima da mordaça colocada pelas incertezas do cotidiano. Alguém dirá: Quais incertezas? A incerteza da justiça triunfando sobre as violações aos bons costumes e valores, malogrados nesta era pós-moderna; outrossim, a incerteza do respeito ao decoro, ao pudor e à ordem; estamos entregues à desonra e ao vilipêndio. A verdadeira reciprocidade se torna cada vez mais sufocada pelo individualismo, sempre presente em nossos dias. 
Foi-se o tempo em que as escolas prezavam fortemente pela formação de caráter das nossas crianças; muitos educadores (NÃO TODOS), sem escrúpulo no cumprimento de suas responsabilidades educacionais, deixaram ser vencidos pela tediosa rotina de ir e vir, preocupados unicamente pelo lucro de seu trabalho, sem fazer do mesmo a oportunidade de incutir nas crianças de hoje valores duradouros que reflitam no amanhã. Sabiamente diziam os antigos: "O homem que trabalha somente pelo que recebe não merece ser pago pelo que faz". 
É filhos abrindo os braços para a marginalidade, pais que perderam a autoridade de regê-los, os maus que prevalecem, os justos que perecem, direitos que são sabotados; é a corda sempre quebrando para o lado mais fraco. Este é o filme a que assistimos todos os dias. Os perversos não se cansam de serem perversos, os bons parecem se fatigarem de seu caráter ilibado. Pode-se ensinar nossas crianças a serem boas pessoas em mundo cada vez mais mergulhado na maldade, na hipocrisia e no desrespeito mútuo? Na teoria, inúmeras são as respostas, mas, na prática, o silêncio é a mais enfática. 
Esta é a sociedade na qual vivemos. Contempla a injustiça, o massacre ao verdadeiro modo de vida, contudo, vive se esquivando das reivindicações que lhe são óbvias. Homens da lei, comprados pela mentira, amantes da rivalidade e inimigos do companheirismo, visam seus próprios interesses em detrimento das necessidades das massas. Somos uma geração saudosista! Lamentamos tempos bons que acreditamos não voltarem mais. Vivemos apenas de recordações! Enfim, esta é a sociedade muda, cujo grito da indignação continua embutido dentro de si. Esta é a nossa triste realidade, isso é Brasil! 
Deus tenha misericórdia da nossa nação.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O Perigo das Distrações


Por isso, estais vós apercebidos também, porque o Filho do Homem há de vir à hora em que não penseis – Mateus 24.44

Estamos vivendo o período em que a distração encontrou guarida no coração de muitas pessoas, principalmente dos santos do Senhor. Não percebemos a fatalidade dos perigos que se afloram ao nosso redor; entretanto, quando deveríamos estar mais próximos do Evangelho, parece que estamos cada vez mais longe dele e, movidos pelo mecanismo da distração, esquecemos dos propósitos originais de Deus para com Seu povo, elucidados nas Escrituras Sagradas.
Disse o Senhor Jesus Cristo: “... o Filho do Homem há de vir à hora em que não penseis”. Em outras versões, lemos: “... na hora em que não esperais”; “... à hora em que não cuidais”. A verdade a ser exaurida a partir destes termos é a proximidade do fim dos tempos e a vigilância redobrada da Igreja, uma vez que a vinda do Senhor é uma realidade inconteste para os que a esperam pacientemente.
Ao revés, os olhos dos que estão na casa de Deus inclinaram-se a outros horizontes, amplamente diferentes do ponto de vista bíblico. E a “coisa” vai caminhando de mal a pior, recordando-nos das palavras do pastor José Roberto Oliveira Chagas: “Sacerdócio virou negócio, pastor virou gestor, igreja virou empresa, crente virou cliente e o VERBO virou verba”. Estão extinguindo do púlpito das Igrejas o verdadeiro evangelho de Cristo, que é renúncia de pecados, vida de santidade, obediência irrestrita à Palavra de Deus, enfim, ao invés de se corresponder à vontade divina, estão na contramão dela, porque a maldita distração tem ofuscado a visão espiritual de muitos.

São muitos os fatores negativos que sufocam a vida espiritual do crente, privando-o de uma genuína comunhão com o Senhor. Vejamos:

1 “À hora em que não penseis” – A Tormenta demasiada do secularismo. O Reino de Deus perdeu a primazia na vida cristã (Mt 6.33). O interesse pessoal tem alvoroçado corações que, outrora, foi morada do Rei da glória. A busca incansável pela promoção secular, status e tantas outras prerrogativas tão cobiçadas tornou-se o tema preponderante da sociedade pós-moderna. É extrema tolice desestimular alguém dos seus projetos futuros, porém, o que é mais degradante é deixar estas coisas desnortear a nossa fé do alvo principal: Jesus Cristo (Hb 12.2)!

2 “À hora em que não penseis” – O desejo desenfreado pelo lucro financeiro. A teologia da prosperidade virou  tema relevante nas comunidades de fé. A importância de uma vida devocional à luz da Palavra de Deus ficou entregue ao esquecimento, prevalecendo a ânsia pelo acúmulo de bens. Convém salientar que: 1) prosperidade não é evangelho bíblico, 2) não é doutrina bíblica, 3) não é sinônimo de riqueza (Pv 30.8,9) e sim um dos resultados da nossa obediência ao que ensina a Palavra do Senhor (Dt 28.1-14; Sl 1.1-3). Diante disso, fica claro uma realidade gritante nos dias de hoje: muita gente quer Jesus na causa, mas não quer Jesus na vida!

3 “À hora em que não penseis” – O comodismo religioso. A verdadeira piedade, o fervor espiritual e a abnegação deram lugar ao relativismo. O que era indignação contra o profano, agora é aceito no mais alto grau de normalidade, tolerando o erro e o mundanismo dentro da Igreja, maculando a sua identidade. É a Igreja adormecida, displicente, presa às distrações deste mundo, aos embaraços da vida, sem forças para caminhar, olhos obscurecidos, ouvidos cerrados e uma alma mórbida que perdeu a latente esperança da vinda do Senhor Jesus Cristo para arrebatar os que lhe esperam.
Como peregrinos, devemos viver neste mundo de modo que nada seduza o nosso coração do propósito de servir fielmente a Deus, pois, estamos aqui apenas de passagem (1 Co 15.19; Hb 13.14). Como noiva de Cristo, devemos preservar o firme compromisso de agradá-Lo em tudo, afinal de contas, o Filho do Homem certamente virá. Sigamos, pois, a orientação bíblica: “olhai, vigiai e orai” (Mc 13.33). 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A Credibilidade do Antigo Testamento

Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida pela vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo – 2 Pe 1.20,21

Na palavra de Deus está escrito que o saber se multiplicaria (Dn 12.4). Em contrapartida, a ignorância também seria um veneno mortal que infelizmente tem encontrado guarida no coração de muitos que afirmam conhecer a Palavra de Deus. Não ter comunhão com as Escrituras é entrelaçar-se no engano, nas heresias e em tudo aquilo que deturpa a Palavra de Deus; e quem possui este péssimo currículo estará fadado ao fracasso.

Há quem afirme que o AT (Antigo Testamento) não possua nenhuma validade para o cristão desta era pós moderna. Porém, isto é um terrível crime teológico, pois, no NT (Novo Testamento) encontramos inúmeras referências que atestam a veracidade dos Escritos vetero-testamentários como inspirados pelo Espírito Santo. Diante do exposto, cabe-nos reconhecer a autenticidade dos Livros do AT bem como a seriedade dos homens que, imbuídos por Deus, compuseram esta obra literária de imensurável valor. O renomado pastor e teólogo Esequias Soares, em seu Livro Visão Panorâmica do Antigo Testamento, diz: “O AT era a Escritura Sagrada usada pelos apóstolos na pregação do evangelho. O Senhor Jesus usava com muita frequência essa Escritura em suas pregações e ensinos”. Em outro parágrafo, ele diz: “Revelação e Inspiração são coisas diferentes. A palavra revelação, em grego, significa o ato e o efeito de tirar o véu que encobria o desconhecido. Nas Escrituras essas palavra é usada em relação a Deus, pois é Ele quem revela a Si mesmo, Sua vontade e natureza e os demais mistérios (Dt 29.29; Am 3.7; Jo 1.18). A inspiração é o registro dessa revelação sob a influência do Espírito Santo, que penetra até as profundezas de Deus (1 Co 2.10-13). Ser o NT uma revelação superior Velho não significa ter mais autoridade do que ele”, pois, ambos foram inspirados pelo Espírito Santo. Logo, a mesma credibilidade dada ao Novo Testamento deve ser a mesma prestada ao Antigo Testamento, haja vista o seu conteúdo histórico-teológico, que suplementa o escopo doutrinário do NT.

De acordo com a citação acima, entendemos que a autoridade do AT é irrevogável. Qual era o livro-texto dos apóstolos ao pregarem Cristo aos que lhe ouviam? Daonde eram exauridas as afirmações que davam sustentação à sua pregação? Porque não dizer o próprio Cristo que, em defesa do Seu ministério e ministrações dos Seus ungidos sermões, usou muitas vezes as Escrituras do AT, convencendo as turbas do Seu chamado messiânico, aprovado por Deus? Tudo o que o NT nos relata a respeito do Senhor Jesus Cristo, é nada mais que uma comprovação da fidedignidade do AT e são muitos os exemplos que confirmam isso. Sempre que o NT usa o termo Escritura, é referindo-se ao AT, pois, ainda não havia sido escritos os rolos que compoem o NT que temos hoje. Portanto, ignorar essa verdade é desrespeitar o conteúdo sagrado e para nossa advertência, o apóstolo Pedro diz: Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo (2 Pe 1.21). A quê se referia o apóstolo quando usou o termo “profecia”? Não era outra coisa senão o AT, denotando, com isso, sua validade e aceitação.

Por que devemos aceitar o AT como Palavra de Deus?

1.   Os relatos históricos, as profecias, as revelações nele contidas mostram a ação sobrenatural de Deus na história humana, cujas evidências exaltam a autenticidade vetero-testamentária;
2.   As profecias nela contidas apontavam para o Redentor que viria a terra; cumprindo-se fielmente na pessoa de Jesus Cristo (Lc 24.26,27,44-47), o Qual é bendito eternamente. Amém!
3.    O Senhor Jesus disse claramente: Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam (Jo 5.39,46,47). Como em muitas outras passagens bíblicas, Jesus Se referiu, aqui, ao Antigo Testamento;
4.   O apóstolo Paulo também escreveu: Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça (2 Tm 3.16). O apóstolo Paulo disse TODA A ESCRITURA provando ser a mesma, em sua totalidade, a Palavra inspirada de Deus.


Essas e muitas outras razões nos mostram a originalidade do AT como Palavra de Deus, digna de credibilidade e confiança, nos estribando nas palavras do escritor da carta aos Hebreus: viva e eficaz (Hb 4.12). Que possamos nos deleitar nesta fonte imensurável de sabedoria divina, da qual, só pode desfrutar todo aquele que verdadeiramente teme ao Senhor.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Descendo da Cavalgadura

Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele - Lucas 10.33,34 

Estamos vivendo no fim dos tempos. Porém, sabemos que o amanhecer de uma vida plena em Cristo é antecedido de um período obscuro de provações. A Bíblia Sagrada está repleta de exemplos, tais como: O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã (Sl 30.5), A noite é passada, e o dia é chegado (Rm 13.12); nestes e em muitos outros versículos, a noite sempre antecede o dia. Não há amanhecer sem anoitecer. A Igreja está no "choro da noite", crendo que o Sol da Justiça, Jesus Cristo, resplandecerá, aparecendo em glória e excelsa majestade para nos levar ao encontro de Deus Pai. Maranata! 
São muitos os fatores desastrosos que vem manchando a sociedade, mutilando lares, ferindo a integridade no seio familiar. É a noite propriamente dita, que parece não dar lugar ao despontar do novo dia. À semelhança do viajante que "descia... de Jerusalém para Jericó" (Lc 10.30), a sociedade está "descendo", isto é, regredindo, sofrendo os ataques do pecado, sendo vitimada pelos dardos inflamados do maligno. Triste é a realidade de quem prefere Jericó (o mundo de pecados), desdenhando Jerusalém (a presença de Deus), e com isso, sofrem os terríveis flagelos que o diabo impõe, sujeitando-lhe a criatura, feita pelo Deus vivo à Sua imagem e semelhança.
Os salteadores desta vida estão atacando à torto e à direito. A violência doméstica, a rebeldia dos filhos contra os pais, a promiscuidade entre moças e rapazes no vigor da juventude e tantas outras coisas que vem afetando até mesmo a Igreja de Deus. Os males vão aflorando, deixando as vítimas, muitas vezes, desarmadas, inseguras e sem esperança de auxílio. Aonde está a Igreja? À semelhança do sacerdote e do levita, "vendo-o" e passando de largo (Lc 10.31,32). Sejamos como o samaritano, que indo de viagem, viu o moribundo e dele se compadeceu, prestando-lhe socorro. Algumas lições preciosas podemos auferir desse ilustre personagem: 
1) Ele não olhou para a diferença social - O Apóstolo João diz que os judeus não se comunicam com os samaritanos (Jo 4.9). O tal moribundo no caminho certamente era judeu. O samaritano, "que ia de viagem" (Lc 10.33), ao vê-lo, podia muito bem seguir seu itinerário, contudo, não olhou para a barreira social existente entre seu povo e o povo judeu e tratou de socorrê-lo. Esse deve ser o perfil de uma Igreja que julga ser cristã e que afirma pregar o Evangelho verdadeiro; não deve haver diferença de gênero algum para quem afirma viver no amor de Cristo (Cl 3.14,17; 1 Pe 4.8). 
2) Ele não se deixou levar pelo individualismo - Tanto o sacerdote como o levita, ao verem o homem ferido no chão, se mostraram inerte ao sofrimento de seu irmão. Com isso, esbanjaram o individualismo, menosprezando o seu próximo. Uma Igreja individualista não pode agradar a Deus (Sl 133.1).Encontramos nas Escrituras termos que comprovam que a Igreja de Cristo tem que ter espírito coletivo: amai-vos uns aos outros (Jo 13.34), consolai-vos uns aos outros (1 Ts 4.18); exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros (1 Ts 5.11), suportando-vos uns outros e perdoando-vos uns aos outros (Cl 3.13). Segundo a Escritura, isso é fortemente confirmado, mormente quando amamos a quem nos aborrece. Disse o Senhor Jesus: Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? (Mt 5.46). 
3) Ele não olhou para o preconceito racial - Os judeus discriminavam os samaritanos no mais alto grau (ver Jo 8.47,48). Qual seria a sensação dos judeus ao ouvirem dos lábios de Jesus que o seu conterrâneo ali ferido, um judeu, fora amparado por um samaritano? Certamente eles ficaram atônitos. A prontidão do samaritano (que também era descendente de Abraão) em ajudar o pobre moribundo revela a sua reação aos preconceitos que sofria. Do mesmo modo deve ser a Igreja do Senhor Jesus. Ela deve reagir a toda a espécie de preconceito de forma a superar esses ataques vencendo-os através do amor de Deus... derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5.5). 
4) Ele desceu da cavalgadura - Com o sentimento de compaixão que o samaritano tinha, era impossível ver o sofrimento daquele ferido viajante e não exercitar a misericórdia para com ele. Como podemos ver Deus atender ao necessitado se nós, o corpo de Cristo, não nos dirigimos até ele? Cristo quer Se revelar ao oprimido, ao sorumbático, ao desamparado e ajudá-lo, entretanto, Ele deseja fazer isso por meio do Seu corpo, a Igreja. Quantos feridos ao nosso redor, vivendo em extrema penúria, material e espiritual, clamando por socorro? Como o samaritano, temos que nos aproximar dos tais, ou seja, descer da cavalgadura; sair da zona de conforto e chorar com os que choram (Rm 12.15). Permanecer na cavalgadura é ficar a par das vicissitudes de outrem, sem ao menos perceber que, no amanhã, nós careceremos de tamanha hospitalidade, amparo, consolo, fatores estes que o nosso próximo tanto espera receber de nós. 
Uma Igreja que não preza por viver no amor de Cristo e seguir a misericórdia não tem a Palavra de Deus como sua regra de fé, pois, é ela que nos orienta a viver uma vida dosada do amor e da graça divina, a fim de alcançar aos que ainda não receberam o gozo da salvação em Cristo.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Não Foi Carne E Sangue Que Te Revelou

Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to relevaram, mas meu Pai, que está nos céus (Mateus 16.17 - ARA)

Uma das mais relevantes verdades que dão suporte ao edifício doutrinário do Cristianismo está contido na referência bíblica acima. Carne e sangue não são suficientes para proporcionar ao coração do homem a revelação da salvação em Cristo. Vejamos a razões: 
1. O termo carne e sangue, nas Escrituras, dá ideia de ser humano ou aquilo que é relativo a sua natureza: "Porque nossa luta não é contra o sangue e a carne..." (E 6.12). Entendemos, aqui, a alusão que o apóstolo faz ao ser humano quando diz o sangue e a carne. Vemos aqui a expressão da natureza humana em contraste com Deus. Algo completamente distinto do espírito que há no homem. Pedro é uma identificação desta natureza; no entanto, Cristo se dirige para o futuro apóstolo dizendo que a carne, expressão de corrupção, não é capaz de assegurar ao homem a necessidade gritante de um Salvador. Sua natureza é enganosa, portanto, somente o Deus da verdade pode dar-lhe clareza e convicção de que precisa recorrer àquEle que pode libertá-lo através da verdade redentora (Jo 8.32,36). 
2. A carne, termo bíblico que designa a natureza humana, contrapõe-se aos desígnios de Deus: "Então disse o Senhor: não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne..." (Gn 6.3). Não há acordo entre o gênero humano corrompido e a Majestade Santa, que não se compactua com o padrão iníquo do homem. Logo, carne e sangue não podem revelar ao próprio homem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. 
3. A carne, nas Escrituras, também se refere ao padrão de governo humano: "Com ele está o braço de carne..." (2 Cr 32.8); o governo humano, ao longo dos anos, adquiriu muitos sinônimos degradantes como injustiça, impiedade, aversão aos genuínos valores morais, ou seja, o repúdio ao bem e a aceitação do erro. Outrossim, quais outras identidades do "braço de carne"? A soberba exacerbada enraizada no coração dos que se julgam "poderosos", pois, constroem fortalezas e as destroem; erguem grandes patrimônios e os reduzem às cinzas; conferem a alguém posições honoríficas e declinam do mesmo, enfim, promovem situações multiformes. Em suma, o braço de carne, alude ao homem em sua potencialidade limitada, comparada a grandeza imensurável do Deus de Israel. O braço de carne é falível, destrutível e ineficaz. Portanto, não está no governo humano e nem provém dela a revelação do Salvador da humanidade; tal verdade, urgente e necessária, emana do Alto, do seio do Pai Eterno para o recôndito da alma pecadora (cf Rm 8.3-7).
4. Pedro, de si mesmo, não poderia conceber tão grande certeza da deidade do Messias; esta certeza vem de Deus (Mt 16.17). Para alguns da comunidade judaica, João Batista seria o Messias ou Este viria manifesto na identidade do profeta Elias ou Jeremias ou mesmo outro profeta do AT. O grande erro da carne e do sangue é igualar o Filho de Deus no mesmo nível dos homens da terra, sendo que Ele é maior em excelência, santidade e superior tanto a anjos como a homens (Hb 1.1-4). 
5. A carne e sangue, na Bíblia, fala do estado corrupto do ser humano: "E, agora, digo isto, irmãos: que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção" (1 Co 15.50); se a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, tampouco podem testificar das coisas concernentes a este Reino, pois, os seus mistérios "se discernem espiritualmente" (1 Co 2.14), visto como o "homem natural", ou carnal, "não compreende as coisas do Espírito de Deus" (1 Co 2.14a), se não compreende, também não crê, porque está atrelado no sistema perverso deste mundo. 
6. O apóstolo Paulo diz que não há condenação alguma para os que estão em Cristo (Rm 8.1). Quem são estes? "Os que não andam segundo a carne", prossegue o apóstolo. Entendemos que, andar segundo a carne é firmar seus passos rumos ao juízo eterno. Há um conflito entre carne e espírito (Gl 5.16,17), e isso nos leva a perceber o domínio das obras da carne nos corações enrijecidos contra a verdade do Evangelho. 
7. E o que dizer do "Verbo que se fez carne" (Jo 1.14)? O processo da manifestação do Verbo na forma humana é abrangente. A tudo quanto o Senhor Deus tinha criado, viu que era "muito bom" (Gn 1.31). Quanto ao homem, o fez em pleno estado de perfeição, porém, se fez pecador por desobediência ao Soberano Criador de todas as coisas. Cristo se fez carne, mas, não era carne, nem tampouco consentiu nas suas práticas (Jo 8.46). Se fez pecado, mas, não era pecador (2 Co 5.21); se fez injusto, porém, praticando a justiça, se fez culpado, mas, em todo o tempo, inocente. 
Tão certo como a filiação divina é outorgada por Deus mediante Seu Espírito em nós (Jo 1.12,13; Rm 8.14,15); a revelação do senhorio de Cristo é dada também por Deus ao espírito do homem, pois "a carne é fraca" (Mt 26.41) e dada a iniquidade.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Conceito Bíblico acerca da Trindade

São muitas as referências que poderíamos tomar como base para enfatizar de modo amplo e teológico a doutrina bíblica da Santíssima Trindade, uma vez que é do conhecimento de todos que a referida palavra (Trindade) não se encontra nas Escrituras, entretanto, o termo é respaldado de forma clara na teologia bíblica. 
Diferente do politeísmo, a supracitada doutrina destaca a existência de um único e verdadeiro Deus, pluralizado em três pessoas distintas, conforme orientação bíblica. O renomado pastor e teólogo Esequias Soares dá sustentação a esta doutrina com a seguinte afirmação: "No Antigo Testamento, temos a Trindade na unidade; no Novo Testamento, temos a unidade na Trindade". As referências vetero-testamentárias são condizentes com esse argumento, o que enriquece intensamente o conceito bíblico em relevo. 
A Escritura Sagrada, em seu escopo histórico e doutrinário, apresenta uma visão trinitariana no seu mais variado aspecto. A Bíblia Sagrada nos apresenta Deus como "o Senhor da criação" (Gn1.1; 14.19; Jr 10.16; Ap 3.14). A criação é constituída de três coisas: Céu, Terra e Mar. Na mesma criação, encontramos o Pai em atividade (Gn 1.1), o Espírito Santo (Gn 1.2) e o Filho, a Palavra de Deus (Ap 19.13), por cujo intermédio o imaterial se torna material (Jo 1.1,3). Na criação do homem, não é diferente. A Escritura fala da composição tricotômica do homem, a saber, corpo, alma e espírito. Ao falar do corpo, lembramos a sua tríplice constituição: carne, sangue e ossos. Acerca da alma, nos referimos a ela como a sede da personalidade em três aspectos: emoção, intelecto e vontade. O espírito do homem comunica ao mesmo três fatos fundamentais: 1) a existência de uma Divindade; 2) a importância de atribuir-Lhe temor e 3) de adorar-Lhe como é devido. Logo, se temos tal certeza, é através do espírito, se temos tal anelo, é através da alma, demonstrada por meio do corpo. 
A triunidade de Deus é algo bastante perceptível nas Escrituras. Dentre muitos exemplos dignos de nota, destacamos o que diz em Isaías 61.1: "O Espírito do Senhor Jeová está sobre mim..."; partindo do pressuposto de que se trata de uma profecia messiânica, as três pessoas distintas aparecem aqui: o Pai (Senhor Jeová), o Filho ("... sobre mim...") e o Espírito Santo (O Espírito do Senhor). A triunidade bíblica é confirmada pela existência de atributos divinos que somente ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo são conferidos. Na Bíblia Sagrada, o Pai é chamado de "Deus" (1 Co 8.6; Ef 4.6); de igual modo, o Filho (1 Jo 5.20; Is 9.6; Hb 1.8); e também o Espírito Santo (At 5.3,4). Outrossim, destaca-se a: Eternidade (Sl 90.2; Cl 1.17; Hb 9.14); Onipresença (Jr 23.24; Mt 28.19,20; Sl 139.7); Onisciência (1 Jo 5.20; Jo 21.17; 1 Co 2.10); Onipotência (Gn 17.1; Mt 28.18; 1 Co 12.11); Santidade (Lv 11.44,45; Lc 1.35; Ef 4.30); e, finalmente, a verdade (Jr 10.10; Jo 14.6; 16.13). 
Profetas do Antigo Testamento falaram em nome do Senhor Jeová (o Pai), vaticinaram a vinda do Messias (o Filho), todavia, cheios da inspiração divina (o Espírito Santo). Além disso, a Sagrada Escritura nos assegura a presença deliberada da Santíssima Trindade entre os homens, como podemos ver acerca do Pai: "... e habitarei no meio deles" (Ex 25.8); do Filho: "... aí estou eu no meio deles" (Mt 18.20) e do Espírito Santo: "... e o meu Espírito habita no meio de vós" (Ag 2.5). Na ordenança bíblica do batismo, lemos: "... batizando-as em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19). 
O Novo Testamento é um arcabouço doutrinário e teológico no tocante à Santíssima Trindade, pois, as três pessoas são mencionadas distintamente (ver Mt 3.16,17; Jo 14.16), porém, em singular comunhão, razão pela qual a Escritura diz: "um só Deus" (1 Co 8.6; Ef 4.6), "único Deus" (Jo 17.3) e outros termos que definem a unidade na Trindade. Jesus disse: "Quem vê a mim vê o Pai" (Jo 14.9); o apóstolo Paulo afirma que o Agente Mediador das revelações de Deus é o Espírito Santo (1 Co 2.10). Uma outra prova clara é a respeito da oração. Oramos ao Pai, em nome do Senhor Jesus (Jo 15.16), ajudados pelo Espírito Santo (Rm 8.26,27), esses e muitos outros artigos de fé ratificam a existência irrefutável da Trindade. Não atentar para certos detalhes como estes, é rejeitar a essência da Palavra de Deus.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Ofertar também é Cultuar a Deus!

Infelizmente, nem todos concordam assim! As lições encontradas na Bíblia acerca do ofertório são profundas e de grande proveito para o cristão. Mas, ao que parece, elas não são expostas à Igreja, seja da parte dos pastores que temem falar sobre contribuição e com isso "afugentar" as ovelhas, seja da parte dos cristãos que, ao ouvirem seus líderes falarem em "dinheiro", sentem um espanto, fora aqueles que acham que o pastor estar "profanando o altar" falando um assunto "não apropriado na Casa de Deus". Quando será que vamos aprender? Não é preciso recorrer às Igrejas que enfatizam a voluntariedade na contribuição para tomá-los como exemplo; os nossos erros são suficientes para nos trazer lições inspiradoras.
Que me perdoem os pentecostais, mas, muitos de nós ainda não aprendemos a contribuir de forma voluntária. Louvo a Deus pelas raras exceções, porém, a grande maioria ainda continua com a "mão mirrada". O culto pode está "fogo puro", glória a Deus, aleluia e línguas estranhas, mas, quando chega a hora da oferta, o "fogo se apaga", não há mais "pentecostes" e nem barulho de glória a Deus, o pastor "saiu do espírito e entrou na carne" porque passou a "pedir dinheiro da crentarada", sem se falar naqueles que, quando o obreiro passa com a salva, ficam "orando em espírito"; oração boa essa hein! É impossível a sobrevivência de uma Igreja sem angariar recursos financeiros para a sua manutenção.
O ofertório na Igreja é um tema tão bíblico quanto as doutrinas fundamentais das Escrituras Sagradas. O mesmo Jesus que falou sobre Céu e Inferno, também falou sobre a importância da contribuição. Infelizmente, muitos não atentam para isso. Como manter o Templo em perfeitas condições se não for pela contribuição dos fiéis (que nem fiéis neste aspecto estamos sendo!)? Como bancar os gastos da Igreja, água, luz, limpeza e tantas outras coisas se não for a voluntariedade dos dizimistas e ofertantes da Casa do Senhor? Reclamamos de tantas coisas erradas que vemos na Igrejas, mas, não procuramos entender que nós é quem somos responsáveis pela preservação do Templo. Até parece que vai descer um Anjo Céu e cuidar da Igreja por nós! É lamentável saber que as mesmas mãos que apontam o péssimo andamento da obra de Deus são as mesmas que não cooperam como deveriam em razão de sua insensibilidade para com as coisas do Senhor.
Na Antiga Aliança, os filhos de Israel tinham por obrigação entregar a décima parte de tudo quanto possuíam, das crias dos animais domésticos, dos produtos da terra e de outras rendas, das quais, lhe adivinham lucro (Lv 27.30-32; Nm 18.21,26). A função primária do dízimo era para cobrir as despesas do culto bem como o sustento dos sacerdotes. Com isso, vemos a importância dada ao dízimo como sendo instituído por Deus. Antes desse período, achamos o progenitor da raça judaica, Abraão, dizimando fielmente (Gn 14.18-20); uma demonstração de seriedade e prontidão de espírito na referida prática, visto como neste tempo não havia sido revelada a Lei Mosaica.
Não é preciso entrar em detalhe sobre este assunto. Estou falando de uma coisa que todos sabem porém, a grande maioria não se interessa em colocar em prática. Queremos ser abençoados, contudo, não fazemos por onde corresponder às benesses divinas (At 20.35). É impossível alcançar o favor dos altos céus quando não nos sujeitamos aos mandamentos bíblicos.
Há em nossos dias quem discorde do dízimo por afirmar que não se encontra "nenhuma" referência no Novo Testamento. Outros, tem a petulância de dizer que Deus é egoísta e estar "unicamente interessado no seu dinheiro". Como pode haver pessoas que chegam a conclusões tão absurdas como estas? Pessoas assim não reconhecem a soberania de Deus (Jó 41.11; Sl 24.1; Rm 11.34,35).
A referência bíblica neo-testamentária atinente ao dízimo é Mateus 23.23: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas. Vejamos o que realmente Jesus está dizendo aqui. O Divino Mestre reprova a conduta dos escribas e fariseus que, mesmo sendo bons dizimistas, ignoravam os preceitos mais justos da Lei. Jesus conclui esta admoestação: Deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas. Que explicação se acha para "essas coisas" e "aquelas"?
Jesus enfatizou a sobrepujância dos preceitos morais e espirituais; todavia, acentuando a importância da praticidade deles: deveis, porém, fazer essas coisas; mas nem por isso a prática do dízimo foi deixada de lado:  e não omitir aquelas. Se Deus fosse egoísta e interessado no nosso dinheiro, daria Ele primazia a vivência dos verdadeiros valores morais e espirituais?
Uma outra referência do Novo Testamento digna de nota é: Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria (2 Co 9.7). "Com alegria"? Sim, com alegria. Está na Bíblia. A palavra grega para alegria, aqui, é hilaros (no nosso português, hilário), significando "animado", "jubiloso", expressando, portanto, uma alegria incondicional. Denota um estado da alma ou sentimento que não está ligado às circunstâncias. Paulo destaca aqui o verdadeiro sentido de uma contribuição voluntária. Independente das circunstâncias desfavoráveis que nos cercam, contribuímos em razão da alegria incondicional germinada em nosso coração através do Espírito Santo (Gl 5.22). Na teologia paulina, o que importa não é o quanto vamos dar, mas como vamos dar; o que de fato agrada a Deus é o fato de darmos não apenas com a mão, mas primeiramente com o coração! Se Deus fosse egoísta e estivesse interessado no nosso dinheiro, será que Ele se agradaria de um ato voluntário como este, explicitado por Paulo?
Aqui se aplica o ditado evangélico: "Deus não quer quantidade e sim qualidade". No contexto bíblico da contribuição, esse ditado é mais coerente. Sejamos, portanto, verdadeiros contribuintes na Seara do Mestre, afinal de contas, dizimar e ofertar também é um ato de cultar a Deus!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Cristão e os Usos e Costumes

Com o crescimento das Igrejas Pentecostais, o expressivo conhecimento teológico que, a cada dia, vai se expandindo de forma exorbitante no seio denominacional e a eficiência na explanação das doutrinas bíblicas, ainda encontramos muitos cristãos embaraçados em questões, as quais, à luz das Santas Escrituras, são marcadas pela falibilidade humana e uma das que mais se acentuam é a falta de discernimento entre doutrina e costume que, doravante, abordaremos aqui.
Com relação e este assunto tão polêmico e tão mal interpretado, destaca-se no meio evangélico três grupos de cristãos. São eles:
1. Os Radicais - Este grupo, em razão de seu demasiado zelo pelas coisas temporais, caminham tão longe do evangelho quanto o céu é bem longe da terra! São extremamente rígidos. Criam regras extrabíblicas de santidade afirmando que, quem nelas se basearem, serão salvos, do contrário, irão para o inferno. Isto não passa de um absurdo no mais alto grau e de um excesso de fanatismo infrutuoso. O nosso testemunho de vida deve ser embasado na Palavra de Deus e não em métodos descabidos que vem ao arrepio das Escrituras Sagradas.
2.Os Conservadores - Já este grupo possui uma visão centrada na Bíblia, reconhecendo a temporalidade dos usos e costumes em contrapartida com a imutabilidade da doutrina bíblica. O renomado pastor e teólogo Antônio Gilberto, principal teólogo pentecostal do Brasil, afirma que a doutrina bíblica "quando pregada sob a unção do Espírito Santo e vivida pelo crente, na prática, através do "amor de Espírito Santo" (Rm 15.30), gera no crente e na congregação, santos usos e costumes, os quais, por sua vez, confirmam a doutrina bíblica (1 Co 15.33; Tt 2.10)". Para o verdadeiro conservador, a base é a Palavra de Deus. O verdadeiro conservadorismo abriga-se nas raízes doutrinárias do evangelho de Jesus Cristo e não em recursos secundários que ofereçam uma suposta salvação para o crente; A Palavra de Deus, na sua essência, tem um poder extraordinário de mudar completamente o homem quando este se submete a ela. Logo, a mudança, além de espiritual, também inclui a vida moral, fazendo o homem se comportar de forma piedosa sem fugir dos ditames bíblicos.
3.Os Liberais - Este grupo parece ignorar a Bíblia em seu estilo de vida no sentido de abraçarem tudo o que o sistema deste mundo lhes oferecem. É como se a Bíblia perdesse toda a inspiração, não valendo a pena colocá-la em prática nos dias hodiernos. Para eles, "pode tudo", "vale tudo", "nada é pecado"; ao tempo que o radicalismo é uma grande deficiência por suas regras exageradas de santidade, o liberalismo, por outro lado, é um grande perigo para muitos que aceitam um modo de vida mesclado com o mundo.
 
Os exageros se tornam em grande problemas para o cristão; ou muito radical ou muito liberal, ambos não possuem o foco doutrinário das Escrituras, e o que vemos? Brigas, rumores e contendas! Adeptos da mesma fé degladiando entre si, entristecendo ao Espírito Santo e julgando a outrem, desprovido de um genuíno consenso bíblico. Ser conservador de determinados costumes não dá o direito de se achar "dono do evangelho", desrespeitando os demais que não possuem a mesma visão. ISTO NÃO PROVÉM DE DEUS! Todo cristão que desejar uma mudança absoluta, deverá escudar-se no Evangelho e não em pré-julgamentos desnecessários que não convém ao servo de Deus. Tais atitudes machucam as ovelhas, porém, quem prima pela eficácia da Palavra, cumpre corretamente com o perfil de um cristão autêntico, pois, "a Palavra de Deus é viva e eficaz" (Hb 4.12), por ela, o homem alcança veraz transformação (Jo 15.3; 17.17; ver Sl 107.20).
A bem da verdade, o termo "usos e costumes" não se restringe apenas à vestimenta, corte de cabelo e maquiagem, como muitos pensam; está relacionado também aos hábitos e práticas no viver diário, portanto, vai além dos itens acima citados. A palavra "uso", do latim usu, "prática consagrada, hábito local". Costume, vem do latim cosuetumen, "prática antiga e geral". Assim, podemos definir "usos e costumes" como uma expressão do comportamento, moral, social e ético e portanto não se limita as vestes ou coisa do tipo, haja vista que não se pode colocar estas coisas lado a lado com a salvação, pois, somos salvos pela graça através da fé em Cristo (Ef 2.7,8).
Como se costuma dizer, a doutrina bíblica gera bons costumes, mas, os costumes não geram doutrinas. Logo, o alvo prioritário do cristão é a Palavra de Deus e não métodos falíveis e passageiros que não resultam em nada. Não existe desgraça maior do que um cristão DENTRO da Igreja, porém, com o Evangelho FORA do seu coração! Que Deus nos guarde deste horrendo perigo!