São muitas as referências que poderíamos tomar como base para enfatizar de modo amplo e teológico a doutrina bíblica da Santíssima Trindade, uma vez que é do conhecimento de todos que a referida palavra (Trindade) não se encontra nas Escrituras, entretanto, o termo é respaldado de forma clara na teologia bíblica.
Diferente do politeísmo, a supracitada doutrina destaca a existência de um único e verdadeiro Deus, pluralizado em três pessoas distintas, conforme orientação bíblica. O renomado pastor e teólogo Esequias Soares dá sustentação a esta doutrina com a seguinte afirmação: "No Antigo Testamento, temos a Trindade na unidade; no Novo Testamento, temos a unidade na Trindade". As referências vetero-testamentárias são condizentes com esse argumento, o que enriquece intensamente o conceito bíblico em relevo.
A Escritura Sagrada, em seu escopo histórico e doutrinário, apresenta uma visão trinitariana no seu mais variado aspecto. A Bíblia Sagrada nos apresenta Deus como "o Senhor da criação" (Gn1.1; 14.19; Jr 10.16; Ap 3.14). A criação é constituída de três coisas: Céu, Terra e Mar. Na mesma criação, encontramos o Pai em atividade (Gn 1.1), o Espírito Santo (Gn 1.2) e o Filho, a Palavra de Deus (Ap 19.13), por cujo intermédio o imaterial se torna material (Jo 1.1,3). Na criação do homem, não é diferente. A Escritura fala da composição tricotômica do homem, a saber, corpo, alma e espírito. Ao falar do corpo, lembramos a sua tríplice constituição: carne, sangue e ossos. Acerca da alma, nos referimos a ela como a sede da personalidade em três aspectos: emoção, intelecto e vontade. O espírito do homem comunica ao mesmo três fatos fundamentais: 1) a existência de uma Divindade; 2) a importância de atribuir-Lhe temor e 3) de adorar-Lhe como é devido. Logo, se temos tal certeza, é através do espírito, se temos tal anelo, é através da alma, demonstrada por meio do corpo.
A triunidade de Deus é algo bastante perceptível nas Escrituras. Dentre muitos exemplos dignos de nota, destacamos o que diz em Isaías 61.1: "O Espírito do Senhor Jeová está sobre mim..."; partindo do pressuposto de que se trata de uma profecia messiânica, as três pessoas distintas aparecem aqui: o Pai (Senhor Jeová), o Filho ("... sobre mim...") e o Espírito Santo (O Espírito do Senhor). A triunidade bíblica é confirmada pela existência de atributos divinos que somente ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo são conferidos. Na Bíblia Sagrada, o Pai é chamado de "Deus" (1 Co 8.6; Ef 4.6); de igual modo, o Filho (1 Jo 5.20; Is 9.6; Hb 1.8); e também o Espírito Santo (At 5.3,4). Outrossim, destaca-se a: Eternidade (Sl 90.2; Cl 1.17; Hb 9.14); Onipresença (Jr 23.24; Mt 28.19,20; Sl 139.7); Onisciência (1 Jo 5.20; Jo 21.17; 1 Co 2.10); Onipotência (Gn 17.1; Mt 28.18; 1 Co 12.11); Santidade (Lv 11.44,45; Lc 1.35; Ef 4.30); e, finalmente, a verdade (Jr 10.10; Jo 14.6; 16.13).
Profetas do Antigo Testamento falaram em nome do Senhor Jeová (o Pai), vaticinaram a vinda do Messias (o Filho), todavia, cheios da inspiração divina (o Espírito Santo). Além disso, a Sagrada Escritura nos assegura a presença deliberada da Santíssima Trindade entre os homens, como podemos ver acerca do Pai: "... e habitarei no meio deles" (Ex 25.8); do Filho: "... aí estou eu no meio deles" (Mt 18.20) e do Espírito Santo: "... e o meu Espírito habita no meio de vós" (Ag 2.5). Na ordenança bíblica do batismo, lemos: "... batizando-as em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19).
O Novo Testamento é um arcabouço doutrinário e teológico no tocante à Santíssima Trindade, pois, as três pessoas são mencionadas distintamente (ver Mt 3.16,17; Jo 14.16), porém, em singular comunhão, razão pela qual a Escritura diz: "um só Deus" (1 Co 8.6; Ef 4.6), "único Deus" (Jo 17.3) e outros termos que definem a unidade na Trindade. Jesus disse: "Quem vê a mim vê o Pai" (Jo 14.9); o apóstolo Paulo afirma que o Agente Mediador das revelações de Deus é o Espírito Santo (1 Co 2.10). Uma outra prova clara é a respeito da oração. Oramos ao Pai, em nome do Senhor Jesus (Jo 15.16), ajudados pelo Espírito Santo (Rm 8.26,27), esses e muitos outros artigos de fé ratificam a existência irrefutável da Trindade. Não atentar para certos detalhes como estes, é rejeitar a essência da Palavra de Deus.
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