Uma das mais relevantes verdades que dão suporte ao edifício doutrinário do Cristianismo está contido na referência bíblica acima. Carne e sangue não são suficientes para proporcionar ao coração do homem a revelação da salvação em Cristo. Vejamos a razões:
1. O termo carne e sangue, nas Escrituras, dá ideia de ser humano ou aquilo que é relativo a sua natureza: "Porque nossa luta não é contra o sangue e a carne..." (E 6.12). Entendemos, aqui, a alusão que o apóstolo faz ao ser humano quando diz o sangue e a carne. Vemos aqui a expressão da natureza humana em contraste com Deus. Algo completamente distinto do espírito que há no homem. Pedro é uma identificação desta natureza; no entanto, Cristo se dirige para o futuro apóstolo dizendo que a carne, expressão de corrupção, não é capaz de assegurar ao homem a necessidade gritante de um Salvador. Sua natureza é enganosa, portanto, somente o Deus da verdade pode dar-lhe clareza e convicção de que precisa recorrer àquEle que pode libertá-lo através da verdade redentora (Jo 8.32,36).
2. A carne, termo bíblico que designa a natureza humana, contrapõe-se aos desígnios de Deus: "Então disse o Senhor: não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne..." (Gn 6.3). Não há acordo entre o gênero humano corrompido e a Majestade Santa, que não se compactua com o padrão iníquo do homem. Logo, carne e sangue não podem revelar ao próprio homem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.
3. A carne, nas Escrituras, também se refere ao padrão de governo humano: "Com ele está o braço de carne..." (2 Cr 32.8); o governo humano, ao longo dos anos, adquiriu muitos sinônimos degradantes como injustiça, impiedade, aversão aos genuínos valores morais, ou seja, o repúdio ao bem e a aceitação do erro. Outrossim, quais outras identidades do "braço de carne"? A soberba exacerbada enraizada no coração dos que se julgam "poderosos", pois, constroem fortalezas e as destroem; erguem grandes patrimônios e os reduzem às cinzas; conferem a alguém posições honoríficas e declinam do mesmo, enfim, promovem situações multiformes. Em suma, o braço de carne, alude ao homem em sua potencialidade limitada, comparada a grandeza imensurável do Deus de Israel. O braço de carne é falível, destrutível e ineficaz. Portanto, não está no governo humano e nem provém dela a revelação do Salvador da humanidade; tal verdade, urgente e necessária, emana do Alto, do seio do Pai Eterno para o recôndito da alma pecadora (cf Rm 8.3-7).
4. Pedro, de si mesmo, não poderia conceber tão grande certeza da deidade do Messias; esta certeza vem de Deus (Mt 16.17). Para alguns da comunidade judaica, João Batista seria o Messias ou Este viria manifesto na identidade do profeta Elias ou Jeremias ou mesmo outro profeta do AT. O grande erro da carne e do sangue é igualar o Filho de Deus no mesmo nível dos homens da terra, sendo que Ele é maior em excelência, santidade e superior tanto a anjos como a homens (Hb 1.1-4).
5. A carne e sangue, na Bíblia, fala do estado corrupto do ser humano: "E, agora, digo isto, irmãos: que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção" (1 Co 15.50); se a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, tampouco podem testificar das coisas concernentes a este Reino, pois, os seus mistérios "se discernem espiritualmente" (1 Co 2.14), visto como o "homem natural", ou carnal, "não compreende as coisas do Espírito de Deus" (1 Co 2.14a), se não compreende, também não crê, porque está atrelado no sistema perverso deste mundo.
6. O apóstolo Paulo diz que não há condenação alguma para os que estão em Cristo (Rm 8.1). Quem são estes? "Os que não andam segundo a carne", prossegue o apóstolo. Entendemos que, andar segundo a carne é firmar seus passos rumos ao juízo eterno. Há um conflito entre carne e espírito (Gl 5.16,17), e isso nos leva a perceber o domínio das obras da carne nos corações enrijecidos contra a verdade do Evangelho.
7. E o que dizer do "Verbo que se fez carne" (Jo 1.14)? O processo da manifestação do Verbo na forma humana é abrangente. A tudo quanto o Senhor Deus tinha criado, viu que era "muito bom" (Gn 1.31). Quanto ao homem, o fez em pleno estado de perfeição, porém, se fez pecador por desobediência ao Soberano Criador de todas as coisas. Cristo se fez carne, mas, não era carne, nem tampouco consentiu nas suas práticas (Jo 8.46). Se fez pecado, mas, não era pecador (2 Co 5.21); se fez injusto, porém, praticando a justiça, se fez culpado, mas, em todo o tempo, inocente.
Tão certo como a filiação divina é outorgada por Deus mediante Seu Espírito em nós (Jo 1.12,13; Rm 8.14,15); a revelação do senhorio de Cristo é dada também por Deus ao espírito do homem, pois "a carne é fraca" (Mt 26.41) e dada a iniquidade.
Fala sobre o sangue. Será que é a mesma coisa da carne. Da carne é fácil de explicar
ResponderExcluirPorque Jesus fala carne e sangue. Não poderia dizer só a carne? q
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