sábado, 8 de março de 2014

Quem Sou Eu?



Inimigo de Deus e dos homens! 
A fonte emanadora dos mais nocivos intentos; a oposição esmagadora do bem e da verdade. Quer saber mais quem sou? Nasci no coração daquele que, semelhante a Deus, desejava ser; querubim ungido, formoso, resplandecente que logo veio a ensoberbecer. Seu interior demasiadamente exaltado fez com que do mais sublime céus fosse precipitado! 
Inflamante que sou qual fogo ardente, no Éden estava eu, seduzindo o casal inocente; desobedecendo a ordem que Deus lhe deu, o delicioso fruto proibido a mulher comeu. Tornei-me a barreira entre a criatura e o Criador e no lugar de delícias o seu lugar não mais se achou; pois, desgostoso com o homem, do jardim Deus o expulsou. 
Estava no coração de Caim que matou a seu irmão; na alma do profano Esaú que rejeitou a benção de Abraão; apoderei-me de Ninrode em seu reinado infiel, que, propondo fazer uma torre, desagradou ao Deus do céu. Sou a causa do dilúvio nos tempos de Noé; aflorei a inveja no coração dos irmãos de José. 
Sou o golpe violento aos mais íntimos desejos aflorando-os ao seu clímax. Sou o arremesso às práticas lascivas, até então, germinadas no pensamento; estou na horizontabilidade da vida que, com encantos, seduzem o pecador e na verticalidade das abominações que, com desagrado, sobem ao Criador. Sou o egoísmo implacável dos que se julgam poderosos, a loucura insaciável pelos atos mais indecorosos. 
Sou provocante e avassalador; não causo espanto e nem pavor; sou como a doçura do mel e como o aroma da flor; o terrível engano à alma humana, cega e permeiante na ignorância; sou um encanto para os homens com atrativos bem supérfluos, tornando-os distrações que os levam a esquecer da realidade do inferno. Façanhas minhas se desmoronaram quando raiou a plena luz, pois venceu-me no Calvário o Senhor e Salvador, Cristo Jesus! 
Me chamo Pecado, inimigo da luz e da verdade, sofri a vergonha e a derrota pelo Redentor da humanidade. 

Quem Sou Eu? 

O Eterno, o Unigênito; de toda a criação sou o Primogênito. A Palavra revelada, a Graça superabundada; o prometido Salvador, a viva expressão de Amor. Presente na Eternidade porque dela sou o Pai, ao mais aflito de coração venho como o Príncipe da Paz! 
Sou aquEle que me importo com as pessoas esperando recíproca retribuição; contudo, não sou percebido e não tenho sequer atenção. Sou aquEle que, todos os dias, me confronto com a ingratidão e os murmúrios incessantes dos que não reconhecem a minha bondade sobre eles. Me deparo com aqueles que me desdenham porque amam o mundo e todas as suas regalias não sabendo que estas são passageiras. 
Sou o Amor incondicional que, embora os homens se entreguem à realidade das coisas terrenas, ofereço-lhes dádivas eternas, de valor incalculável. Mesmo que tudo o que é pecaminoso os atraiam tanto, procuro convencê-los demonstrando minha graça insondável. Sou o Grande Pastor, mas sofri como ovelha muda para te livrar da voraz atrocidade do lobo destruidor; sou a Fonte de Água Viva, mas sofri lancinante sede para preencher o cântaro da tua alma; sou a Palavra, por meio da qual, o imaterial se materializou, contudo, sem abri a minha boca, sujeitei-me a impiedade dos meus algozes, sofrendo o mais doloroso suplício; sou o Divino que Se tornou humano, a glória excelsa mudada em humilhação, a beleza convertida em desprezo, traspassada na dura cruz! 
Sou a esperança que nunca esmorece, a vida que nunca morre, a Fé que não desvanece e o Eterno que nunca deixará de Ser; sou a razão incontestável, a verdade irrefutável; sou aquEle que me lancei à cruz, me entreguei às dores e abracei o castigo a que chamava o teu pecado mais insano; de mim mesmo me esvaziei confrontando-me com tão demasiada vaidade que escraviza a tua alma, pela qual, tenho perene amor; sou o início e o fim, a consumação de toda a história; sou Jesus Cristo, o teu Salvador! O Eterno Rei da Glória!


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Pão e a Pedra

E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? - Mateus 7.9


Mensagens bíblicas que falam sobre o pão, nas mais diversas simbologias são comumente pregadas nas comunidades de fé. O pão sempre esteve relacionado com a história do povo de Deus, quer seja nos tempos bíblicos, quer seja na atualidade. Em alguma denominação evangélica ou até mesmo em um simples ponto de pregação se ouve uma mensagem a respeito do pão, seja ele material ou espiritual; é um tema do qual exaurimos muitas vertentes doutrinárias e teológicas, profundas qual grande oceano. 
Em Mateus capítulo 7 e versículos 7-11 encontramos umas das mais preciosas lições ensinadas pelo Senhor Jesus acerca da oração feita com propósito definido. Todas as vezes que o verbo orar ou sinônimos é mencionado nas páginas do Novo Testamento, ele aparece no tempo Presente do Imperativo (Mt 6.9;7.7; 1 Ts 5.17), ou seja, uma ordem dada no presente, mas que exige uma ação contínua. Com isso, o Senhor nos diz que nunca devemos esmorecer do santo propósito de orar. Alguém já disse que a oração é a respiração da alma; quantos cristãos sofrendo de asfixia espiritual por desprezarem este precioso oxigênio de que nossa alma tanto necessita! Sejamos perseverantes na oração (Rm 12.12).
Acerca da oração como algo a ser praticado constantemente, temos a ilustração dada pelo Senhor Jesus sobre um filho pedindo pão. O objetivo dessa comparação é mostrar que devemos chegar a Deus com propósito certo de que, mediante a vontade do Senhor, será alcançado! Garantia essa assinalada pela Bíblia (Hb 11.6). A bem da verdade, o exemplo de oração usado por Jesus expressa a realidade vivida entre os cristãos, como, doravante, analisaremos.
O ser humano, por natureza, sente necessidade de algo que possa suprimir seus anseios e preencher as lacunas da sua vida. Essa é uma lógica irrefutável. Sempre andamos em busca de coisas satisfatórias para o nosso "eu"; de qualquer forma, sentimos o que é necessidade, seja ela suprida da maneira certa ou errada. A comparação usada por Jesus sobrepassa a temática da oração. Nas Escrituras Sagradas, o pão é apontado como símbolo da necessidade humana, do alimento, etc (Mt 6.11), ao passo que a pedra, por ser algo sólido, retrata a dureza de um coração, contumaz e persistente na maldade, entre outras tipologias bíblicas. Estamos vivendo tempos em que os filhos andam em busca de pão, mas tudo o que vemos é uma petição não correspondida, uma esperança frustrada, um desejo latente não concretizado, enfim, um bem-estar tão sonhado ainda não realizado.
A pergunta bíblica é: "E qual dentre vós é o homem...?" (Mt 7.9). Homem e não pai, como poderia ser especificado. Esse homem pode ser a representação de qualquer pessoa, cujo sentimento possa ser despertado ao ouvir o clamor de um necessitado, envolto em suas mazelas. O filho pode se aplicar àqueles que, em meio a uma tão grande penúria, jogado às margens do esquecimento, clamam por sobrevivência no aspecto social, moral e porque não dizer espiritual. É uma luta na qual não se pode perder a fé e nem as expectativas, serem minguadas. Há três classes de filhos que podemos identificar aqui: o pecador, a sociedade e a Igreja.

1) O Pecador - O sábio Rei Salomão disse: "A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce" (Pv 27.7). Em muitos lugares e de muitas formas, o homem procura preencher o vazio da alma, lançando-se aos enganos do seu próprio coração. O ser humano, feito à imagem de Deus, reconhece em sua consciência que nada neste mundo pode valer absolutamente a paz para a sua alma; sempre se sentirá incompleto. E na mais absurda ignorância deleita-se em fontes pecaminosas como meio de sentir-se plenamente realizado: "... à alma faminta todo amargo é doce"; é o filho pedindo pão, recebendo, porém, o duro golpe do pecado evidentes nos prazeres vãos cujo destino é a sua perdição. É o filho recebendo pedra, não sabendo ele que o pão, de que tanto necessita, provém do Alto, o qual, pode mostrar-lhe o verdadeiro sentido da vida. Reiteramos, aqui, a pergunta: "E qual dentre vós é o homem...?". No contexto assinalado, esse homem aplica-se à Igreja comissionada por Deus de alimentar este mundo com o Pão da Sua Palavra, "viva e eficaz... e penetra até à divisão da alma, e do espírito..." (Hb 4.12). O mundo oferece pedras, mas a Igreja de Cristo tem o pão necessário à alma do pecador.

2)  A sociedade - O que vemos na sociedade hodierna é o paradoxo do verdadeiro padrão moral a ser seguido. Nunca uma geração esteve tão dissoluta como esta em que vivemos. Os meios de comunicação com o Rádio e a Televisão não se cansam de expor barbáries que vem ao arrepio dos ditames bíblicos e com isso pervertem os valores da família, instituída por Deus (Gn 2.18,22-24; Sl 127.1), contudo, suplantada por um sistema social iníquo, devasso e cada vez mais massacrada pelos ardis do diabo. Esta e muitas outras coisas que expõe a sociedade ao ridículo demonstra o quanto ela necessita do Pão Vivo, que é Jesus Cristo, o Salvador e Redentor das nossas almas. A sociedade pós-moderna vem sendo esmagada pela pedra do relativismo, da insanidade de homens que acreditam reverter esse quadro com suas filosofias vãs, aplaudindo o erro e inibindo a retidão, a boa índole e a verdadeira pureza social. Mas Cristo é o Pão Vivo! O Alimento imperecível aos corações afetados por esta calamidade espiritual.

3)  A Igreja - É lamentável como as coisas vão andando de mal a pior até mesmo na casa de Deus! É desprazeiroso saber que as autênticas pregações sobre renúncia de pecado, santificação, comunhão com Deus, a vinda de Jesus e outros temas bibliocêntricos estão desaparecendo do púlpito da Igreja de Cristo. A pedra dos falsos ensinamentos vem violentando a estrutura doutrinária da Igreja, machucando a vida espiritual dos fieis servos de Deus que andam a procura de pão para fortalecer suas almas no Senhor. cientes de que a misericórdia do Senhor é grande sobre o Seu povo, oremos a Deus para que Ele seja gracioso com Seus filhos! Necessitamos de pão! O pão genuíno do evangelho de Jesus Cristo! Que o Espírito Santo desperte os nossos ministros a fim de que se convençam dessa realidade nutrindo a fé da Igreja com uma poderosa palavra, retirada diretamente da dispensa celestial.

O Senhor, nosso Deus, tem o pão que carecemos! Ele mesmo nos convida a pedi-lo com fé, certo de que Ele é poderosíssimo para suprir esta latente necessidade.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Os Olhos: a lâmpada do corpo - Mateus 6.22

Em um mundo conturbado como este, onde a desmoralização da pessoa humana, o repúdio ao bem, os desdém aos princípios éticos, sobretudo, o confronto à Palavra de Deus fez do sistema secular um cenário, no qual, o pecado fala mais alto, recorrer à Escritura Sagrada e alimentar-se deste pão salutar continua sendo a única e profícua alternativa para, assim, nos mantermos em pé face às intempéries da vida. 
Jesus deixou para a Sua Igreja preceitos primordiais à fé cristã, que certamente diferenciam-nos do modo de vida iníquo, exposto diante de nossos olhos. Para tanto, é preciso ter em mente que, como cidadãos do Reino de Deus, devemos ser uma luz brilhante no sistema social dos homens, obscurecidos por causa do pecado; outrossim, nos portarmos como uma geração santa, comprometida com Deus e conclamando as almas perdidas a um genuíno arrependimento, convencendo-se da necessidade de um Salvador, que é Jesus Cristo. 
A Escritura Sagrada diz que "a candeia do corpo são os olhos..." (Mt 6.22). Alguém já disse que os olhos são "as janelas da alma", dando ao olhar uma importante conotação. A Palavra de Deus é enfática quanto a isso. Da maneira como a candeia, nos tempos bíblicos, necessitava de óleo para produzir luz, os nossos olhos, para serem bons, necessita do óleo da graça divina para que todo o nosso viver tenha luz a resplandecer neste mundo em densas trevas pecaminosas. Assim como o Evangelho do Senhor Jesus e a operação do Espírito Santo conserva em nós o óleo da Sua unção tornando-nos luz neste mundo tenebroso, o pecado, que induz o homem a maldade, leva-o a uma vida infrutuosa, ineficaz, enfim, longe do conhecimento de Deus, conforme a Escritura diz: "Mas, se ainda o nosso Evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus" (2 Co 4.3,4). "Nos quais" é uma referência aos homens sem Deus, vitimadas pelo Maligno, com "os entendimentos" entenebrecidos, isto é, sem percepção alguma dos perigos que o pecado lhe impõe e sem disposição para crer no Evangelho de Cristo. 
O olhar é uma fonte aguçadora dos nossos sentidos, alarmando desejos, quer sejam bons, quer sejam nocivos, o que é exemplificado por toda a Bíblia Sagrada. Eva comeu do fruto porque era "agradável aos olhos" (Gn 3.6); e "viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas..." (Gn 6.2), onde a palavra "viram" admite a tradução "olhar atentamente" e, finalmente, o apóstolo João escreveu em sua primeira carta dizendo que "a concupiscência dos olhos... não é do Pai, mas do mundo" (1 Jo 2.16). Somente "olhando para Jesus" (Hb 12.2), nos apartaremos do mundo mau, conservando-nos com a luz da presença de Deus, afinal, "a candeia do corpo são os olhos". 
A referência bíblica em estudo, Mateus 6.22, fornece-nos uma joia valiosa: "A candeia do corpo são os olhos: de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz". A conjunção que destacamos denota proporção. À medida que o cristão se conserva puro, guardando os seus olhos de tudo que é pernicioso (Sl 101.3), toda a sua vida se inclinará unicamente para as coisas lícitas, agradáveis a Deus e que, consequentemente, serão edificantes para a sua fé no Senhor (ver Fp 4.8). Por outro lado, se nossos olhos forem maus, todos os nossos sentidos serão despertados para as coisas pecaminosas, as quais, conflituam a Palavra de Deus. Para provar que o evangelho, a boa nova de salvação, oferece um modelo de vida amplamente distinto do que pensa o homem é que Jesus disse: "Vós sois a luz do mundo..." (Mt 5.14). Existe diferença entre a lâmpada e a luz. A nascente Igreja, representada inicialmente pelos doze apóstolos, foi vocacionada para ser a luz e não uma lâmpada, a lâmpada do judaísmo, do farisaísmo, etc, mas chamada para uma novidade de vida (Rm 6.4); ser uma nova criação (2 Co 5.17); criada, segundo Deus (Ef 4.24) e praticante da verdade divina: "Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus" (Jo 3.21). A luz, na Bíblia, é representada em, pelo menos, seis aspectos: 

1) A luz fala do testemunho - Mateus 5.16; 

2) A luz fala de glorificação - Mateus 17.2; 

3) A luz fala do Messias - João 1.5-10; 

4) A luz fala de revelação - Efésios 5.13; 

5) A luz fala da eficácia do Evangelho - 2 Coríntios 4.4; 

6) A luz fala da Divindade - 1 Timóteo 6.16; Tiago 1.17  

As virgens néscias não entraram para as bodas porque tinham lâmpada, mas não tinham luz (Mt 25.1-13). Não basta a aparência de cristão, traje de cristão ou coisa do tipo; deve sobressair de um coração puro e voltado para fazer aquilo que é reto diante de Deus e dos homens, pois, somos uma candeia tendo em nossos olhos o santo colírio da graça.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Perigos do Imperialismo

E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com ciência e com inteligência 
Jeremias 3.15 

Muitas outras referências bíblicas poderiam ser usadas para reforçarem o tema acima. Entretanto, a passagem  bíblica estipulada também pode aclarar a realidade do espírito imperialista, em contraste com uma vida resignada, em consonância com a vontade de Deus. O objetivo maior, aqui, é nos conscientizarmos desta triste realidade, sabedores de que nada e nem ninguém pode abalar a nossa fé no Senhor, pelo contrário, sempre avançando na direção divina, batalhando pela fé "uma vez entregue aos santos" (Jd 3). 
Tendo em vista a soberba dos que se dizem grandes, agigantando-se sobre os que procedem piedosa e humildemente, a forma desapaixonada de testemunharem do Evangelho, por eles não vivido, muitos são os que se assombram ao verem esta deplorável realidade que ganha espaço de forma prevalecedora no seio da Igreja. A engrenagem do fervor espiritual fica emperrada pelo desânimo advindo da contemplação destes dissabores ocorrentes em  nossa trajetória. Onde está a verdadeira visão de Reino? Onde está o compromisso com o simples, mas, poderoso Evangelho de Jesus Cristo? Tudo não passa de um profissionalismo liberal, egocêntrico, exacerbado, árvore que produz o fruto da decepção, experimentado por muitos cristãos professos, guardiões da doutrina bíblica, e que no temor do Senhor prosseguem corajosamente sem pensarem em voltar atrás. É a verdadeira Igreja firmada na Rocha, contemplando assustadamente os falíveis métodos dos muitos líderes eclesiásticos, fundamentados na areia. 
A Escritura Sagrada apresenta a Igreja como propriedade divina (Mt 16.18; 1 Tm 3.15; 1Pe 2.9). Foi Cristo quem se entregou por ela (Ef 5.25). Ele é o fundamento indestrutível e insubstituível da Igreja (1 Co 3.11), o Pastor e Bispo das nossas almas (1 Pe 2.25). É lamentável como estas e outras verdades ficaram entregues ao esquecimento de muitos que apascentam o rebanho do Senhor Jesus. Logo, o que procuram é o auto-engrandecimento, a utilização de seus próprios artifícios, desprovidos da graça do Espírito Santo e com isso, caminham na contramão daquEle que disse: "E vos darei pastores segundo o meu coração..." (Jr 3.15). E enquanto as ovelhas pedem pão, os tais pastores lançam-lhe pedras (Mt 7.9). Ora, o pão satisfaz o organismo, a pedra machuca e "entala" a garganta. Quando a Igreja deseja o pão da sabedoria divina, muitas vezes recebe, imerecidamente, "pedras" que lhe sufocam a alma, chocando-se com o desamor estampado na fisionomia e atitudes de muitos líderes de Ministério. 
Mas por que fazem isso? Porque fizeram da Igreja um IMPÉRIO e do santo altar do Senhor um trono onde acha que pode monopolizar o povo, usando de um autoritarismo inconveniente! Quem são estes? São pastores imperialistas, os quais, por meio de seu modo impiedoso, consideram-se "donos" da Igreja, julgando serem irremovíveis de suas funções ministeriais. O espírito imperialista tem ganhado corpo e espaço de atuação na história do povo de Deus, como veremos: 

1) O imperialismo representado no ato inescrupuloso de Moisés (Nm 20.7-11) - A ordem do Senhor Deus era falar a Rocha (Nm 20.8), porém, Moisés feriu, transgredindo, assim, a palavra do Eterno (Nm 20.11,12). O povo deveria estar em volta da Rocha, símbolo de Cristo (1 Co 10.4), Moisés, porém, reclamou atenção para si, como se dele partisse o intento de dar água ao povo. O espírito imperialista evoca atenção para si próprio, ferindo a vontade daquEle que disse: "... a minha glória, pois, a outrem não darei..." (Is 42.8). Verdade é que a chamada pastoral é honrosa, pois o Senhor mesmo nomeou uns para pastores (Ef 4.11), no entanto, Jesus Cristo é o "Grande Pastor", "O Sumo Pastor" (Hb 13.20; 1 Pe 5.4), mediante cuja vontade devemos apascentar as Suas ovelhas. Outrossim, o espírito imperialista desrespeita a ordem expressa do Senhor, "ferindo", "atacando", ao invés de falar na autoridade outorgada pelo Espírito de Deus. 

2) O imperialismo representado no soberbo coração do rei Uzias (2 Cr 26.16) - O reino fortificado e consolidado de Judá, levou Uzias a exaltar-se em seu coração "até se corromper". A história é a mesma em nossos dias. Igreja bastante acrescida de membros, na sua maioria, assíduos nos cultos, dizimistas e ofertantes fiéis, renda financeira equilibradamente elevada todos os meses, estrutura arquitetônica do templo dotada de singular beleza, estes e outros fatores tem se tornado motivo da exaltação de muitos pastores que atribuem isso a sua própria capacidade e genialidade, esquecendo-se da potente mão do Senhor que opera graciosamente. Não é erro nenhum alegrar-se com aquilo que realizamos na obra do Senhor, porém, sempre devemos reconhecer que isso é resultado da bondade de Deus! Ele constitui e destitui a quem Ele quiser (Jó 12.9,14; Dn 2.21b). 

3) O imperialismo representado no pernicioso coração do rei Herodes (Mt 2.1-3,13) - Herodes perturbou-se grandemente ao ser informado que já nascido o "Rei dos Judeus" (Mt 2.2), porque, possivelmente, temia que o menino, quando já adulto, ocupasse o trono. O imperialismo fez com que muitos líderes se considerassem "exclusivos" no cargo pastoral, procurando obstruir o sucesso de outros, vistos como rivais em vez de serem vistos como companheiros na Seara do Metre. Se acham "eternos" no ministério, nunca aceitando a competência de outrem num determinado ofício. Não somos únicos, exclusivos e nem eternos, somos todos pedras vivas (1 Pe 2.5), as quais, em conjunto, formamos o edifício vivo chamado IGREJA, da qual Jesus Cristo é a pedra principal. Aleluia! 

Deus não Se agrada de imperialismos ou monopolismo, onde tudo gira em torno do homem e não da Presença Divina. O que agrada ao Eterno de Israel é o compromisso de homens e mulheres que se empenham na Sua obra sem reservas e com esforço desmedido, enfim, homens e mulheres segundo o Seu coração, que reconheçam que Deus é o centro de tudo e o Senhor da Igreja.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O Que É Mais Belo?

O que é mais belo? Dar ou receber? Receber é proveitoso, pois, nunca se diz "não" acerca de qualquer coisa concedida de bom grado. A mais bela virtude é dar, pois, adiante os presentes, vai a inteireza de um coração sincero e voluntário. 
O que é mais belo? Saudar ou ser saudado? Quem recebe a saudação alegra-se pelo prazer de ser lembrado. Mais belo é saudar, pois, nela se destaca a verdadeira nobreza e os bons modos que são transmitidos a outros. 
O que é mais honroso? Aplaudir ou ser aplaudido? Quem é aplaudido está sujeito a esquivar-se da genuína simplicidade de espírito. Mais honroso é aplaudir, pois, reconhecer a dignidade de outrem é uma marca insígne dos fortes. 
O que merece mais atenção? A veneração aos grandes homens ou a penúria dos desfavorecidos? Os grandes não se cansam de buscar louvores e os esquecidos não se cansam de clamarem por seus direitos, lançados às obscuras de um orgulho exacerbado. 
O que é mais decoroso? A boa aparência ou a prudência no falar? A boa aparência pode imprimir a imagem do que não somos. A prudência no falar reflete pureza na consciência e retidão no caráter; a língua indecorosa é maldita e poderosa para lançar no inferno. 
O que é mais vergonhoso? O vício desenfreado dos nossos jovens ou a descrença estúpida da sociedade? Os jovens, enganosamente, acreditam no melhor da vida, supostamente oferecidos por suas práticas viciosas. Insensata é esta sociedade! Sem Deus, afogada num mar de desamor, ignora a deplorável realidade que açoita os nossos jovens, fadados ao opróbrio. 
Um cristal quebrado não volta ao normal, uma milha percorrida é algo motivacional; porém, o que é mais belo? O que é mais honroso? O que merece mais atenção? O que é mais decoroso? O que é mais vergonhoso? Qual a paisagem da vida nos dias de hoje? Com palavras descrevemos uma história, mas com a própria vida podemos vivenciá-la do modo mais excelente que o Deus Criador, o Senhor da vida, pode conceder a cada um de nós, se assim desejarmos.

sábado, 24 de agosto de 2013

O Lamento de uma sociedade muda

O sentimento é algo delicado. A indignação parece ser um peso em vista do que sentimos. A esta realidade estamos todos vulneráveis. É o fraco se fazendo forte; podendo ver, mas se fazendo cego; ouvido atento agindo qual surdo; podendo falar mas é vítima da mordaça colocada pelas incertezas do cotidiano. Alguém dirá: Quais incertezas? A incerteza da justiça triunfando sobre as violações aos bons costumes e valores, malogrados nesta era pós-moderna; outrossim, a incerteza do respeito ao decoro, ao pudor e à ordem; estamos entregues à desonra e ao vilipêndio. A verdadeira reciprocidade se torna cada vez mais sufocada pelo individualismo, sempre presente em nossos dias. 
Foi-se o tempo em que as escolas prezavam fortemente pela formação de caráter das nossas crianças; muitos educadores (NÃO TODOS), sem escrúpulo no cumprimento de suas responsabilidades educacionais, deixaram ser vencidos pela tediosa rotina de ir e vir, preocupados unicamente pelo lucro de seu trabalho, sem fazer do mesmo a oportunidade de incutir nas crianças de hoje valores duradouros que reflitam no amanhã. Sabiamente diziam os antigos: "O homem que trabalha somente pelo que recebe não merece ser pago pelo que faz". 
É filhos abrindo os braços para a marginalidade, pais que perderam a autoridade de regê-los, os maus que prevalecem, os justos que perecem, direitos que são sabotados; é a corda sempre quebrando para o lado mais fraco. Este é o filme a que assistimos todos os dias. Os perversos não se cansam de serem perversos, os bons parecem se fatigarem de seu caráter ilibado. Pode-se ensinar nossas crianças a serem boas pessoas em mundo cada vez mais mergulhado na maldade, na hipocrisia e no desrespeito mútuo? Na teoria, inúmeras são as respostas, mas, na prática, o silêncio é a mais enfática. 
Esta é a sociedade na qual vivemos. Contempla a injustiça, o massacre ao verdadeiro modo de vida, contudo, vive se esquivando das reivindicações que lhe são óbvias. Homens da lei, comprados pela mentira, amantes da rivalidade e inimigos do companheirismo, visam seus próprios interesses em detrimento das necessidades das massas. Somos uma geração saudosista! Lamentamos tempos bons que acreditamos não voltarem mais. Vivemos apenas de recordações! Enfim, esta é a sociedade muda, cujo grito da indignação continua embutido dentro de si. Esta é a nossa triste realidade, isso é Brasil! 
Deus tenha misericórdia da nossa nação.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O Perigo das Distrações


Por isso, estais vós apercebidos também, porque o Filho do Homem há de vir à hora em que não penseis – Mateus 24.44

Estamos vivendo o período em que a distração encontrou guarida no coração de muitas pessoas, principalmente dos santos do Senhor. Não percebemos a fatalidade dos perigos que se afloram ao nosso redor; entretanto, quando deveríamos estar mais próximos do Evangelho, parece que estamos cada vez mais longe dele e, movidos pelo mecanismo da distração, esquecemos dos propósitos originais de Deus para com Seu povo, elucidados nas Escrituras Sagradas.
Disse o Senhor Jesus Cristo: “... o Filho do Homem há de vir à hora em que não penseis”. Em outras versões, lemos: “... na hora em que não esperais”; “... à hora em que não cuidais”. A verdade a ser exaurida a partir destes termos é a proximidade do fim dos tempos e a vigilância redobrada da Igreja, uma vez que a vinda do Senhor é uma realidade inconteste para os que a esperam pacientemente.
Ao revés, os olhos dos que estão na casa de Deus inclinaram-se a outros horizontes, amplamente diferentes do ponto de vista bíblico. E a “coisa” vai caminhando de mal a pior, recordando-nos das palavras do pastor José Roberto Oliveira Chagas: “Sacerdócio virou negócio, pastor virou gestor, igreja virou empresa, crente virou cliente e o VERBO virou verba”. Estão extinguindo do púlpito das Igrejas o verdadeiro evangelho de Cristo, que é renúncia de pecados, vida de santidade, obediência irrestrita à Palavra de Deus, enfim, ao invés de se corresponder à vontade divina, estão na contramão dela, porque a maldita distração tem ofuscado a visão espiritual de muitos.

São muitos os fatores negativos que sufocam a vida espiritual do crente, privando-o de uma genuína comunhão com o Senhor. Vejamos:

1 “À hora em que não penseis” – A Tormenta demasiada do secularismo. O Reino de Deus perdeu a primazia na vida cristã (Mt 6.33). O interesse pessoal tem alvoroçado corações que, outrora, foi morada do Rei da glória. A busca incansável pela promoção secular, status e tantas outras prerrogativas tão cobiçadas tornou-se o tema preponderante da sociedade pós-moderna. É extrema tolice desestimular alguém dos seus projetos futuros, porém, o que é mais degradante é deixar estas coisas desnortear a nossa fé do alvo principal: Jesus Cristo (Hb 12.2)!

2 “À hora em que não penseis” – O desejo desenfreado pelo lucro financeiro. A teologia da prosperidade virou  tema relevante nas comunidades de fé. A importância de uma vida devocional à luz da Palavra de Deus ficou entregue ao esquecimento, prevalecendo a ânsia pelo acúmulo de bens. Convém salientar que: 1) prosperidade não é evangelho bíblico, 2) não é doutrina bíblica, 3) não é sinônimo de riqueza (Pv 30.8,9) e sim um dos resultados da nossa obediência ao que ensina a Palavra do Senhor (Dt 28.1-14; Sl 1.1-3). Diante disso, fica claro uma realidade gritante nos dias de hoje: muita gente quer Jesus na causa, mas não quer Jesus na vida!

3 “À hora em que não penseis” – O comodismo religioso. A verdadeira piedade, o fervor espiritual e a abnegação deram lugar ao relativismo. O que era indignação contra o profano, agora é aceito no mais alto grau de normalidade, tolerando o erro e o mundanismo dentro da Igreja, maculando a sua identidade. É a Igreja adormecida, displicente, presa às distrações deste mundo, aos embaraços da vida, sem forças para caminhar, olhos obscurecidos, ouvidos cerrados e uma alma mórbida que perdeu a latente esperança da vinda do Senhor Jesus Cristo para arrebatar os que lhe esperam.
Como peregrinos, devemos viver neste mundo de modo que nada seduza o nosso coração do propósito de servir fielmente a Deus, pois, estamos aqui apenas de passagem (1 Co 15.19; Hb 13.14). Como noiva de Cristo, devemos preservar o firme compromisso de agradá-Lo em tudo, afinal de contas, o Filho do Homem certamente virá. Sigamos, pois, a orientação bíblica: “olhai, vigiai e orai” (Mc 13.33).