quarta-feira, 23 de abril de 2014

Violência ao Reino de Deus - Mateus 11.12

Os termos “violência”, “violação” e o verbo “violar” são correlatos e significam “desrespeito”, “abuso” ou mesmo “alterar a forma original de alguma coisa”. Os estudiosos da atualidade destacam vários tipos de violência, tais como: 1) Violência física – agressão sobre o corpo de uma pessoa de forma abusiva; 2) Violência Verbal – palavra ou expressão agravante que afeta ou desrespeita a índole de outrem; 3) Violência Doméstica – abuso ou forma de agressão entre membros de uma família; 4) Violência Social – abuso, agressão ou ato desrespeitoso à legitimidade social e moral, etc. Mas o que quer dizer as palavras “se faz violência ao Reino dos céus” (Mt 11.12)?

Em Mateus, lemos: “... se faz violência ao Reino dos céus, e pela força se apoderam dele” (Mt 11.12); em Lucas, diz assim: “... e todo homem emprega força para entrar nele” (Lc 16.16). Pelo que vemos, “violência” e “força” se associam neste contexto bíblico. No entanto, convém entender o que vem a ser este Reino. Para o apóstolo Paulo, ele é visto como sendo justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17); “no Espírito Santo” e não no sistema político pós-moderno, nem na sabedoria humana que especula o que é paz, mas não pode definir a verdadeira paz, uma vez que ela é o resultado da comunhão do homem com Deus, quando justificado (Rm 5.1) mediante a obra redentora de Jesus Cristo, o “Príncipe da Paz” (Is 9.6).
Tendo em vista a apostasia, o desdém à fé original em Cristo e nos Seus ensinamentos, a falta de amor entre os irmãos que dizem professar a fé cristã e tantos outros reveses que atacam a Igreja do Senhor Jesus tornando-a displicente na defesa da verdade, parece entrar em evidência nos nossos dias o que ocorreu com as dez virgens, que todas “tosquenejaram” e “adormeceram” (Mt 25.5), quando é tempo de despertamento e de vigilância, mais do que em qualquer outra época; ou seja, mais do que nunca, fazermos “violência” ao Reino de Deus.

São várias as condições para o pecador se tornar um cidadão deste Reino, como: arrependimento (Mt 4.17; Mc 1.15), submissão a Deus (Mt 7.21), a prática da verdadeira justiça (Mt 5.20), estes e outros fatores compõem uma vida regenerada (Jo 3.3-5). Sabedores de que este mundo cada vez mais se distancia do seu Criador, adotando um padrão de vida insensato, leviano e corruptível, fazer “violência” ao Reino de Deus é “ferir” o conceito mundano de vida, acatando os propósitos e benefícios estabelecidos por Deus. É uma luta na qual não se usa nenhuma arma, senão a disposição de sacrificar seus próprios desejos para entregar-se inteiramente a Deus (Rm 12.1). Fazer “violência” ao Reino de Deus é suplantar o nosso egoísmo, ou seja, renunciar o nosso próprio “eu”, o que se constitui um ato desafiador a nós mesmos, uma vez que a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito, contra a carne (Gl 5.17). 

Existem os ataques e os contra-ataques, uma batalha renhida; neste sentido, “fazer violência” corresponde à nossa ação consciente de passar por cima de tudo o que o mundo impõe para nos afastar da presença soberana de Deus e “empregar força” refere-se aos nossos constantes esforços de rejeitar, dia após dia, os deleites da vida, certo de que estas coisas não procedem do Pai, mas sim do mundo (1 Jo 2.16).

Fazer “violência” ao Reino de Deus é manter-se de pé ante o mundo caído nas garras do diabo. Vivemos a época em que leis e mais leis estão sendo formuladas contra a Igreja do Senhor Jesus; uma perseguição moral contra o povo de Deus, pelo menos aqui no Brasil, quando em outros países a situação já é mais severa. Para muitos cristãos, infelizmente, isso tem sido motivo de desespero e de desânimo. Tais pessoas não conhecem as Escrituras. Os homens com suas leis procuram “violar” a essência doutrinária da Igreja querendo nos conduzir para onde eles querem; fazer “violência” ao Reino de Deus é reagir contra esses infortúnios do diabo, conservando-nos na posição que o Senhor nos colocou, isto é, em harmonia com a Verdade, na defesa da Verdade e na preservação da Verdade. Os ataques contra o povo de Deus são violentos, mas nem por isso devemos baixar a guarda!  Os inimigos do evangelho prontamente pelejam, mas do povo de Deus é a vitória (Mt 16.18)!

Fazer “violência” ao Reino de Deus é abrir mão dos prazeres efêmeros do pecado tendo em vista os valores eternos que Deus nos reservou (Rm 8.18; 2 Co 4.18). Isso joga por terra qualquer ensinamento absurdo que diz que “é só tomar posse”, “é só determinar e vai acontecer” que a benção será garantida. Essas especulações não passam de um “evangelho barato” que não expõe aos seus ouvintes a necessidade de uma “tão grande salvação” (Hb 2.3). Em outras palavras, um “evangelho preguiçoso” onde tudo é fácil, onde as rosas são mostradas e os espinhos da vida são deixados de lado. Fazer “violência” ao Reino de Deus é crucificar a carne (Gl 5.24), é corresponder à vontade de Deus com nossas ações em servi-Lo conforme a Sua vontade, já revelada na Sua Palavra.

Diante da realidade incontestável da volta iminente do Senhor Jesus Cristo, devemos nos guardar em santidade, em vigilância (Mc 13.33) e aplicar todo o nosso esforço em não dar vazão à carne, mas, nos revestirmos da plenitude divina (Rm 13.14).

Ide! Pregai o Evangelho!

Mesmo com todos os meios que possam auxiliar na condução do pecador a Cristo, a pregação do santo Evangelho nunca deixará de ser o meio mais eficiente de dar ao homem a prova do amor de Deus, pronto a recebê-lo em Seu regaço de misericórdia. Qualquer coisa que substitua a pregação do Evangelho da salvação em Cristo constitui-se agravo aos princípios fundamentais das Escrituras Sagradas, pois vemos expressamente a ORDEM vinda dos céus quanto a esta missão, preconizada nestas palavras: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16.15).
Ao que parece, muitos reveses que vem acarretando a sociedade vem, ao mesmo tempo, levando o povo de Deus a desacreditarem na possibilidade de um pecador render-se aos pés do Senhor Jesus e, consequentemente, a deixarem de lado o dever de comunicar aos perdidos as boas novas da salvação. Com isto, o que é perigo para a sociedade, cada vez mais submersa na ignorância, também é perigo para a Igreja, cada vez mais negligente em anunciar aos pecadores a obra expiatória de Cristo na Cruz do Calvário.
É tarefa da Igreja pregar o evangelho! Não é opção! Deve pousar em nós a mesma convicção que houve nos tempos apostólicos: Não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido (At 4.20) e a mesma que houve em Davi: Não escondi a tua justiça dentro do meu coração; APREGOEI a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua benignidade e a tua verdade (Sl 40.10). A missão da Igreja no tocante à este grande imperativo possui duas grandes facetas:

1 – Existe a pregação como dom (vocação) e a pregação em caráter urgente revelando a ordem divina (evangelização). Há quem pense que a pregação deve sobressair apenas dos púlpitos das Igrejas, muito pelo contrário, à nossa volta, dentro da nossa própria casa, no trabalho, urge expor aos homens ao amor de Deus em Cristo, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9).

2 – O evangelho dever pregado em caráter denunciativo, isto é, confrontando o pecado que afasta do homem da presença de Deus com atrativos supérfluos que os levam a esquecer da realidade do inferno. O evangelho de Cristo, pregado na unção do Espírito Santo, é um golpe violento contra o pecado mostrando o destino a que o homem será levado se não der crédito a pregação (Rm 6.23). O evangelho deve ser pregado em caráter convidativo, ou seja, convencendo o ser humano sobre a imensurabilidade do amor de Deus (Jo 3.16), mostrando que a vida sem a graça de Deus não tem proveito algum. O próprio Jesus disse que veio CHAMAR os pecadores ao arrependimento (Mt 9.13). Neste mesmo espírito, devemos pregar o evangelho genuíno de Cristo de forma convidativa, a que os homens reconsidere seus atos tortuosos e se volte para o seu Criador.

3 – À semelhança dos discípulos de Jesus Cristo, devemos lançar a rede à direita do barco (Jo 21.6), em outras palavras, pregar o evangelho como ele deve ser pregado, pois, do lado esquerdo, está o relativismo que se tornou um atalho até mesmo para muitos cristãos que, aos poucos, desviam-se do Caminho, que é Cristo (Jo 14.6). Do lado esquerdo está as filosofias vãs, cujo conhecimento é impotente para levar o homem a Deus; no mesmo lado, as distrações deste mundo, incapazes de preencher as lacunas da vida humana. Devemos lançar a rede no lado direito, pregar a salvação em Cristo, a renúncia de pecados e a entrega total da vida a Deus, dentre outras coisas que caracterizam o verdadeiro evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

Não sejamos omissos no dever de pregar o Evangelho. É tarefa da Igreja e não deve ser deixada de lado. 

sábado, 12 de abril de 2014

A Doutrina do Amor

A doutrina bíblica do amor constitui-se um dos principais baluartes do cristianismo e, lamentavelmente, esquecida no púlpito das igrejas. Podemos definir o amor como o eixo central da vida cristã, o que vemos comprovado em 1 Coríntios 13. Contudo, o que percebemos são pessoas que professam a fé em Cristo com um modo de vida contrário aos princípios bíblicos.
Os grandes intérpretes da Bíblia sintetizam três tipos de amor: o amor agape, phileo e o amor eros. Vejamos, à luz das Escrituras, a definição desses três. 
1) O amor agape é apresentado nas Escrituras como  o amor de Deus, profundo, ardente, incomparável e sublime. É o amor com que Deus amou o mundo (Jo 3.16), com que Jesus amou os Seus (Jo 13.1) e com o qual o cristão corresponde a Deus através da observância aos seus mandamentos (Jo 14.21); o mesmo amor que Jesus requereu de Pedro (Jo 21.15) e, certamente, de todos quantos dizem servir ao Senhor de coração. 
O amor deve ser entendido, na sua essência, como um sentimento voluntário e predisposto e não algo obrigatório, ou seja, ninguém ama porque é obrigado a isso e sim porque tal sentimento é resultado da vontade própria de alguém. Assim, quando lemos que Deus amou o mundo (Jo 3.16), vemos no Deus Criador o anelo de aproximar de Si a criatura racional, isto é, o homem, uma vez distante da presença divina. Em momento algum encontramos na Sagradas Escrituras Deus obrigado a fazer alguma coisa em favor do homem, pelo contrário, o que move a potente mão do Senhor de forma graciosa sobre o mesmo é a Sua soberania e amor infinito. 
Escrevendo aos crentes em Corinto, o apóstolo Paulo diz: Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade [gr. Agape], estas três; mas a maior destas é a caridade [gr. Agape] (1 Co 13.13). Estas três coisas possuem algo em comum, como podemos ver: “Ora, a fé é... a prova das coisas que não se vêem” (Hb 11.1); “... a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos” (Rm 8.24,25); e, finalmente, o amor, uma coisa que também não se pode ver, não obstante, é uma realidade suprema que pode ser sentida qual vento que não é visto mas o percebemos através das suas obras. 
Interrogado por um Doutor da Lei acerca do grande mandamento, o Mestre Jesus lhe responde claramente: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22;37-40). Entendemos, aqui, o que o amor segue duas linhas: a vertical (“amarás o Senhor, teu Deus”) e a horizontal (“amarás o teu próximo”). Uma vez que Cristo não veio revogar a lei, mas cumprir (no original, “completar”) e que “desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”, Ele demonstrou isso por Si mesmo quando estava na Cruz do Calvário. Dela não fugiu por obediência e amor a Deus Pai e nela sofreu amargamente por amor ao pecador; Jesus, a maior personalidade da História! E o grande exemplo de alguém que amou a Deus e ao próximo até mesmo na dura cruz! 
A nascente Igreja do Senhor Jesus, nos seus primeiros anos, gozava de plena comunhão fraternal. Motivados por essa tal comunhão, realizavam, semanalmente, banquetes denominado “festa ágape” revelando, com isso, a convicção do amor profundo da parte de Deus entre Seus filhos e de uns para com os outros; a referência de Atos 2.42 dá ênfase a isto. 
O amor ágape, tendo sua origem em Deus, tem como objeto principal o homem, embora pecador e distante daquEle que o criou. Em algumas traduções, o termo em estudo vem substituído pela palavra “caridade” que é “o amor através das obras”. O amor de Deus está centralizado evidencialmente na obra da redenção feita por nosso Senhor Jesus Cristo. Outrossim, a maioria das vezes em que a palavra agape aparece nas Escrituras é no sentido verbal, ou seja, não basta um simples sentimento pois o amor genuíno provoca ação.  
2)Uma outra definição de amor está no termo grego phileo que denota “afeição por amigos ou parentes”. Quando o  Senhor Jesus interrogou a Pedro: “amas-me?” [gr. Agape], ele respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo” [gr. Phileo] (Jo 21.15), mostrando simplesmente um sentimento de amizade. Na terceira vez o Senhor usou o termo phileo, razão pela qual Pedro se entristeceu levando-o também a reconhecer a onisciência de seu Mestre (Jo 21.17). O termo “filantropia”, do original philanthropia que significa “amor pela humanidade” descrevendo um amor expresso de forma social pelo bem humano. Associado ao termo phileo encontramos o vocábulo philostorgos citado em Romanos 12.10 para designar “amor fratenal”.  
3)Um outro termo para amor é a palavra eros, daonde vem o nosso adjetivo “erótico” que diz respeito ao desejo sexual. Ele aparece de forma ampla e erudita na filosofia de Platão e, portanto, não aparece nas Escrituras, mas, reflete um desejo sexual lascivo e fortemente intenso neste sentido que assinalamos. 

Na teologia bíblica, o amor é retratado sob três pontos de vista: (1) o amor de Deus ao homem, (2) do homem a Deus e (3) do homem para com os seus semelhantes. Vejamos: 

O amor de Deus ao homem é visto através da Sua compaixão e benignidade; isso é demosntrado em larga escla no Livro dos Salmos, onde os salmistas reconhecem que o Senhor é bom e que “a sua benignidade é para sempre” (Sl 106.1); o fato de Deus conhecer a nossa estrutura e que somos pó (Sl 103.14) indica a misericórdia divina sobre a criatura humana decaída. O amor do Senhor com o homem se revela por meio destes e outros atributos morais, fazendo-nos preceber a Sua preocupação com os homens (Dt 33.3), motivo de admiração e regozijo (Sl 8.4,5). Aos patriarcas, Deus manifestou o Seu amor por meio de consideráveis promessas e especialmente na escolha de Israel, tendo com isso um amor eletivo (Dt 7.7,8), um zelo profundo (Dt 4.24b). Em um sentido amplo, Deus ama todos os homens e estende sobre eles a Sua benevolência (Sl 104.14; 136.25; Mt 5.45). Mas a maior resposta do amor de Deus ao homem é dada na encarnação do Verbo (Jo 1.14), onde o Filho de Deus Se tornou homem para que os homens se tornassem filhos de Deus (Jo 1.12,13; Rm 8.29; Hb 2.10-12)! 

O amor do homem a Deus abarca a totalidade da nossa vida em obediência a Ele: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Dt 6.5). Também se destaca na observação da Sua Lei que faz o homem afastar-se da impiedade (Sl 1.1,2) explicando-nos uma relação de amor e comunhão com o Senhor (Sl 73.28). Ainda na teologia bíblica, amar a Deus é também amar a Sua Palavra (Sl 119.97). No Novo Testamento, esse conceito é reforçado quando o Senhor Jesus nos diz: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14.15). João, o apóstolo amado, diz: “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é caridade” (1 Jo 4.8). Nestes e outros versículos encontramos uma relação de amor e obediência dando-nos a entender que “obedecer” ao Senhor ou “ouvir as Suas Palavras” é uma prova de quem verdadeiramente O ama (Jo 14.21,24; 1 Jo 5.3). 

O amor do homem para com os seus semelhantes e algo respaldado na lei mosaica (Lv 19.18), confirmado pelo sábio rei Salomão (Pv 25.21,22), e, principelmante, pelo Senhor Jesus (Mt 5.44-46). Sendo o amor a base do Cristianismo, quem não o pratica ainda está preso à falsa religiosidade, qual árvore sem fruto, odres sem vinho (Mt 9.17), etc. Não era do agrado do Senhor que Seu povo Israel se misturasse com as nações gentílicas, por outro lado, não deveriam oprimir o estrangeiro que viesse morar no meio deles (Êx 23.9) isso parece mostrar o propósito de Deus em que as nações seguissem o exemplo de Israel e nunca o contrário como infelizmente acxonteceu. Amar o próximo aparece na Lei de Moisés no sentido de não prestar falso testemunho contra ele (Êx 20.16), não agir de maneira ousada contra ele (Êx 21.14) e, junto com ele, prestar culto a Deus (Êx 12.4) dentre outras coisas que dizem respeito a “amar o próximo”. O salmista reconheceu a importância de amar o seu semelhante através de um tratamento ético e justo (Sl 15.1-3). Os apóstolos no Novo Concerto não deixaram de lado este santo preceito (Rm 12.9,10,14,15,17,20,21; 1 Pe 4.8; 1 Jo 2.9-11; 3.14-18).

A doutrina bíblica do amor deve ser resgatada no púlpito das Igrejas e reacender no coração dos que professam a fé no Senhor. Oremos a Deus para que o Seu amor seja como fogo inextinguível dentro de nós; sem amor, não há proveito algum em agradar a Deus e tudo não passará de uma crença rotineira e tediosa.

sábado, 5 de abril de 2014

"Segui a santificação SEM A QUAL ninguém verá o Senhor" - Hebreus 12.14

A Bíblia Sagrada, o livro das promessas, revela a condicionalidade das mesmas e o seu alcance advindo da nossa disposição em cumprir os ditames da Palavra de Deus. Cabe salientar que as promessas divinas vem contidas de exigências, as quais, expressam a vontade do Senhor para quem deseja conhecê-la profundamente. 
Ver a Deus é o anelo de todo aquele que se aparta do mal e de toda sorte de impureza para agradá-Lo fielmente (Mt 5.8; Jo 3.3-5; Hb 12.14). A essência de uma vida transformada é respaldada em toda a Bíblia (Rm 6.4; 2 Co 7.1; Gl 2.20; 5.24; 1 Jo 2.15-17). E corresponder à vontade divina com obediência é requisito de todo o que alega ser cidadão do Reino de Deus (Mt 7.21). 
A importância que o autor da carta aos Hebreus dá a santificação é enfatizada nos termos SEM A QUAL, mostrando a mesma como o imperativo divino na vida cristã (1 Pe 1.16). Com isso, entendemos que é impossível servir a Deus com os desejos carnais aflorados, uma vez que a Escritura ensina que eles devem estar mortificados, a fim de que a operação do Espírito seja uma constante em nossas vidas (Rm 6.1,2; 8.7-10). Devemos ter a mesma convicção do salmista: aborreço a duplicidade, mas amo a tua lei (Sl 119.113). A dupla personalidade, mecanizada pela hipocrisia, não convém ao que julga ser um autêntico servo do Senhor; a verdadeira santidade de vida é um convite para reprovarmos a invariáveis de satanás e revestirmos da plenitude divina (Rm 13.14). 
O termo SEM A QUAL revela a santificação como condição indispensável na vida cristã, pois, pelo pecado, o homem se afastou de Deus e pela santificação o homem se afasta de tudo o que pode levá-lo a pecar para se achegar a Deus. Ela é indispensável ao homem porque este foi criado sem pecado e, portanto, santo; entretanto, despojou-se da santidade de Deus lançando-se na iníqua sedução de um desejo violento e ao mesmo tempo passageiro (Gn 3.6; 1 Jo 2.16). 
O termo SEM A QUAL enfatiza a santificação como a base precípua para uma vida de comunhão com Deus. Acerca disso, a Escritura Sagrada diz: ... e que comunhão tem a luz com as trevas e que concórdia há entre Cristo e belial? (2 Co 6.14,15). A comunhão com Deus não é apenas orar, como muitos pensam erradamente, pelo contrário, é sujeitar-se à vontade do Senhor contendo em nós a Sua imagem e expandindo a luz da glória de Deus em nossas vidas (Fp 2.15). Só um cristão verdadeiramente santo poderá trilhar de forma controversa a este mundo (Rm 12.2). A santidade de vida entra em choque com o sistema relativista que, infelizmente, tem se tornado um manjar desejável para muitos cristãos que se entregam facilmente às novidades que o mundo oferece andando por diversos atalhos da vida e afastando-se de Cristo, o Único e Verdadeiro Caminho (Jo 14.6). 
O termo SEM A QUAL define a santificação como um fator intrínseco que deve conter a totalidade da nossa vida a Deus (ver 1 Ts 5.23). Não existe cristianismo parcial, pois, se assim fosse, Cristo não teria dito para os Seus discípulos negarem a si mesmos (Mc 8.34). Quando o nosso eu se torna vítima dos desejos desenfreados do pecado, todo o nosso ser caminha para esse fim; no processo da santificação não é diferente. O nosso eu encontra-se subjugado pela vontade de aproximar-se de Deus. A maior prova nas Escrituras Sagradas, dentre muitas, de uma vida submissa ao Senhor de maneira absoluta é quando somos considerados o templo de Deus (1 Co 3.16) e, como tal, o lugar da habitação do Espírito Santo, também chamado de Espírito de santificação (Rm 1.4). 
O termo SEM A QUAL, por mostrar a santidade de vida como algo de importantíssima conotação, também nos leva a um sublime propósito: a unidade em Deus: E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, O és em mim, e eu, em ti... (Jo 17.19,21). O próprio Jesus Se santificou destinando-Se, sem reservas, a fazer a vontade do Pai ao dar Sua vida na cruz pelos pecados da humanidade (Fp 2.7,8). Tendo em vista este grande exemplo, entendemos que a santificação é coisa exclusiva para quem deseja mortificar as obras da carne para desfrutar de uma vida com Deus em Cristo. 
O termo SEM A QUAL mostra que a santificação é o ponto de conexão entre o cristão e a esperança da glória vindoura a ser revelada em nós. Trata-se de uma fé e de uma esperança escatológica. Para tanto, não basta a santidade somente no ato da rendição a Cristo, ela deve ser de caráter progressivo. Deus não só iniciou a obra da criação como também a concluiu (Gn 1.1; 2.1,2); Jesus não só suportou a agonia no Getsêmani como foi até o fim, isto é, preso à cruz e nela morrendo consumando a obra que o Pai Lhe confiou (Jo 17.4;19.30). O propósito de Deus não é só começar a boa obra, mas sim aperfeiçoá-la (Fp 1.6). Com relação a vida cristã santificada não é diferente; devemos aperfeiçoar a santificação (2 Co 7.1) em nossas vidas sob o temor do Senhor.  
Os princípios do santo evangelho de Cristo não devem ser deixados de lado. Certos da vinda iminente de nosso Senhor, devemos nos portar com vigilância e observando a nossa conduta harmonizando-a criteriosamente com a Sã Doutrina.