"Abre bem a tua boca e ta encherei" (Salmos 81.10b)
Quem vê um pregador ministrando a Palavra no púlpito, pregando de forma ordeira, com sabedoria e poder do Alto, muitas vezes não imagina o cuidado que ele teve no seu secreto em preparar o seu sermão. Infelizmente, esse assunto ainda é controverso entre muitos dentro da Comunidade Evangélica em geral. Dois extremos são vistos com relação a isso:
Primeiro, os que mostram preconceito com o pregador que faz anotações do esboço que vai pregar. Para este grupo, não precisa estudar, é somente orar que Deus dá a mensagem pronta e está tudo bem. Para os mesmos, pregador que faz uso das anotações é inseguro na mensagem, sem direção e, consequentemente, é frio e apático.
Segundo, os que vivem em função dos esboços anotados como se eles fossem o suficiente no ato da pregação. Vamos lá, quem tem preconceito com pregador que faz uso de esboços defende que o tal tem que ser "ungido", "fervoroso" e "cheio de poder". Quem se apoia exageradamente nos esboços defende que tem que haver preparo e embasamento bíblico necessário. Que tal deixar os atritos e unir o melhor destes extremos: a espiritualidade e a técnica da preparação do sermão?
Mas, aí vem outro problema: os que acreditam que a técnica "retira a espiritualidade e o fervor do pregador". Será? É certo que não. É perfeitamente possível unir a técnica, a erudição, o conhecimento ao fervor espiritual e viver na dependência do Espírito Santo. Uma coisa não atrapalha a outra.
Deve-se, sim, o pregador ter preparo, estudar, buscar aparatos bíblicos, teológicos, históricos para dar suporte ao seu sermão. É evidente que tal cuidado NUNCA o impedirá de orar, buscar a Deus e viver na intimidade com o Espírito Santo. Mais do que palavras, um sermão bem preparado, regado na oração e na sensibilidade do Espírito, produzirá vida e grande edificação na vida de seus ouvintes.
Há quem se baseie no versículo bíblico citado acima: "Abre bem a tua boca, e ta encherei". Dois erros que os que se dizem "espirituais" cometem aqui: 1) usar a própria Bíblia como desculpa para não elaborar um sermão com responsabilidade; 2) isolar um texto de seu contexto principal sem entender o devido significado. A passagem bíblica em apreço, quando lida em conjunto com o restante do Salmo, fala de provisão, do cuidado divino em abençoar o Seu povo, caso este obedecesse ao Senhor. Nada mais que isso.
Pregador, estude e ore! Ore e estude! Anote, escreva, faça seus rascunhos, mas nunca dependa inteiramente disso! Do quarto ao púlpito, é Deus e o pregador. Do púlpito ao ouvido, é Deus e o ouvinte!
Em Cristo,
Ev Clenio Daniel