Este é um dos assuntos de grande polêmica no meio evangélico; muitos, devido a falta de entendimento bíblico, se escandalizam, e outros põem a sua própria fé em questão acerca de determinados fatos que chamam grandemente a nossa atenção, referente à salvação do pecador, àqueles que morreram sem ao menos ouvir o Evangelho da salvação em Cristo. Assunto esse discutido sob o ponto de vista de que Deus é obrigado a salvar o homem, enquanto que a Escritura Sagrada não respalda essa premissa. Alguns vão longe demais ao afirmarem que Deus predestinou "alguns" para a salvação e "outros" para a perdição; também, uma aberração grotesca que tenta forçar versículos da Bíblia a um significado que não existe ali. É necessário uma análise passo-a-passo sobre este assunto, argumentando-o à luz da Sã Doutrina.
Uma grande falha de muitos cristãos é exatamente o fato de creem em Deus de acordo com a sua percepção enclausurada num conceito isolado e completamente distante da revelação bíblica. Em outras palavras, queremos aceitar a Deus partindo do falso princípio de que Ele "pode" fazer isso, mas "não pode" fazer aquilo, adaptando a Divindade à nossa pobre maneira de pensar. Com isso, afirmamos que Deus é amor, é misericordioso, é justo, contudo, um atributo divino que foge à nossa mentalidade é a Sua soberania. Deus é um Ser Soberano, Supremo, Majestoso, que faz o que bem Lhe parecer e, independente do que pensamos ou achamos a Seu respeito e do que Ele faz, Ele é Deus imutável, o Eterno. Creio ser este um dos fatores que sempre devemos ter em mente: a Sua soberania, a Sua justiça absoluta; tudo o que Ele faz é sempre certo e verdadeiro e não deve explicações a homem algum (Dn 4.35).
No tocante à salvação, não é diferente. Em João 3.16 encontramos dois verbos que provam que Deus não tem obrigação de salvar o homem. Os verbos "amou" e "deu", expressam voluntariedade e não obrigatoriedade. Sendo Ele Deus e não tendo ninguém maior do que Ele, não amou porque Se sentiu pressionado pelos pecados da humanidade e movido por uma "culpa" de ver os homens destinados à condenação. Como já dissemos, a Sua justiça é absoluta; ainda que Ele destinasse a humanidade inteira ao Inferno em razão de suas iniquidades, isso não anularia a Sua justiça pois foi o homem quem violou os propósitos de Deus traçados para sua vida. A verdade é que Ele "amou" e sobre a profundidade desse amor não cabe especulação nenhuma.
Em Efésios 2.8 lemos: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé...". Primeiro pela graça, o favor imerecido de Deus. Aqui, o Senhor nos mostra a Sua bondade e longanimidade. A graça divina pode ser comparada a uma ponte sobre um grande abismo aonde o homem, podendo cair neste abismo profundo, recebe o livramento de Deus para a salvação, manifesto no Seu Favor indizível. Primeiro pela graça provando que somente Deus é quem pode dar ao homem a dádiva da salvação. Não existe nada nesta dádiva tão gloriosa em que o homem seja um "contribuinte secundário" com suas obras. A salvação é exclusivamente de Deus cabendo ao homem correspondê-la "por meio da fé".
Mais uma vez a Escritura Sagrada diz: "e Ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 Jo 2.2). "Propiciação" quer dizer "propício", "favorável". De acordo com os grandes eruditos da Bíblia, o termo sugere a ideia de aplacar a ira de alguém que tem toda a razão de punir o transgressor. Neste caso, aplica-se a Deus que, tendo todo o direito de punir o homem pelos seus pecados (ver Rm 1.18), resolve mostrar Sua benevolência e misericórdia sem igual. Um estudo bastante aclarado destes termos nos leva a conclusão de que Deus não possui obrigação alguma de salvar o homem. O que vemos revelado aqui é um ato de amor que extrapola o entendimento humano (Rm 5.8). Ou seja, Deus nos amou "de tal maneira".
A pergunta de muitos é sobre as muitas e antigas civilizações que nem sequer ouviram a mensagem do Evangelho genuíno de Cristo. Haverá salvação para eles no Juízo Final? Em primeiro lugar, o caminho da salvação é Cristo (Jo 14.6; At 4.12; 1 Tm 2.5,6). Em segundo lugar, foi o homem quem agiu na contramão daquilo que Deus havia lhe direcionado (Rm 3.23) e, finalmente, não há nas Escrituras indício de uma oportunidade de salvação após a morte (Hb 9.27). Portanto, o nosso dever é reconhecer a soberania absoluta de Deus sobre tudo e sobre todos.
Não devemos nos prender em questionamentos inúteis que não contribuem para a nossa edificação, pelo contrário, devemos ser gratos a Deus porque aprouve a Ele conceder-nos "uma tão grande salvação" (Hb 2.3), consumada através de um alto preço, preço de sangue (Ap 5.9)! O sangue daquEle que, voluntariamente, se entregou por nós na cruz, a saber, Jesus Cristo! Aleluia!
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