sexta-feira, 17 de junho de 2016

A Premente necessidade de sermões expositivos nas Igrejas

Desejaria ouvir os sermões de C. H. Spurgeon, queria estar na multidão que se reunia para ouvir as fervorosas pregações evangelísticas de D. L. Moody; e o que dizer de George Whitifield, o pregador dos cultos ao ar livre? Sem dúvida, eram sermões ungidos com poder do Alto, carregado de conhecimento embasado nas Escrituras Sagradas. A forma de expor os oráculos sagrados, o cuidado com que se transmitia a poderosa mensagem do Evangelho causava nos ouvintes marcas profundas, provando que era pregada a Palavra de Deus, "viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes..." (Hb 4.12). Não precisamos ir tão longe. Em nosso abençoado solo pátrio Deus levantou homens que deixaram grandes referenciais no tocante à pregação expositiva. Por exemplo, o Pastor e Doutor Eliseu Feitosa de Alencar era conhecido entre as Assembleias de Deus na década de 60 e 70 como um de seus mais talentosos e eloquentes pregadores, dono de um vasto conhecimento bíblico e uma agradável maneira de se comunicar que arrebatava multidões. Não foi debalde que, ao pregar em países da Europa, como na Suécia, foi chamado pela imprensa deste país como o TROVÃO BRASILEIRO. Retrocedendo um pouco no tempo, encontraremos o Pastor Amaro Celestino, no Pernambuco. Sua eloquência, dinamismo, e impressionante oratória fez com que se distinguisse entre os obreiros das Assembleias de Deus no Pernambuco. Não obstante o preconceito dos tradicionais em relação aos pentecostais, que se aflorava naquele tempo, isso não foi barreira para que este pregador pernambucano pregasse em várias igrejas denominacionais, tamanha a oratória e a forma cuidadosa de EXPOR as verdades bíblicas ao povo de Deus. São exemplos, valores, marcos fundamentais que dão realce à importância da pregação expositiva, não ultrapassada, mas de grande valor. 

As circunstâncias nos dias atuais em nossas Igrejas nos obrigam a crer que o descrédito à pregação do Evangelho verdadeiro, o desprazer em ouvir a instrução bíblica que fortaleça a sua estrutura espiritual são destaques bem visíveis e assustadores. A forma como vem sendo transmitida a Palavra "de Deus" em nossos dias mostra a falta de confiança na veracidade das Escrituras, como se ela não fosse o "poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16). Logo, se falta confiança, falta compromisso mostrando, com isso, um enorme descompasso entre a vida do pregador e  o que ensina a Escritura Sagrada. O que vemos hoje? Uma preocupação com a reação imediata na hora em que o pregador, "cheio da unção", "libera uma palavra profética" esperando a euforia do povo que lhe ouve. Com isso, fica uma coisa mecânica, do tipo: "se eu prego, você tem que dá glória; se eu pregar e tu não dé glória, 'tu' tá desviado". Não há aquela preocupação em que o ouvinte aprenda a Palavra de Deus, falta a sensibilidade no que diz respeito a uma reflexão de quem ouve a prédica. Por isso, digo, deveríamos nos preocupar em levar ao Povo de Deus mensagens expositivas que venham aclarar as verdades bíblicas no afã de edificar o povo de Deus, causando uma profunda impressão. Com razão disse A. T. Robertson: "Umas das provas de que a Bíblia é a Palavra de Deus é que ela tem resistido a pregações muito ruins". E é verdade. Pessoas saem dos cultos decepcionadas não com a Bíblia, mas, com o arauto, o pregador. Resumindo, o que vemos é apenas migalhas de pão e não o PÃO propriamente dito! Chave de carro pra um lado, casa pro outro, "receba a tua vitória", "Deus vai te exaltar e teu inimigo vai se prostrar aos teus pés te pedindo perdão" e por aí vai. Mensagens como estas estimula no ouvinte uma expectativa fadada a uma inesperada frustração. Glorificam, gritam, levantam as mãos, mas a pergunta é: como estão as suas almas?


Aprendamos com o Mestre Jesus. O Senhor Jesus Cristo é o maior exemplo de um expositor das Escrituras Sagradas. Ele não esperava a data de um "congresso" para apresentar um sermão pomposo e elegante, pelo contrário, Ele aguardava a oportunidade de colocar o homem perante Deus através da prédica centralizada na Palavra de Deus. Ele ensinava "com autoridade" (Mt 7.29), deixando Seus ouvintes admirados da Sua Doutrina (Mt 7.28). Lá está o Divino Mestre em João capítulo 3 expondo uma mensagem poderosíssima para uma pessoa só: Nicodemos. Adiante, no mesmo capítulo, um sermão "tremendo e ungido", também pra uma pessoa só: a mulher samaritana. Agora, imaginemos aqueles dois discípulos no caminho de Emaús, andando e conversando quando, de repente, o próprio Jesus se aproxima deles e participa daquele diálogo. Diz a Bíblia que o coração daqueles homens ardiam ao ouvirem Jesus falar (Lc 24.32). Qual a razão? (1) O Senhor Jesus fez uma exposição daqueles acontecimentos com base na Palavra de Deus. O que ouvimos em nossas Igrejas? Mensagens desprovidas de base bíblica, além do mais, sem harmonia com o texto sagrado, pregando versículos isolados sem obedecer o contexto e sem a luz do Espírito Santo. Uma mensagem só pode causar impacto profundo se ela for bibliocêntrica, partindo do princípio de que a pregação, ainda mais expositiva, é Deus encontrando-se com o pecador na instrumentalidade do pregador regenerado.

(2) Seus corações ardiam porque a mensagem tinha um alvo:  o coração daqueles dois discípulos! O grande expositor dos oráculos sagrados, o Senhor Jesus, tinha propósito em sua exposição e esta, por sua vez, tinha endereço: o coração do homem! Há quem pregue em nossos dias "atirando para todas as direções" esperando somente a glorificação do ouvinte. Fica chato perguntar deste se realmente ele está entendendo a mensagem; nem o pregador sabe o que estar pregando e nem para quem estar pregando!

(3) Seus corações ardiam porque a mensagem expositora do Filho de Deus obedecia ao tema das Escrituras: "... explicava-lhes o que dele se achava..." (Lc 24.27). Qual o tema central da Bíblia? O Senhor Jesus e Sua obra de redenção (ver Jo 3.16). As pregações de hoje obedecem ao que dizem as Escrituras? Nossos púlpitos sobejam de mensagens extrabíblicas, "revelamento", pregações que tem como base as experiências individuais de quem prega, tomando elas como base para interpretar a Bíblia quando deveria ser o contrário. A Palavra de Deus é a base precípua, a nossa única fonte confiável e nada mais além dela. Não há mais aquele ardor profundo nos corações, mas apenas cócegas na alma pois o que ouvimos são mensagens superficialistas e não embasada na Palavra de Deus que faça o pecador confrontar-se com sua realidade pecaminosa, desejando um encontro com Deus.

(4) Seus corações ardiam porque o Expositor Jesus falava com fidelidade ao texto sagrado: "... explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Tal como falava a Escritura, assim falava o Expositor, Jesus de Nazaré. Muitos hoje usam da prédica para se autopromoverem, subornar, ludibriar os ouvintes com mensagens sem a essência do Evangelho e do Espírito Santo. Paulo diz que o Evangelho "é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16). Para salvação e não para bajulação de quem prega, autopromoção, vanglória e coisa do tipo.

(5) Seus corações ardiam porque era Jesus quem falava com eles! Quando pregamos, as pessoas sentem Deus ou é nada mais que um pregador exaltado subindo no altar para mostrar mais a si mesmo do que a Deus? A sua preocupação é realmente deixar o Senhor falar aos corações ou apenas se auto-apresentar? A pregação é o canal por onde o Senhor deseja falar ao pecador necessitado de salvação, ao cristão necessitado de consolação, à Igreja necessitando de renovo, enfim, é o Senhor indo de encontro à NECESSIDADE das pessoas, tendo, por fim, a glorificação do Seu Nome.

Desperta, Senhor, nossos pregadores! Resgata a verdadeira pregação enfocada nas Escrituras e que o Teu Povo tenha sede de te conhecer por meio da Tua Palavra! Desperta, ó Deus!

terça-feira, 3 de maio de 2016

O Evangelho da Mudança - Efésios 2.1-3

Estamos vivendo tempos em que se prega nas comunidades de fé um evangelho mesclado com os valores mundanos. Vemos se cumprir fielmente os que os escritores neo-testamentários como o apóstolo Paulo havia predito pelo Espírito Santo em que muitos "desviarão os ouvidos da verdade" (2 Tm 4.4). De igual modo o apóstolo Pedro: "E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição" (2 Pe 2.1). Se levarmos em conta o pensamento de muitos ensinadores de hoje em dia, porque Pedro não "profetizou palavras de vitória" no lugar de dizer: "HAVERÁ também falsos doutores"? Porque vemos registrada a verdade em que muitos perderiam a sensibilidade ao Espírito Santo não obedecendo a Sã Doutrina. O que estes apóstolos e muitos outros escritores falaram era a VERDADE, que surgiria falsos ensinadores negando a eficácia do Evangelho apresentando "atalhos", ou seja, meios fáceis de levar a Cristo sem arrependimento, renúncia de pecado, obediência à Palavra de Deus e santidade de vida. 
O Evangelho de Cristo enfatiza mudança radical. A prova disso é quando Paulo usa os termos "noutro tempo" (Ef 2.2), indicando diferença de estado contrastando a vida passada SEM Deus e a vida presente COM Deus. "Noutro tempo" vivíamos sem Deus, escravizados pelo pecado, com os entendimentos obscurecidos para não ver "a Luz do Evangelho da glória de Cristo" (2 Co 4.4). Agora, com os olhos abertos (At 26.18), vivendo intensamente a vida no Espírito, mortos para o pecado e vivos para o Senhor que nos amou e nos resgatou. O Apóstolo Paulo prossegue: "Noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo" (Ef 2.2). "Curso", "ritmo", "desenrolar". Muitos querem servir a Deus ainda de acordo com os embalos desta vida, sem desapegar dos seus atrativos, aos olhos de Deus, levianos e que não acrescenta nada à nossa fé com Deus. É impossível servir a Deus com fidelidade tendo o nosso coração ligado ao mundo que não ama a Deus e aborrece a Sua Palavra. Infelizmente, a mensagem do "não tem nada a ver" tem predominado nossas Igrejas agradando aos ouvidos de muitos, mas desagradando ao Espírito Santo da verdade (Jo 14.17; 16.13). 
Não para por aí. Ainda o apóstolo prossegue dizendo: "... nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne" (Ef 2.3). Duas palavras aqui merecem a nossa atenção: "Antes" e "andávamos". O primeiro termo é uma referência ao tempo passado, ao nosso passado de ignorância, distante de Deus. Mas quando foi isso? A resposta é: ANTES! O segundo termo aponta para as nossas atitudes afloradas pelos desejos da nossa carne, nocivos à nós mesmos, pois nos encaminhava para a perdição. Quem diz servir a Deus com os desejos carnais ativos, as paixões antigas ainda presentes em seu dia-a-dia precisa passar pela verdadeira conversão a Cristo. O tal ainda não nasceu de novo. Vejamos o que a Escritura nos diz: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do nosso entendimento" (Rm 12.2). De acordo com os grandes intérpretes da Bíblia, o verbo "transformai-vos" está na voz passiva e por voz passiva entende-se o sujeito recebendo a ação a ser realizada. Literalmente, podemos ler: "Deixai-vos ser transformados". Quem diz servir a Deus com atitudes incondizentes com a Sua vontade é sinal de que não recebeu em sua vida a ação transformadora e santificadora do Espírito Santo. O Evangelho de Cristo é o Evangelho de mudança! É o poder de Deus "para salvação" (Rm 1.16). Quantos ainda não salvos dentro da Casa de Deus! O mundo ainda fala mais alto dentro dos seus corações! 
Os tempos são modernos, mas a Palavra de Deus é tão operante em nossos dias como foi no passado. É a Palavra de Deus e não dos homens. É a Palavra Eterna e não passageira. É a Palavra viva (Hb 4.12) e não morta; é eficaz e não falível (Is 55.10,11; Hb 4.12). Ou servimos a Deus com nossas vidas inteiramente entregue a Ele ou O rejeitamos e abraçamos o mundo com suas iniquidades que abominam a Deus e despreza a Sua santidade e Sua justiça.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Hoje veio salvação

A história de Zaqueu e o seu encontro com o Senhor Jesus revela a importância da salvação em Cristo oferecida a todos os homens (Tt 2.11). É com razão que o escritor da Carta aos Hebreus a chama de "tão grande salvação" (Hb 2.3). E por ser grande, deve ser apontada ao pecador como como dádiva de Deus e prova do Seu irrefutável e indizível amor (Jo 3.16). 
Vejamos o que a Escritura nos diz. Zaqueu procurava VER quem era Jesus (Lc 19.3). Certamente ele já tinha ouvido falar sobre o Messias, que viria redimir a Israel e por ser ele israelita também tinha essa esperança (ver Lc 2.38). Ele desejava conhecer de perto aquEle de quem tanto lhe falavam. A maior personalidade da História alvoroçou naquele coração a necessidade de um encontro pessoal. A simplicidade daquele Homem tocou o mais íntimo do ser, pois ali estava a Palavra Viva e personificada de Deus que penetrou-Lhe o mais íntimo da sua alma (ver Hb 4.12). Será este o anseio de muitos pecadores ao entrarem em nossas Igrejas? Será esta a necessidade latente que assola seus mórbidos corações em busca da salvação que só Cristo pode oferecer? 
O Senhor Jesus, tendo entrado em casa de Zaqueu, vendo a disposição com que este homem resolveu dar aos pobres metade dos seus bens e restituir quadruplicado aquele a quem havia defraudado (Lc 19.8), fez que o Divino Mestre dissesse: "Hoje veio a salvação a esta casa" (Lc 19.9). Quando chegou? A resposta é: "HOJE". O Hoje é o tempo presente. A realidade vivida. A experiência a desenrolar. O fato desencadeado. O Hoje é uma realidade diferente do ontem. O Hoje é a oportunidade concebida. "Durante o tempo que se chama Hoje" (Hb 3.13), "agora" (2 Co 6.2). Ou seja, a salvação em Cristo é revelada como dádiva indispensável a ponto de considerarmos extrema tolice o homem rejeitá-la. 
Vejamos a mensagem de Jesus: "Hoje veio a salvação a esta casa". Não foi um carro zero km na garagem, não foi um dinheiro "gordo" na conta bancária, não foi uma bela casa, foi a salvação! A salvação que só em Cristo o homem pode encontrá-la (Jo 14.6; 1 Tm 2.5)! É raro em nossos dias mensagens como estas! Porque não fazem os crentes pularem, não enriquecem as agendas de convites e não fazem o pregador ficar "na boca do povo", isto é, afamado, elogiado e bem conceituado. Mas, em nossos dias, mais do que nunca, se carece de mensagens assim: que faça o pecador confrontar-se com sua realidade pecaminosa, olhando para o Calvário aonde o Filho de Deus, "santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus" (Hb 7.26), se entregou por nós sendo a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2.2). Isto sim é uma mensagem bibliocêntrica e Cristocêntrica! Vai de encontro com a necessidade do pecador, apelando-o para que venha a Cristo, o Salvador, o Redentor, o Filho de Deus e o Mestre por Excelência. 
Nossa oração é para que se resgate nos púlpitos de nossas Igrejas  mensagens de salvação, um compromisso genuíno com o Evangelho de Cristo. Deus vos abençoe.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Entendendo a oração-modelo ensinada por Jesus Cristo

Em Mateus 6.9-13 temos a famosa, conhecidíssima e preciosíssima oração ensinada por nosso Senhor Jesus Cristo, a qual , não se esgota em fornecer lições valiosas para o povo de Deus, inclusive para aqueles que desejam uma vida de amplas experiências com o Eterno. Paira no meio evangélico um conceito erradíssimo sobre oração, um mau entendido exacerbado sobre esta ferramenta de valor de que tanto nos fala as Escrituras Sagradas. Começando pelo fato de que a oração é elucidada com muita propriedade nas Páginas Sagradas (Mt 7.7,8; Rm 12.12; 1 Ts 5.17; Jd 20,21), é lamentável como muitos se portem com negligência em relação a oração. Aprendamos com o Mestre Jesus.  

O Divino Mestre começa a oração usando a expressão "Pai nosso". O Criador de todas as coisas, o Deus Todo-Poderoso, o Eterno, o Altíssimo, o grande Jeová, o "Deus dos espíritos de toda carne" (Nm 16.22) aparece aqui como "Pai". Com isso, Jesus nos ensina que a oração deve ser vista como um relacionamento nosso com o Deus vivo, o Qual se mostra como o Pai compassivo, pronto para atender a nossa petição. No Antigo Testamento, esse mesmo Pai assim diz: "clama a mim" (Jr 33.3), no Novo Testamento, nos dirigimos a Ele chamando-lhe "Pai", correspondendo-Lhe numa forma de um relacionamento vívido e eficaz entre um filho e o Pai celestial. 

Em seguida, vem a frase "Que estás nos céus". A oração é o homem reconhecendo sua insignificância em vista da sublimidade e majestade de Deus. Também a frase expressa uma fé viva em Deus. Por exemplo, quando Daniel disse: "Mas há um Deus nos céus..." (Dn 2.28), expressava sua fé no Senhor Deus. Nunca fomos ao céu da habitação de Deus, mas sabemos que há um grande Deus assentado no Seu trono e baseado nesta fé viva é que nos achegamos a Ele (Hb 11.6). Ao lermos "santificado seja o teu nome", Jesus nos ensina a demonstrar um reverente temor ao Pai, visto que o nome, no contexto bíblico expressa a natureza e o caráter da pessoa. em Deuteronômio 12.5 lemos que Deus escolheria um lugar para ali pôr "o Seu Nome", isto é, Ele estaria presente, portanto, aquela casa seria chamada pelo Seu Nome. "Santificado seja o teu Nome" é a expressão do cristão que reverencia a santidade de Deus não somente com palavras mas principalmente através de uma vida resignada. 

"Venha o Teu Reino". Os grandes eruditos da Bíblia viram nesta frase um vislumbre escatológico. É a oração de alguém inconformado com a injustiça, a corrupção e todo o tipo de mazela que permeia o reino dos homens, desejando ardente e esperançosamente que o Senhor Deus intervenha com o Seu Reino Justo. "Seja feita a Tua vontade" é um detalhe que todo cristão deve observar. Muitos acham que oração é imprensar Deus "na parede" e forçá-Lo a dar o que pedimos. Alguns até oram da seguinte forma: Senhor, se Tu cumprires com a Tua parte, eu cumpro com a minha. Um grande absurdo. Oração não é negócio, não é barganha e nem tampouco acordo comercial; como já foi dito, é um relacionamento vívido com o Pai Eterno. E como o filho nunca está acima do pai, assim nós nunca podemos estar acima do nosso Deus, visto que o que intentou fazer isto foi lançado dos céus abaixo: Satanás (Is 14.12-14)! Aqui, não é o homem pedindo para fazer a sua vontade, mas, ele apela para vontade de Deus! 

"Tanto na terra como no céu". Nesta frase, a terra é mencionada primeiro do que o céu, indicando uma premência, uma latente necessidade de que a vontade de Deus seja feita entre os homens que O ignoram  e rejeitam-No na sua loucura (ver Sl 14.1). Aqui, o humano entra na esfera divina para conhecê-la experimentalmente. 

"O pão nosso de cada dia dá-nos hoje". Depois de um devocional com Deus, é que vem a necessidade diária apresentada a Ele, sendo-Lhe dirigida uma clara petição: "dá-nos". AquEle que disse: "Nem só de pão viverá o homem" (Mt 4.4; ver Dt 8.3), coloca em segundo plano a valorização das nossas necessidades do dia-a-dia. Uma oração isenta de vaidade e de individualismo. Ao lermos "Perdoa-nos as nossas dívidas", percebemos o quanto que a nossa oração deve estar conformada à vontade de Deus, 1) a oração inclui a essência do perdão partindo do princípio de que devemos ter a inclinação de perdoar assim como desejamos ter o perdão divino. 2) "Assim como nós perdoamos" reflete a ação humana em liberar perdão ao endividado tal como Deus liberou sobre nós o Seu perdão, "havendo riscado a cédula que era contra nós" (Cl 2.14), ou seja, extirpou a dívida que tínhamos por causa do pecado através do sangue de Seu Filho Jesus Cristo. Aleluia! 

"E não nos induzas à tentação". O perigo de sermos apanhados em nossas fraquezas em uma tentação é algo que todos nós devemos ter em  mente (1 Co 10.12; Tg 1.14). Observemos que não temos nesta oração nenhum pedido individualista, que gira em torno dos nossos interesses egoístas e não da glorificação a Deus, pelo contrário, temos aqui o cristão reconhecendo sua insuficiência recorrendo àquEle que "pode socorrer aos que são tentados" (Hb 2.18; 4.15,16). "Mas livra-nos do mal" é a oração suplicando proteção de tudo o que pode macular, comprometer, denegrir a imagem de Cristo em nós. Também uma referência a perigos aos quais estamos vulneráveis, pedindo,  por isso, para que Ele nos guarde. Há em nós uma tendência de inclinarmos ao mal, de cair no mal em decorrência de nossas ações precipitadas, por esta causa, pedimos: "livra-nos"! 

"Porque Teu é o Reino, e o poder e a glória para sempre amém". O pronome possessivo "Teu" revela a singularidade do nosso Deus em relação a qualquer outro ser que possa existir. Reinos se levantam e se abatem, reduzindo-se ao pó, mas o cristão, quando diz: "Teu é o Reino", tributa a Deus a soberania, a grandeza e a excelência em tudo. "E o poder" mostra que Deus é quem sustém todas as coisas e de todas as coisas tem o controle (Dt 32.39; ver Jó 12.13-25; Sl 75.6,7). "E a glória" revela que Ele é verdadeiramente digno. Aquilo que só a Ele pertence não é conferido a mais ninguém. Temos aqui a singularidade e a incomparabilidade de Deus. A oração começa e termina enaltecendo a Deus em Sua grandeza, sendo visto como o Deus eterno e eternamente Deus (Ex 3.13,14). 

Alguém já disse que a oração é o veículo que nos leva a Deus. Olhando para este modelo de oração deixado por nosso Senhor Jesus Cristo façamos uma análise: será que nossas orações seguem este padrão bíblico? Muitas vezes não alcançamos resposta do que pedimos pelo fato de nossas orações não estarem de acordo com os ditames bíblicos. Percebemos nesta oração-modelo que oração não é fazer a vontade do homem no Céu e sim a vontade de Deus na terra. Sob esse prisma é que teremos uma vida de oração eficaz abundando em grandes experiências para glória de Deus e para aumento da nossa fé.

sábado, 29 de agosto de 2015

ACHEI A DAVI (POESIA)

“Enche o teu vaso e vem!”
Disse o Senhor a Samuel;
Pois neste tempo a mim convém
Ungir um Rei em Israel

A Saul eu rejeitei,
Não usando de compaixão,
Por mim mesmo eu jurei:
Eleger pra mim um rei
Conforme o meu coração

O profeta, obediente,
À voz do Deus Jeová,
Seguiu caminho À frente,
Sabendo em seu consciente
Que era Deus a lhe mostrar

Seguindo a ordem do Senhor
Desceu a casa de Jessé;
Pois o seu Deus havia dito:
“Unge a quem eu te disser”.

“Não me agrado da aparência,
Que, ao próprio homem, é enganador;
Ele vê o que está a frente,
Mas eu contemplo o interior”.

Contagiante alegria
Preencheu aquela casa;
Um rei dali sairia
No trono se assentaria
Tendo de Deus a graça.

Mas não era Eliabe,
Nem tampouco Abinadabe
E muito menos a Samá,
Nem os outros que estavam lá.

“Acabaram-se os mancebos?”
O profeta indagou;
Mais restava o mais jovem,
O escolhido do Senhor

“Ainda falta o menor”,
Disse o seu velho pai;
Eis que apascenta ovelhas,
O que tanto lhe apraz

O profeta, insistente,
Pediu para que o chamasse;
Pois esperava paciente
Que o rapaz se achegasse

E naquela humilde casa
O novo Rei foi consagrado;
Para alguns, má presunção;
Para o profeta, convicção:
Que o Senhor lhe havia mandado

Os homens loucos presumem
Movido pela insensatez,
Pela extrema imprudência
E demasiada altivez

Mas Deus escolhe os Seus,
A quem deseja ele honrar;
Em excelsa majestade,
Absoluta vontade
Conforme bem Lhe agradar



 Por Clenio Daniel Parente Mendes

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Homens de Deus à serviço do diabo

Uma grande realidade inconteste em nossos dias, nas igrejas, aonde o evangelho, que é o poder de Deus para salvação do pecador (Rm 1.16,17) é que homens que perdem o temor de Deus vivem descaradamente na contramão do que a bíblia ensina. Pregam a palavra de Deus com veemência, porém, vivem em negligência. Demonstram fervor e o que possuem é a falta de temor. Existem lugares onde a salvação de almas virou novidade, tamanha que é descrença no Evangelho, pois, quando deveria haver compromisso com o ensino das Escrituras Sagradas através da pregação e, primeiramente, do testemunho de vida, agem levianamente percorrendo o caminho da profanação, zombando insensatamente da santidade do Todo-Poderoso.


Não existe mais a verdadeira transparência cristã, pois, a dupla personalidade permeou  o coração de muitos que acham que genuína fé em Cristo pode estar mesclada com a iniquidade e com isso tentam fazer uma junção de pecado e santidade. É a mesma coisa que colocar remendo de pano novo em vestido velho, sabendo que maior vai ser a rotura (Mt 9.14). A fé bíblica tem sido banalizada, pois, visto que a fé em Cristo evoca obediência (Rm 1.5; Hb 11.8), muitos pensam que a vida cristã consiste apenas em desfrutar das bençãos de Deus, mas, na verdade, ela vai além disso. A Escritura Sagrada fala da obediência da fé (Rm 1.5), da justiça que é segundo a fé (Hb 11.7), termos que nos levam a entender que viver pela fé é honrar a Deus e sua santidade num mundo desviado de seu padrão de justiça ( ver Rm 1.18).


Porém, no lugar da honra, permeia a desonra, querendo muitos normalizar o conceito de cristão vivendo nos ditames deste mundo cheio de filosofias vãs. A Bíblia Sagrada fala claramente da diferença entre os que são de Deus e os que são do mundo (2 Co 6.14-7.1; ver Gl 5.24; Tg 4.4). Porém, o que era pra ser diferença é uma verdadeira confusão!


Eles são potencialmente líderes, mostram competência, vocação, compromisso, aparência de lealdade e de piedade, verdadeiramente chamados por Deus. No entanto, no decorrer da trajetória, acharam que a relativização da fé seria o melhor caminho; mentem, roubam, enganam, agem fraudulentamente, cometem loucuras em nome da fé do povo de Deus e acham que isso é perfeitamente normal. Expõem ao povo de Deus poderosas mensagens bíblicas, porém, o que pregam dentro das igrejas é o oposto do que vivem lá fora. Uma vida acarretada de vícios, obreiros da Seara do Mestre se deixando levarem pelo dinheirismo (Ec 5.10; 1 Tm 6.10), envolvidos em casos extraconjugais com uma ou várias amantes; adúlteros, fornicadores, mercenários, pinguços, cheios de toda a iniquidade que, infelizmente, surpreendem e impolgam as massas com mensagens pra lá de tremendas. De nada adianta pregar a verdade e não viver a verdade!


É bem verdade que tudo isto está previsto pela Bíblia que aconteça (1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1). E estamos vivendo este tempo vaticinado pela Bíblia. Ainda a Escritura Sagrada diz que o diabo se transforma em anjo de luz (1 Co 11.14). o que, outrora, era um anjo de luz cheio de sabedoria e formosura (Ez 28.12-17), tornou-se adversário, acusador de nossos irmãos e astuto enganador. Eram homens fervorosos, vigilantes doutrinadores do povo de Deus, piedosos no ensino e prática da Sã Doutrina, agora, corruptos, vivendo apenas na aparência de cristão. Tomemos cuidado: aparência nem sempre é essência e  nem transparência!


É lamentável como a sociedade está aos poucos desacreditando no perfil da Igreja de Cristo nos dias atuais. Muitos dentro da casa de Deus estão querendo abalar a coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15), praticando o que é condenável ao ensino das Escrituras. Não sejamos radicais, são homens de Deus, porém, tributam louvor a Satanás com suas obras blasfemas que afrontam ao Deus vivo e entristecem ao Espírito Santo, pois, conheceram a verdade libertadora e transformadora do evangelho e agora negam em seu modo de viver a sua eficácia desviando muita gente de olhar para o Redentor vivo e ressurreto, Jesus Cristo, o Salvador da humanidade.

Meus irmãos, é tempo de olhar para Jesus (Hb 12.2), a Sua vinda para arrebatar a igreja é uma grande realidade. Será o maior fenômeno da História. Oh! Como dói saber que muitos cristãos perderam essa sensibilidade espiritual e com isso perderam a alegria da salvação. Sejamos vigilantes, pois, o Justo Juiz já está as portas!

domingo, 9 de agosto de 2015

Citações no meio evangélico que não estão na Bíblia

A Bíblia diz, a Bíblia diz, a Bíblia diz, mas o que realmente a Bíblia diz? Muitos perderam o cuidado com o fato de falar coisas que julgam eles que se encontra nas Escrituras, mas, não está lá. Que grande erro! Esse é um dos meios de tirarmos uma séria conclusão do grau de desleixo da parte de muitos irmãos na fé em não examinar criteriosa e cuidadosamente a Palavra de Deus como deveria. Falta um manuseio de forma correta. O pior de tudo é saber como tem pregadores e pastores de Igrejas que caem nessa. Até quando as coisas continuarão assim? Não é aberração dizer que tem crentes que pensam que o ditado "Deus ajuda a quem cedo madruga" está na Bíblia Sagrada. Por outro lado, o relato do grande peixe tragando a Jonas, para muitos crentes, não aparece nas Escrituras. Diante disso, lembramos das palavras do Senhor Jesus: "Errais não conhecendo as Escrituras" (Mt 22.29). Vamos a alguns exemplos: 

O cair é do homem e o levantar é de Deus 

A Escritura não diz isso. As referências que reprovam esse chavão são: "Porque sete vezes cairá o justo e se levantará" (Pv 24.16); "Ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei" (Mq 7.8); diante da penúria em que se encontrava o filho pródigo, tomou a decisão: "Levantar-me-ei" (Lc 15.18). A força com que os verbos são enfatizados denotam a ação e responsabilidade humanas sendo a graça divina um subsídio ímpar (ver 2 Co 12.9). 

A Palavra de Deus se renova a cada manhã 

Também esta assertiva não tem fundamento bíblico. "Renovar" traz o significado de "revitalizar o que estar envelhecendo" e isso não se aplica a Palavra de Deus, uma vez que ela é eterna (Sl 119.89). Nós somos quem necessitamos de renovo sob a luz da Palavra e a livre ação do Espírito Santo para prosseguirmos em nossa vida relacional com Deus. 

Deus quer qualidade e não quantidade 

Esta frase pode encontrar ressonância no contexto da contribuição, visto que "Deus ama ao que dá com alegria" (2 Co 9.7). No contexto da evangelização, esta frase tem sido usada como desculpa esfarrapada para NÃO cumprir o "IDE" do Senhor Jesus (Mt 28.19; Mc 16.15). Não devemos ser omissos, deixando de lado a ordenança do Senhor de levar a boa-nova aos não alcançados. É tarefa nossa, é tarefa da Igreja. 

Quem tem promessa não morre 

Esta é outra aberração grotesca que foge ao que ensina  a Escritura Sagrada. É necessário obediência e aperfeiçoarmos a santificação no temor de Deus (2 Co 7.1) para a realização das Suas promessas em nossas vidas. Uma vez que Deus "permanece" fiel (2 Tm 2.13), devemos também permanecer na fidelidade com Deus, pois, doutra forma, naufragaremos na fé, podendo levar-nos a morte, até mesmo física. 

A mulher não pode pregar 

A passagem utilizada para isso é 1 Timóteo 2.11: "A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição". Aqui fala da mulher que não extrapola os limites dos matrimônio, mas que reconhece a sua posição bem como a de seu marido. O versículo 12 reforça esta ideia. Uma mulher obediente a Deus no tocante aos princípios bíblicos do matrimônio certamente será vaso de honra não somente nos deveres domésticos mas também na vocação divina (Ver Gl 3.28), visto que a promessa do derramamento do Espírito Santo é "sobre toda a carne" (Jl 2.28), isto é, homem e mulher. 

O Espírito de Deus é sujeito aos profetas 

Como o Espírito de Deus, Criador (Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30) pode sujeitar-se a criatura, sendo Ele Deus (At 5.3,4)? A Escritura fala dos "espíritos dos profetas" (1 Co 14.32), ou seja, o espírito humano. Ninguém pode sujeitar a si o Espírito de Deus haja vista que Ele é Senhor (2 Co 3.16-18), e nós, Seus servos. 

Estes são alguns chavões que ouvimos por aí. Talvez você conheça um caso parecido e tenha achado estranho. Que o Espírito Santo desperte em nossos corações um desejo latente pelo conhecimento da Sua Palavra!