domingo, 8 de julho de 2018

POLÍTICA: Muita ignorância, pouco entendimento

"Este ano é ano de política", afirmam a maioria das pessoas. "Não se discute política, religião e futebol", estas e outras premissas se consagraram na tradicional forma de pensar e de encarar estas e outras coisas. Tais assuntos não gerariam discussão se nós acordássemos para a arte de pensar, averiguar, inquirir, conhecer e nos aprofundar na realidade daquilo que combatemos sem motivo algum. Quase toda a discussão termina em contenda porque não sabemos dirimir questões através da arma da intelectualidade, ou  seja, pensando novas ideias e buscando soluções práticas as quais fariam com que nós enxergássemos a realidade sob outro prisma.

Em nosso País, o que se enxerga como cultura, na verdade, anda longe do significado da palavra em apreço. Cultura, segundo os dicionaristas, refere a todo um conjunto de valores aplicáveis ao nosso viver diário. No Brasil, o carnaval, por exemplo, é considerada cultura. Ham? Cultura? Que valores uma festa mundana e vulgar pode ser agregar na vida de quem se envolve nela? Não pensamos, não refletimos e, no final, apontamos nossas armas em direções erradas condenando algo que deve ser utilizado para o nosso bem comum e, agora, me refiro à POLÍTICA. 

O que é política? Especialistas no assunto definem o termo como: "a arte de governar; suprir aos anseios do cidadão"; "o conjunto dos elementos ligados às relações humanas". Segundo as autoridades no assunto, o referido termo tem sua origem no grego politiká, cujo prefixo polis é usado para designar tudo aquilo que é publico. A política, de caráter abrangente, não se resume em um período eletivo como muitos pensam, pelo contrário, ela está presente no nosso cotidiano. Não existe um suposto "ano de política", pois ela está em nossa volta, ocupando o tempo, o espaço e a realidade da vida humana. Com isso, desde que mundo é mundo, a política nunca deixou de ocupar o seu lugar de forma proeminente, ainda que demonizada por muitos. A ignorância, a "idiotização" tem sido um véu diante de nossos olhos, porém, colocados por nós mesmo, ignorando de forma desapaixonada a verdadeira essência da política, sua finalidade e o quanto que ela representa na sociedade. 

Política é ARTE? É CIÊNCIA? As duas coisas, ou nenhuma e nem outra? Na verdade, arte e ciência são irmãs gêmeas dentro do âmbito político. Assim como a política está dentro da sociedade, arte e ciência estão dentro da política, o que prova sua desconhecida beleza. A política é a mais bela arte, a que mais deveria ser respeitada, e admirada pelo homem, visto ser este, como bem falou o Filósofo Aristóteles, "um animal político". 

A POLÍTICA COMO ARTE 

A suprema arte de governar explica a imagem da política na esfera social. A natureza denuncia a existência de um Ser Superior que possa governar e esse governo é a proteção do caos, é a viabilização do bem estar que se constitui o objeto de anseio de todo o ser vivo. Não há como escapar disso. Há uma necessidade de estar debaixo de um governo, de uma batuta que mostre coerência na forma de atender interesses e necessidades tendo como precípua finalidade  a harmonização de fatores e a satisfação de quem é regido por ela. Se as regras promovem harmonia na relação entre os seres que integram uma comunidade, a política enquanto ARTE irá criar mecanismos para que tais regras atinjam esse fim. 

A POLÍTICA COMO CIÊNCIA

Ciência é um conjunto de conhecimentos colocados de maneira organizada, visando uma temática. Como CIÊNCIA, ela irá refletir um SISTEMA, introduzido em um ambiente social e governamental, mostrando o quanto o homem, como ser social, está inserido nele e que é o alvo da política. Como CIÊNCIA, entendemos sua capital importância e a inutilidade em excluí-la de nossa vivência, seja como indivíduos, seja como seres sociáveis que somos. O descarte deste fator apenas revela a ignorância do ser humano em grau supremo. 

O QUE EU TENHO A VER COM ISSO? 

Tudo. Somos 100% políticos. Ignorar a política é ignorar o conceito de cidadania. Não sou  político? Então não sou cidadão, e, portanto não posso reivindicar direitos outorgados e nem apontar as mazelas existentes ao nosso redor. Logo, minha atuação como "cidadão" é nula. Dizer que é contra a política é querer se apossar dos frutos sem respeitar as raízes, é exigir colheita sem cooperar na plantação. Não se pode reclamar de algo em que não há contribuição nossa. Consciência e coerência são ingredientes essenciais para quem entende a importância da política. 

O ABUSO DOS MEIOS MIDIÁTICOS 

A Mídia peca grosseiramente neste quesito. Procuram engendrar na mentalidade das pessoas a confusão de política com POLITICAGEM. O que vemos em nosso Brasil é uma afronta à verdadeira imagem da política, pois fere, desonra, golpeia, viola, desrespeita, afronta a política e sua verdadeira representação. Com isso, as pessoas confundem política com POLITICAGEM e vivem completamente desacreditadas na possibilidade de ser ter um País com sua dignidade restaurada. 

A POLÍTICA E A BÍBLIA 

A política é bíblica? Embora o pouco espaço não nos permita elucidar de maneira exaustiva sobre o assunto em foco, afirmamos sem medo de errar que a política estar ligada à religião e que a dissociação destas coisas é fruto de nossa ignorância. Vamos nos ater ao que diz em Salmos: "Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor" (Sl 33.12). Nos Salmos 144.15, aparece a palavra "povo", no lugar de nação. O termo "nação" é usado para designar um povo sob um governo, com leis e estatutos que regem esse todo. A palavra "povo" descreve um aglomerado de pessoas caracterizados por suas tradições, crenças, costumes e padrões culturais. Temos uma nação e um Governante. Temos um povo e um Senhor que legisla com justiça e sabedoria. Tanto um como o outro debaixo do Governo de um mesmo Deus justo, soberano. O antigo Egito, bem como as demais civilizações antigas, incorporava muito bem a política à religião em sua forma de governo, pois criam que os reis eram filhos dos deuses. Uma análise nesse assunto faz-nos entender que, para eles, ERA IMPOSSÍVEL separar estes dois fatores elementares. Se no paganismo idolátrico, esse conceito era muito veemente, o que diremos nós que temos a PALAVRA DE DEUS e servimos ao Deus vivo e verdadeiro? A política é um dos assuntos que mais deveria ser abordados nos púlpitos das Igrejas no afã de dar cabo a esse radicalismo inútil e doentio que prega que política e religião não misturam. Os estudiosos vão dizem que as duas coisas estão perfeitamente associadas, andam na mesma avenida, na mesma direção e nunca estiveram na contramão. 

Que Deus abra o nosso entendimento a fim de não ficarmos presos a esse radicalismo grosseiro mas sempre buscando do Alto graça e sabedoria nas decisões e nas atitudes como cristãos. Afinal, como já foi dito, política e cidadania estão entrelaçados. Desprezando um, despreza-se o outro. Se a nossa cidadania terrena é negligenciada, o que dirá da celestial?

Nenhum comentário:

Postar um comentário