Não existe riqueza maior comparada a uma conduta ilibada na Palavra de Deus. Quando paramos para refletir nisto, concluímos que a preservação do nosso caráter é algo de grande valor e deve ser perseguida a todo o instante. Se o homem escreve a sua própria história, logo, ele faz o seu próprio nome. Mais importante que a boa fama é a boa índole.
Jesus nos deu exemplo dessas coisas. Ele próprio havia dito que não recebia glória de homens (Jo 5.41), porque bem sabia dos efeitos negativos que a fama podia trazer; tendo ciência de que Sua fama corria por toda a Judéia e adjacências (Mt 4.24; Lc 5.15), Ele se retirava para os desertos e ali orava (Lc 5.16). O Evangelista Marcos nos dá um relato interessante acerca de Jesus; a multidão ficava entusiasmada com Seus ensinos atinentes ao Reino de Deus, com a autoridade de Suas palavras a ponto de querer ouví-Lo incessantemente. Entretanto, quando falamos em MULTIDÃO, referimo-nos a fama, popularidade, prestígio e outros sinônimos aplicáveis; sabendo que mais valioso do que isso são as almas, Jesus, deixando a multidão (Mc 4.36), chegou à outra margem do mar, à província dos gadarenos (Mc 5.1). Notem bem que em Marcos 4.36 diz: "Eles", mas, quem são? Os discípulos. Contudo, como era Jesus quem tinha ordenado a eles que passassem para a outra margem (Mc 4.35), os apóstolos foram, porém, levando consigo o seu Mestre (Mc 4.36). Enfim, Ele deixou a multidão a fim de evangelizar apenas uma pessoa, o que assim fez (Mc 5.1-19).
Com isso, o Senhor da Igreja nos ensina a não ponderar o nosso coração na fama, no olhar da multidão, pois, doutra forma, estaremos nos desvirtuando do santo propósito de glorificar a Deus na expansão do Seu Reino; outrossim, quem preza pela fama, não priva pelo seu próprio caráter (o significado da palavra "índole") nem zela pela imagem de servo(a) de Deus. A nossa maior ignorância é traduzir boa fama como sinônimo de boa índole, o que é um grave erro. Quem muito se atrela a fama se esquece da importância do bom testemunho; tudo o que procura é a atenção da platéia, elogios, aplausos, assovios e admirações. Quem preza pela boa índole faz exatamente o contrário: procura atrair a atenção de Deus para si, valoriza seu testemunho de vida e sempre elogia as virtudes de outrem ao invés de procurar elogios para si, porque tudo o que faz, o faz para a glória de Deus (1 Co 10.31).
Por que o Senhor desfez os desígnios dos que edificavam a torre de Babel? Porque desejaram ardentemente a fama ("Façamo-nos um nome" - Gn 11.4), fama esta que lhes corrompeu a alma, fazendo-os contrariar a ordem de Deus (Gn 11.4; ver Gn 1.28; 9.7). João Batista é um forte exemplo de boa índole; sendo informado de que a multidão ia após Jesus, podia ceder seu coração à inveja, mas, sabendo ele que era nada mais que uma voz clamando no deserto (Jo 1.23) e reconhecedor da majestade e do senhorio de Cristo (Jo 1.27), disse com ânimo: É necessário que ele cresça e que eu diminua (Jo 3.30). Será que alguém ambicioso por fama diria isso de outra pessoa? Na escola da fama, os amigos são vistos como rivais e não como pessoas dignas de sucesso, capazes de nos proporcionar ajuda.
Que possamos nos matricular na escola da boa índole, aonde o Professor Jesus Cristo nos ensina a simplicidade e a primar pelo sucesso de nossos irmãos (Fp 21.-9).
Deus vos abençoe!
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