O Cristianismo não é uma religião. É mais que isso. Não é uma filosofia; ele vai além do sistema filosófico deste mundo cada vez mais distante do seu Criador. O Cristianismo em sua essência sobrepassa a cadeia sistemática das leis seculares que regem o mundo de então. Logo, não precisamos viver atrelados aos ditames mundanos desprovidos dos verdadeiros valores morais, pois, servimos a Alguém que nos ensinou o excelente padrão de uma vida justa, equilibrada e harmonizada com os preceitos da Palavra de Deus.
Examinando o livro de Atos dos Apóstolos aonde lemos acerca da igreja primitiva e colocando-a em paralelo com a Igreja de Cristo nesta era pós-moderna, podemos constatar que esta vive mui longe dos ensinos de Jesus; há razão para tanto. Parece-nos que ela se desviou do mastro espiritual da Palavra quando deveria andar nas pisadas da igreja cujo modelo encontramos nas Escrituras Sagradas. Ademais, a igreja dos tempos hodiernos se tornou omissa nos seus deveres diante de Deus para com o próximo. Não somos igreja para nós mesmos e sim para com o mundo que ainda não deixou penetrar em sua vida obscura a luz do Evangelho da graça de Deus.
Jesus disse que somos o
sal da terra (Mt 5.13), na mesma referência, Ele falou do sal
insípido, apontando para a igreja que não apresenta nenhuma novidade de vida conforme nos ordena a Bíblia (Rm 6.4). O mundo quer novidade e é nossa responsabilidade demosntrarmos isso; sim, demonstrar uma nova maneira de viver, uma nova imagem e uma nova linguagem provando que fomos alcançados pela graça divinal e redimidos pelo sangue de Jesus. O sal foi feito para salgar, extinguir a amargura, produzindo o bom gosto. Ora, ninguém há de comprar sal apenas para guardar em determinado local de conservação, mas para ser utilizado conforme a sua necessidade. Só se coloca sal aonde não tem. Com isso, entendemos que fomos chamados por Deus para dar gosto a este mundo amargurado pelo pecado com o nosso testemunho de vida e convencer os pecadores a repudiarem a sua vida iníqua deliciando-se na pureza do Evangelho de Cristo.
Também somos sabedores de que sal acumulado não resulta em nada. É necessário colocá-lo onde não haja resquício algum de sua aplicação. Por que Jesus nos considera o sal da terra? Porque são muitos os que ainda não provaram o bom tempero da Palavra de Deus; esta missão está a cargo da Igreja (Mc 16.15). E ai de nós se não atentarmos para isso ( 1 Co 9.16)!
Segundo a Bíblia, quando ocorreu a perseguição contra a igreja apostólica, houve grande dispersão (At 8.1). A Escritura diz:
Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte anunciando a palavra (At 8.4). O que vem a ser isso? Era Jesus levando sal aonde
carecia de sal!
Somente uma Igreja cristã pode fazer isso ao passo que a Igreja religiosa, no seu extremismo, no seu inútil excesso de radicalismo, sempre ficará na mesmice, não cumprindo as exigências do Evangelho do Reino de Deus. A Igreja
cristã é compassiva, pratica a caridade, demonstra sensibilidade pela necessidade de quem está ao seu redor, seguindo a hospitalidade (Rm12.13). Ela favorece os santos edificando-os na Palavra e favorece os perdidos propagando-lhes a Palavra!
É lamentável que muitos não possuam mais este santo propósito revelado nas Escrituras. Tudo o que vemos é contendas, falatórios inúteis, desrespeito às diferenças alheias, individualismo exacerbado e além de fazer acepção de pessoas, ainda causa
decepção às pessoas! É impossível alcançarmos os pecadores na obra da evangelização quando não há harmonia entre irmãos que professam a mesma fé em Cristo.
Há um grande descompasso entre
religião e
cristianismo, e todos nós precisamos saber a diferença prevalecedora entre ambos. Há um enorme abismo de separação entre essas duas fontes. Vejamos isso com clareza bíblica:
1
A religião foi a chave que abriu a porta da incredulidade para os descendentes de Abraão não crerem na divindade de Jesus: Não é este Jesus, o filho de josé cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz Ele: desci do céu? (Jo 6.42)- Os judeus tinham em mente o lugar de onde Cristo viera questionando entre si acerca deste fato e da linhagem davídica daonde sairia o Messias (Jo 7.40-44). Sem entenderem os vaticínios, duvidaram do Filho de Deus menosprezando o Seu testemunho.
2
A religião foi o bordão que fez os judeus duvidarem dos sinais que Jesus fazia:
Trouxeram-Lhe, então, uma endemoninhado cego e mudo; e de tal modo o curou que o cego falava e via. E toda a multidão se admirava e dizia: não é este o Filho de Davi? Mas os fariseus, ouvindo isso, diziam: este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios (Mt 12.22-24) - O excesso de religiosidade fez aquela gente miserável de espírito não entenderem o plano divino-messiânico de que os sinais eram uma forma de atestar a vinda de Jeus como propósito de Deus para curar a alma dos homens da terrível doença do pecado. Haja vista o que o profeta Isaías havia predito a respeito dos sinais que o Messias haveria de fazer (Is 35.1-6).
3
A religião foi o tema usado pelos judeus para não crerem nos ensinos de Jesus:
E todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que saíam de sua boca, e diziam: não é este o filho de José? (Lc 4.22) - Do ponto de vista de muitos judeus, o Messias viria de uma família poderosa e influente, porém, Ele procedeu de uma família simples, o que virou motivo para não crer que Aquele carpinteiro fosse enviado por Deus para revelar-lhes a doutrina da salvação, não com sabedoria humana, mas com a sabedoria que emana do Alto.
4
A religião foi a espada que fez os judeus matarem Jesus:
Nós temos uma lei,e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus (Jo 19.7) - As afirmações de Jesus no respeitava a Sua divindade incitava nos judeus um ódio profundo contra Ele (Jo 5.17,18; 8.51-59). A religião serviu de escamas nos olhos daqueles pobres israelitas impedindo-os de reconherem Jesus como o Filho de Deus e Salvador do mundo.
O sistema religioso daquele povo não culminou em nada senão na sua perdição. Da mesma forma sucederá a todos os que percorrerem este caminho. Jesus ressuscitou dos mortos, vencendo a morte, o Calvário, o inferno, a sepultura, o império do Diabo e, finalmente, a religião! Por ela, os judeus crucificaram o Senhor, mas nós O abraçamos confessando sermos Seus seguidores.
Jesus ensinou o oposto da religião: amar o próximo, mormente os que nos odeiam abençoando-os em nome do Senhor. Manifestar o amor mútuo é a evidência do verdadeiro discípulo de Cristo (Jo 13.34,35). Praticando o amor, estamos expondo o nosso testemunho de autênticos cristãos, pois, o amor é a essência do Cristianismo, o alicerce irremovível da doutrina cristã. Quando amamos, respeitamos as diferenças alheias, socorremos os necessitados, aparamos os caídos apanhados em sua fraquezas recebendo-os com alegria (Rm 14.1).
O amor extingue as críticas descabidas, pois, tudo o que os religiosos fazem é apontar as falhas de outrem; o cristão, no entanto, segue a recomendação bíblica: Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cubrirá a multidão de pecados (1 Pe 4.8). O amor ultrapassa a barreira do preconceito e o individualismo. A igreja cristã é consciente de que ela é o corpo de Cristo e, como tal, seus membros estão ligados uns aos outros; qual o vínculo que promove essa união? O amor.
O amor dá sentido aos nossos atos (1 Co 13). Quem ama conhece a Deus (1 Jo 4.8). Movido pelo amor, Deus enviou Seu Filho ao mundo (Jo 3.16); da mesma forma, Jesus Se entregou na Cruz do Calvário padecendo injustamente (Fp 2.5-11; 1 Pe 2.21-23). Enquanto muitos dão a sua vida pelos "justos", Jesus deu a Sua vida pelos injustos (Rm 5.6-8), demonstrando, com isso, um amor sem fronteiras, abrangente e singular. De acordo com isso, logo caem por terra as opiniões absurdas dos santarrões do tipo "eu acho", "eu penso", "eu sei"; é o que a Palavra de Deus determina como devemos ser e proceder: A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos amei uns aos outros; porque quem ama uns aos outros cumpriu a lei (Rm 13.8).
Se não houver amor, tudo será em vão e nossas obras serão como a palha queimada no fogo, só restará cinzas. De nada adiantará dons espirituais, sermos bem sucedidos no ministério se não atentarmos para este dom supremo. Amemos de verdade (Rm 12.9) pois quem assim procede é nascido de Deus ( 1 Jo 4.7).