sexta-feira, 21 de novembro de 2025

A PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO

 Em qualquer lugar, seja no mais simples ambiente, no mais luxuoso palácio ou mesmo no mais conceituado local de trabalho, as regras sempre terão sua relevância para garantir a boa ordem e corrigir eventuais situações desagradáveis que ferem a ética do local. É preciso regras para que as coisas funcionem bem. A bem da verdade, até o desregrado tem um tipo de regra! Estranho, mas é verdade. O bom senso, a experiência e a história comprovam a importância de se ter regras para o bom andamento. 


Onde isso se comprova? Na Bíblia! Na Criação do mundo vemos três coisas: beleza, sabedoria e ordem. Nada está fora do lugar. Tudo foi criado conforme seu propósito, sobretudo, conforme a vontade e o propósito de Deus (Apocalipse 4.11). Deus não é desregrado e nem criou nada "aos trancos e barrancos", pelo contrário, tudo revela uma harmonia sem igual, fruto da sabedoria divina (Salmos 104.24).


Na Criação do homem, não foi diferente. Ao colocar o homem no Jardim do Éden, Deus estabeleceu as primeiras normas de conduta, um protótipo do que os homens, séculos mais tarde, em sua forma de governo, faria para reger e exercer seu domínio. Em outras palavras, a primeira Constituição estabelecida pelo Criador e Legislador por excelência, o Senhor Deus. Isso é importante entender porque, para Deus, não foi apenas uma criação, mas, a manifestação do Seu propósito sublime. Para tal, é necessário que haja princípios que atestam Sua Justiça e Santidade e mantenha a boa ordem do que foi criado. 


A primeira Constituição, que veio diretamente do próprio Deus, trazia apenas três normas, a saber:


1. Norma Imperativa: "E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra." (Gênesis 1.28). Por que esta norma é imperativa? Porque nela Deus traça o propósito para o qual a humanidade foi criada. Nela, a finalidade da terra ser povoada. Razão pela qual Deus interviu na Torre de Babel, cujo enfoque era contrário a esta norma (Gênesis 11.1-6). A despeito disso, a humanidade seguiu esta norma imperativa, ou seja, a perpetuação da espécie humana foi mantida. 


2. Norma Concessiva: "E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento.

E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde lhes será para mantimento. E assim foi. (Gênesis 1.29,30). Na norma Concessiva é concedido ao homem desfrutar das delícias que o Jardim proporcionava. Além da contemplação, porque o Jardim era muito belo, tinha a participação das benesses do referido Jardim. Primeiro, Deus cria o Jardim, em seguida, coloca o homem lá. Deus prepara o ambiente, o cenário perfeito para o casal que Ele criou à Sua imagem. 


3. Norma proibitiva: "E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás." (Gênesis 2.16,17). A norma proibitiva mostra que há privilégios, mas, também há responsabilidades. O cumprimento das responsabilidades é o que nos mantém dentro do nosso "jardim" preparado por Deus. Porém, infelizmente, o primeiro casal pecou contra Deus exatamente na norma proibida. Quando tomaram aquilo que Deus não lhes deu, o fruto proibido, perderam aquilo que Deus lhes deu, o Jardim com todas as suas delícias (Gênesis 3.1-6, 23,24).


Diante disso, o Legislador Supremo tomou a devida providência agindo com justiça. No seu ato de justiça, desdobra-se o recurso da misericórdia: a vinda daquele que esmagaria a cabeça da serpente, redimindo o homem do pecado (Gênesis 3.15; 1 Coríntios 1.30; 2 Coríntios 5.21). A misericórdia não elimina a justiça. Deus mostrou misericórdia para com o homem, porém, proveu um Cordeiro perfeito para morrer em lugar do pecador. O Inocente Cordeiro, sem mancha, sem culpa, morrendo no lugar do culpado. Isso é justiça, a demonstração de que Deus não se compactua, de forma alguma, com o pecado humano. 


Deus é Deus de regras, de ordem. É uma pena que em nossos dias o pensamento liberal tem tomado conta da sociedade pós-moderna. Porém, a Igreja de Cristo segue na contramão do mundo. O Cristianismo tem regras, na Casa de Deus há regras (1 Timóteo 3.15). Quem deseja viver ao seu próprio modo, não se alinhando com a vontade de Deus revelada em Sua Palavra, está pavimentando caminho para a perdição.