segunda-feira, 4 de abril de 2016

Entendendo a oração-modelo ensinada por Jesus Cristo

Em Mateus 6.9-13 temos a famosa, conhecidíssima e preciosíssima oração ensinada por nosso Senhor Jesus Cristo, a qual , não se esgota em fornecer lições valiosas para o povo de Deus, inclusive para aqueles que desejam uma vida de amplas experiências com o Eterno. Paira no meio evangélico um conceito erradíssimo sobre oração, um mau entendido exacerbado sobre esta ferramenta de valor de que tanto nos fala as Escrituras Sagradas. Começando pelo fato de que a oração é elucidada com muita propriedade nas Páginas Sagradas (Mt 7.7,8; Rm 12.12; 1 Ts 5.17; Jd 20,21), é lamentável como muitos se portem com negligência em relação a oração. Aprendamos com o Mestre Jesus.  

O Divino Mestre começa a oração usando a expressão "Pai nosso". O Criador de todas as coisas, o Deus Todo-Poderoso, o Eterno, o Altíssimo, o grande Jeová, o "Deus dos espíritos de toda carne" (Nm 16.22) aparece aqui como "Pai". Com isso, Jesus nos ensina que a oração deve ser vista como um relacionamento nosso com o Deus vivo, o Qual se mostra como o Pai compassivo, pronto para atender a nossa petição. No Antigo Testamento, esse mesmo Pai assim diz: "clama a mim" (Jr 33.3), no Novo Testamento, nos dirigimos a Ele chamando-lhe "Pai", correspondendo-Lhe numa forma de um relacionamento vívido e eficaz entre um filho e o Pai celestial. 

Em seguida, vem a frase "Que estás nos céus". A oração é o homem reconhecendo sua insignificância em vista da sublimidade e majestade de Deus. Também a frase expressa uma fé viva em Deus. Por exemplo, quando Daniel disse: "Mas há um Deus nos céus..." (Dn 2.28), expressava sua fé no Senhor Deus. Nunca fomos ao céu da habitação de Deus, mas sabemos que há um grande Deus assentado no Seu trono e baseado nesta fé viva é que nos achegamos a Ele (Hb 11.6). Ao lermos "santificado seja o teu nome", Jesus nos ensina a demonstrar um reverente temor ao Pai, visto que o nome, no contexto bíblico expressa a natureza e o caráter da pessoa. em Deuteronômio 12.5 lemos que Deus escolheria um lugar para ali pôr "o Seu Nome", isto é, Ele estaria presente, portanto, aquela casa seria chamada pelo Seu Nome. "Santificado seja o teu Nome" é a expressão do cristão que reverencia a santidade de Deus não somente com palavras mas principalmente através de uma vida resignada. 

"Venha o Teu Reino". Os grandes eruditos da Bíblia viram nesta frase um vislumbre escatológico. É a oração de alguém inconformado com a injustiça, a corrupção e todo o tipo de mazela que permeia o reino dos homens, desejando ardente e esperançosamente que o Senhor Deus intervenha com o Seu Reino Justo. "Seja feita a Tua vontade" é um detalhe que todo cristão deve observar. Muitos acham que oração é imprensar Deus "na parede" e forçá-Lo a dar o que pedimos. Alguns até oram da seguinte forma: Senhor, se Tu cumprires com a Tua parte, eu cumpro com a minha. Um grande absurdo. Oração não é negócio, não é barganha e nem tampouco acordo comercial; como já foi dito, é um relacionamento vívido com o Pai Eterno. E como o filho nunca está acima do pai, assim nós nunca podemos estar acima do nosso Deus, visto que o que intentou fazer isto foi lançado dos céus abaixo: Satanás (Is 14.12-14)! Aqui, não é o homem pedindo para fazer a sua vontade, mas, ele apela para vontade de Deus! 

"Tanto na terra como no céu". Nesta frase, a terra é mencionada primeiro do que o céu, indicando uma premência, uma latente necessidade de que a vontade de Deus seja feita entre os homens que O ignoram  e rejeitam-No na sua loucura (ver Sl 14.1). Aqui, o humano entra na esfera divina para conhecê-la experimentalmente. 

"O pão nosso de cada dia dá-nos hoje". Depois de um devocional com Deus, é que vem a necessidade diária apresentada a Ele, sendo-Lhe dirigida uma clara petição: "dá-nos". AquEle que disse: "Nem só de pão viverá o homem" (Mt 4.4; ver Dt 8.3), coloca em segundo plano a valorização das nossas necessidades do dia-a-dia. Uma oração isenta de vaidade e de individualismo. Ao lermos "Perdoa-nos as nossas dívidas", percebemos o quanto que a nossa oração deve estar conformada à vontade de Deus, 1) a oração inclui a essência do perdão partindo do princípio de que devemos ter a inclinação de perdoar assim como desejamos ter o perdão divino. 2) "Assim como nós perdoamos" reflete a ação humana em liberar perdão ao endividado tal como Deus liberou sobre nós o Seu perdão, "havendo riscado a cédula que era contra nós" (Cl 2.14), ou seja, extirpou a dívida que tínhamos por causa do pecado através do sangue de Seu Filho Jesus Cristo. Aleluia! 

"E não nos induzas à tentação". O perigo de sermos apanhados em nossas fraquezas em uma tentação é algo que todos nós devemos ter em  mente (1 Co 10.12; Tg 1.14). Observemos que não temos nesta oração nenhum pedido individualista, que gira em torno dos nossos interesses egoístas e não da glorificação a Deus, pelo contrário, temos aqui o cristão reconhecendo sua insuficiência recorrendo àquEle que "pode socorrer aos que são tentados" (Hb 2.18; 4.15,16). "Mas livra-nos do mal" é a oração suplicando proteção de tudo o que pode macular, comprometer, denegrir a imagem de Cristo em nós. Também uma referência a perigos aos quais estamos vulneráveis, pedindo,  por isso, para que Ele nos guarde. Há em nós uma tendência de inclinarmos ao mal, de cair no mal em decorrência de nossas ações precipitadas, por esta causa, pedimos: "livra-nos"! 

"Porque Teu é o Reino, e o poder e a glória para sempre amém". O pronome possessivo "Teu" revela a singularidade do nosso Deus em relação a qualquer outro ser que possa existir. Reinos se levantam e se abatem, reduzindo-se ao pó, mas o cristão, quando diz: "Teu é o Reino", tributa a Deus a soberania, a grandeza e a excelência em tudo. "E o poder" mostra que Deus é quem sustém todas as coisas e de todas as coisas tem o controle (Dt 32.39; ver Jó 12.13-25; Sl 75.6,7). "E a glória" revela que Ele é verdadeiramente digno. Aquilo que só a Ele pertence não é conferido a mais ninguém. Temos aqui a singularidade e a incomparabilidade de Deus. A oração começa e termina enaltecendo a Deus em Sua grandeza, sendo visto como o Deus eterno e eternamente Deus (Ex 3.13,14). 

Alguém já disse que a oração é o veículo que nos leva a Deus. Olhando para este modelo de oração deixado por nosso Senhor Jesus Cristo façamos uma análise: será que nossas orações seguem este padrão bíblico? Muitas vezes não alcançamos resposta do que pedimos pelo fato de nossas orações não estarem de acordo com os ditames bíblicos. Percebemos nesta oração-modelo que oração não é fazer a vontade do homem no Céu e sim a vontade de Deus na terra. Sob esse prisma é que teremos uma vida de oração eficaz abundando em grandes experiências para glória de Deus e para aumento da nossa fé.