quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Cristão e os Usos e Costumes

Com o crescimento das Igrejas Pentecostais, o expressivo conhecimento teológico que, a cada dia, vai se expandindo de forma exorbitante no seio denominacional e a eficiência na explanação das doutrinas bíblicas, ainda encontramos muitos cristãos embaraçados em questões, as quais, à luz das Santas Escrituras, são marcadas pela falibilidade humana e uma das que mais se acentuam é a falta de discernimento entre doutrina e costume que, doravante, abordaremos aqui.
Com relação e este assunto tão polêmico e tão mal interpretado, destaca-se no meio evangélico três grupos de cristãos. São eles:
1. Os Radicais - Este grupo, em razão de seu demasiado zelo pelas coisas temporais, caminham tão longe do evangelho quanto o céu é bem longe da terra! São extremamente rígidos. Criam regras extrabíblicas de santidade afirmando que, quem nelas se basearem, serão salvos, do contrário, irão para o inferno. Isto não passa de um absurdo no mais alto grau e de um excesso de fanatismo infrutuoso. O nosso testemunho de vida deve ser embasado na Palavra de Deus e não em métodos descabidos que vem ao arrepio das Escrituras Sagradas.
2.Os Conservadores - Já este grupo possui uma visão centrada na Bíblia, reconhecendo a temporalidade dos usos e costumes em contrapartida com a imutabilidade da doutrina bíblica. O renomado pastor e teólogo Antônio Gilberto, principal teólogo pentecostal do Brasil, afirma que a doutrina bíblica "quando pregada sob a unção do Espírito Santo e vivida pelo crente, na prática, através do "amor de Espírito Santo" (Rm 15.30), gera no crente e na congregação, santos usos e costumes, os quais, por sua vez, confirmam a doutrina bíblica (1 Co 15.33; Tt 2.10)". Para o verdadeiro conservador, a base é a Palavra de Deus. O verdadeiro conservadorismo abriga-se nas raízes doutrinárias do evangelho de Jesus Cristo e não em recursos secundários que ofereçam uma suposta salvação para o crente; A Palavra de Deus, na sua essência, tem um poder extraordinário de mudar completamente o homem quando este se submete a ela. Logo, a mudança, além de espiritual, também inclui a vida moral, fazendo o homem se comportar de forma piedosa sem fugir dos ditames bíblicos.
3.Os Liberais - Este grupo parece ignorar a Bíblia em seu estilo de vida no sentido de abraçarem tudo o que o sistema deste mundo lhes oferecem. É como se a Bíblia perdesse toda a inspiração, não valendo a pena colocá-la em prática nos dias hodiernos. Para eles, "pode tudo", "vale tudo", "nada é pecado"; ao tempo que o radicalismo é uma grande deficiência por suas regras exageradas de santidade, o liberalismo, por outro lado, é um grande perigo para muitos que aceitam um modo de vida mesclado com o mundo.
 
Os exageros se tornam em grande problemas para o cristão; ou muito radical ou muito liberal, ambos não possuem o foco doutrinário das Escrituras, e o que vemos? Brigas, rumores e contendas! Adeptos da mesma fé degladiando entre si, entristecendo ao Espírito Santo e julgando a outrem, desprovido de um genuíno consenso bíblico. Ser conservador de determinados costumes não dá o direito de se achar "dono do evangelho", desrespeitando os demais que não possuem a mesma visão. ISTO NÃO PROVÉM DE DEUS! Todo cristão que desejar uma mudança absoluta, deverá escudar-se no Evangelho e não em pré-julgamentos desnecessários que não convém ao servo de Deus. Tais atitudes machucam as ovelhas, porém, quem prima pela eficácia da Palavra, cumpre corretamente com o perfil de um cristão autêntico, pois, "a Palavra de Deus é viva e eficaz" (Hb 4.12), por ela, o homem alcança veraz transformação (Jo 15.3; 17.17; ver Sl 107.20).
A bem da verdade, o termo "usos e costumes" não se restringe apenas à vestimenta, corte de cabelo e maquiagem, como muitos pensam; está relacionado também aos hábitos e práticas no viver diário, portanto, vai além dos itens acima citados. A palavra "uso", do latim usu, "prática consagrada, hábito local". Costume, vem do latim cosuetumen, "prática antiga e geral". Assim, podemos definir "usos e costumes" como uma expressão do comportamento, moral, social e ético e portanto não se limita as vestes ou coisa do tipo, haja vista que não se pode colocar estas coisas lado a lado com a salvação, pois, somos salvos pela graça através da fé em Cristo (Ef 2.7,8).
Como se costuma dizer, a doutrina bíblica gera bons costumes, mas, os costumes não geram doutrinas. Logo, o alvo prioritário do cristão é a Palavra de Deus e não métodos falíveis e passageiros que não resultam em nada. Não existe desgraça maior do que um cristão DENTRO da Igreja, porém, com o Evangelho FORA do seu coração! Que Deus nos guarde deste horrendo perigo!