sexta-feira, 17 de junho de 2016

A Premente necessidade de sermões expositivos nas Igrejas

Desejaria ouvir os sermões de C. H. Spurgeon, queria estar na multidão que se reunia para ouvir as fervorosas pregações evangelísticas de D. L. Moody; e o que dizer de George Whitifield, o pregador dos cultos ao ar livre? Sem dúvida, eram sermões ungidos com poder do Alto, carregado de conhecimento embasado nas Escrituras Sagradas. A forma de expor os oráculos sagrados, o cuidado com que se transmitia a poderosa mensagem do Evangelho causava nos ouvintes marcas profundas, provando que era pregada a Palavra de Deus, "viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes..." (Hb 4.12). Não precisamos ir tão longe. Em nosso abençoado solo pátrio Deus levantou homens que deixaram grandes referenciais no tocante à pregação expositiva. Por exemplo, o Pastor e Doutor Eliseu Feitosa de Alencar era conhecido entre as Assembleias de Deus na década de 60 e 70 como um de seus mais talentosos e eloquentes pregadores, dono de um vasto conhecimento bíblico e uma agradável maneira de se comunicar que arrebatava multidões. Não foi debalde que, ao pregar em países da Europa, como na Suécia, foi chamado pela imprensa deste país como o TROVÃO BRASILEIRO. Retrocedendo um pouco no tempo, encontraremos o Pastor Amaro Celestino, no Pernambuco. Sua eloquência, dinamismo, e impressionante oratória fez com que se distinguisse entre os obreiros das Assembleias de Deus no Pernambuco. Não obstante o preconceito dos tradicionais em relação aos pentecostais, que se aflorava naquele tempo, isso não foi barreira para que este pregador pernambucano pregasse em várias igrejas denominacionais, tamanha a oratória e a forma cuidadosa de EXPOR as verdades bíblicas ao povo de Deus. São exemplos, valores, marcos fundamentais que dão realce à importância da pregação expositiva, não ultrapassada, mas de grande valor. 

As circunstâncias nos dias atuais em nossas Igrejas nos obrigam a crer que o descrédito à pregação do Evangelho verdadeiro, o desprazer em ouvir a instrução bíblica que fortaleça a sua estrutura espiritual são destaques bem visíveis e assustadores. A forma como vem sendo transmitida a Palavra "de Deus" em nossos dias mostra a falta de confiança na veracidade das Escrituras, como se ela não fosse o "poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16). Logo, se falta confiança, falta compromisso mostrando, com isso, um enorme descompasso entre a vida do pregador e  o que ensina a Escritura Sagrada. O que vemos hoje? Uma preocupação com a reação imediata na hora em que o pregador, "cheio da unção", "libera uma palavra profética" esperando a euforia do povo que lhe ouve. Com isso, fica uma coisa mecânica, do tipo: "se eu prego, você tem que dá glória; se eu pregar e tu não dé glória, 'tu' tá desviado". Não há aquela preocupação em que o ouvinte aprenda a Palavra de Deus, falta a sensibilidade no que diz respeito a uma reflexão de quem ouve a prédica. Por isso, digo, deveríamos nos preocupar em levar ao Povo de Deus mensagens expositivas que venham aclarar as verdades bíblicas no afã de edificar o povo de Deus, causando uma profunda impressão. Com razão disse A. T. Robertson: "Umas das provas de que a Bíblia é a Palavra de Deus é que ela tem resistido a pregações muito ruins". E é verdade. Pessoas saem dos cultos decepcionadas não com a Bíblia, mas, com o arauto, o pregador. Resumindo, o que vemos é apenas migalhas de pão e não o PÃO propriamente dito! Chave de carro pra um lado, casa pro outro, "receba a tua vitória", "Deus vai te exaltar e teu inimigo vai se prostrar aos teus pés te pedindo perdão" e por aí vai. Mensagens como estas estimula no ouvinte uma expectativa fadada a uma inesperada frustração. Glorificam, gritam, levantam as mãos, mas a pergunta é: como estão as suas almas?


Aprendamos com o Mestre Jesus. O Senhor Jesus Cristo é o maior exemplo de um expositor das Escrituras Sagradas. Ele não esperava a data de um "congresso" para apresentar um sermão pomposo e elegante, pelo contrário, Ele aguardava a oportunidade de colocar o homem perante Deus através da prédica centralizada na Palavra de Deus. Ele ensinava "com autoridade" (Mt 7.29), deixando Seus ouvintes admirados da Sua Doutrina (Mt 7.28). Lá está o Divino Mestre em João capítulo 3 expondo uma mensagem poderosíssima para uma pessoa só: Nicodemos. Adiante, no mesmo capítulo, um sermão "tremendo e ungido", também pra uma pessoa só: a mulher samaritana. Agora, imaginemos aqueles dois discípulos no caminho de Emaús, andando e conversando quando, de repente, o próprio Jesus se aproxima deles e participa daquele diálogo. Diz a Bíblia que o coração daqueles homens ardiam ao ouvirem Jesus falar (Lc 24.32). Qual a razão? (1) O Senhor Jesus fez uma exposição daqueles acontecimentos com base na Palavra de Deus. O que ouvimos em nossas Igrejas? Mensagens desprovidas de base bíblica, além do mais, sem harmonia com o texto sagrado, pregando versículos isolados sem obedecer o contexto e sem a luz do Espírito Santo. Uma mensagem só pode causar impacto profundo se ela for bibliocêntrica, partindo do princípio de que a pregação, ainda mais expositiva, é Deus encontrando-se com o pecador na instrumentalidade do pregador regenerado.

(2) Seus corações ardiam porque a mensagem tinha um alvo:  o coração daqueles dois discípulos! O grande expositor dos oráculos sagrados, o Senhor Jesus, tinha propósito em sua exposição e esta, por sua vez, tinha endereço: o coração do homem! Há quem pregue em nossos dias "atirando para todas as direções" esperando somente a glorificação do ouvinte. Fica chato perguntar deste se realmente ele está entendendo a mensagem; nem o pregador sabe o que estar pregando e nem para quem estar pregando!

(3) Seus corações ardiam porque a mensagem expositora do Filho de Deus obedecia ao tema das Escrituras: "... explicava-lhes o que dele se achava..." (Lc 24.27). Qual o tema central da Bíblia? O Senhor Jesus e Sua obra de redenção (ver Jo 3.16). As pregações de hoje obedecem ao que dizem as Escrituras? Nossos púlpitos sobejam de mensagens extrabíblicas, "revelamento", pregações que tem como base as experiências individuais de quem prega, tomando elas como base para interpretar a Bíblia quando deveria ser o contrário. A Palavra de Deus é a base precípua, a nossa única fonte confiável e nada mais além dela. Não há mais aquele ardor profundo nos corações, mas apenas cócegas na alma pois o que ouvimos são mensagens superficialistas e não embasada na Palavra de Deus que faça o pecador confrontar-se com sua realidade pecaminosa, desejando um encontro com Deus.

(4) Seus corações ardiam porque o Expositor Jesus falava com fidelidade ao texto sagrado: "... explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Tal como falava a Escritura, assim falava o Expositor, Jesus de Nazaré. Muitos hoje usam da prédica para se autopromoverem, subornar, ludibriar os ouvintes com mensagens sem a essência do Evangelho e do Espírito Santo. Paulo diz que o Evangelho "é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16). Para salvação e não para bajulação de quem prega, autopromoção, vanglória e coisa do tipo.

(5) Seus corações ardiam porque era Jesus quem falava com eles! Quando pregamos, as pessoas sentem Deus ou é nada mais que um pregador exaltado subindo no altar para mostrar mais a si mesmo do que a Deus? A sua preocupação é realmente deixar o Senhor falar aos corações ou apenas se auto-apresentar? A pregação é o canal por onde o Senhor deseja falar ao pecador necessitado de salvação, ao cristão necessitado de consolação, à Igreja necessitando de renovo, enfim, é o Senhor indo de encontro à NECESSIDADE das pessoas, tendo, por fim, a glorificação do Seu Nome.

Desperta, Senhor, nossos pregadores! Resgata a verdadeira pregação enfocada nas Escrituras e que o Teu Povo tenha sede de te conhecer por meio da Tua Palavra! Desperta, ó Deus!