sábado, 19 de novembro de 2016

10 RAZÕES PORQUE DEVO OBEDECER AO MEU PASTOR - HB 13.17

Muitos professos da fé em Cristo perecem pela falta de conhecimento (Os 4.6; ver Is 5.13). Não congregam, não dizimam, não contribuem com nada em favor do Reino de Deus porque, na verdade, não amam ao Deus do Reino. E o pior de tudo é que acham que podem se prevalecer em assuntos concernentes a Obra de Deus e, na verdade, não passam de incompetentes desvairados, desprovidos de virtudes preceituadas pelas Escrituras Sagradas, a inspirada e infalível Palavra de Deus.
Não raro, acham também que não devem obedecer às autoridades eclesiásticas, os pastores, chamados por Deus e convencionados pela Igreja, e fazem o que querem da sua vida, achando que, com isso, estão agradando a Deus. Mas, observando o princípio lógico e, sobretudo, a Sagrada Escritura, veremos as razões porque devemos obedecer aos nossos pastores.
1.     Toda instituição, todo comércio ou qualquer outro tipo de entidade necessita de uma liderança debaixo de cuja batuta se rege todo o andamento da instituição estabelecida. A própria lógica exige o princípio da boa ordem, especificamente em caráter hierárquico. O mesmo caso se aplica à Igreja. O que é um rebanho sem pastor? Como se conduzirá?
2.     Biblicamente falando, Jesus Cristo é o “Sumo Pastor” das ovelhas (1 Pe 5.4). Deduzimos desta passagem que Jesus Cristo é o “Pastor Chefe”, ou seja, o Pastor em escala maior, debaixo de cuja autoridade estamos. Desta forma, quem diz não obedecer ao pastor local de uma Igreja, ainda não teve um relacionamento com o “Sumo Pastor” de toda a Igreja e não O conhece. Ainda vive na ignorância e não conhece a Verdade do Evangelho. Alguém que diz que não precisa de pastor para obedecê-lo, estar se desfazendo da Pessoa e Obra do Senhor Jesus Cristo, o Pastor por Excelência.
3.     O escritor sagrado da carta aos Hebreus diz claramente: “Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles...” (Hb 13.17). Analisando o caso por etapa, concluímos que em Hebreus capítulo 13 temos uma série de recomendações deixada pelo hagiógrafo. A maneira incisiva e prática com que escreve estas recomandações revela: a) a preocupação do escritor com os irmãos hebreus: “Rogo-vos, porém, irmãos, que suporteis a palavra desta exortação...”; b) provavelmente pelo fato dele estar prevendo o seu martírio: “... porque abreviadamente vos escrevi” (Hb 13.22). Logo, Hebreus 13.17, consoante a obediência aos nossos pastores, se trata de uma recomendação;
4.     O termo “obedecei”, no original, significa “seguir”, com o sentido de “dar ouvidos” (ver At 5.36). Outrossim, ela abarca a ideia de “persuasão”, na voz passiva, deixar ser persuadido. Também com o significado “confiar”, “sentir-se assegurado”  (Rm 2.19; 2 Co 2.3). Em outras palavras, devemos “obedecer confiantemente” aos nossos pastores, pois, do mesmo modo como o Senhor da Igreja confiou a eles este encargo, devemos obedecer aos mesmos como fiéis ministros da Casa do Senhor;
5.     O pronome possessivo “vossos” dá mais ênfase ao assunto supra analisado. Quem são os pastores? São aqueles q ue cumprem as palavras do Apóstolo Paulo: “... mas também a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor e depois a nós, pela vontade de Deus (2 Co 8.5). “depois a nós” dá sentido a palavra “vossos” em Hebreus 13.17, pois, se são “nossos pastores”, são nossos porque foram dados por Deus, cabendo a nós obedecê-los como quem obedece diretamente ao Senhor;
6.     O termo “pastores”, no original, aparece com a ideia de “liderar”, “comandar”, “ordenar”, “ir à frente”, “mostrar o caminho”. O termo é usado para referenciar pessoas que exercem um dado grau de influência e de autoridade (ver Lc 22.26; At 15.22). Ainda o termo é aplicado a Cristo como o Messias, explicando o cumprimento da profecia de Miquéias 5.2 (Mt 2.6). Devemos obedecer aos  nossos pastores porque Deus os elegeu para exercer autoridade sobre o Seu povo. Deus os ordenou para “comandar”, “ordenar”, “tomar a frente”, “conduzir” com autoridade por Ele mesmo outorgada;
7.     “... e sujeitai-vos a eles...”. No original, sujeitar tem o sentido de “render”, “ceder”, “submeter”. Isto implica reconhecimento da autoridade conferida a alguém. Render-se a Deus significa reconhecer Sua grandeza, soberania, Sua infinita e excelsa majestade. Render-se aos nossos pastores significa reconhecer o seu dever de zelar do rebanho, o seu chamado da parte de Deus de supervisionar, cuidar e alimentar o rebanho de Cristo com a Palavra da Verdade, a Sã Doutrina;
8.     O mesmo apóstolo Pedro que disse: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29), também escreveu em sua carta: “Sujeitai-vos, pois, a toda ordenança humana por amor do Senhor; quer ao rei como superior; quer aos governantes, como por ele enviados para castigo dos malfeitores e para louvor dos que fazem o bem” (1 Pe 2.13,14). Veja bem: “a toda ordenação HUMANA”. Os ignorantes, “metidos a sabedores” deveriam conhecer esta verdade bíblica. Devemos obedecermos e sujeitarmos a toda ordenação humana, pois, esta foi constituída pela ordenação DIVINA. Se não obedeço a ordenação da terra, como obedecer a ordenação dos Céus?
9.     Deus é o primeiro e maior exemplo nas Escrituras acerca do respeito às autoridades. Aquele que tem o poder para dar e para tirar, para constituir e para destituir deixou patente nas Páginas Sagradas este grande exemplo. Quando o Senhor ordenou a Moisés que tirasse aos filhos de Israel do Egito, o enviou dizendo: “Vai, ajunta os anciãos de Israel, e dize-lhes...” (Êx 3.16). Os “anciãos”, aqui, não são somente os varões de avançada idade, mas também de posição privilegiada entre o povo hebreu, mostrando certa influência no meio deles. Logo, a boa nova de libertação da escravidão, antes de ser dirigida a toda a nação hebreia, seria primeiramente endereçada aos “anciãos” do povo. O Deus vivo, verdadeiramente Deus, um exemplo de respeito às autoridades. E nós? Estamos seguindo este exemplo?
10.   Interrogado pelos fariseus acerca do tributo pago a César, prontamente o Filho de Deus, a Sabedoria Personificada do Altíssimo, lhes responde: “Daí, pois, a César, o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Mt 22.21). Quem era César? Um homem impiedoso, desprovido de temor a Deus e investido de crueldade e insanidade moral. Contudo, o Divino Mestre não olha para a figura do César, mas, para a autoridade, da qual, ele estava investido. Se Deus, que tem o poder para dar e tirar, que estar acima de tudo e de todos, é o maior exemplo de respeito às autoridades, quanto mais nós que estamos debaixo dela, não devemos nós obedecê-los também?


Para encerrar: nunca colocamos pretexto para obedecer aos nossos patrões no nosso local de trabalho. Às vezes é um reclamão, com a boca cheia de palavrões e um zombador de primeira categoria. Sem olhar para isso, o obedecemos. Mas, colocamos tanto pretexto para obedecer os nossos pastores que pregam a verdade, nos exorta e nos corrige para o nosso bem. Devemos sempre nos lembrar que a Igreja é formada de seres humanos e não de anjos. Somos todos rodeados de fraquezas. Quem conhece as Escrituras, sabe se conduzir prudentemente, reconhecendo o princípio da obediência às autoridades delegadas por Deus.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Não se turbe o vosso coração - João 14.1

Era a reta final do Ministério terreno do Senhor Jesus. Às vésperas de Sua crucificação, o Divino Mestre, ao Se reunir com Seus discípulos, dirigiu aos mesmos palavras de consolo, mostrando ser Ele o Bom Pastor que refrigera as nossas almas (Sl 23.1,3). Era quase o fim de uma Dispensação. Todos os dias nasce o sol, perfazendo seu circuito até chegar no seu ocaso. Porém, mediante a morte e ressurreição do nosso Salvador, nasceria mais do que um dia, afinal, Ele é o “Sol da Justiça” (Ml 4.2), que viria no Seu resplendor para dissipar o pecado e nos regenerar à condição de filhos de Deus. A Sua vereda foi como “a luz da aurora” que foi “brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18). Glória a Deus!  
O que pode turbar um coração? Circunstâncias adversas da vida contribuem para nos deixar com o coração turbado e dilacerado. Afinal, turbar significa “perturbar”, “toldar ou entristecer” e até “escurecer”. O sentido do termo indica uma situação desfavorável, desconfortante, causando-nos aperto. Devido o amontoar das situações que são degradantes, vão “escurecendo” as esperanças, impedindo-nos de vislumbrar os horizontes da vida. Logo mais adiante o Mestre seria preso e entregue à vontade de Seu próprio povo (Lc 23.25). Porém, Sua missão não encerraria com a morte, pelo contrário, na Sua morte também “morreria” a velha dispensação, os fracos rudimentos da Lei mosaica e, em Cristo, seria inaugurado “um melhor concerto, que está confirmado em melhores promessas” (Hb 8.6). As razões para não deixar que o nosso coração se turbe não se restringe à horizontalidade da vida e sim à verticalidade dos valores eternos, pois, estes vão além da transitoriedade e da temporalidade.
De acordo com os grandes intérpretes da Bíblia o termo “turbe”, no original grego, significa “incitar”, “agitar”, com a ideia de turvar a água. Ao lermos “não se turbe”, podemos exaurir do versículo algumas lições:
1.     Está no presente do imperativo, indicando uma ordem, expressando uma ação continuada. Desse modo,  a ordem expressa aqui é que o cristão deve sempre estar com o seu coração blindado na fé em Deus a fim de que as dificuldades da vida não o incite à incredulidade nos propósitos do Senhor para conosco;
2.     A negativa “não se turbe” implica a proibição de uma ação, mormente quando ela está ocorrendo. Os discípulos estavam com os seus corações turbados, mas, não havia razão para tal. O nosso coração pode estar turbado por alguma coisa, mas, segundo a Escritura, não há razão para nos conformar a isso, pois, Jesus disse: “credes em Deus, crede também em mim”;
3.     Um coração turbado é um coração agitado. Por agitado entende-se tudo aquilo que oscila conforme uma situação. Com isso, Jesus aqui nos ensina que, quem realmente crê no Senhor não oscila, não varia segundo o ritmo das adversidades e das aflições (Sl 125.1). Devemos andar e viver pela fé (Hc 2.4; 2 Co 5.7), pareada, alinhada à vontade de Deus revelada na Sua Palavra e nas Suas indizíveis promessas que Ele nos fez.
Qual a razão para não turbarmos o nosso coração? A resposta nos é dada pelo Senhor Jesus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14.2); onde fica a casa do Pai, no sentido em que Jesus aqui se referiu? Não é na terra, aonde tudo é transitório, é efêmero; não é aqui, aonde tudo proporciona prazeres momentâneos. Na referência em apreço, Jesus nos convida a vislumbrar os horizontes da eternidade, aonde o tempo não entra e não põe limite em nada. Nesta terra, as aflições nos sobreveem e, como chuva de verão, logo passam; mas, na casa do nosso Pai é gozo eterno, é vida eterna, é alegria eterna, é glória eterna, pois, quem nos assegura estas coisas é o “Pai da Eternidade” (Is 9.6).

Quando observamos a vida do ponto de vista da eternidade, tendo como âncora a Palavra de Deus, percebemos o quanto vale a pena prosseguir sem nunca titubear, visto que “por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus” (At 14.22; ver Rm 8.18).

sábado, 1 de outubro de 2016

O que significam as palavras "não sofrerão a sã doutrina" em 2 Timóteo 4.3?

Para começar, o que é doutrina? Por este termo, definimos como “instrução”, “ensino”, “conjunto de princípios que rege uma filosofia ou religião”. Em nosso caso, doutrina é um “conjunto de ensinamentos que, tendo como base as Sagradas Escrituras, orientam o homem a um relacionamento com Deus por meio de uma vida santificada”. Estudiosos da Bíblia identificam três tipos de doutrinas, a saber: a doutrina de Deus – a doutrina bíblica; a doutrina de homens – a doutrina extrabíblica; e, por fim, a doutrina de demônios – a antibíblica. A doutrina de Deus é salutar, pois, seus ensinos constitui-se o norte da vida cristã; por ela, o homem, uma vez redimido, ajusta a sua vida à vontade do Deus Criador de todas as coisas.
Qual é a tarefa da doutrina bíblica? Instruir o cristão a fim de que este possua uma vida alicerçada nos fundamentos da Verdade, para não cair no erro, não tropeçar no engano, tampouco titubear ante os falsos ensinos que se propalam em muitas comunidades de fé (ver 1 Pe 3.15). Pela palavra “sã” entendemos como tudo aquilo que é puro, sadio. Isso significa que a Sã Doutrina tem como finalidade precípua levar o cristão a uma vida pura, sadia em caráter espiritual, moral e até mesmo social, reluzindo neste mundo que jaz em trevas (Fp 2.15; ver 1 Tm 1.9,10; 6.3; 2 Tm 4.3; Tt 2.1). Com isso, já entendemos que a “doutrina de demônios” (1 Tm 4.1) é perigosa, destrutiva e, portanto, nociva àqueles que prezam por uma vida piedosa, arraigada no Evangelho genuíno. Devemos amar a Palavra de Deus (Sl 119.97) e estarmos apercebidos dos falsos ensinadores que, eloquentemente, vem ludibriando a muitos, com suas falsas premissas, com aparência da verdade, mas, sem a essência dela.
O Espírito Santo inspirou os sacros escritores do Novo Testamento a escreverem sobre a apostasia que viria fazendo uma “varredura”, digamos, no seio da Igreja Cristã (1 Tm 4.1-3; 2 Tm 3.1-9; 4.1-4; Tt 1.10-16; 2 Pe 2.1-3; 1 Jo 2.18,19; 4.1; Jd vv 4-19). Isso já está acontecendo. A tolerância ao pecado, a síndrome do “não tem nada a ver” tem ofuscado a visão espiritual de muitos que se acomodaram em uma vida cristã superficial  e meramente relativa. O que estamos vendo é uma mistura de valores bíblicos com “valores” mundanos, tendo com isso um cristianismo híbrido, o que é contrário às Escrituras que nos exortam a uma vida santa, ou seja, separada do mundo e separada para Deus (Rm 6.4,19; 2 Co 7.1; Tg 4.4; 1 Pe 1.15). O “hibridismo cristão” está ganhando espaço em toda parte e quando isso acontece, já não se fala mais em uma vida totalmente consagrada a Deus e ao que ensina a Sua Palavra.
É por essa e muitas outras razões que o apóstolo Paulo alerta o jovem pastor Timóteo dizendo que viria “tempo em que não sofrerão a sã doutrina” (2 Tm 4.3). Como assim “não sofrerão a sã doutrina”? Qual o contrário de “não sofrer”? É resistir. É não reagir de forma correspondente e positiva a uma ação. É isso o que vemos em nossos dias. A doutrina bíblica genuína está sendo desprezada, pois, muitos preferem suas paixões carnais e repugnam a verdade quando esta vem aos seus ouvidos. Mensagens como Salvação, Renúncia de pecado, Santificação, O poder do sangue de Jesus, O Arrebatamento da Igreja e outras mais não interessam mais à Igreja. Agora é tudo moderno, querem ouvir algo mais light. A doutrina do Senhor Jesus é poderosa para nos conduzir à prática da justiça e dos bons costumes, porém, muitos estão resistindo-a, combatendo-a através da sua inclinação às obras da carne, e, como diz a Sagrada Escritura, “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8). Nos últimos tempos, muitos “não sofrerão a sã doutrina” pelo fato de preferirem agradar mais a si mesmos do que a Deus.
Outrossim, o que significa a frase “não sofrerão a sã doutrina”? o que é sofrer? É ser atingido por algo que pode causar dores ou outra reação. É ser vítima de um duro golpe. É passar por uma situação desagradável ou indesejável. Também, é sofrer um impacto profundo. O apóstolo Paulo, pelo Espírito Santo, prevendo que muitos não sofreriam a sã doutrina, estava dizendo que muitos não aceitariam serem atingidos pela Palavra de Deus, “viva, e eficaz” (Hb 4.12); visto com o a doutrina do Senhor não só reprova como nos afasta do erro, quando a obedecemos, significa que muitos preferiria permanecer no erro do que renunciá-los para viver conforme a vontade de Deus revelada na Sua Palavra. “Sofrer a sã doutrina” é renunciar aquilo que entra em conflito com a Verdade absoluta de Deus, é deixar ela causar um profundo impacto de mudança, santificação e aproximação de Deus. Como já falamos, doutrina é um conjunto de ensinos, de regras, de princípios basilares que norteiam a conduta de um cristão. “Sofrer a sã doutrina” é aceitar a totalidade dos seus ensinos, reconhecendo que somente um coração puro irá nos aproximar da presença de Deus. Ainda, “sofrer a sã doutrina” é contrariar nossas concepções loucas, nossas ideias fúteis, tipo “eu acho”, “eu sei”, “eu penso”, deixando a doutrina do nosso Deus predominar o nosso coração.

Os bons usos e costumes sempre terão sua devida importância na história da Igreja desde que conservados à luz da Sã Doutrina. Do contrário, tudo não passará de fanatismo e radicalismo, mexericos e contendas, pois, tudo vai girar em torno da roupa, do cabelo, da maquiagem, etc, e não em torno da Palavra de Deus. O cristão deve “sofrer a sã doutrina”, ou seja, deixar que seu coração seja flagelado pelo duro golpe da verdade, flamante contra o pecado, moldando o nosso perfil para que vivamos em plena consonância com a vontade daquEle que nos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9).

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O Perigo da "Milagrolatria"

É estarrecedor o que vemos em muitas Igrejas no Brasil. Não me canso de dizer que muitos absurdos que encontramos em certas comunidades de fé ocorrem devido a falta de um conhecimento genuíno da Palavra de Deus. Conceitos errôneos sendo adotados por muitos líderes e pregoeiros da Palavra de Deus vem induzido muita gente a uma vida supérflua, totalmente vazia de  Deus e cheia de emocionalismos fúteis que não produzem edificação alguma. Não para por aí. Algumas denominações, de forma abusiva, procuram se prevalecer sobre as outras, dizendo entre muitas coisas: “Milagre só aqui na Igreja...”, “se na igreja onde você está não acontece milagre, vem pra nossa...”. Em vez de seriedade, o que vemos é uma tão grande palhaçada entre certos líderes que atitudes como estas ferem o verdadeiro perfil da Igreja de Cristo.
Muitos não entendem que coisas desse tipo é como um banho de água lamacenta sobre a imagem da Igreja de Cristo, prejudicando-a e deixando desacreditada na sociedade. Denunciam os católicos por suas práticas idolátricas e nós, evangélicos? A “milagrolatria” está predominando em muitas Igrejas, as quais, em vez de direcionarem sua atenção para o Senhor dos milagres (Hb 12.2), focam apenas no milagres vendo estes apenas como uma forma de se sentirem impressionados, quando deveriam glorificar ao Deus dos grandes feitos. E qual o resultado dessa balbúrdia? Crentes com uma vida espiritual raq   uítica, um conceito mórbido de cristianismo e, em vez de progredirem na fé, acabam por regredir cada vez mais. A pergunta é: onde estão os líderes “milagreiros” que não atentam para isso? Eles realmente se importam com a vida espiritual dessas pessoas? Existe por acaso uma preocupação em torno disso? Pessoas entram e saem vazias  e os líderes e pregoeiros agindo como se isso pouco importasse. Reforçando: falta conhecimento da Palavra de Deus!
Tomaremos como base o texto de Atos capítulo 3. Tendo o apóstolo Pedro ministrado a cura sobre o paralítico na porta do Templo, chamada Formosa, este entrou “no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus. E todo o povo o viu andar e louvar a Deus” (At 3.8,9). O que acontece com muitos hoje quando recebem uma determinada benção? Saem da Igreja, difamam a Igreja, em vez de reconhecerem a misericórdia daquEle que é poderoso para nos abençoar e conceder o que lhe pedimos. Olham para Deus como se fosse meramente um “gênio da lâmpada” a quem pode pedir o que quiser e, depois, desdenhá-Lo. O nosso Deus é Senhor, é Soberano, o Todo-Poderoso, e como Tal, deve ser crido, temido e obedecido. Uma pessoa que foca em sua vida apenas um milagre, uma benção e não aquEle que tem poder para dar e fazer muito mais precisa se converter de verdade, precisa conhecer o verdadeiro, suficiente e poderoso Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, que é o poder de Deus “para a salvação” (Rm 1.16). Quem vive aquém desta verdade gloriosa ainda não sabe o que é realmente servir a Deus.
O literato prossegue dizendo que o paralítico, sendo curado, entrou no templo, “andando, e saltando, e louvando a Deus” (At 3.8,9). Louvando a quem? A Deus! Não foi a Pedro e nem a João, homens consagrados na oração e no ministério da Palavra (At 3.1; 6.4). Mesmo sendo estes homens de grande virtude, aquele que, outrora, era enfermo, reconheceu que a sua cura provinha de Deus e, por isso, O louvou e O reverenciou. O milagre que recebemos é como o pão que compramos na padaria. Todos irão dizer que o pão é bom e de qualidade, mas quase ninguém irá lembrar do trabalho do padeiro para que aquele pão chegasse à mesa do cliente, tão delicioso e apetecível. Do mesmo modo são os milagres. Todos irão falar da “grandeza” do milagre, mas nem todos irão mencionar da grandeza daquEle que o fez. O propósito do milagre é honrar a Deus e louvá-Lo com temor e presteza e não fazer o que vemos em nossos dias:  a “divinização” dos pregadores “milagreiros”, esquecendo-se do Deus do sobrenatural.
Após o milagre ter acontecido, diz o hagiógrafo que “todo o povo correu atônito para junto deles no alpendre chamado de Salomão” (At 3.11). É óbvio que o povo, vendo que aquele acontecido era de procedência sobrenatural, ficariam “atônitos”, ou seja, “espantados”, “perplexos”, “admirados”, pois, no “nome de Jesus Cristo, o Nazareno” (At 3.6), os apóstolos fizeram algo que foge às leis da naturalidade, o que chamamos de “milagre”. O que fez o apóstolo Pedro? Esbanjou a sua vida religiosa aos seus ouvintes? Expôs ao público a sua vida diária de oração (At 3.1)? Agiu semelhante ao fariseu, se exaltando, como fazem muitos hoje (Lc 18.10-14)? O que fez Pedro vendo que a multidão correu junto dele e de João? Pregou a Palavra de Deus! Pelo que depreendemos das narrativas, vemos ali uma pregação Cristocêntrica! O intrépido pregador não deu ênfase ao milagre já ocorrido, pelo contrário, ele aproveitou a ocasião para falar da Pessoa bendita do Senhor Jesus! Ele começa a sua prédica, dizendo: “O Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Filho Jesus...” (At 3.13). Pedro exaltou o Senhor do milagre. Ao invés de falar do efeito (o milagre), Pedro dignificou a Causa (o Senhor, que opera milagres), a Causa primaz para Quem todo o povo deveria fitar os seus olhos. A pregação de Pedro tinha como tema a vinda de Cristo, segundo as profecias veterotestamentárias, para prover a salvação aos homens, conforme o plano de Deus que cumpriu fielmente tudo o que fora falado pelos profetas, trazendo ao mundo o Salvador e Redentor da humanidade (At 3.13-26).
É o Evangelho que é “o poder de Deus” (Rm 1.16), não o milagre. É o Espírito Santo quem convence o homem “do pecado, e da justiça, e do juízo” (Jo 16.8), não o milagre. O nosso objetivo, aqui, não é banalizar a natureza do milagre, ao contrário, é conscientizar quanto ao ponto de equilíbrio que deve haver nesta questão, vista de maneira tão errônea pela maioria das pessoas. De acordo com os grandes estudiosos das Escrituras, os Evangelhos relatam que, das 90 vezes que as pessoas se dirigiam a Jesus, 60 vezes O chamavam de “Mestre”. Vários relatos das Escrituras mostram o Senhor Jesus ensinando ao povo (Mt 4.23; 7.28,29; Lc 20.1; ver Mt 28.19,20; etc). Da mesma forma como Jesus realizava milagres, também destilava a Palavra de Deus a todos os que Lhe ouviam ( ver Mt 5-7).

Sejamos cautelosos. Possamos nós estar embasados na Palavra de Deus, pois, são muitos os enganadores e os enganos que permeiam nos altares das Igrejas.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Uma reflexão sobre a humilhação de Cristo

Uma análise em Filipenses 2.6-8 nos fará entender que a humilhação de Cristo foi tríplice: no espírito, na alma e no corpo. Ele próprio afirmou ter essa composição tricotômica, como homem, quando disse: “o meu espírito” ( Lc 23.46); “a minha alma” (Mt 26.38) e: “o meu corpo” (Mt 26.26; 1 Co 11.24). 

A humilhação de Jesus no espírito: “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus” (Fp 2.6). O que é usurpação? É tomar à força o que não lhe pertence de direito, roubar, extorquir, isto é, obter algo por meio da violência. Isto parece um pouco confuso, pois, a Divindade de Cristo é atestada até mesmo no Antigo Testamento, ainda que não percebida claramente (Is 9.6; Jr 23.5,6; Mq 5.2). Entretanto, quando lemos a frase “não teve por usurpação”, constatamos a humilhação de Cristo, em termos mais precisos, desde o Seu nascimento virginal, visto que Deus não nasce (Êx 3.13,14; Is 43.10; 57.15). Em todo o tempo, Jesus Se humilhou, direcionando a Deus, o Criador, toda a glória devida ao Seu  nome. Ele disse ao diabo no deserto: “... Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás” (Mt 4.10). Veja bem: “e a Ele servirás”. Sendo chamado pelo jovem rico de “Bom Mestre” (Mc 10.17), prontamente Jesus lhe diz: “Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus” (Mc 10.18). O que é isto senão a humilhação do Senhor Jesus, fazendo em todo o tempo a vontade do Pai? No Sermão Profético, Jesus diz: “Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai” (Mt 24.36). Mas uma vez vemos comprovada a humilhação do Filho de Deus, atribuindo a Deus a grandeza, a soberania e o controle de toda a História. Enquanto o diabo, no passado imemoriável, havia proposto no seu coração: “Serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.14), Jesus “não teve por usurpação ser igual a Deus”. Aleluia!    

A humilhação de Jesus na alma: “Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.7). A alma é descrita na Bíblia como a sede da personalidade, dos sentimentos e das emoções, logo, se trata de uma coisa que envolve relacionamento. De acordo com a Escritura, Jesus tomou “a forma de servo”. Ao invés de buscar para Si honrarias, posições privilegiadas e outras prerrogativas, preferiu o ato serviçal (Mc 10.44,45). A humilhação de Jesus na alma, tomando a forma de servo foi a ponte para Deus caminhar em direção ao pecador, oferecendo-lhe a dádiva da salvação (Ef 2.8). Por isso é que o apóstolo João nos diz que Jesus é a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2.2). O termo em destaque significa “ser propício”, “ser favorável”. Subentende-se nestes termos que Deus, tendo toda a razão para estar irado com o homem, aplicando sobre este a Sua justiça punível, mostra misericórdia e brandura para com o homem. Alguém lá atrás Se humilhou, tomando a forma de Servo tornando-Se a ponte, a via de acesso pela qual o Deus Todo-Poderoso oferece ao homem salvação e vida eterna. Vemos aqui respondida a oração do profeta Habacuque: “Na ira lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2).

A humilhação de Jesus no corpo. “... sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.8). Alma e espírito transcendem a esfera da mortalidade e da materialidade; com isso, deduzimos que o nosso Senhor sofreu a humilhação no corpo, passando pela morte. Como Deus, Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11.25), como Homem, humilhou-Se, cumprindo, assim, o “tempo de nascer” (Ec 3.2) na “plenitude dos tempos” e o “tempo de morrer”, segundo diz a Escritura Sagrada que Ele “morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6). E, como todo aquele que “a si mesmo se humilha será exaltado” (Lc 18.14), assim foi o Senhor Jesus (Fp 2.8,9). A humilhação de Cristo é reforçada pelo escritor da carta aos Hebreus: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo, assim também Cristo...” (Hb 9.27,28). Tal como os homens passam pelo crivo da morte, assim também Jesus. Aos homens está ORDENADO! Cristo passou pela morte de maneira voluntária, cumprindo, assim, o brado profético: “Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1 Co 15.54,55). Verdade é que estes versículos se referem ao soar da trombeta em que, tanto os que dormem em Cristo como os que estão ainda vivos, serão transformados, conforme argumenta Paulo no versículo 54. Contudo, não deixa de elucidar o triunfo de Cristo sobre a morte, mesmo sendo afetado pelo seu terrível aguilhão (1 Co 15.56; ver Gn 3.15). Ainda na Sua humilhação alcançou vitória, pois, diz a Bíblia que Ele “suportou a cruz, desprezando a afronta” (Hb 12.2). Por amor a Deus e à humanidade perdida, Jesus passou pelo mais degradante nível de humilhação. Sendo Deus, Se fez homem; sendo a expressão viva do amor de Deus, sofreu o ódio do Seu próprio povo; sendo Senhor, Se fez servo (Mc 10.44,45); sendo Eterno, viveu a temporalidade; sendo a “imagem do Deus invisível” (Cl 1.15), entrou na esfera das coisas visíveis (ver Mt 13.16,17). Em tudo quanto viveu e sofreu, triunfou, “pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome” (Fp 2.9). Glória a Deus nas alturas! O Cordeiro venceu!

Precisamos conhecer o Salvador das nossas almas, aquEle que Se entregou por nós e com Ele ter um relacionamento vívido e fervoroso. Glória ao Filho de Deus!


terça-feira, 13 de setembro de 2016

A História De Um Povo Redimido

Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela – Mateus 16.18 



A história da Igreja é a mais bela de todas as outras que se possa ouvir. Não há nada que se possa igualar à trajetória do povo de Deus na face da terra. Com razão disse o salmista: “o caminho de Deus é perfeito...” (Sl 18.30). Caminhos são muito mais que vias de acesso, são o assinalar dos propósitos de Alguém que sabe exatamente o que faz com toda a isenção de erros, de falhas, pois, tudo encaminha para uma exclusiva finalidade.
É admirável como a promessa do Senhor Jesus se cumpre literalmente desde o momento inaugural da Igreja até os nossos dias. Vejamos passo a passo. A maior de todas as promessas, a maior de todas as instituições (a Igreja), o maior de todos os homens (o Senhor Jesus), o maior de todos os combates e o maior antagonista de todos os tempos. Com clareza o Senhor disse: “... e as portas do inferno não prevalecerão...”. A fúria dos Césares da grande Roma não era nada comparada as hostes infernais que se insurgiria contra os eleitos do Altíssimo. Reis, imperadores e poderosos desta terra não eram senão instrumentos do Maligno no afã de estagnar a marcha da Igreja que prosseguia “para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.14).

Não há combate maior do que este! Da mesma forma como nunca houve nem tampouco haverá tão grande prova de amor como a do nosso Deus, que nos amou “de tal maneira” (Jo 3.16). Quem pode explicar isso? Quem pode entender tamanho amor? Por acaso foi em vão que o apóstolo chamou isso de “mistério da piedade” (1 Tm 3.16)? Por “mistério” entende-se tudo aquilo que é inconcebível à razão humana, aquilo que sobrepassa os limites do conhecimento humano; não, não foi em vão: “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade...”. É grande, inexplicável, imensurável e incomensurável. A história pujante da Igreja do Senhor Jesus gira em torno da sublimidade da Sua missão redentora, do Seu sacrifício inexaurível. Um dia, no passado imemoriável, aquEle que sonda todas as coisas e conhece o fim desde o princípio previu a queda do homem, o que de fato, aconteceu (Gn 3). É de se pensar que com isso, o diabo tenha “passado a perna” em Deus, vencendo-O. O homem pecou. E agora? Acontece que somente Deus possui o atributo da onisciência, tudo sabe, tudo conhece e nada escapa ao Seu saber e se assim não fosse, então poderíamos dizer “um ponto para o Diabo, zero para Deus”. Porém, o diabo nunca saiu do “zero”, e o Deus vivo, verdadeiro e onisciente sempre vencendo, mostrando a eficácia dos Seus propósitos.

O Santo Cordeiro de Deus “que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8; ver Hb 9.26), no eterno desígnio de Deus, vindo na “plenitude dos tempos” (Gl 4.4), deu a Sua vida por nós. De tal maneira Ele a Si mesmo se esvaziou (Fp 2.6), de tal maneira Ele agradou ao Pai (ver Jo 8.29) e de tal maneira Se entregou por nós. Esta é a razão porque a Igreja jamais deve pensar em retroceder. A história da Igreja é, antes de tudo, a história de seu Redentor e Salvador. Uma história de renúncia, uma história de sofrimento, de sangue derramado, porém, uma história promitente, pois faz o homem redimido olhar para a Eternidade mesmo estando, por um pouco de tempo, aquém de seus valores.
Muitos são os relatos dos Césares que tentaram persuadir nossos primitivos irmãos a abandonarem a fé no seu Senhor. A fraqueza destes homens é que eles tentaram de modos rudes, os mais crudelíssimos possíveis. Nossos irmãos, ao invés de temerem a fúria dos imperadores, tão maldosos e tão vorazes, temeram, antes ao Rei manso e humilde, Jesus Cristo. Geralmente, os grandes heróis, para provar que são heróis, tiram a vida a outros. Jesus, para provar o Seu heroísmo singular, morreu por nós. Muitos entram na briga pra bater, Jesus entrou na briga para sofrer em nosso lugar. Como negar o Cordeiro Santo que morreu por nós? Inúmeras foram as perseguições, intensos os sofrimentos impostos aos primitivos cristãos. O mais interessante de tudo é que eles não temiam nem mesmo um poderoso exército, pois, se “as portas do inferno” não prevaleceria contra a Igreja de Cristo, não era um exército de homens falíveis que iria prevalecer contra ela. Para nós se aplica o mesmo caso, se “as portas do inferno” continuam não prevalecendo contra a Igreja do Senhor Jesus, logo, não é a mídia televisionada, radiodifusora e informatizada, não é o sistema corrupto de homens impiedosos e inescrupulosos e nem outras coisas mais que fará a Igreja eleita sucumbir em meio ao caos. “O caminho de Deus é perfeito...” (Sl 18.30) e é neste caminho que Deus conduz a Sua Igreja. No caminho dos homens, certamente ela fracassaria. O caminho dos homens leva à morte (ver Pv 14.12; 16.25), o caminho de Deus conduz à vida.

A história começa na eternidade, quando Deus projeta em Sua presciência enviar o Seu Filho ao mundo (Jo 1.29; 3.16,17; At 2.23); da mesma forma, continuará na eternidade, com a Igreja salva, vitoriosa sobre as tribulações e os labores da vida. Fomos chamados para vislumbrar os valores eternos, portanto, nos atenhamos a eles (Rm 8.18; 2 Co 4.17,18). 

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O PERIGO DO EXPERIENCIALISMO "CRISTÃO"

Uma grande onda de confusão e de desentendimento se apoderou da vida de muitos cristãos cujo estilo de vida é bastante superficial, completamente distante do padrão de conduta que a Escritura Sagrada ensina e requer de nós. Revelação de um lado, visão do outro, profecia daqui, “arrebatamento em espírito” de lá e assim por diante. Verdade é que a Bíblia Sagrada fala dessas coisas mostrando que podem ser a livre ação do Espírito Santo; por outro lado, o absurdo, o excesso, o ridículo e porque não dizer o abuso acerca do que podemos demarcar aqui como “fenômeno do sobrenatural” tem afetado muitas denominações, deturpando a sua estrutura bíblico-doutrinária. A verdade é que quando essas coisas predominam, a Palavra de Deus já fica banalizada, sendo relegada a uma posição de inferioridade.  


Todavia, o que muitos ignoram é que em momentos como esse em que certas “revelações” nos deixam um tanto confusos e “com uma pulga atrás da orelha”, deveriam recorrer ao que diz a Bíblia Sagrada acerca dessas coisas. Ela é a base, o fundamento, o ponto de equilíbrio, o norte condutor para o cristão que almeja uma vida plena no Espírito. Por esses dias, ouvi o relato de uma certa irmã que afirmou ter ido “em espírito” ao inferno e que lá avistou criançinhas inocentes em tormentos no fogo eterno e, ao perguntar ao “varão de branco” o porquê daquelas crianças estarem ali, o tal varão respondeu que elas ali estavam porque não se arrependeram de seus pecados e não conheceram o caminho da Salvação, que é o Senhor Jesus. Ora, caro leitor amigo, não é essa tal visão um confronto ao que diz a Escritura Sagrada? Vamos analisar o caso passo-a-passo: 1) Verdade é que todos nós nascemos em pecado (Sl 51.5; 58.3); 2) Verdade é que Jesus Cristo é o único Caminho da salvação (Jo 14.6; At 4.12; 1 Tm 2.5) e 3) não podemos esquecer que o pecado afetou todas as esferas da vida humana, destacando aqui a esfera moral, isso significa que existe diferença entre nascer em pecado e ter consciência do pecado. Com base nisso, descarta-se por inteiro a “revelação” que teve essa tal irmã. Não se pode negar a livre ação do Espírito Santo no meio do povo de Deus, particularmente na vida daqueles que se consagram verdadeiramente em oração, jejum e, sobretudo, em fidelidade a Deus e à Sua Palavra. Ao revés, não se pode deixar de reconhecer como muitos ministros, líderes de Igrejas reagem de maneira tão obtusa diante de tais coisas.


As coisas vão indo de mal a pior. A Bíblia sendo interpretada à luz de certas experiências, quando deveria ser o contrário. Convém salientar que a Palavra de Deus é soberana, ou seja não podemos submetê-la ao nível do conhecimento humano. Vale acrescentar neste espaço as palavras do apóstolo Paulo: “E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria” (1 Co 2.1). Os crentes em Corinto entenderam as palavras do apóstolo. Corinto fazia parte da Província Grega, terra da cultura, da sabedoria, da beleza, do comércio e da filosofia, o que parece mostrar que os coríntios achavam que eloquência humana por si só convenceria os pecadores à salvação. Paulo mostra que a Palavra de Deus não está presa ao conhecimento humano, à sublimidade de palavras, ao saber filosófico, ao domínio da retórica, pois, como já foi dito, ela é soberana, logo, sobrepuja a tudo e a todos. O mesmo caso se aplica à determinadas experiências de homens e mulheres que falam ter visto coisas e passam isso como regra de vida e fé para os seus ouvintes. Quando o assunto é experiência, elas devem ser exploradas no campo da individualidade e não no campo da coletividade, o que infelizmente vem acontecendo; e quando essas coisas são priorizadas, logo, a Palavra de Deus fica banalizada e, o que era para ser uma vida espiritual solidificada, embasada e alicerçada nas Escrituras, fica uma vida emaranhada de enganos, desvirtuando o verdadeiro propósito de servir a Deus.


Em sua segunda carta a Timóteo, Paulo escreve ao jovem pastor que a Palavra de Deus podiam fazê-lo sábio “para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2 Tm 3.15). O Apóstolo falava isso da Palavra de Deus e não de outra coisa mais. Não poderia ele pôr em relevo aqui a sua experiência de 2 Coríntios 12? A verdade explicitada por Paulo é que nada está acima da Palavra de Deus, “viva, e eficaz” (Hb 4.12). Somente ela pode nos nortear para a perfeição em Cristo, nos conduzindo em sabedoria para não cair no erro, como tem sucedido a muitos.


É bíblico afirmar que Deus tem Seus ministros na Terra, homens e mulheres cheios do Espírito Santo que possuem uma vida íntegra na Sua presença e em meio a sociedade. É bíblico afirmar que Deus ainda Se manifesta no meio do Seu povo e através do Seu povo, para trazer o pecador à salvação. É bíblico afirmar que o Senhor Deus ainda desvenda Seus ricos mistérios da Sua Palavra, para edificação da Sua Igreja e para a glória do Seu Nome (1 Co 2.10; Ef 3.10-12; Cl 2.2,3). Entretanto, é antibíblico essa onda de experiencialismo que se aflora no Seio da Igreja Cristã nestes últimos dias, enganando os incautos e desestruturando a fé de muitos na Pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Oremos pela Igreja de Cristo no Brasil. A Igreja de Cristo precisa se arraigar novamente nos fundamentos da Palavra de Deus.


segunda-feira, 25 de julho de 2016

12 Razões porque Jesus não temeu a morte

As razões que aqui serão expostas com respeito ao assunto serão tomadas com base na Palavra de Deus, obedecendo em tudo à Sã Doutrina do Senhor Jesus. Certos também de que não apresentaremos exaustivamente TODAS as razões haja vista ser um assunto de grande profundidade bíblico-teológica. Contudo, apresentaremos de forma didática e elucidativa as razões porque o Filho de Deus não temeu a morte.

1 – Assim como o Pai, Jesus é Deus Eterno (Mq 5.2; Is 9.6; Hb 13.8; etc). Ele Se fez carne (Jo 1.14) sem nunca deixar de ser Divino;

2 – Assim como o Pai, o Senhor Jesus tem vida “em Si mesmo” (Jo 5.26). Ele mesmo declarou: “Por isso, o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Esse mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10.17,18). Se aceitarmos que Jesus temeu a morte, de nada valeriam estas palavras, conforme Ele disse: “Ninguém ma tira de mim”;

3 – “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez...” (Hb 9.27). Primeiro: AOS HOMENS! Jesus, como Homem, passou pela morte (Fp 2.8); como Deus, triunfou sobre ela (Ap 1.18). Segundo: “Aos homens está ordenado”. A morte não é uma escolha de todo ser vivo; que isso é verdade está comprovado na palavra “ordenado”. Jesus passou pela morte, isto é, provou a morte “por todos” (Hb 2.9) de maneira sacrificial e voluntária, o que prova que Ele não temeu a morte;

4 – Segundo a Escritura Sagrada, O Senhor Jesus, na Sua morte aniquilou “o que tinha o império da morte, isto é, o diabo” (Hb 2.14). Aquele que “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8) foi vencido pelo Leão! O Leão da Tribo de Judá (Ap 5.5)! Aleluia!

5 – Se aceitarmos que Jesus temeu a morte, então Ele seria mais um dentre os homens, e em Sua missão certamente fracassaria, não obtendo êxito. Ao longo da História da Igreja, homens e mulheres selaram seu testemunho de vida com sangue, não negando “o Senhor que os resgatou” (ver 2 Pe 2.1). Correram em direção à morte, sem temerem, sabendo que seus nomes estavam inscritos no Livro da Vida do Cordeiro. Seriam eles maiores do que Jesus que, segundo alguns, teria temido a morte?

6 – O hagiógrafo, inspirado pelo Espírito Santo, diz: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Que pecado teve o Senhor Jesus (Jo 8.46)? Diz ainda o escritor sagrado acerca do Filho de Deus: “Àquele que não conheceu pecado...” (2 Co 5.21); e ainda mais: “em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15);

7 – “A minha alma está cheia de tristeza até à morte” (Mt 26.38). Este versículo nada prova a alegação de que Jesus temeu diante da morte. Tristeza não é temor e entre estas duas coisas há uma vasta diferença. Vemos a descrição dEle como “homem de dores” (Is 53.2), “aflito, ferido de Deus e oprimido” (Is 53.4), “ovelha muda perante os seus tosquiadores” (Is 53.7), “contado com os transgressores” (Is 53.12). Estes termos e outros mais dão realce à obediência do Filho de Deus em todos os aspectos (Fp 2.8; Hb 5.8), à Sua humilhação em prol da redenção da humanidade, tudo isso em caráter voluntário, ou seja, não forçado, não pressionado, não movido pela obrigatoriedade, mas pelo amor que excede todo o entendimento (Ef 3.19);

8 – A morte entrou no mundo através do pecado (Rm 5.12). Jesus disse: “Saí do Pai e vim ao mundo” (Jo 16.28). Ele “desceu do céu” para dar vida ao mundo (Jo 3.13; 6.33). A morte, portanto, restringe-se à esfera humana. Jesus é sobre-humano (Jo 1.1);

9 – Uma das formas de como a Escritura Sagrada descreve a morte do ser humano é ele sendo reduzido ao pó (Sl 103.14; Ec 12.7), comprovando que o homem já nasce para viver sabendo que, inevitavelmente, irá morrer (Hb 9.27). Reduzido ao pó implica na verdade de que o homem cumpriu os seus dias de vida na terra. Jesus, conquanto tenha vivido como homem, desprovido de pecado, encarou a morte como parte do desígnio divino, cumprindo assim o que o Pai havia traçado para a Sua vida (Jo 17.3,4). A Sua morte fazia parte do plano redentor em prol da humanidade (Hb 2.9);

10 – O homem não pede para nascer. Sua vinda ao mundo ocorre de acordo com as leis da ordem natural e, sobretudo, de acordo com o propósito de Deus (Gn 2.7; Sl 139.14). O Verbo “Se fez carne” (Jo 1.14), isto é, Ele assumiu voluntariamente a forma humana: “Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.7). Observemos os detalhes: aniquilou-SE e fazendo-SE, mostrando a voluntariedade do Filho como expressão viva do amor do Deus vivo para com os homens, mortos em suas ofensas e pecados (Rm 5.8; Ef 2.1); Sob esse prisma, fica comprovado que Ele não temeu a morte, pois, nasceu voluntariamente cumprindo neste mesmo teor o plano da redenção;

11 – A Escritura Sagrada nos diz que “há tempo de nascer e tempo de morrer” (Ec 3.2).O escritor sagrado antecede afirmando que “tudo tem o seu tempo determinado” (Ec 3.1). Ao lermos “tempo determinado”, entendemos a sujeição do homem neste cronograma estabelecido pelo Criador que rege todo o Universo de forma sábia, equilibrada e soberana, dentro da Sua justiça que lhe é peculiar, inerente a Sua santidade e majestade. O homem entra na esfera do “tempo determinado” por sujeição. O Filho entrou na esfera do “tempo determinado”, vindo na “plenitude dos tempos” (Gl 4.4), por submissão ao Pai, servindo de propiciação pelos pecados da humanidade (1 Jo 2.2; ver Hb 10.14). A morte pertence ao mundo dos homens, cujo pai da raça humana, Adão, ao pecar contra Deus, fez com que a morte entrasse no mundo (Rm 5.12). Jesus é o “Príncipe da Vida” (At 3.15); ou seja, aquEle que na Sua morte vicária conquistou a vida para todos os que se arrependem e se achegam a Ele;

12 – Jesus é chamado na Bíblia de “Deus Forte” (Is 9.6). O homem tem força para domar todas as coisas da natureza, menos a morte. Jesus Cristo é o “Deus Forte”, o Qual nem a morte pôde vencê-Lo (At 2.24).

Como já foi dito, são muitas as razões que provam que o nosso Senhor Jesus Cristo não temeu a morte. Ele é Deus,  é Senhor, é Eterno assim como o Pai.  A vida que temos é resultado de uma causa exterior e anterior. Exterior porque não procede de nós mesmos, procede de Deus que tem “vida em Si mesmo” (Jo 5.26). Anterior porque recebemos o sopro daquEle que criou a todas as coisas, sendo Ele a causa de tudo quanto existe (Gn 2.7;  Jó 33.4). Amém.


sexta-feira, 17 de junho de 2016

A Premente necessidade de sermões expositivos nas Igrejas

Desejaria ouvir os sermões de C. H. Spurgeon, queria estar na multidão que se reunia para ouvir as fervorosas pregações evangelísticas de D. L. Moody; e o que dizer de George Whitifield, o pregador dos cultos ao ar livre? Sem dúvida, eram sermões ungidos com poder do Alto, carregado de conhecimento embasado nas Escrituras Sagradas. A forma de expor os oráculos sagrados, o cuidado com que se transmitia a poderosa mensagem do Evangelho causava nos ouvintes marcas profundas, provando que era pregada a Palavra de Deus, "viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes..." (Hb 4.12). Não precisamos ir tão longe. Em nosso abençoado solo pátrio Deus levantou homens que deixaram grandes referenciais no tocante à pregação expositiva. Por exemplo, o Pastor e Doutor Eliseu Feitosa de Alencar era conhecido entre as Assembleias de Deus na década de 60 e 70 como um de seus mais talentosos e eloquentes pregadores, dono de um vasto conhecimento bíblico e uma agradável maneira de se comunicar que arrebatava multidões. Não foi debalde que, ao pregar em países da Europa, como na Suécia, foi chamado pela imprensa deste país como o TROVÃO BRASILEIRO. Retrocedendo um pouco no tempo, encontraremos o Pastor Amaro Celestino, no Pernambuco. Sua eloquência, dinamismo, e impressionante oratória fez com que se distinguisse entre os obreiros das Assembleias de Deus no Pernambuco. Não obstante o preconceito dos tradicionais em relação aos pentecostais, que se aflorava naquele tempo, isso não foi barreira para que este pregador pernambucano pregasse em várias igrejas denominacionais, tamanha a oratória e a forma cuidadosa de EXPOR as verdades bíblicas ao povo de Deus. São exemplos, valores, marcos fundamentais que dão realce à importância da pregação expositiva, não ultrapassada, mas de grande valor. 

As circunstâncias nos dias atuais em nossas Igrejas nos obrigam a crer que o descrédito à pregação do Evangelho verdadeiro, o desprazer em ouvir a instrução bíblica que fortaleça a sua estrutura espiritual são destaques bem visíveis e assustadores. A forma como vem sendo transmitida a Palavra "de Deus" em nossos dias mostra a falta de confiança na veracidade das Escrituras, como se ela não fosse o "poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16). Logo, se falta confiança, falta compromisso mostrando, com isso, um enorme descompasso entre a vida do pregador e  o que ensina a Escritura Sagrada. O que vemos hoje? Uma preocupação com a reação imediata na hora em que o pregador, "cheio da unção", "libera uma palavra profética" esperando a euforia do povo que lhe ouve. Com isso, fica uma coisa mecânica, do tipo: "se eu prego, você tem que dá glória; se eu pregar e tu não dé glória, 'tu' tá desviado". Não há aquela preocupação em que o ouvinte aprenda a Palavra de Deus, falta a sensibilidade no que diz respeito a uma reflexão de quem ouve a prédica. Por isso, digo, deveríamos nos preocupar em levar ao Povo de Deus mensagens expositivas que venham aclarar as verdades bíblicas no afã de edificar o povo de Deus, causando uma profunda impressão. Com razão disse A. T. Robertson: "Umas das provas de que a Bíblia é a Palavra de Deus é que ela tem resistido a pregações muito ruins". E é verdade. Pessoas saem dos cultos decepcionadas não com a Bíblia, mas, com o arauto, o pregador. Resumindo, o que vemos é apenas migalhas de pão e não o PÃO propriamente dito! Chave de carro pra um lado, casa pro outro, "receba a tua vitória", "Deus vai te exaltar e teu inimigo vai se prostrar aos teus pés te pedindo perdão" e por aí vai. Mensagens como estas estimula no ouvinte uma expectativa fadada a uma inesperada frustração. Glorificam, gritam, levantam as mãos, mas a pergunta é: como estão as suas almas?


Aprendamos com o Mestre Jesus. O Senhor Jesus Cristo é o maior exemplo de um expositor das Escrituras Sagradas. Ele não esperava a data de um "congresso" para apresentar um sermão pomposo e elegante, pelo contrário, Ele aguardava a oportunidade de colocar o homem perante Deus através da prédica centralizada na Palavra de Deus. Ele ensinava "com autoridade" (Mt 7.29), deixando Seus ouvintes admirados da Sua Doutrina (Mt 7.28). Lá está o Divino Mestre em João capítulo 3 expondo uma mensagem poderosíssima para uma pessoa só: Nicodemos. Adiante, no mesmo capítulo, um sermão "tremendo e ungido", também pra uma pessoa só: a mulher samaritana. Agora, imaginemos aqueles dois discípulos no caminho de Emaús, andando e conversando quando, de repente, o próprio Jesus se aproxima deles e participa daquele diálogo. Diz a Bíblia que o coração daqueles homens ardiam ao ouvirem Jesus falar (Lc 24.32). Qual a razão? (1) O Senhor Jesus fez uma exposição daqueles acontecimentos com base na Palavra de Deus. O que ouvimos em nossas Igrejas? Mensagens desprovidas de base bíblica, além do mais, sem harmonia com o texto sagrado, pregando versículos isolados sem obedecer o contexto e sem a luz do Espírito Santo. Uma mensagem só pode causar impacto profundo se ela for bibliocêntrica, partindo do princípio de que a pregação, ainda mais expositiva, é Deus encontrando-se com o pecador na instrumentalidade do pregador regenerado.

(2) Seus corações ardiam porque a mensagem tinha um alvo:  o coração daqueles dois discípulos! O grande expositor dos oráculos sagrados, o Senhor Jesus, tinha propósito em sua exposição e esta, por sua vez, tinha endereço: o coração do homem! Há quem pregue em nossos dias "atirando para todas as direções" esperando somente a glorificação do ouvinte. Fica chato perguntar deste se realmente ele está entendendo a mensagem; nem o pregador sabe o que estar pregando e nem para quem estar pregando!

(3) Seus corações ardiam porque a mensagem expositora do Filho de Deus obedecia ao tema das Escrituras: "... explicava-lhes o que dele se achava..." (Lc 24.27). Qual o tema central da Bíblia? O Senhor Jesus e Sua obra de redenção (ver Jo 3.16). As pregações de hoje obedecem ao que dizem as Escrituras? Nossos púlpitos sobejam de mensagens extrabíblicas, "revelamento", pregações que tem como base as experiências individuais de quem prega, tomando elas como base para interpretar a Bíblia quando deveria ser o contrário. A Palavra de Deus é a base precípua, a nossa única fonte confiável e nada mais além dela. Não há mais aquele ardor profundo nos corações, mas apenas cócegas na alma pois o que ouvimos são mensagens superficialistas e não embasada na Palavra de Deus que faça o pecador confrontar-se com sua realidade pecaminosa, desejando um encontro com Deus.

(4) Seus corações ardiam porque o Expositor Jesus falava com fidelidade ao texto sagrado: "... explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Tal como falava a Escritura, assim falava o Expositor, Jesus de Nazaré. Muitos hoje usam da prédica para se autopromoverem, subornar, ludibriar os ouvintes com mensagens sem a essência do Evangelho e do Espírito Santo. Paulo diz que o Evangelho "é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16). Para salvação e não para bajulação de quem prega, autopromoção, vanglória e coisa do tipo.

(5) Seus corações ardiam porque era Jesus quem falava com eles! Quando pregamos, as pessoas sentem Deus ou é nada mais que um pregador exaltado subindo no altar para mostrar mais a si mesmo do que a Deus? A sua preocupação é realmente deixar o Senhor falar aos corações ou apenas se auto-apresentar? A pregação é o canal por onde o Senhor deseja falar ao pecador necessitado de salvação, ao cristão necessitado de consolação, à Igreja necessitando de renovo, enfim, é o Senhor indo de encontro à NECESSIDADE das pessoas, tendo, por fim, a glorificação do Seu Nome.

Desperta, Senhor, nossos pregadores! Resgata a verdadeira pregação enfocada nas Escrituras e que o Teu Povo tenha sede de te conhecer por meio da Tua Palavra! Desperta, ó Deus!

terça-feira, 3 de maio de 2016

O Evangelho da Mudança - Efésios 2.1-3

Estamos vivendo tempos em que se prega nas comunidades de fé um evangelho mesclado com os valores mundanos. Vemos se cumprir fielmente os que os escritores neo-testamentários como o apóstolo Paulo havia predito pelo Espírito Santo em que muitos "desviarão os ouvidos da verdade" (2 Tm 4.4). De igual modo o apóstolo Pedro: "E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição" (2 Pe 2.1). Se levarmos em conta o pensamento de muitos ensinadores de hoje em dia, porque Pedro não "profetizou palavras de vitória" no lugar de dizer: "HAVERÁ também falsos doutores"? Porque vemos registrada a verdade em que muitos perderiam a sensibilidade ao Espírito Santo não obedecendo a Sã Doutrina. O que estes apóstolos e muitos outros escritores falaram era a VERDADE, que surgiria falsos ensinadores negando a eficácia do Evangelho apresentando "atalhos", ou seja, meios fáceis de levar a Cristo sem arrependimento, renúncia de pecado, obediência à Palavra de Deus e santidade de vida. 
O Evangelho de Cristo enfatiza mudança radical. A prova disso é quando Paulo usa os termos "noutro tempo" (Ef 2.2), indicando diferença de estado contrastando a vida passada SEM Deus e a vida presente COM Deus. "Noutro tempo" vivíamos sem Deus, escravizados pelo pecado, com os entendimentos obscurecidos para não ver "a Luz do Evangelho da glória de Cristo" (2 Co 4.4). Agora, com os olhos abertos (At 26.18), vivendo intensamente a vida no Espírito, mortos para o pecado e vivos para o Senhor que nos amou e nos resgatou. O Apóstolo Paulo prossegue: "Noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo" (Ef 2.2). "Curso", "ritmo", "desenrolar". Muitos querem servir a Deus ainda de acordo com os embalos desta vida, sem desapegar dos seus atrativos, aos olhos de Deus, levianos e que não acrescenta nada à nossa fé com Deus. É impossível servir a Deus com fidelidade tendo o nosso coração ligado ao mundo que não ama a Deus e aborrece a Sua Palavra. Infelizmente, a mensagem do "não tem nada a ver" tem predominado nossas Igrejas agradando aos ouvidos de muitos, mas desagradando ao Espírito Santo da verdade (Jo 14.17; 16.13). 
Não para por aí. Ainda o apóstolo prossegue dizendo: "... nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne" (Ef 2.3). Duas palavras aqui merecem a nossa atenção: "Antes" e "andávamos". O primeiro termo é uma referência ao tempo passado, ao nosso passado de ignorância, distante de Deus. Mas quando foi isso? A resposta é: ANTES! O segundo termo aponta para as nossas atitudes afloradas pelos desejos da nossa carne, nocivos à nós mesmos, pois nos encaminhava para a perdição. Quem diz servir a Deus com os desejos carnais ativos, as paixões antigas ainda presentes em seu dia-a-dia precisa passar pela verdadeira conversão a Cristo. O tal ainda não nasceu de novo. Vejamos o que a Escritura nos diz: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do nosso entendimento" (Rm 12.2). De acordo com os grandes intérpretes da Bíblia, o verbo "transformai-vos" está na voz passiva e por voz passiva entende-se o sujeito recebendo a ação a ser realizada. Literalmente, podemos ler: "Deixai-vos ser transformados". Quem diz servir a Deus com atitudes incondizentes com a Sua vontade é sinal de que não recebeu em sua vida a ação transformadora e santificadora do Espírito Santo. O Evangelho de Cristo é o Evangelho de mudança! É o poder de Deus "para salvação" (Rm 1.16). Quantos ainda não salvos dentro da Casa de Deus! O mundo ainda fala mais alto dentro dos seus corações! 
Os tempos são modernos, mas a Palavra de Deus é tão operante em nossos dias como foi no passado. É a Palavra de Deus e não dos homens. É a Palavra Eterna e não passageira. É a Palavra viva (Hb 4.12) e não morta; é eficaz e não falível (Is 55.10,11; Hb 4.12). Ou servimos a Deus com nossas vidas inteiramente entregue a Ele ou O rejeitamos e abraçamos o mundo com suas iniquidades que abominam a Deus e despreza a Sua santidade e Sua justiça.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Hoje veio salvação

A história de Zaqueu e o seu encontro com o Senhor Jesus revela a importância da salvação em Cristo oferecida a todos os homens (Tt 2.11). É com razão que o escritor da Carta aos Hebreus a chama de "tão grande salvação" (Hb 2.3). E por ser grande, deve ser apontada ao pecador como como dádiva de Deus e prova do Seu irrefutável e indizível amor (Jo 3.16). 
Vejamos o que a Escritura nos diz. Zaqueu procurava VER quem era Jesus (Lc 19.3). Certamente ele já tinha ouvido falar sobre o Messias, que viria redimir a Israel e por ser ele israelita também tinha essa esperança (ver Lc 2.38). Ele desejava conhecer de perto aquEle de quem tanto lhe falavam. A maior personalidade da História alvoroçou naquele coração a necessidade de um encontro pessoal. A simplicidade daquele Homem tocou o mais íntimo do ser, pois ali estava a Palavra Viva e personificada de Deus que penetrou-Lhe o mais íntimo da sua alma (ver Hb 4.12). Será este o anseio de muitos pecadores ao entrarem em nossas Igrejas? Será esta a necessidade latente que assola seus mórbidos corações em busca da salvação que só Cristo pode oferecer? 
O Senhor Jesus, tendo entrado em casa de Zaqueu, vendo a disposição com que este homem resolveu dar aos pobres metade dos seus bens e restituir quadruplicado aquele a quem havia defraudado (Lc 19.8), fez que o Divino Mestre dissesse: "Hoje veio a salvação a esta casa" (Lc 19.9). Quando chegou? A resposta é: "HOJE". O Hoje é o tempo presente. A realidade vivida. A experiência a desenrolar. O fato desencadeado. O Hoje é uma realidade diferente do ontem. O Hoje é a oportunidade concebida. "Durante o tempo que se chama Hoje" (Hb 3.13), "agora" (2 Co 6.2). Ou seja, a salvação em Cristo é revelada como dádiva indispensável a ponto de considerarmos extrema tolice o homem rejeitá-la. 
Vejamos a mensagem de Jesus: "Hoje veio a salvação a esta casa". Não foi um carro zero km na garagem, não foi um dinheiro "gordo" na conta bancária, não foi uma bela casa, foi a salvação! A salvação que só em Cristo o homem pode encontrá-la (Jo 14.6; 1 Tm 2.5)! É raro em nossos dias mensagens como estas! Porque não fazem os crentes pularem, não enriquecem as agendas de convites e não fazem o pregador ficar "na boca do povo", isto é, afamado, elogiado e bem conceituado. Mas, em nossos dias, mais do que nunca, se carece de mensagens assim: que faça o pecador confrontar-se com sua realidade pecaminosa, olhando para o Calvário aonde o Filho de Deus, "santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus" (Hb 7.26), se entregou por nós sendo a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2.2). Isto sim é uma mensagem bibliocêntrica e Cristocêntrica! Vai de encontro com a necessidade do pecador, apelando-o para que venha a Cristo, o Salvador, o Redentor, o Filho de Deus e o Mestre por Excelência. 
Nossa oração é para que se resgate nos púlpitos de nossas Igrejas  mensagens de salvação, um compromisso genuíno com o Evangelho de Cristo. Deus vos abençoe.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Entendendo a oração-modelo ensinada por Jesus Cristo

Em Mateus 6.9-13 temos a famosa, conhecidíssima e preciosíssima oração ensinada por nosso Senhor Jesus Cristo, a qual , não se esgota em fornecer lições valiosas para o povo de Deus, inclusive para aqueles que desejam uma vida de amplas experiências com o Eterno. Paira no meio evangélico um conceito erradíssimo sobre oração, um mau entendido exacerbado sobre esta ferramenta de valor de que tanto nos fala as Escrituras Sagradas. Começando pelo fato de que a oração é elucidada com muita propriedade nas Páginas Sagradas (Mt 7.7,8; Rm 12.12; 1 Ts 5.17; Jd 20,21), é lamentável como muitos se portem com negligência em relação a oração. Aprendamos com o Mestre Jesus.  

O Divino Mestre começa a oração usando a expressão "Pai nosso". O Criador de todas as coisas, o Deus Todo-Poderoso, o Eterno, o Altíssimo, o grande Jeová, o "Deus dos espíritos de toda carne" (Nm 16.22) aparece aqui como "Pai". Com isso, Jesus nos ensina que a oração deve ser vista como um relacionamento nosso com o Deus vivo, o Qual se mostra como o Pai compassivo, pronto para atender a nossa petição. No Antigo Testamento, esse mesmo Pai assim diz: "clama a mim" (Jr 33.3), no Novo Testamento, nos dirigimos a Ele chamando-lhe "Pai", correspondendo-Lhe numa forma de um relacionamento vívido e eficaz entre um filho e o Pai celestial. 

Em seguida, vem a frase "Que estás nos céus". A oração é o homem reconhecendo sua insignificância em vista da sublimidade e majestade de Deus. Também a frase expressa uma fé viva em Deus. Por exemplo, quando Daniel disse: "Mas há um Deus nos céus..." (Dn 2.28), expressava sua fé no Senhor Deus. Nunca fomos ao céu da habitação de Deus, mas sabemos que há um grande Deus assentado no Seu trono e baseado nesta fé viva é que nos achegamos a Ele (Hb 11.6). Ao lermos "santificado seja o teu nome", Jesus nos ensina a demonstrar um reverente temor ao Pai, visto que o nome, no contexto bíblico expressa a natureza e o caráter da pessoa. em Deuteronômio 12.5 lemos que Deus escolheria um lugar para ali pôr "o Seu Nome", isto é, Ele estaria presente, portanto, aquela casa seria chamada pelo Seu Nome. "Santificado seja o teu Nome" é a expressão do cristão que reverencia a santidade de Deus não somente com palavras mas principalmente através de uma vida resignada. 

"Venha o Teu Reino". Os grandes eruditos da Bíblia viram nesta frase um vislumbre escatológico. É a oração de alguém inconformado com a injustiça, a corrupção e todo o tipo de mazela que permeia o reino dos homens, desejando ardente e esperançosamente que o Senhor Deus intervenha com o Seu Reino Justo. "Seja feita a Tua vontade" é um detalhe que todo cristão deve observar. Muitos acham que oração é imprensar Deus "na parede" e forçá-Lo a dar o que pedimos. Alguns até oram da seguinte forma: Senhor, se Tu cumprires com a Tua parte, eu cumpro com a minha. Um grande absurdo. Oração não é negócio, não é barganha e nem tampouco acordo comercial; como já foi dito, é um relacionamento vívido com o Pai Eterno. E como o filho nunca está acima do pai, assim nós nunca podemos estar acima do nosso Deus, visto que o que intentou fazer isto foi lançado dos céus abaixo: Satanás (Is 14.12-14)! Aqui, não é o homem pedindo para fazer a sua vontade, mas, ele apela para vontade de Deus! 

"Tanto na terra como no céu". Nesta frase, a terra é mencionada primeiro do que o céu, indicando uma premência, uma latente necessidade de que a vontade de Deus seja feita entre os homens que O ignoram  e rejeitam-No na sua loucura (ver Sl 14.1). Aqui, o humano entra na esfera divina para conhecê-la experimentalmente. 

"O pão nosso de cada dia dá-nos hoje". Depois de um devocional com Deus, é que vem a necessidade diária apresentada a Ele, sendo-Lhe dirigida uma clara petição: "dá-nos". AquEle que disse: "Nem só de pão viverá o homem" (Mt 4.4; ver Dt 8.3), coloca em segundo plano a valorização das nossas necessidades do dia-a-dia. Uma oração isenta de vaidade e de individualismo. Ao lermos "Perdoa-nos as nossas dívidas", percebemos o quanto que a nossa oração deve estar conformada à vontade de Deus, 1) a oração inclui a essência do perdão partindo do princípio de que devemos ter a inclinação de perdoar assim como desejamos ter o perdão divino. 2) "Assim como nós perdoamos" reflete a ação humana em liberar perdão ao endividado tal como Deus liberou sobre nós o Seu perdão, "havendo riscado a cédula que era contra nós" (Cl 2.14), ou seja, extirpou a dívida que tínhamos por causa do pecado através do sangue de Seu Filho Jesus Cristo. Aleluia! 

"E não nos induzas à tentação". O perigo de sermos apanhados em nossas fraquezas em uma tentação é algo que todos nós devemos ter em  mente (1 Co 10.12; Tg 1.14). Observemos que não temos nesta oração nenhum pedido individualista, que gira em torno dos nossos interesses egoístas e não da glorificação a Deus, pelo contrário, temos aqui o cristão reconhecendo sua insuficiência recorrendo àquEle que "pode socorrer aos que são tentados" (Hb 2.18; 4.15,16). "Mas livra-nos do mal" é a oração suplicando proteção de tudo o que pode macular, comprometer, denegrir a imagem de Cristo em nós. Também uma referência a perigos aos quais estamos vulneráveis, pedindo,  por isso, para que Ele nos guarde. Há em nós uma tendência de inclinarmos ao mal, de cair no mal em decorrência de nossas ações precipitadas, por esta causa, pedimos: "livra-nos"! 

"Porque Teu é o Reino, e o poder e a glória para sempre amém". O pronome possessivo "Teu" revela a singularidade do nosso Deus em relação a qualquer outro ser que possa existir. Reinos se levantam e se abatem, reduzindo-se ao pó, mas o cristão, quando diz: "Teu é o Reino", tributa a Deus a soberania, a grandeza e a excelência em tudo. "E o poder" mostra que Deus é quem sustém todas as coisas e de todas as coisas tem o controle (Dt 32.39; ver Jó 12.13-25; Sl 75.6,7). "E a glória" revela que Ele é verdadeiramente digno. Aquilo que só a Ele pertence não é conferido a mais ninguém. Temos aqui a singularidade e a incomparabilidade de Deus. A oração começa e termina enaltecendo a Deus em Sua grandeza, sendo visto como o Deus eterno e eternamente Deus (Ex 3.13,14). 

Alguém já disse que a oração é o veículo que nos leva a Deus. Olhando para este modelo de oração deixado por nosso Senhor Jesus Cristo façamos uma análise: será que nossas orações seguem este padrão bíblico? Muitas vezes não alcançamos resposta do que pedimos pelo fato de nossas orações não estarem de acordo com os ditames bíblicos. Percebemos nesta oração-modelo que oração não é fazer a vontade do homem no Céu e sim a vontade de Deus na terra. Sob esse prisma é que teremos uma vida de oração eficaz abundando em grandes experiências para glória de Deus e para aumento da nossa fé.