terça-feira, 30 de setembro de 2014

SHOWS GOSPEL: A verdade que poucos querem ouvir

O objetivo, aqui, não é radicalizar nem generalizar os fatos. Dizemos "radicalizar" porque reconhecemos que não devemos atribuir pecado naquilo que as Escrituras não autorizam; ao dizer "generalizar" sabemos que, apesar do fértil crescimento do joio, ainda subsiste o trigo (Mt 13.28-30)! Não são todos na comunidade de fé que vem sendo afetados por essa onda de emocionalismo, prevalecedor em nossos dias. Ainda existem aqueles (apesar de ser a minoria) que amam a Palavra de Deus e que prezam pela genuína manifestação do Espírito Santo. 

É estarrecedor o que vemos em determinados eventos "gospel" por aí. Em uma certa cidade, por exemplo, estava para acontecer mais um desses chamados "shows gospel". Toda a multidão reunida, avenidas da cidade praticamente intransitáveis, todos esperando a "estrela" da música gospel entrar em cena. Enquanto isso não acontecia, gritavam eufórica e repetitivamente: "... cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!"; não pararam até que ele entrou em cena. Por conseguinte, se ouvia mais gritos, assovios e muitas outras badaladas inúteis. Os tais eventos, além de fomentar nos "artistas" gospel a atração para si, induz os fãs ao mais alto grau de sensacionalismo, substituindo a verdadeira glorificação a Deus. Duas coisas podem ser extraídas aqui: 1) o "cantor" passa a ser o alvo e o centro das atenções, e com isso glorificam a criatura em vez do Criador (Is 48.2); 2) os "fãs", ao invés de priorizarem a verdadeira adoração ao Senhor, se entregam loucamente aos embalos da emoção, das danças desvairadas e dos gritos inconsistentes; em outras palavras, o verdadeiro culto está sendo banalizado (Jo 4.23,24). A grande maioria está longe daquilo que o Senhor Jesus nos disse: "porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou Eu no meio deles" (Mt 18.20). "Em meu nome" indica o propósito pelo qual os adoradores se reúnem; "aí estou Eu no meio deles" indica a centralidade dessa adoração. Será que Deus é realmente o centro da adoração de muitos? Será que as nossas reuniões são motivadas pelo desejo ardente de uma comunhão mais ampla com Deus? Acreditamos biblicamente que nada pode substituir o culto a Deus: "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória..." (Sl 115.1). "Porque grande é o Senhor e digno de louvor, mais tremendo do que todos os deuses (Sl 96.4). 

Shows Gospel superlotados de pessoas, igrejas vazias, cantores se aproveitando da impolgação desenfreada das massas, pastores leais a Deus e à Sã Doutrina lidando com templos vazios porque as ovelhas foram arrebatadas por esses atrativos supérfluos, perdendo o zelo pela casa do Senhor (Hb 10.25). Obviamente, isso nada tem a ver com o avivamento elucidado nas Escrituras Sagradas. A outra realidade é que a grande parte (NÃO TODOS) dos que "curtem" eventos assim não fazem caso de congregarem regularmente. Vão à igreja quando querem e acham que ir à igreja é coisa do passado, é moda antiga. Convém salientar que nem tudo o que é antigo, é ultrapassado! Congregar, em nossos dias, nunca foi tão necessário tendo em vista falsos cultos onde se admiram as "estrelas", menosprezando aquEle que disse: "... Eu sou... a resplandecente Estrela da manhã" (Ap 22.16). Criticamos os católicos por suas práticas idolátricas, e nós? Não fazemos pior? Fazemos "estrelas" os cantores vaidosos, egocêntricos, ofuscando a glória do Senhor Jesus Cristo, a verdadeira Estrela que deve resplandecer no meio do povo de Deus! 

Outrossim, a grande parte (NÃO TODOS) dos que vão à shows gospel não tem prazer na Palavra de Deus. Estamos falando de fatos devidamente comprovados, e não de invencionices, ditas à luz de meras pressuposições, pelo contrário, é o filme a que assistimos todos os dias. Se o pior cego é aquele que não quer ver, o pior surdo é aquele que não quer ouvir! Pergunte a um crente fanático por shows quantas vezes ele lê a Bíblia (mas antes, pergunte em que lugar da casa ele "largou" o Livro Sagrado), o que ele responderá? Risos sem graça e uma resposta inconvincente de que lê as Escrituras. Alguns, deixam a Bíblia aberta na instante (no Salmo 91) achando que ela vai "funcionar" daquele jeito. Acusamos os católicos e adeptos de outras religiões por suas práticas cheias de superstição, e nós? De nada adiante na instante a Bíblia aberta com o coração fechado! O lugar apropriado para a Palavra de Deus ter efeito é no coração disposto a recebê-la: "Escondi a tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti" (Sl 119.11). O Senhor Jesus deu realce a esta verdade, dizendo: "Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a Palavra; e dá fruto..." (Mt 13.23). No solo fértil do coração, a Palavra de Deus tem efeito indizível (ver Is 55.10,11). Shows gospel superlotados, cultos de ensino bíblico vazios! Prazeirosos em demasia pelas atrações gospel da atualidade, porém, desprazeirosos pela instrução bíblica (ver Sl 1.1,2). Com isso, afirmamos peremptoriamente: se não há compromisso com a Palavra de Deus, não há verdadeira conversão (Jo 15.1-3), lembremo-nos das palavras do Divino Mestre: "estai em mim, e Eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também, se não estiverdes em mim" (Jo 15.4). 

De acordo com as Escrituras, devemos adorar o Pai "em espírito e em verdade"  (Jo 4.24). "Em espírito" e não baseado num excesso de emocionalismo, mas "em espírito", ou seja, direcionada a Deus, exclusivamente digno de adoração. "Em verdade" e não alicerçada em formalismos, movimentos vai e vem, sem apoio na Palavra de Deus. Cada coisa no seu devido lugar: Deus como o centro da nossa aodração e a Sua Palavra fidedigna, honrada e praticada. Que voltem os verdadeiros cultos a Deus e seja restaurado nos corações a sede pela Sua Palavra!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Identificando a Geração de Abraão em nossos dias

Em nossos dias, nos cultos, nas pregações, se ouve um fervoroso grito da parte de muitos que afirmam "eu faço parte da geração de Abraão" e, ao dizerem isso, tal ambiente em que se encontram compõe-se de euforia e extrema impolgação. Porém, as Escrituras nos apresenta o perfil que caracteriza a verdadeira geração de Abraão na atualidade. 

1) A Geração de Abraão vive sob total orientação do Senhor (Gn 12.1; Hb11.8) - Ela não segue as diretrizes deste mundo cada vez mais distante de Deus, cada vez mais pervertida, enfim, cada vez mais tendenciosa ao erro. A geração de Abraão não é conformada, e sim transformada (Rm 12.2)! Transformada pelo Evangelho do Senhor Jesus Cristo no poder do Espírito Santo, logo, não se mistura, não se coaduna, tampouco se entremete neste mundo separado de Deus e de Sua santidade. É extremo absurdo vermos muitas comunidades de fé, que se dizem cristãs, plagiando coisas do mundo  e introduzindo no seio da igreja como se isso fosse coisa normal! Falta verdadeira conversão! Devemos proceder como Abraão: "Assim, partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito..." (Gn 12.4). Os conformados ficam no mundo, os transformados partem, isto é, agem mediante orientação divina! 

2) A Geração de Abraão constrói altares (Gn 12.7,8; 13.18; 22.9)  - O altar possui elevada conotação nas Páginas Sagradas. O altar lembra a entrega de um sacrifício em correspondência a uma aliança estabelecida entre duas pessoas. Esta parte do perfil biográfico de Abraão foge à realidade dos dias de hoje. O grito eufórico se ouve por parte de muitos: "Eu tenho a marca da promessa"; vivemos no meio de pessoas que reivindicam as promessas de Deus, mas não se comprazem em construir altares! Não basta reivindicá-las e sim correspondê-las através de um "sacrifício vivo", o qual somos nós, em obediência à Palavra de Deus (Rm 12.1). 

3) A Geração de Abraão busca promover a paz ao invés de semear contendas (Gn 13.7-9; ver Pv 6.16-19) - Abraão poderia muito bem aflorar ainda mais a contenda entre ele e seu sobrinho. Porém, em vez de alvoroçar ainda mais a situação, propôs uma separação amigável. Os contenciosos deveriam ter em mente esta brilhante atitude exarada nas Escrituras Sagradas! No que concerne a esta virtude, disse o Senhor Jesus: "bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus" (Mt 5.9). Veja bem: "pacificadores", ou seja, os que buscam promover e estabelecer a paz, a união, fatores estes que consolidam um relacionamento (Sl 133.1; ver Ec 4.9-12). Que assim sejamos, sabedores nós que "com tais sacrifícios, Deus se agrada" (Hb 13.16). 

4)  A Geração de Abraão é intercessora (Gn 18.23-33) - A intercessão é o resultado do amor, da compaixão e da sensibilidade pela dor de outrem. Movido por estas coisas, o Senhor Jesus deu a Sua vida por nós, efetuando, assim, um sacrifício intercessório na Cruz (Rm 5.6-8; Hb 2.9, 10, 14, 15; 4.15; 1 Jo 2.2). Vivemos dias de crença individualista, onde  muitos dizem amar a Deus, mas sequer demonstram amor pelo próximo (Mt 22.36-39), vemos o ferido, porém, passamos de largo, quando deveríamos estender a mão (Lc 10.30-32). Enquanto muitos estão a pensar em sim, Abraão é o exemplo de um intercessor movido por terna compaixão. 

5) A Geração de Abraão oferece sacrifícios para Deus (Gn 22.1-12) - O sacrifício de Abraão revela o seu caráter perante Deus (Gn 22.1-3) e  a sua prontidão em servi-Lo de forma agradável (Gn 22.12). A palavra "sacrifício" sugere a renúncia total de algum coisa, no contexto bíblico, do nosso "eu" (Mc 8.34). Imolar um novilho no altar não é dolorido se comparado ao nosso "eu", decididamente lançado no altar do Senhor, onde nossas vontades egoístas são queimadas pelo fogo abrasador do Espírito Santo de Deus (Lv 6.13; Rm 12.1; Gl 2.20; 5.24). 

6)  A Geração de Abraão é peregrina (Gn 37.1) - Ela não está atrelada aos valores terrenos, sobrepujados pelas coisas eternas, pelo contrário, ela desfruta de uma expectativa celestial (Fp 3.20; Hb 11.13-16; 13.14). Aonde estamos ponderando o nosso coração? A geração de Abraão deseja ardentemente a face do Senhor e estar no seu lugar santo (Sl 24.3-6). É este o nosso desejo? Ou as coisas do mundo ainda nos mantém cativos (1 Co 15.19)? 

Não basta Deus ser fiel, temos nós que sermos fiéis também, a Deus e à Sua Palavra! Será mesmo possível identificar a geração de Abraão em nossos dias?