sexta-feira, 31 de maio de 2013

Não Foi Carne E Sangue Que Te Revelou

Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to relevaram, mas meu Pai, que está nos céus (Mateus 16.17 - ARA)

Uma das mais relevantes verdades que dão suporte ao edifício doutrinário do Cristianismo está contido na referência bíblica acima. Carne e sangue não são suficientes para proporcionar ao coração do homem a revelação da salvação em Cristo. Vejamos a razões: 
1. O termo carne e sangue, nas Escrituras, dá ideia de ser humano ou aquilo que é relativo a sua natureza: "Porque nossa luta não é contra o sangue e a carne..." (E 6.12). Entendemos, aqui, a alusão que o apóstolo faz ao ser humano quando diz o sangue e a carne. Vemos aqui a expressão da natureza humana em contraste com Deus. Algo completamente distinto do espírito que há no homem. Pedro é uma identificação desta natureza; no entanto, Cristo se dirige para o futuro apóstolo dizendo que a carne, expressão de corrupção, não é capaz de assegurar ao homem a necessidade gritante de um Salvador. Sua natureza é enganosa, portanto, somente o Deus da verdade pode dar-lhe clareza e convicção de que precisa recorrer àquEle que pode libertá-lo através da verdade redentora (Jo 8.32,36). 
2. A carne, termo bíblico que designa a natureza humana, contrapõe-se aos desígnios de Deus: "Então disse o Senhor: não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne..." (Gn 6.3). Não há acordo entre o gênero humano corrompido e a Majestade Santa, que não se compactua com o padrão iníquo do homem. Logo, carne e sangue não podem revelar ao próprio homem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. 
3. A carne, nas Escrituras, também se refere ao padrão de governo humano: "Com ele está o braço de carne..." (2 Cr 32.8); o governo humano, ao longo dos anos, adquiriu muitos sinônimos degradantes como injustiça, impiedade, aversão aos genuínos valores morais, ou seja, o repúdio ao bem e a aceitação do erro. Outrossim, quais outras identidades do "braço de carne"? A soberba exacerbada enraizada no coração dos que se julgam "poderosos", pois, constroem fortalezas e as destroem; erguem grandes patrimônios e os reduzem às cinzas; conferem a alguém posições honoríficas e declinam do mesmo, enfim, promovem situações multiformes. Em suma, o braço de carne, alude ao homem em sua potencialidade limitada, comparada a grandeza imensurável do Deus de Israel. O braço de carne é falível, destrutível e ineficaz. Portanto, não está no governo humano e nem provém dela a revelação do Salvador da humanidade; tal verdade, urgente e necessária, emana do Alto, do seio do Pai Eterno para o recôndito da alma pecadora (cf Rm 8.3-7).
4. Pedro, de si mesmo, não poderia conceber tão grande certeza da deidade do Messias; esta certeza vem de Deus (Mt 16.17). Para alguns da comunidade judaica, João Batista seria o Messias ou Este viria manifesto na identidade do profeta Elias ou Jeremias ou mesmo outro profeta do AT. O grande erro da carne e do sangue é igualar o Filho de Deus no mesmo nível dos homens da terra, sendo que Ele é maior em excelência, santidade e superior tanto a anjos como a homens (Hb 1.1-4). 
5. A carne e sangue, na Bíblia, fala do estado corrupto do ser humano: "E, agora, digo isto, irmãos: que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção" (1 Co 15.50); se a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, tampouco podem testificar das coisas concernentes a este Reino, pois, os seus mistérios "se discernem espiritualmente" (1 Co 2.14), visto como o "homem natural", ou carnal, "não compreende as coisas do Espírito de Deus" (1 Co 2.14a), se não compreende, também não crê, porque está atrelado no sistema perverso deste mundo. 
6. O apóstolo Paulo diz que não há condenação alguma para os que estão em Cristo (Rm 8.1). Quem são estes? "Os que não andam segundo a carne", prossegue o apóstolo. Entendemos que, andar segundo a carne é firmar seus passos rumos ao juízo eterno. Há um conflito entre carne e espírito (Gl 5.16,17), e isso nos leva a perceber o domínio das obras da carne nos corações enrijecidos contra a verdade do Evangelho. 
7. E o que dizer do "Verbo que se fez carne" (Jo 1.14)? O processo da manifestação do Verbo na forma humana é abrangente. A tudo quanto o Senhor Deus tinha criado, viu que era "muito bom" (Gn 1.31). Quanto ao homem, o fez em pleno estado de perfeição, porém, se fez pecador por desobediência ao Soberano Criador de todas as coisas. Cristo se fez carne, mas, não era carne, nem tampouco consentiu nas suas práticas (Jo 8.46). Se fez pecado, mas, não era pecador (2 Co 5.21); se fez injusto, porém, praticando a justiça, se fez culpado, mas, em todo o tempo, inocente. 
Tão certo como a filiação divina é outorgada por Deus mediante Seu Espírito em nós (Jo 1.12,13; Rm 8.14,15); a revelação do senhorio de Cristo é dada também por Deus ao espírito do homem, pois "a carne é fraca" (Mt 26.41) e dada a iniquidade.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Conceito Bíblico acerca da Trindade

São muitas as referências que poderíamos tomar como base para enfatizar de modo amplo e teológico a doutrina bíblica da Santíssima Trindade, uma vez que é do conhecimento de todos que a referida palavra (Trindade) não se encontra nas Escrituras, entretanto, o termo é respaldado de forma clara na teologia bíblica. 
Diferente do politeísmo, a supracitada doutrina destaca a existência de um único e verdadeiro Deus, pluralizado em três pessoas distintas, conforme orientação bíblica. O renomado pastor e teólogo Esequias Soares dá sustentação a esta doutrina com a seguinte afirmação: "No Antigo Testamento, temos a Trindade na unidade; no Novo Testamento, temos a unidade na Trindade". As referências vetero-testamentárias são condizentes com esse argumento, o que enriquece intensamente o conceito bíblico em relevo. 
A Escritura Sagrada, em seu escopo histórico e doutrinário, apresenta uma visão trinitariana no seu mais variado aspecto. A Bíblia Sagrada nos apresenta Deus como "o Senhor da criação" (Gn1.1; 14.19; Jr 10.16; Ap 3.14). A criação é constituída de três coisas: Céu, Terra e Mar. Na mesma criação, encontramos o Pai em atividade (Gn 1.1), o Espírito Santo (Gn 1.2) e o Filho, a Palavra de Deus (Ap 19.13), por cujo intermédio o imaterial se torna material (Jo 1.1,3). Na criação do homem, não é diferente. A Escritura fala da composição tricotômica do homem, a saber, corpo, alma e espírito. Ao falar do corpo, lembramos a sua tríplice constituição: carne, sangue e ossos. Acerca da alma, nos referimos a ela como a sede da personalidade em três aspectos: emoção, intelecto e vontade. O espírito do homem comunica ao mesmo três fatos fundamentais: 1) a existência de uma Divindade; 2) a importância de atribuir-Lhe temor e 3) de adorar-Lhe como é devido. Logo, se temos tal certeza, é através do espírito, se temos tal anelo, é através da alma, demonstrada por meio do corpo. 
A triunidade de Deus é algo bastante perceptível nas Escrituras. Dentre muitos exemplos dignos de nota, destacamos o que diz em Isaías 61.1: "O Espírito do Senhor Jeová está sobre mim..."; partindo do pressuposto de que se trata de uma profecia messiânica, as três pessoas distintas aparecem aqui: o Pai (Senhor Jeová), o Filho ("... sobre mim...") e o Espírito Santo (O Espírito do Senhor). A triunidade bíblica é confirmada pela existência de atributos divinos que somente ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo são conferidos. Na Bíblia Sagrada, o Pai é chamado de "Deus" (1 Co 8.6; Ef 4.6); de igual modo, o Filho (1 Jo 5.20; Is 9.6; Hb 1.8); e também o Espírito Santo (At 5.3,4). Outrossim, destaca-se a: Eternidade (Sl 90.2; Cl 1.17; Hb 9.14); Onipresença (Jr 23.24; Mt 28.19,20; Sl 139.7); Onisciência (1 Jo 5.20; Jo 21.17; 1 Co 2.10); Onipotência (Gn 17.1; Mt 28.18; 1 Co 12.11); Santidade (Lv 11.44,45; Lc 1.35; Ef 4.30); e, finalmente, a verdade (Jr 10.10; Jo 14.6; 16.13). 
Profetas do Antigo Testamento falaram em nome do Senhor Jeová (o Pai), vaticinaram a vinda do Messias (o Filho), todavia, cheios da inspiração divina (o Espírito Santo). Além disso, a Sagrada Escritura nos assegura a presença deliberada da Santíssima Trindade entre os homens, como podemos ver acerca do Pai: "... e habitarei no meio deles" (Ex 25.8); do Filho: "... aí estou eu no meio deles" (Mt 18.20) e do Espírito Santo: "... e o meu Espírito habita no meio de vós" (Ag 2.5). Na ordenança bíblica do batismo, lemos: "... batizando-as em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19). 
O Novo Testamento é um arcabouço doutrinário e teológico no tocante à Santíssima Trindade, pois, as três pessoas são mencionadas distintamente (ver Mt 3.16,17; Jo 14.16), porém, em singular comunhão, razão pela qual a Escritura diz: "um só Deus" (1 Co 8.6; Ef 4.6), "único Deus" (Jo 17.3) e outros termos que definem a unidade na Trindade. Jesus disse: "Quem vê a mim vê o Pai" (Jo 14.9); o apóstolo Paulo afirma que o Agente Mediador das revelações de Deus é o Espírito Santo (1 Co 2.10). Uma outra prova clara é a respeito da oração. Oramos ao Pai, em nome do Senhor Jesus (Jo 15.16), ajudados pelo Espírito Santo (Rm 8.26,27), esses e muitos outros artigos de fé ratificam a existência irrefutável da Trindade. Não atentar para certos detalhes como estes, é rejeitar a essência da Palavra de Deus.