sábado, 13 de agosto de 2011

O que é unção?

O que é unção? Esta é uma pergunta cujas respostas não teriam uma avaliação positiva à luz das Escrituras. Paira no meio evangélico, de linha pentecostal, um conceito imaturo inerente ao que seja a "unção". Quantos pregadores, levitas, dentro da casa do nosso Deus taxados como pessoas "sem unção" porque pregam, cantam e não ocorre nenhum "reboliço" dentro da igreja, o contrário daqueles que "fazem e acontece", os quais, são tidos como pessoas "cheias" da unção de Deus; isso é uma grande incoerência e está fora da órbita dos princípios bíblicos.

Existem várias definições acerca da palavra "unção", porém, vamos sondar algumas delas, as quais, são suficientes para esclarecer e enriquecer o nosso conceito referente ao termo em estudo. Uma delas é esta: "Processo ritualístico, religioso, que envolve a aplicação de substâncias oleosas a quem receberá um sacramento ou influência espiritual" (Silva, Claudemir Pedroso da. Dicionário e estudo bíblicos, Pae Editora, 2009); outra definição é: "... Rito religioso que é acompanhado da descida do Espírito Santo na vida da pessoa consagrada, concedendo-lhe graça" (Santos, João Batista Ribeiro. Dicionário Bíblico. Editora Didática Paulista, 2006). Sendo assim, "unção", fala de "capacitação sobrenatural feita por Deus na vida da pessoa escolhida por Ele". Nos tempos do Antigo Testamento, unção ou o ato de "ungir" era uma forma de identificar que alguém estava sendo designado para uma obra ou para exercer uma certa influência numa determinada área.

Deus precisou de sacerdotes para intercederem pelos pecados do povo hebreu, para isso, ordenou ao Seu servo Moisés que ungisse a Arão e a seus filhos designando-os para o exercício sacerdotal (Lv 8.1-13); precisou de alguém que executasse toda a Sua vontade no reino de Israele, para tal, escolheu a Davi: Achei a Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi (Sl 89.20); alguém tinha que exercer a miséricórdia como forma de revelar o imenso amor de Deus à humanidade e, para isso, escolheu Seu próprio Filho, a quem ungiu para pregar boas-novas aos mansos... a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos; a apregoar o ano aceitável do Senhor... (Is 61.1,2). Com isso, entendemos que a unção é o selo de autenticidade da vocação de uma pessoa para o ministério específico tendo em vista a concretização dos propósitos divinos e a glorificação do nome do Senhor.

Desta forma, a capacidade de alguém na casa de Deus para algo que se possa fazer para Ele, na direção do Espírito, é evidência da unção divina sobre esta pessoa. A unção dá real destaque ao vocacionado; ela dá brilho àquilo que somos chamados para fazer culminando sempre no engrandecimento do Reino de Deus. Quantas vezes interpretamos mal a alguém que pregou e "o fogo não caiu", "os crentes não pularam", "não houve movimento" e por aí vai, olhando para estas coisas, pergunto: Será que Deus está preocupado somente com a manifestação externa? Será que os barulhos, os aplausos, movimentos são as únicas evidências de que o irmão fulano está cantando ou pregando "na unção"? Outrossim, a quietude será um possível sinal de que Deus "não está no negócio"? Esperem um pouco... não houve pulos, gritos, línguas estranhas e nada do tipo, mas, os louvores tocaram profundamente, mesmo sem um sinal visível? Sim. A Palavra pregada alcançou os corações? Sim. Falou comigo e com você? Falou tremendamente. Nesse caso, tanto o cantor como o pregador estavam na unção, pois, a mensagem e o louvor alcançaram o obejtivo maior: o coração necessitado. Afinal de contas, unção não se vê, se sente!

Que possamos navegar no rio da unção o Espírito, a fim de que possamos glorificar mais e criticar menos, adorar mais e julgar menos, enfim, que possamos estar no centro da vontade de Deus.